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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Cine Especial: Clube de Cinema - 'Os Rejeitados'

Nota: Filme exibido para os associados no última sábado (27/01/24).

Sinopse: Um instrutor rabugento desenvolve um vínculo com um encrenqueiro da escola e o cozinheiro-chefe. 

Alexander Payne é um desses casos de cineastas norte americanos que possuem certo talento na direção para nos chamar atenção, mas que não ganham um espaço necessário no mercado cinematográfico. De sua autoria, por exemplo, temos "Sideways" (2004), "Os Descendentes" (2011) e o genial "Nebraska" (2013). Em "Os Rejeitados" (2023) o realizador retorna com tudo em uma comédia dramática que irá fazer o cinéfilo se emocionar, mas ao mesmo tempo despertando em nós inúmeras risadas ao longo da sessão de cinema.

A trama começa próximo a data mais esperada do fim do ano, onde os alunos e professores do prestigiado internato Barton Academy se preparam para passar suas férias com as famílias e amigos em dias que antecede o Natal. No entanto, um grupo conhecido como Os Rejeitados fica para trás, sem lugar ou pessoas para visitar. Paul Hunham (Paul Giamatti), um professor altamente desgostado pelo corpo docente, sempre fica para trás e contra a sua vontade, é o responsável por cuidar dos estudantes que precisam ficar no colégio no feriado. Durante a tarefa, ele precisa lidar especificamente com Angus (Dominic Sessa), um adolescente rebelde que está lidando de sua própria forma com a morte do pai. Entre gritos, perseguições no corredor, detenções e conversas, os dois acabam descobrindo mais sobre a vida com a ajuda da cozinheira-chefe (Da’vine Joy Randolph) da escola.

Pelo fato da trama se passar no início dos anos setenta, o diretor Alexander Payne não só faz uma bela reconstituição da época, como também molda o filme parecendo que foi rodado naqueles anos. Notem, por exemplo, o símbolo do estúdio Universal quando surge na tela, sendo representação daqueles tempos longínquos, mas que representam a melhor fase do cinema norte americano. A partir daí vamos conhecendo esses personagens excêntricos, mas dos quais nos identificamos.

O filme se passa no período natalino, época em que o capitalismo sempre nos vende a ideia para comemorarmos com a família e amigos. Porém, já naquele tempo, o significado da palavra Natal tem se tornado um símbolo comercial ao invés de se comemorar o verdadeiro significado do dia e fazendo com que a época se torne acelerada e até mesmo cansativa. Os protagonistas da trama, por sua vez, se sentem deslocados e ao mesmo tempo agindo com total sarcasmo perante uma época que está se tornando cada vez mais hipócrita na medida em que o tempo passa.

Por outro lado, uma vez que esses personagens centrais da trama não caem no conto natalino eles se veem livres para colocarem realmente para fora como eles realmente são. Paul Hunham, por exemplo, é um professor recluso internamente, do qual não consegue ser muito sociável com os seus alunos, mas que se vê obrigado a cuidar de alguns deles e fazendo que revele o seu lado mais humano. Já tendo trabalho com o diretor no passado, o ator Paul Giamatti nos brinda com uma ótima atuação, sendo que o intérprete é sempre lembrado como um grande coadjuvante, mas tendo provado já há bastante tempo que consegue carregar um filme nas costas facilmente.

Mas não há como negar que a sua atuação melhora ainda mais quando o seu personagem se interage através do aluno rebelde Angus, mas cujo mesmo se revela alguém muito mais complexo do que se imagina e cuja mentiras são meias verdades e das quais vão sendo descascadas ao longo da história. Dominic Sessa é um nome para ser guardado, pois o seu Angus é o que realmente move as peças da trama e fazendo com que todos os personagens se colidem perante a ele e fazendo com que sejam afetados de formas até mesmo indiretamente. Atenção para a cena em que ele realmente revela algo íntimo, cuja câmera vai se afastando e revelando um dos melhores momentos do filme como um todo.

