Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Sinopse: Erudito professor universitário britânico vai trabalhar nos Estados Unidos e lá fica tão obcecado por uma ninfeta de 14 anos que casa sua mãe, para estar próximo dela. Porém, quando a esposa morre atropelada ele acredita ser o momento adequado para seduzir a enteada, mas algo acontece que pode prejudicar seus planos.
Adaptação colaborada pelo próprio autor Vladimir Nabokov, do romance Lolita, que causou grande escândalo na época em que foi publicado, em meados da década de 50, popularizando a figura de ninfeta (menina que se descobre mulher e aprende a usar todos os seus dotes de sedução. O filme não tem o mesmo impacto se comparado ao livro, mas a bela fotografia em preto e branco e os excelentes desempenhos de Mason, Winters e principalmente de Sellers, valorizam esse clássico filme de Kubrick. Lembrando que esse foi uma das primeiras e grandes obras que o diretor, onde teve certa liberdade artística, e que iria desvencilhar de vez das amarras e criar posteriormente grandes obras primas.
Curiosidade: Um dos motivos pelo qual a atriz Sue Lyon foi escolhida para ser a intérprete de Lolita foi o tamanho de seus seios. O diretor Stanley Kubrick chegou a ser advertido sobre os perigos da censura americana em usar uma atriz menor de idade para interpretar uma garota de 14 anos sexualmente ativa, mas Kubrick resolveu contratá-la assim mesmo.
REFILMAGEM AMERICANA DO OTIMO FILME SUECO TEM OS SEUS MÉRITOS
Sinopse: Em 'Deixe-me Entrar', Owen (Kodi Smit-McPhee) é um garoto de 12 anos sempre satirizado pelos garotos de escola e negligenciado por seus pais, que estão a se divorciar.
Com tanta solidão, Owen passa os seus dias planejando a vingança e as noites espiando o que acontece na vizinhança. Abby (Chloe Moretz), menina independente que mora com seu silencioso pai (Richard Jenkins), se torna sua única amiga. Frágil como Owen, Abby só aparece a noite, sempre descalça, aparentemente imune à neve do inverno. Owen se identifica e logo fazem relação única.
Quando uma série de assassinatos coloca a cidade em alerta, o pai da garota desaparece. Ele não aceita a ajuda de Owen, e seu comportamento bizarro faz o garoto pensar que Abby esconde algum segredo obscuro.
Ao assistir a esse filme me surpreendi com duas coisas. Primeiro pelo fato de ser o primeiro filme produzido pela Hammer Estúdios depois de vários anos após seu fechamento. Sim, você não leu errado, é justamente o estúdio Inglês que nos anos 50, 60 e até a metade dos anos 70 fazia inúmeros filmes de terror um atrás do outro de grande sucesso e que consagrou atores como Christopher lee e Peter Cushing, assim como diretores como Terence Fisher. Agora se vai ser um retorno triunfal aos bons tempos que se faziam filme de terror de verdade só o tempo dirá. Lembrando que na época de ouro do estúdio, ele se localizava na Inglaterra, já agora, esta localizada em território americano (medo, muito medo). O segundo motivo que me surpreendi foi o fato que, apesar do filme ser em muitos momentos uma copia descarada do filme sueco, essa versão americana fala por si e possui personalidade própria, muito embora muitos fãs (como eu) terão certa dificuldade em separar as duas obras, mas nada é impossível.
O que talvez tenha ajudado para essa produção não ter ido para cova de vez, foi o fato de o estúdio contratar um diretor já perito no assunto em termos de terror e suspense, ninguém menos que Matt Reeves que surpreendeu o publico e a critica com o seu Cloverfield. O acerto do diretor foi nao fazer uma copia descarada de cada cena do filme original (erro que Gus Van Sant cometeu na horrivel refilmagem de Piscose) e sim melhora-las a cada momento. Bom exemplo disso é a cena do hospital (que curiosamente abre o filme) e além de melhora-las, algumas tambem sao bem diferente, mas o resultado é o mesmo (como a cena em que o personagem de Richard Jenkins queima o rosto) e o diretor aproveita e cria uns truques de câmera impressionantes dando uma base perfeita de uma cena sem corte de um acidente de carro. Mas em termos de produção, o que mais diferencia de um filme do outro é sua fotografia, sendo que no filme original, as imagens eram claras, misturadas com o branco do clima do inverno da historia. Já aqui, a neve do inverno continua presente, mas misturado com a escuridão, deixando o clima mais frio e opressivo. Lembrando em alguns momentos 30 Dias da Noite, mas em menor grau de violência.
