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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Cine Dica: Em Cartaz: 'A Mulher Que Fugiu'

Sinopse: Enquanto o marido está em viagem de negócios, Gam-hee visita três mulheres nos arredores de Seul. Ela primeira visita dois amigos íntimos em suas casas; o terceiro, um conhecido mais velho, ela encontra por acaso em um cinema independente. 


Sang-Soo Hong é o queridinho de muitos cinéfilos e motivos para isso é o que não faltam. Em seus filmes se fala de tudo um pouco, desde falar sobre ele mesmo, como também cinema, relacionamentos ou simplesmente assuntos rotineiros que moldam o filme como um todo. "A Mulher Que Fugiu" é mais uma obra que presta, tanto homenagem ao modo de se fazer cinema, como também de sua pessoa.

O filme conta a história de Gamhee (Min-hee Kim), que encontra três amigas nos arredores de Seul. Elas mantêm uma conversa amigável, como sempre, mas existem diferentes correntes fluindo independentemente uma da outra, acima e abaixo da superfície. Na medida em que a trama avança vamos conhecendo mais de sua pessoa.

Assim como em seus filmes anteriores, Sang-Soo Hong cria a sua trama através da sua simplicidade, onde o encontro de amigas se torna o coração do filme e cujo os seus diálogos fazem disparar a nossa imaginação como um todo. É exatamente isso que o diretor quer que a gente faça, que comecemos a imaginar as subtramas a partir dos diálogos das personagens, desde o marido da protagonista que nunca surge em cena, como também de determinados vizinhos que são descritos, mas nunca surgem a frente dos nossos olhos. Isso cria um criativo jogo mental, para que possamos juntar as peças e ver se há algum significado para tantas informações que são disparadas por meio dos diálogos.

Além disso,  Sang-Soo Hong presta uma homenagem ao cinema em diversas formas, como no caso da protagonista assistir determinada situação em uma câmera de segurança. A personagem, aliás, reage de acordo com o que acontece na telinha em que ela testemunha e cuja a sua reação não é muito diferente da nossa. Qualquer semelhança com o clássico "Janela Indiscreta"(1954) do mestre Alfred Hitchcock não é mera coincidência, já que ambos os casos as duas tramas se passam em um condômino e os cineastas prestam uma homenagem ao cinema como todo.

Mas, se por um lado o mestre do suspense viajava entre as janelas dos vizinhos com a sua câmera, para que cada uma delas constasse uma história, do outro, Sang-Soo Hong usa quase o mesmo esquema, mas mantendo-se fiel a sua visão autoral e na sua proposta. Reparem, por exemplo, na cena em que a câmera atravessa a janela, foca três personagens visitando um galinheiro, para logo depois a câmera recuar a adentrar em um novo apartamento e para sim começar uma nova história. A personagem de  Gamhee (Min-hee Kim), por sua vez, sempre se encontra presente, como se fosse uma espécie de nossa guia para conhecermos novos personagens.

Curiosamente, se percebe que alguns diálogos da protagonista vão se repetindo, mas que se diferente se formos comparar com cada situação. Se na primeira visita que ela faz a uma amiga dá a entender que o seu casamento de cinco anos é um mar de rosas, na outra conversa em outro apartamento ela transmite que não é bem assim e fazendo a gente ficar na dúvida sobre a sua real situação amorosa. Esse mesmo artifício o diretor já havia usado "Certo Agora, Errado Antes" (2015), mas em proporções muito maiores.

Além disso, novamente, o diretor aproveita para falar não somente sobre cinema, como também de sua pessoa com relação a relações amorosas. Não é novidade para ninguém, por exemplo, que a sua relação com atriz Min-hee Kim fora das telas tem ganhado força e suas histórias contadas em seus filmes seriam uma espécie de metáfora sobre a transformação gradual desse relacionamento que ele vai construindo no lado de cá da tela. Isso também serve como uma leve desculpa para ele criar uma espécie de filme dentro do filme e o ato final sintetiza muito bem isso, pois estamos diante de sua arte e do seu próprio conflito interno se chocando a todo momento.

"A Mulher Que Fugiu" é tudo aquilo que se espera do cineasta Sang-Soo Hong, desde os diálogos na cozinha, no bar ou na cafeteria e a gente só agradece pela sua forma de contar boas histórias. 



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