Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Aconteceu ontem no Cinebancários, a exibição do clássico
Re-Animator, com a presença ilustre do diretor Stuart Gordon. Outros filmes do
diretor foram exibidos ao longo da semana, como Do Além, A Fortaleza, Robot Jox
, Piratas do Espaço, O Poço do Pendulo, Dagon, O Castelo Maldito e Bonecas
Assassinas. Infelizmente não estive presente, muito menos na ocasião que o
diretor estava, mas nem por isso, deixarei de prestar uma homenagem a esse
grande diretor dos filmes de horror e ficção.
Abaixo, deixo minha opinião de dois grandes clássicos do
cineasta, na época quando escrevi o especial sobre o Cine Trash.
Sinopse: Dois membros da contra-
cultura hippie no final dos anos 60 saem de Los Angeles e atravessam o país até
Nova Orleans. Na viagem, encaram o espírito da liberdade, mas também muito
preconceito.
Filme de
estrada, que encarou o preconceito da época. Apesar de todos os seus defeitos
(e vícios), Dennis Hopper criou o que talvez seja sua maior obra prima de sua
vida. Sem Destino representou uma geração, que exigia acima de tudo, liberdade
de expressão e o direito de ir e vir sem dar satisfação para um mundo preso as
regras daquele tempo. Dennis Hopper e Peter Fonda se tornaram a dupla da vez e
suas imagens aonde aparecem pilotando suas motos envenenadas entraram para a
historia. O filme também tem a grata surpresa de mostrar uma pequena, porém,
surpreendente participação de um jovem Jack Nicholson e que acabou ganhando sua
primeira indicação ao Oscar, mostrando que aquele jovem ator iria longe.
A trama
em si, é uma visão critica da sociedade America, denunciando suas manifestações
de tolerância e vulgaridade. O mais vigoroso filme inconformista dos anos 60,
realizado com um roteiro improvisado e orçamento baixíssimo. Premio em Cannes de
melhor diretor estreante.
Curiosidades:
Sean Penn era a escolha inicial para interpretar o personagem Henry Chinaski. Exibido
na mostra Panorama do Cinema Mundial, no Festival do Rio 2005.
O orçamento de
Factotum - Sem Destino foi de US$ 1 milhão.
Pois é, chegamos a um final de semana sem muitas estréias, mas isso é uma questão de lógica, pois os cinemas, não só do estado, como também de todo o país, estão ganhando dinheiro como água graças ao filme dos Vingadores. Se bem que eu acho, que exista espaço para todos os tipos de filme, e não precisa necessariamente colocar o filme do momento em tantas salas assim. Depois um ou outro, reclama porque aquele determinado filme não faz sucesso, porque por mais que seja bom, acaba recebendo duas pífias salas, e para piorar, acaba tendo pouca divulgação na mídia, o que eu acho uma grande injustiça. Mas enfim, chegam as salas o dispensável A Batalha dos Mares, o imaginativo Piratas Pirados e o belo Flor da Neve e o Leque Secreto.
Lembrando, que neste final de semana estarei participando de uma das sessões do Fantaspoa e nos próximos finais de semana, estarei envolvido até o pescoço com os cursos do CENA UM. Portanto aguardem por novas matérias especiais. Confiram as estreias:
Battleship - A Batalha dos Mares
Sinopse:
Alex Hopper (Taylor Kitsch) é um oficial naval do navio USS John Paul Jones
comandado pelo almirante Shane (Liam Neeson). Alex é noivo de Sam (Brooklyn
Decker) filha de Shane apesar de não ser bem visto por ele. Já em alto mar eles
precisam unir forças com a tripulação do navio USSSamson comandado pelo irmão
mais velho de Alex Stone (Alexander Skarsgaard) ao encontrar uma força
alienígena desconhecida que ameaça a existência da humanidade. Um grupo de
cientistas comandados por Cal Zapata (Hamish Linklater) e de especialistas em
armas como Cora Raikers (Rihanna) também compõem a equipe. Acompanhando tanto o
lado dos humanos quanto o lado dos alienígenas Battleship apresenta a intensa
disputa pelo controle da Terra.
O Exótico Hotel
Marigold
Sinopse: Os aposentados Muriel (Maggie Smith) Douglas (Bill Nighy)
Evelyn (Judi Dench) Graham (Tom Wilkinson) e mais três amigos decidem curtir a
aposentadoria em lugar diferente e o destino é a Índia. Encantados com o
exotismo do local e com imagens do recém restaurado Hotel Marigold a trupe parte para lá sem pestanejar e são recebidos pelo jovem sonhador Sonny
(Dev Patel). O único detalhe é que nada era muito bem como parecia ser mas as
experiências que eles irão viver mudarão para sempre o futuro de todos.