E o casal protagonista? Kodi Smit-McPhee impressionou no filme A Estrada e aqui novamente ele comprova o que eu achava, de que ele será uma ótima promessa ao longo dos anos e por conta disso, supera a interpretação de Kare Hedebrant do filme original, embora os sinais de um futuro assassino serial soam mais fortes em Hedebrant do que em Smit-McPhee. Já Chloe Moretz perde de longe se comparada à excelente Lina Leandersson. Não que Chloe esteja ruim no papel, longe disso, o problema é que o publico se simpatiza com ela já de imediato e acabamos não sentindo medo dela, mesmo nos sabermos que ela é uma vampira, Esse era o charme de Lina Leandersson, nos sentíamos medo devido a sua presença em cena, pois nunca sabíamos qual seria sua próxima ação, porque ela passava a sensação que iria explodir devido a sua natureza e não precisava de maquiagem para deixá-la assustadora, coisa que nesta nova versão acabou não escapando, além de alguns efeitos especiais meio que desnecessários.
No saldo geral, é um filme que fala por si, mas que vivera da sombra do filme original por um bom tempo. É o que da americano ter preguiça de ler legenda, mas pelo menos nessa refilmagem, ouve milagres.
Sinopse: Durante o inverno, um homem (Jack Nicholson) contratado para ficar como vigia em um hotel no Colorado e vai para lá com a mulher (Shelley Duvall) e seu filho (Danny Lloyd). Porém, o contínuo isolamento começa a lhe causar problemas mentais sérios e ele vai se tornado cada vez mais agressivo e perigoso, ao mesmo tempo que seu filho passa a ter visões de acontecimentos ocorridos no passado, que também foram causados pelo isolamento excessivo.
Stanley Kubrick se mostra em sua melhor forma, criando aqui climas arrepiantes e gerando uma grande sensação de medo. Este filme também e lembrado por apresentar um dos melhores trabalhos da carreira de Jack Nicholson como um personagem que a principio parece normal, mas gradualmente vai mudando e gerando uma nova face do sujeito até então desconhecida. O que fica a pergunta no ar se foi a influencia das almas penadas que tinham no hotel ou se simplesmente esse lado sombrio se liberou devido o isolamento que o personagem sofre na historia. Fato esse muito bem narrado e filmado por Kubrick que cria momentos de claustrofobia mesmo em cenas onde o ambiente é amplo e espaçoso.Isso graças ao talento do diretor que havia trazido com ele, de tempos anteriores, seu dom pela fotografia.
Curiosidades: Stanley Kubrick rodou nada mais nada menos do que 127 vezes uma cena com a atriz Shelley Duvall, até que ela ficasse do jeito como o diretor queria.
Sempre que o personagem de Jack Nicholson falava com um "fantasma" no filme havia um espelho em cena.
Sinopse: Miro (Fúlvio Stefanini) e Abílio (Otávio Muller) são irmãos e prósperos pecuaristas do centro-oeste brasileiro. Simultaneamente, controlam uma pequena rede de negócios ilícitos. Miro possui forte ligação afetiva com sua família, em especial a esposa Jussara (Ana Braga) e a filha Elaine (Alice Braga). Abílio discorda do modo como o irmão conduz seus negócios e acompanha, de longe, o envolvimento da sobrinha com o piloto Dênis (Daniel Hendler). A revelação deste romance e as investidas de Abílio contra Dênis mudam completamente o panorama familiar.