Já a cozinheira chefe Mary pode-se dizer que ela possui uma espécie de subtrama dentro da história, mas que acaba se casando perfeitamente com a proposta principal da obra. Sendo obrigada a conviver com os poucos que restaram dentro da universidade, a personagem acaba que se abrindo para os personagens principais de uma forma que faz com que a gente sinta toda sua dor que carrega consigo, mas sabendo driblá-lo através um sarcasmo genuíno. Não é à toa que Da’vine Joy Randolph tem grandes chances de levar o seu Oscar na próxima cerimonia e com certeza de forma mais do que merecida.

Curiosamente, o filme pode ser interpretado como uma trama que se passa em duas partes, já que o primeiro e a metade do seu segundo ato se passam na universidade, mas logo eles são obrigados a terem que mudarem de cenário e adentrando ao subgênero de estrada. Embora não se estenda muito, essa passagem da trama se torna crucial para que os personagens principais obtenham a sua transformação, seja ela interna ou externa e fazendo com que eles se olhem uns aos outros e fazendo se darem conta de que cada um tem o melhor a oferecer neste mundo do que se imagina.

Com um final em que os personagens finalmente obtêm as suas redenções, "Os Rejeitados" é uma comédia dramática que nos emociona e ri perante as situações corriqueiras do Natal, mas que sabemos o quanto elas são reais perante nós. 

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domingo, 21 de janeiro de 2024

Cine Especial: Retrospectiva do Clube de Cinema de Porto Alegre | 2023

Quem é sócio do Clube de Cinema de Porto Alegre obtém a grande chance de assistir aos melhores lançamentos do ano. Além disso, sempre haverá a oportunidade de conferir grandes clássicos do passado na tela grande, pois é somente na sala escura que realmente acontece a verdadeira magia da sétima arte. Abaixo confira quais os filmes que os associados assistiram em 2023 e faça parte do nosso Clube Cinéfilo.     

Nota: Vídeo criado pela nossa associada Kelly Demo Christ


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quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Cine Dica: Sessão Clube de Cinema 11/11/2023 - 'Afire'

 Segue a programação do Clube de Cinema no próximo final de semana.

SESSÃO CLUBE DE CINEMA


Local: Sala Eduardo Hirtz, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana

Data: 11/11/2023, sábado, às 10:15 da manhã

"Afire" (Roter Himmel)

Alemanha, 2023, 103 min, 14 anos

Direção: Christian Petzold

Elenco: Thomas Schubert, Paula Beer, Langston Uibel, Enno Trebs, Matthias Brandt

Sinopse: Um grupo de jovens, entre conhecidos e desconhecidos, é obrigado a conviver por alguns dias em uma casa de férias junto ao mar Báltico. À medida em que o tempo passa, surge um clima de amizade e até de romance em parte do grupo, enquanto Leon se irrita com o desenrolar da situação. Lá fora, os dias estão quentes, não chove há semanas e as florestas secas da região começam a pegar fogo. O filme foi o vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim 2023.

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sexta-feira, 9 de junho de 2023

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre - 'O Pecado Mora ao Lado'

Nota: O filme será exibido para associados e não associados na próxima Segunda, 12 de junho, Sala Redenção, Campus Central da UFRGS as 19h.  

Construindo uma comédia sobre os laços matrimoniais e seus eventuais problemas, Billy Wilder nos entrega um filme leve e dinâmico que cumpre sua proposta. Longe de alocar-se entre as grandes obras do diretor, “O Pecado Mora ao Lado” (1955), no entanto, traz o que há de mais comum na filmografia de Wilder, trabalhando com ambientes limitados, personagens erráticos e a figura feminina como força propulsora para as atitudes emanadas da trama.

A história do filme se concentra no período de férias de uma família tradicional americana. Neste período, Richard Sherman decide não viajar com sua família, tendo como desculpas seu trabalho, ficando sozinho em sua casa enquanto sua mulher e filho curtem o período de calor. A trama do filme ganha sua força quando Sherman acaba por conhecer uma jovem e atraente vizinha, dando início a uma batalha pela preservação de sua fidelidade ao casamento.