Piratas Pirados
Sinopse: O Capitão Pirata sai em uma missão para derrotar
definitivamente seus rivais: Black Bellamy e Cutlass Liz na disputa pelo prêmio
de Pirata do ano. A missão leva o Capitão e a sua tripulação para uma ilha
exótica e repleta de perigos. Dos mesmos criadores de Fuga das Galinhas.
Flor da Neve e o Leque Secreto
Sinopse:
Na China do século 19, as amigas Flor da Neve e Lírio superam a distância
física por meio de uma língua secreta. Paralelamente, a trama segue Nina e
Sophia, duas mulheres contemporâneas que tentam compreender a história de suas
ancestrais laotong.
Sinopse: Após se
formar na faculdade, Benjamin Braddock (Dustin Hoffman) retorna para casa.
Indeciso quanto ao seu futuro, ele acaba sendo seduzido por uma amiga de
meia-idade (Anne Bancroft) de seus pais. Mas na verdade ele está interessado na
filha (Katharine Ross) dela.
Embora seja para os
padrões atualmente, um drama romântico bem humorado, na época (1967) foi um
verdadeiro escândalo, para um publico conservador que era o americano naquele
tempo, mas nem por isso, o filme deixou de fazer um grande sucesso. Mesmo desconhecido,
e não tendo a pose de galã que tanto Hollywood vendia naqueles anos, Dustin
Hoffman se torna astro da noite pro dia, ao interpretar um jovem cheio de duvidas
do que quer da vida, e ao conhecer a Sra. Robson (Anne Bancroft, no melhor
momento de sua carreira), entra num labirinto ainda mais complicado.
Embora a dupla
central, tenham tido na época, uma diferença de idade pequena (6 anos), eles
acabam convencendo em cena, principalmente Hoffman, que embora já tinha na época
30 anos, convenceu muito bem como um jovem de 21. Mas era de se esperar um
filme como esse, principalmente sendo dirigido por Nike Nichols, que um ano antes,
havia escancarado um o casal imperfeito americano em Quem Tem Medo de Virginia Woolf?.Em A
Primeira Noite de Um Homem, talvez a intenção do cineasta tenha sido escancarar
os conflitos internos do jovem americano, em que só tinha que ser algo na vida,
de acordo com o que os pais queriam. Talvez a melhor cena que simboliza isso, é
quando Benjamin se encontra melancólico e sozinho embaixo da piscina, se perguntando
por que não radicalizar de uma vez por todas? E é isso que ele faz! Muito
embora, o verdadeiro amor que ele encontra, não seja com a Sra. Robson,
e sim com sua filha (Katharine Ross, ótima). O relacionamento
de ambos os jovens, culmina numa seqüência clássica na igreja, e se encerrando
de uma forma imprevisível dentro do ônibus, deixando inúmeras duvidas no ar,
sobre o destino de ambos os personagens.
O filme também se tornou
super lembrado, graças a sua trilha sonora, Mrs Robinson, The Sound of
Silence e outros sucessos de Simon Garfunkel. Vencedor do Oscar de
melhor diretor (Nichols) é um clássico imperdível, que foi baseado no romance
de Charles Webb.
Curiosidade: A cena de abertura de A
Primeira Noite de um Homem, quando Benjamin está na esteira de um aeroporto,
serviu de inspiração para o diretor Quentin Tarantino que, 30 anos depois, fez
uma cena similar na abertura de Jackie Brown.
Nos dias 19 e 20 de Maio, participarei do cursoMICHELANGELO ANTONIONI EM 4 ATOS,criado peloCENA
UMe ministrado pelo
professor de cinemaHenrique Marcusso. Diferente dos
cursos anteriores que eu já participei,Marcussoirá somente fazer uma analise minuciosa sobre aTetralogia
ExistencialqueAntonionihavia criado nos anos 60. Enquanto a
atividade não chega, por aqui, falarei um pouco dos quatro filmes que serão
abordados durante o curso.
A NOITE
O DESESPERO
POR UM CONTATO EMOCIONAL
Sinopse: Giovanni
Pontano (Marcello Mastroianni) e Lidia (Jeanne Moreau) estão casados há 10
anos. O relacionamento entre eles está desgastado, especialmente em relação à
comunicação. Durante uma festa em uma mansão eles tentam disfarçar suas
angústias, ocupando o tempo com os demais convidados.
