Sinopse: A história gira em torno da relação de Naima, uma jovem de 16 anos, e da prima dela, Sofia. As duas vivem em mundos bem distintos e Sofia chega para mostrar isso. Ela vem de Paris, com todo um glamour e em busca de aproveitar o verão.
O polêmico "365" cairá no limbo do esquecimento unicamente por querer vender a imagem da mulher fácil, da qual é comprada pelo glamour, mas sendo submetida aos prazeres machistas do homem. Esse tipo de mulher pode até existir, mas há também aquelas conscientes sobre atos e consequências quando se deseja pelo modo mais fácil de determinada situação. "A Prima Sofia" fala sobre juventude, amadurecimento e de como a vida vale mais a pena através de certo sacrifício ao invés do modo mais fácil de se obter o que nós queremos.
Dirigido por Rebecca Zlotowski, a trama se concentra na jovem de 16 anos Naïma que vive em Cannes e decidiu tirar o verão para decidir o que vai fazer com o resto de sua vida. Quando Sofia, sua prima de 22 anos, chega para passar as férias, ela é seduzida pelo seu estilo de vida livre e juntas as duas vivem aventuras. Porém, haverá consequências e das quais irão lhe fazer refletir sobre a vida.
Assim como o clássico "Beleza Roubada" (1996) de Bernardo Bertolucci, o filme explora a perda da inocência durante a juventude, assim como também o desejo por tempos mais inocentes e dourados. Sofia possui uma aura cheia de energia, da qual atrai a sua prima Naima e fazendo com que ela se infiltre nesta realidade mesmo caso um dia ela termine. Embora com algumas cenas quentes de sexo, a cineasta Rebecca Zlotoski procura não polemizar o assunto, mas sim de forma coerente e que nos faça pensar com relação sobre reais sentimentos das duas protagonistas vistos na tela.
Visualmente o filme me lembrou muito o clássico francês "Desprezo" (1963), do mestre Jean-Luc Godard e cuja as protagonistas possuem alguns pontos semelhantes, porém, com destinos bem diferentes. Interpretada pela modelo Zahia Dehar, Sofia possui uma imagem jovial rica, mas que não esconde em seu olhar cicatrizes das quais busca desvencilhar através do prazer. Zahia Dehar está ótima em cena, mesmo com limitações visíveis com relação a sua interpretação, mas que soube contornar desse problema graças ao roteiro feito sob medida para ela.
Porém, o filme pertence a personagem Naima. Interpretada pela estreante atriz Mina Farid, Naima seria uma representação do nosso olhar com relação ao mundo que ela testemunha de sua prima e do qual fica fascinado por ela. Porém, elementos centrais que a cercam no decorrer da história lhe fazem transitar entre a razão e desejo e fazendo com que ela fique até mesmo confusa em alguns momentos.
Tanto Sofia como Naima são na realidade dois lados da mesma moeda. Enquanto Naima deseja se tornar uma espécie de Sofia e aproveitar a realidade de sua prima, por outro lado, Sofia enxerga em Naima uma época mais pura e inocente, mas da qual não pode mais alcança-la, pois deve seguir em frente e enfrentar as consequências de suas próprias escolhas. Em resumo, não é pela beleza ou riquezas que moldam a pessoa, mas sim suas ações é o que dizem sobre ela própria.
"A Prima Sofia" é mosaico de cores quentes sobre a juventude, da qual facilmente ela se acaba no momento em que se deseja amadurecer precocemente.
Onde Assistir: Netflix