Um grande sucesso no mundo inteiro que consolidou a imagem de Marilyn Monroe com símbolo sexual do cinema na época. Segundo notícias, as fotos que Marilyn iria fazer para promover o filme, usando a cena do vestido levantado na grade do metrô, causaram um grande rebuliço, pois a atriz se apresentou sem calcinha (como ela gostava de dormir). Foi preciso providenciar a peça íntima de uma das assistentes de produção para que as fotos fossem tiradas.

A interessante abertura do filme dá o tom a trama que vai se desenrolar e nos lembra, a cada cena, que Billy Wilder costuma ser lembrado (principalmente pela crítica) por filmes como “Crepúsculo dos Deuses” (1950) e “Se Meu Apartamento Falasse” (1960), mas ele tem habilidade suficiente para ter em mãos gêneros distintos e alcançar resultados notáveis.

No ano de 1954, Marilyn assinou com a Famous Artits Agency e deixou a William Morris. A Fox queria, a qualquer custo, que ela gravasse o filme Pink Tights, após o roteiro ser enviado a sua casa, leu e não se interessou. Preocupada em articular um casamento às pressas (e às escondidas) com Joe DiMaggio, seu segundo marido, renomado ex-jogador de baseball e ídolo dos Yankees, a atriz aceitou os conselhos de Joe, que pretendia gradualmente afastá-la do cinema, e não topou. A Fox então desiste e oferece papel em “O Mundo da Fantasia” (1954) e em troca ela teria reservado o papel principal para gravar O “Pecado Mora ao Lado” em Nova York, em setembro de 1954.

Orçado em 3,2 milhões, o filme é uma adaptação da peça de teatro homônima, onde Tom Ewell repetiu, na pele de Sherman, o papel da peça no cinema. Marilyn, por sua vez, vivia novamente o estereótipo de loira burra que a perseguiu em toda sua carreira. No ano de seu lançamento, o filme causou furor por sua ousadia. Os censores da época queriam proibi-lo por tratar de um tema polêmico, o adultério, de uma forma leve e banal, ainda que de fato não exista nenhuma cena explícita, tudo fica a cargo das insinuações e ironias. A sensualidade de Marilyn na banheira e a famosa cena do vestido esvoaçante sobre o respiradouro do metrô foram os principais alvos dos conservadores.

Para 1955, a ousadia era de mais. A multidão que se juntou tornou inutilizáveis as tomadas de vistas que se fizeram na Avenida de Lexington, em Nova Iorque, tal era o ruído dos comentários, dos assobios, das reações a uma visão que se repetia, uma e outra vez, a cada engano da estrela (e foram muitos). E a cada repetição o embaraço do marido, Joe DiMaggio, aumentava, tendo chegado a tal ponto que acabou com aquele casamento de nove meses. Novas tomadas de vistas foram recolhidas em estúdio, num cenário de recriação daquele troço da Avenida de Lexington, o que explica, para os mais atentos, a discrepância que existe entre a imagem que ilustra os cartazes e o conteúdo da cena que ficou na versão final do filme.

Curiosamente, "O Pecado Mora ao Lado" é rodado quase que integralmente na sala da casa de Richard Sherman. A primeira cena no interior daquela residência dura aproximadamente quarenta minutos. A segunda mais trinta. Considerando que o filme tem pouco menos de uma hora e meia de duração, dá para perceber o quanto os acontecimentos concentram-se nesse local. A parte mais divertida do filme está na entrada de vizinhos, amigos e funcionários do condomínio na casa de Richard enquanto ele está com sua vizinha. O proprietário tenta disfarçar a visita da bela jovem para não ser mal interpretado pelos outros homens, que não acreditariam na sua fidelidade à esposa. O final é um tanto previsível, mas perfeitamente adequado para aqueles tempos.