Produzir um gênero diferente no Brasil é sempre complicado, mas não impossível. O que falta talvez seja um interesse maior dos produtores e mais vontade dos criadores (autores) em explorar outros gêneros, tão conhecidos do cinema americano e saber misturá-los nas características do cinema brasileiro. Dirigindo esse filme, Marcos Rica chegou perto de fazer um genuíno filme noir brasileiro com todos os elementos que o gênero possui como traições, mulheres sedutoras, ambição, desmoralização e busca pela redenção.
Ao criar dois núcleos de historia e uni-los em um único, enxergamos esses elementos e que culmina no fato dos protagonistas buscarem um sentido na vida ou até mesmo a redenção impossível e perdida. Esse ultimo alias muito bem retratado no personagem de Eduardo Moscovis que durante todo o filme enfrenta seus demônios interiores e somente estará livre deles quando se confrontar com os protagonistas do outro núcleo da trama. Até lá, o ritmo é lento, mas pode muito bem ser assistido sem cair no aborrecimento.
Com um final que deixa a historia em aberto, mas que continua na mente do espectador, Cabeça a Prêmio é um pequeno exemplo de filme brasileiro que foge do convencional. O que funcionou neste e outros como Cheiro no Ralo, pode muito bem funcionar em futuros projetos. Basta um pouco de coragem e persistência.
Em Cartaz no Cinebancários: Rua General Câmara, 424 - Centro, Porto Alegre.
SURPRESAS E REFLEXÕES NA MAIS NOVA AVENTURA MUTANTE PARA O CINEMA
Sinopse: 'X-Men: Primeira Classe' conta a história do épico início da saga dos X-Men e revela a história secreta de famosos eventos globais. Antes dos mutantes se revelarem ao mundo, e antes de Charles Xavier e Erik Lensherr assumirem os nomes de Professor X e Magneto, havia dois jovens descobrindo seus poderes. Nada de arqui-inimigos: naquela época, eles eram amigos íntimos e trabalhavam junto com outros mutantes (algo familiar, algo novo) para deter o Armagedom. Nesse processo, uma grave desavença aconteceu, dando origem à eterna guerra entre a Irmandade de Magneto e os X-Men do Professor X.
Depois do encerramento da trilogia e de um filme meia boca estrelado por Wolverine, ficava meio difícil imaginar que algo sairia de bom nesse novo filme dos heróis mutantes. Mas a FOX acerta a mão às vezes e por conta disso, chamou novamente Brian Singer para colocar ordem na casa, mas dessa vez com produtor. A direção ficou por conta Matthew Vaughn do elogiado Kiss Kass: Quebrando Tudo e só pelo fato de já ter uma adaptação de HQ no currículo e por ter injetado algo de novo no gênero, poderia se esperar algo de diferente nesta nova aventura e é exatamente isso que acontece.
Contando o passado de alguns dos principais heróis do universo X, o filme soube explorar ainda mais os conflitos e os dramas que esses personagens sofrem no seu dia a dia por serem diferentes e isso é muito bem retratado em Mistica (Jennifer Lawrence sensacional) e Fera (Nicholas Hoult), que são um bom exemplo de personagens que podem muito bem serem melhores trabalhados, diferente do que aconteceu na trilogia anterior.
Novamente com um pé no mundo real, o filme soube misturar ficção com fatos verídicos como no caso dos eventos que por pouco não desencadeou a 3ª Guerra Mundial nos anos 60. O roteiro enlaça fatos reais com fictícios de uma forma tão redondinha que ficamos imaginando o que outros eventos eles poderiam inventar para que os personagens pudessem se aventurar. Para os fãs das HQ, o filme é um prato cheio, principalmente por resgatar alguns personagens antigos que até a pouco tempo pareciam ser impossíveis de ser adaptados para o cinema, como no caso de Banshee (Caleb Landry Jones) um personagem que sempre achei meia boca nas HQ, mas que no filme foi muito bem adaptado e fez lembrar os momentos da HQ da era de ouro dos x-men como a historia clássica do grupo contra uma ilha viva.
