Sinopse: Cinco facções administram a vida subterrânea da Haldwell School, um prestigiado internato da costa leste. À frente da facção mais poderosa - The Spades - está Selah Summers, caminhando na linha tênue entre ser temido e amado.
Cada jovem geração que passa tem os seus filmes protagonizados por adolescentes que os representa, que falam um pouco sobre a cultura e com relação ao que acontecia naqueles dias. Se "Curtindo a Vida Adoidado" (1986) e o "Clube dos Cinco" (1985) falava sobre a geração rebelde dos anos oitenta, por outro lado, "Patricinhas de Beverly Hills" (1995) falava de uma geração dos anos noventa que buscava a sua própria identidade nas entrelinhas. Chega os anos dois mil com o filme "Meninas Malvadas"(2004), que usa de alguns ingredientes dos filmes citados, mas tocando em assuntos importantes como, por exemplo, Bullying para os novos tempos.
Em tempos em que a realidade bate cada vez mais a nossa porta, cabe esse subgênero de filme adolescentes se reinventar para não ficar muito para trás. Não que a realidade do filme tenha que ser sempre nua e crua, mas que corresponda com essa geração atual que se pergunta o que irá acontecer mais pra frente em sua vida. "Selah e as Espadas" usa humor sombrio para falar de uma geração que já joga na maneira dos adultos, mas tendo um alto preço a ser pago.
Dirigido pela estreante roteirista e diretora Tayarisha Poe, o filme conta a história da escola Haldwell, que é dominada por cinco facções, cada uma delas composta por alunos adolescentes. Selah (Lovie Simone) é a líder dos Espadas, facção responsável em conseguir drogas para os estudantes, mas está a poucos meses de deixar a função devido à proximidade da formatura. Sem saber quem irá substituí-la, ela precisa lidar com a tensão da mudança iminente ao mesmo tempo em que mantém contatos com outras facções em busca de um dedo-duro que os denunciou à chefia do colégio.
Tayarisha Poe demonstra total segurança na apresentação de sua história, como se fosse uma cineasta veterana e tendo consigo uma visão autoral com relação aquele universo estudantil. No prólogo, por exemplo, ela constrói uma edição ágil para nos apresentar cada facção e fazendo com que a gente compreenda melhor como funciona as regras daquele cenário que não é para os fracos. É os mesmos ingredientes vistos em filmes de Gângster, mas moldado com personagens adolescentes que não se dobram as regras do sistema da escola e lucrando até mesmo com as melhores notas.
Mas embora com vários personagens em cena, o filme foca somente na sua protagonista Selah, interpretada com intensidade pela jovem atriz Lovie Simone. Selah procura manter firmeza na sua posição de líder das espadas, mas não escondendo para nós os seus conflitos internos, que vão desde agradar a mãe dominadora, como também na possibilidade de querer, ou não, passar o seu bastão de sua liderança. Eis que surge em cena Paloma, interpretada pela atriz Celeste O’Connor, que se torna não somente uma sucessora em potencial de Selah, como também uma representação do nosso olhar que testemunha as regras daquele lugar pela primeira vez.
Há tanto uma construção de amizade entre as duas, como também uma rivalidade que é apresentado nas entrelinhas, mas que logo vai ficando cada vez mais explícita. Com a sua câmera sempre em movimento constante, Tayarisha Poe procura nunca jogar os seus personagens em situações com soluções fáceis, mesmo quando o roteiro parece em certo momento se encaminhar isso de forma iminente. Em seu ato final, mascaras caem, dilemas e caráter são testados e fazendo com aqueles jovens encarem as consequências dos seus atos do seu próprio jeito.
"Selah e as Espadas" é sobre a geração atual perdida, mas disposta a fazerem suas próprias regras pela sobrevivência.
Onde Assistir: Amazon Prime Video.