"O Pecado Mora ao Lado" foi agraciado com o sorriso dos Deuses do cinema e fazendo de Marilyn Monroe um dos maiores símbolos da sétima arte. 


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terça-feira, 6 de junho de 2023

Cine Especial: Próxima Sessão do Clube de Cinema de Porto Alegre - 'Eo'

 Segue a programação do Clube de Cinema no próximo final de semana.

SESSÃO CLUBE DE CINEMA

Local: Sala Paulo Amorim, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana

Data: 10/06/2023, sábado, às 10:15 da manhã


"Eo"

Polônia/ Itália, 2022, 85 min, 14 anos

Direção: Jerzy Skolimowski

Elenco: Sandra Drzymalska, Mateusz Kosciukiewicz, Isabelle Huppert

Sinopse: Em tom de fábula, o filme acompanha a jornada de um burro cinza e suas descobertas pela Europa contemporânea – ele vivia em um circo e ganhou sua liberdade depois de um protesto pela liberação dos animais. Sozinho no mundo e movido por um espírito curioso, ele encara várias experiências e momentos inusitados. Com este longa, o veterano diretor Skolimowski, de 85 anos, faz uma homenagem a Robert Bresson e seu “A Grande Testemunha”, de 1966. O filme competiu no Festival de Cannes 2022 e foi um dos cinco indicados ao Oscar de filme internacional.  


Sobre o Filme: O clássico francês "A Grande Testemunha" (1966), do diretor Robert Bresson, não se encaixa exatamente ao movimento Nouvelle vague, já que a obra vai muito mais além e do qual nos toca profundamente. A trágica jornada de um burro sensibilizou o mundo e servindo de inspiração posteriormente para outras obras como um todo. "Eo" (2023) é um desses casos, onde vemos novamente um burro perante os dois lados da moeda do ser humano.

Dirigido por Jerzy Skolimowski, a trama acompanha o mundo moderno visto pelos olhos de Eo, um burro cinza tristonho que mora em um circo na Polônia, mas que acaba saindo de lá devido aos protestos dos protetores de animais. Após sair de lá, o animal parte em direção à Itália e, ao longo de sua jornada, conhece pessoas boas e más, experimenta momentos de alegria, medo e dor, vê sua sorte ser transformada em desastre e seu desespero em uma felicidade inesperada. Tudo isso sem nunca perder sua inocência.

Não é fácil fazer de um animal um protagonista de um filme, mesmo a gente sabendo que, por vezes, eles possuem mais personalidade do que o próprio ser humano. Porém, o diretor consegue extrair do protagonista um ar de inocência perante a realidade opressora em que vive e fazendo com que tememos por sua vida a todo momento. Embora haja alguns personagens em cena que amam o pequeno animal, outros o tratam como um simples ser a ser abatido e que posteriormente vendido para ser degustado.

O diretor procura filmar de uma forma que consigamos sentir o olhar do protagonista, ao ponto que a câmera age de acordo com a sua perspectiva. Em um determinado momento, por exemplo, a fotografia fica vermelha, como se ele testemunhasse o lado violento do ser humano e do qual banha o cenário com a cor de sangue. Curiosamente, nas cenas violentas onde o burro sofre, o diretor acaba sendo criativo na realização das mesmas, pois ninguém iria gostar de ver um animal inocente sendo machucado em cena.

Pelo olhar do protagonista enxergamos uma humanidade transitando entre as farturas e o caminho sem volta que a maioria está trilhando. A meu ver, o realizador faz uma crítica acida da humanidade sendo engolida cada vez mais pelo capitalismo, fazendo com que a sua humanidade se perca cada vez mais em números e desperdiçando a chance de apreciar o mundo que não mais enxerga devido a esse processo hediondo. Quem sai perdendo é justamente os mais inocentes que não sabem se defender e o nosso protagonista acaba sentindo isso na pele, mas jamais perdendo algo que os homens estão perdendo aos poucos, que é a doçura e o desejo de explorar esse mundo que está sendo abandonado pelo olhar já moribundo do ser humano.