Mas o que faz desse filme especial é o fato de novamente a trama centralizar na amizade (e desavenças) do Professor x e Magneto, desta vez interpretados por James McAvoy (Procurado) e Michael Fassbender(Bastardos Inglórios). Ambos possuem desempenhos excepcionais, principalmente Fassbender que transmite todo o ódio e desejo de vingança que o personagem sente por ter perdido tudo na vida e mesmo caindo para o lado sombrio da força, nos o compreendemos e não rotulamos como vilão, apesar de questionarmos suas ações e decepcionando seu até então melhor amigo. Não posso deixar de mencionar o desempenho de Kevin Bacon como o grande vilão do filme Sebastian Shaw. Fugindo do típico personagem megalomaníaco, Bacon se sai bem como um vilão sem escrúpulos e que não mede esforços para conseguir seus objetivos (a cena onde ele é responsável por despertar os poderes de Eric é fantástica e angustiante).
Com um ótimo entrosamento entre o drama e ação, e com um ato final que culmina como o nascimento da maneira que conhecemos Xavier e Magneto, X-Men: Primeira Classe foi um exemplo de filme para não ser subestimado. Não confie em cartaz e trailers, só saberemos mesmo do resultado final de um filme ao vermos na telona, ou seja, não julgue o livro pela capa. E que venham mais aventuras e conflitos internos desses grandes personagens.
Sinopse: No futuro, Alex (Malcolm McDowell), líder de uma gangue de delinquentes que matam, roubam e estupram, cai nas mãos da polícia. Preso, ele usado em experimento destinado a refrear os impulsos destrutivos, mas acaba se tornando impotente para lidar com a violência que o cerca.
Baseado no romance de Anthony Burgees desenvolve-se em clima opressivo, com direção segura, num dos melhores momentos da carreira de Kubrick. A montagem com esplêndido aproveitamento da musica de Beethoven, Elgar Rossini, cria uma espécie de coreografia da violência, apresentada com estilo raras vezes visto no cinema.
Malcolm McDowell apresenta aqui o melhor desempenho de sua vida e que jamais se repetiu, pois dificilmente faria algo similar ou que superasse o que fez na obra de Kubrick. Seu papel foi tão marcante que serviu de base para outros inúmeros atores que posteriormente se inspiraram em seu desempenho, como no caso Heath Ledger ao fazer seu Coringa em Cavaleiro Das Trevas.
Curiosidades: Stanley Kubrick certa vez declarou que, se não pudesse contar com Malcolm McDowell, provavelmente não teria feito Laranja Mecânica;
Stanley Kubrick propositalmente cometeu alguns erros de continuidade em Laranja Mecânica. Os pratos em cima da mesa trocam de posição e o nível de vinho nas garrafas muda em diversas tomadas, com a intenção de causar desorientação ao espectador;
Sinopse: Desde a "Aurora do Homem" (a pré-história), um misterioso monolito negro parece emitir sinais de outra civilização interferindo no nosso planeta. Quatro milhões de anos depois, no século XXI, uma equipe de astronautas liderados pelo experiente David Bowman (Keir Dullea) e Frank Poole (Gary Lockwood) é enviada à Júpiter para investigar o enigmático monolito na nave Discovery, totalmente controlada pelo computador HAL 9000. Entretanto, no meio da viagem HAL entra em pane e tenta assumir o controle da nave, eliminando um a um os tripulantes.
Pela espantosa perfeição dos seus efeitos especiais, esse filme revolucionou o gênero da ficção cientifica e ganhou um merecido Oscar de efeitos visuais. Baseado no conto The Sentinel, de Artur C, Clarke, com roteiro do autor e diretor. Na trilha musical, um esplendoroso aproveitamento da Valsa No Belo DanúbioAzul, de Johann Zaratustra, de Richard Strauss. Teve uma continuação interessante, mas bastante inferior se comparado a essa obra prima. Numa espécie de tentativa de hollywood em tentar explicar o inexplicavel, principalmente devido ao ato final, inigmatico e surpreendente.
Curiosidade:- Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke desenvolveram simultaneamente a história de 2001 - Uma Odisséia no Espaço. Enquanto Kubrick trabalhava em cima do roteiro, Clarke escrevia o livro, com ambos trocando idéias e opiniões durante o trabalho. Era inclusive intenção de Clarke, ao lançar o livro, colocar Stanley Kubrick como co-autor da história, mas o diretor não autorizou a utilização de seu nome.