Segundo filme da tetralogia
existencial de Antonioni, onde se baseia
muito na solidão, iniciada com A Aventura
e terminada com Deserto Vermelho, do
mesmo diretor. Urso de ouro no festival de Berlim de 1961, sendo um exemplo típico
do estilo do cineasta, sendo um cinema hermégico, preocupado em analisar as
dificuldades de comunicação entre as pessoas, sendo por vezes, uma obra pesada,
simbólica, estudo profundo de casamento em crise. O casal central (vividos
pelos ótimos Marcello Mastroianni e Jeanne Moreau) tenta a todo o momento da
projeção, buscar algum sentido em suas vidas, mesmo em coisas das mais banais.
A esposa, por exemplo, em um determinado momento do primeiro ato, caminha sem
rumo na cidade, em busca talvez de algo interessante, para que possa se animar,
o que acaba dando de encontro com momentos imprevisíveis, como numa briga de dois
rapazes.
Mas o melhor do filme fica
para o segundo e o terceiro ato, aonde ambos vão numa festa burguesa, em que os
convidados se divertem de inúmeras formas, que por vezes, parecem banais, mas
que tornam algo de bom grado para animá-los. O casal em si passa por testes de
fidelidade ao longo do percurso, onde a fotografia criada por Antonioni
simboliza o lado perdido que os personagens se sentem, ao adentrarem num
universo em que não sabe exatamente o que eles irão encontrar, muito embora
tenham a tentação de caírem. Curiosamente, essa seqüência da festa e o lado melancólico
dos personagens, me fizeram me lembrar muito de Melancolia, de Lars Von Trier,
sendo que não me surpreenderia, se Trier tivesse se inspirado na obra de Antonioni. Os momentos finais do epilogo da trama
simbolizam o desespero do casal, na comunicação de um pelo outro, embora da
entender que a tentativa seja tarde demais.
Enfim, um filme belo, inquietante e calmo, com
uma fotografia belíssima (nas mãos de Moreau, o epílogo do filme), e silêncios estremecedores.
De 1967 a 1980,
o cinema americano viveu o seu período mais criativo, onde era apresentado para
o publico, historias sérias, reflexivas e que espelhasse um pouco que os EUA
passavam naquele período (período pós Vietnam e o escândalo do Waltergate). Com
uma nova e criativa geração de cineastas, Hollywood presenteou para os cinéfilos,
algo que somente se via em outros países, como na França e sua “nova onda”
(Nouvelle Vague).
A partir de
hoje, apresentarei a cada dia deste mês, os principais filmes que nasceram desse
importante período.
BONNIE CLYDE: UMA RAJADA
DE BALAS
Sinopse: Durante a
Grande Depressão, Bonnie Parker (Faye Dunaway) conhece Clyde Barrow (Warren
Beatty), um ex-presidiário que foi solto por bom comportamento, quando este
tenta roubar o carro de sua mãe. Atraída pelo rapaz, ela o acompanha. Ambos
iniciam uma carreira de crimes, assaltando bancos e roubando automóveis.
Conhecem o mecânico C.W. Moss (Michael J. Pollard), que passa a ser o novo
companheiro da dupla, mas durante um assalto matam uma pessoa e são caçados daí
em diante como assassinos. Ao grupo une-se Buck (Gene Hackman), o irmão de Clyde
recém-saído da cadeia, e Blanche (Estelle Parsons), sua mulher. Sucedem-se os
assaltos e logo o quinteto ganha fama em todo o sul do país. Uma noite, são
cercados por vários policiais e, obrigados a matar para fugir, são perseguidos
em vários estados.
Filme clássico que resgata os dias de crime e de aventura desse famoso casal. Um violento e fiel conto, baseado em fatos verídicos, que deu origem a vários filmes sobre gangues da época, sendo uma analise de costumes e tudo apresentado de uma maneira altamente profissional. Fazendo um retrato crítico, de um dos piores períodos dos EUA, onde em meio a uma crise sem precedentes, surgia criminosos, com um único intuito em sobreviver num país arruinado, mas que precisava enfrentar uma policia tão traiçoeira quanto eles.
O filme também se tornaria o primeiro sucesso da carreira de Gene Hackman, que no filme interpretaria o irmão de Clayde, e seu desempenho foi tão convincente, que o futuro astro ganharia já inicio de carreira, sua primeira indicação ao Oscar como ator coadjuvante. A produção também é muito bem lembrada, pela Trilha sonora eficiente e fotografia requintada. Além de Hachman, ocorreu a estréia do cinema (em seqüência muito engraçada), de Gene Wilder. O filme levaria os Oscar de atriz coadjuvante (Estelle Parsons) e fotografia, mas é muito pouco para um clássico como esse, que inauguraria o período conhecido como “a nova Hollywood,” e por possuir um dos finais mais corajosos e impactantes da historia do cinema.
Curiosidade: O personagem
C.W. Moss é na verdade fictício, sendo uma mescla de dois membros da gangue de
Bonnie e Clyde: William Daniel Jones e Henry Methvin.