Com participação especial de Isabelle Huppert e indicado ao último Oscar de Melhor Filme Internacional, "Eo" é doce na sua proposta e ao mesmo tempo nos socando com força ao nos conscientizar sobre quem é o verdadeiro animal bestial da história.

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quinta-feira, 25 de maio de 2023

Cine Dicas: Próximas Sessões do Clube de Cinema de Porto Alegre

 Segue a programação do Clube de Cinema no próximo final de semana.

"A Primeira Morte de Joana"

SESSÃO DE SÁBADO CLUBE DE CINEMA

Local: Cinemateca Capitólio

Data: 27/05/2022, sábado, às 10:15 da manhã


"Cria Cuervos" (Cría Cuervos)

Espanha, 1976, 110 min, 16 anos

Direção: Carlos Saura

Elenco: Ana Torrent, Geraldine Chaplin, Héctor Alterio, Mónica Randall, Florinda Chico

Sinopse: Ana (Geraldine Chaplin) é uma mulher de tristes lembranças. Duas décadas antes, quando tinha nove anos, ela acreditava ter em suas mãos um misterioso poder sobre a vida e a morte de seus familiares. Assim teria causado a morte inesperada do pai, o militar franquista Anselmo (Héctor Alterio), logo após o doloroso martírio da mãe.

* * * * *

SESSÃO DE DOMINGO CLUBE DE CINEMA 

Evento com a presença da equipe do filme 

Local: Sala Eduardo Hirtz, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana

Data: 28/05/2023, domingo, às 10:15 da manhã


"A Primeira Morte de Joana"

Brasil, 2020, 91 min, 14 anos

Direção: Cristiane Oliveira

Elenco: Letícia Kacperski, Isabela Bressane, Joana Vieira, Lisa Gertum Becker 

Sinopse: Joana, de 13 anos, quer descobrir por que sua tia-avó morreu sem nunca ter namorado ninguém. Os questionamentos e descobertas da adolescente mexem com a comunidade tradicional onde ela vive, no sul do Brasil, ao mesmo tempo em que o lugarejo acompanha a construção de uma usina eólica nas proximidades. Com locações nas cidades de Osório e Santo Antônio da Patrulha, este é o segundo longa da diretora gaúcha e foi visto em mais de dez festivais internacionais.

Sobre o Filme: A descoberta da sexualidade na pré-adolescência gera uma cruzada para que o jovem possa compreendê-la. No recente "Close" (2022), por exemplo, vemos dois jovens amigos sentindo sensações que antes não sentiam um pelo outro, mas cuja “não aceitação” pelo que realmente sente pode desencadear danos irreversíveis. "A primeira Morte de Joana" (2020), fala sobre a descoberta de sentimentos ainda inéditos para a protagonista central, mas de forma singela e em meio ao conservadorismo hipócrita.

Dirigido por Cristiane Oliveira, do filme "A Mulher do Pai" (2017), o filme conta a história sobre Joana (Letícia Kacperski), que experimenta o típico período transicional entre a infância e a adolescência, que faz com que ela viva os questionamentos e reflexões mais variadas possíveis. Uma grande questão que passa por sua cabeça é entender por que sua tia-avó faleceu aos 70 anos sem nunca ter namorado alguém. Mas ao encarar os valores da comunidade em que vive no Sul do Brasil, ela percebe que todas as mulheres da sua família guardam segredos, o que traz à tona algo escondido nela mesma. E enquanto sua jornada fica cada vez mais repleta de dúvidas, uma grande usina eólica começa a ser construída na pequena cidade em que vive.


Confira a minha crítica completa clicando aqui. 


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segunda-feira, 8 de maio de 2023

Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEMATECA CAPITÓLIO 9 a 14 de maio de 2023

PINK FLOYD – THE WALL 

MELISSA DULLIUS DEBATE ORÁCULO

A Cinemateca Capitólio apresenta na sexta-feira, 12 de maio, às 19h30, uma sessão especial de Oráculo, novo longa-metragem do duo Distruktur, composto por Melissa Dullius e Gustavo Jahn. A diretora participa de um debate após a exibição. O valor do ingresso é R$ 10,00.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/6210/oraculo-debate-com-melissa-dullius/


SEGUNDA SEMANA PARA VER SAURA

A mostra Carlos Saura: Goya de Honra segue em exibição até o dia 14 de maio. A programação é uma realização do Instituto Cervantes de Porto Alegre, com apoio da Academia de Cine e do Ministerio de Asuntos Exteriores, Unión Europea y Cooperación. O valor do ingresso é R$ 10,00.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/6212/carlos-saura/


PINK FLOYD – THE WALL EM EXIBIÇÃO

Em sintonia com o evento CineFloyd, a Cinemateca Capitólio apresenta três sessões especiais do filme Pink Floyd - The Wall, de Alan Parker, nos dias 9 (19h), 10 (17h) e 14 (17h) de maio. O valor do ingresso é R$ 10,00.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/6245/pink-floyd-the-wall/


GRADE DE HORÁRIOS

9 a 14 de maio de 2023


9 de maio (terça-feira)

15h – Mamãe Faz 100 Anos

17h – Cria Corvos

19h – Pink Floyd – The Wall


10 de maio (quarta-feira)

15h – Elisa, Vida Minha

17h – Pink Floyd – The Wall

19h – Goya


11 de maio (quinta-feira)

15h – Cria Corvos

17h – Elisa, Vida Minha

19h – Aquece Noite dos Museus


12 de maio (sexta-feira)

15h – Goya

17h – Mamãe Faz 100 Anos

19h30 – Oráculo + debate


13 de maio (sábado)

17h – CineFloyd (ingressos esgotados)

19h – CineFloyd (ingressos esgotados)


14 de maio (domingo)

17h – Pink Floyd – The Wall

19h – Cria Corvos

Cine Especial: Próxima Sessão do Clube de Cinema de Porto Alegre - 'O Inventor da Mocidade'

 Segue a programação do Clube de Cinema nesta terça-feira.

CICLO COMÉDIA ROMÂNTICA


Sessão comentada Clube de Cinema

ENTRADA FRANCA

Local: Sala Redenção, Campus Central da UFRGS

Data: 09/05/2023, terça-feira, às 19:00 horas


"O Inventor da Mocidade" (Monkey Business)

EUA, 1952, 97 min, legendado, 12 anos

Direção: Howard Hawks

Elenco: Cary Grant, Ginger Rogers, Marilyn Monroe, Charles Coburn

Sinopse: Um professor e sua mulher desenvolvem uma pílula que retarda o processo de envelhecimento. Eles testam a droga em si mesmos e o efeito é inesperado: começam a agir como adolescentes inconsequentes e aprontam muitas confusões.


Sobre o filme:

Howard Hawks não possuia exatamente uma visão autoral na realização dos seus filmes, mas é peciso reconhecer que ele movimentou o cinema norte americano na medida em que ele abracava determinado gênero. O seu "Scarface, a Vergonha de uma Nação" (1932),  foi um filme que, infelizmente, foi um dos responsáveis para a criação do O código Hays, fazendo com que o diretor decidisse se enveredar para outros gêneros como a comédia e realizando, por exemplo, "Levada da Breca" (1938). Em "O Inventor da Mocidade" (1952) ele turbina o termo "comédia" para o puro pastelão e onde os personagens se envolvem em uma montanha russa sem freios do começo ao final dela.

Barnaby Fulton (Cary Grant) é casado com Edwina (Ginger Rogers) e é um cientista obcecado em descobrir uma fórmula de rejuvenescimento. O projeto é acompanhado com atenção por Oliver Oxley (Charles Coburn), seu chefe, que prevê lucros imensos caso o produto funcione. Barnaby realiza testes com alguns Chimpanzés que mantêm em seu laboratório, sem sucesso até o momento. Um deles consegue escapar de sua jaula e mistura aleatoriamente os produtos químicos da bancada de Barnaby, jogando a fórmula no bebedouro local. Ao chegar Barnaby faz uma pequena alteração na fórmula em que trabalhava e, logo em seguida, bebe um copo d'água. A partir de então ele se sente cada vez melhor, passando a fazer brincadeiras com todos à sua volta e deixando o laboratório para se divertir. Para encontrá-lo Oxley envia Lois Laurel (Marilyn Monroe), sua bela secretária, que tem uma queda por Barnaby.

Na abertura do filme o diretor já nos deixa bastante claro para não levarmos a sério em nenhum momento a trama que virá em seguida. Sempre há erros de gravação ao longo do percurso para a realização de um filme, mas acredito que quando Cary Grant abre a porta antes do previsto o diretor deve ter gostado tanto que ele decidiu manter em sua abertura. Claro que nos dá aquela sensação da quebra da quarta parede, mas também é uma dica para não exigirmos nada do filme além de altas doses de humor pastelão. Mas é exatamente isso o que acontece, porém, de maneiras mais imprevisíveis e surreais possíveis.

Para começo de conversa, eu nunca achei Cary Grant exatamente um bom ator, mesmo tendo atuado em grandes clássicos como "Intriga Internacional" (1959). Porém, é preciso reconhecer que ele está mais do que a vontade ao interpretar um cientista meio distraído e com óculos que mais parecem que saíram do fundo de uma garrafa. Não me surpreenderia, por exemplo, se o seu personagem serviu de inspiração para que Jerry Lewis criasse o seu "O Professor Aloprado" (1966).

Howard Hawks também tem a proeza de sempre criar algo em cena para manter a nossa atenção, mesmo com a não presença de humanos e dando destaque aos  Chimpanzés dentro da trama. É nesse momento que ficamos de boca aberta, pois o Chimpanzé visto na tela parece ter consciência sobre o que está fazendo, ao misturar os produtos químicos e coloca-los no bebedouro. O seu sorriso, por exemplo, nos deixa claro que ele quer aprontar e despertando em nós facilmente a nossa rizada.

A partir daí o filme se torna uma verdadeira montanha russa de humor desenfreado, com o direito de termos um Cary Grant agindo como um jovem rapaz e fazendo todas as loucuras ao lado da secretária interpretada por  Marilyn Monroe. Curiosamente, não deixa de ser espetacular as cenas em que ambos se encontram correndo nas avenidas da cidade, com direito de quase sofrerem um acidente espetacular e não devendo nada aos filmes de ação. Bons tempos em que se fazia os filmes com a mão na massa e não deixando somente com o CGI como se faz hoje em dia.

O ato final nos reserva momentos em que tudo é jogado para o alto, principalmente pelo fato da personagem de Ginger Rogers também beber a fórmula e se transformar em uma verdadeira pirralha. Daqui em diante tudo perde a sua lógica, devido aos desencontros, Cary Grant brincando de índio com crianças e sendo confundido com um bebê na reta final da história. Em meio a tudo isso, temos uma Marilyn Monroe perdida sobre tudo o que está acontecendo, mas cuja a sua personagem serviria de modelo para a construção de sua carreira e entrando, enfim, para a história.

"O Inventor da Mocidade" é aquele clássico pastelão ingênuo em que você precisa desligar o seu cérebro para se divertir perante aos diversos absurdos que acontece na tela e cujo o humor inocente nos conquista. 


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domingo, 9 de abril de 2023

Cine Dica: Semana de Aniversário dos 75 Anos do Clube de Cinema de Porto Alegre

Nesta semana de aniversário de 75 anos, o *Clube de Cinema de Porto Alegre* conta com uma programação muito especial!

Na *terça-feira (11/04) às 19h*, dando continuidade ao ciclo de Comédia Romântica, iremos assistir “Ninotchka”, filme de 1939 dirigido por Ernst Lubitsch. A sessão será na Sala Redenção (Campus Central da UFRGS - Av. Paulo Gama, 110, Farroupilha).

Na *quinta (13/04), a partir das 19h* daremos início à celebração oficial do aniversário do CCPA! Nosso evento contará com homenagens, e às *20h* a sessão do filme “O Samurai” (Jean-Pierre Melville, 1967). Esse evento acontecerá na Cinemateca Paulo Amorim (localizada no térreo da Casa de Cultura Mario Quintana - R. dos Andradas, 736, Centro Histórico).

No *sábado (15/04)*, nossa tradicional sessão às 10h15min será no Espaço de Cinema (Shopping Bourbon Country - Av. Túlio de Rose, 80 - Passo d'Areia). O filme surpresa será revelado ao longo da semana.


*Venha celebrar o aniversário do CCPA conosco!*


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segunda-feira, 3 de abril de 2023

Cine Especial: Revisitando 'O Samurai' e Comemorações dos 75º Aniversário do Clube de Cinema de Porto Alegre

 Prezado(a),

Temos o prazer de convidá-lo(a) a celebrar conosco o aniversário de 75 anos do Clube de Cinema de Porto Alegre. Será uma ocasião especial realizada no dia 13 de Abril, a partir das 19h na Casa de Cultura Mario Quintana. Haverá uma cerimônia com homenagens, e a exibição do filme  "O Samurai" (Jean-Pierre Melville, 1967). Abaixo segue um release com mais informações sobre o evento, e gostaríamos que o compartilhasse com seus contatos e em suas redes sociais. Agradecemos antecipadamente por seu apoio, e esperamos poder contar com sua presença em nossa celebração!


75º Aniversário do Clube de Cinema de Porto Alegre

O Clube de Cinema de Porto Alegre completa 75 anos no dia 13 de abril de 2023, e para celebrar esta data tão especial, será realizado na Casa de Cultura Mario Quintana um coquetel às 19h, seguido de uma sessão de cinema na Sala Paulo Amorim, às 20h. O filme escolhido é "O Samurai", um clássico francês dirigido por Jean-Pierre Melville, lançado em 1967 e estrelado por Alain Delon.

O CCPA foi fundado pelo crítico Paulo Fontoura Gastal em 1948, reunido com jornalistas, cinéfilos e intelectuais de Porto Alegre para se dedicarem à expansão da cinefilia na cidade, no estado e no país, com a ideia de trazer pessoas para discutirem sobre filmes. Desde então se tornou um lugar de vivência e formação para os apaixonados pelo audiovisual em Porto Alegre. Em tempos de streaming, o Clube é espaço de resistência, através de uma curadoria que prioriza os lançamentos das salas parceiras, filmes experimentais, ciclos temáticos, e faz um resgate dos grandes clássicos. Também são tradicionais as sessões especiais que promovem o encontro com diretores e artistas que realizaram os filmes, além do café depois da exibição para debates e divagações. É acima de tudo um clube de afetos, como dizem os membros.

Atualmente, o Clube de Cinema oferece sessões semanais, todos os sábados às 10h15min., em uma das salas associadas: Cinemateca Paulo Amorim, CineBancários, Cine Farol Santander, Cinemateca Capitólio, Espaço de Cinema Bourbon Country e Sala Redenção (UFRGS). O CCPA também promove exibições especiais em algumas noites de terça-feira e domingos pela manhã. A anuidade para se tornar membro é no valor de R$180, mas são bem-vindos todos que quiserem conhecer o Clube de Cinema. Trata-se de uma organização sem fins lucrativos, composta por voluntários que se dedicam para manter viva a paixão pelo cinema em Porto Alegre.

A escolha do filme "O Samurai" para a celebração do aniversário do Clube de Cinema não poderia ser mais apropriada. O filme é um dos grandes clássicos do cinema francês, que narra a história de um assassino profissional solitário e metódico que se vê enredado em uma complexa teia de conspirações. Alain Delon, que interpreta o protagonista, entrega uma performance brilhante e icônica, tornando a exibição da obra também uma homenagem a esse grande ator.

O evento do dia 13 de Abril será uma ocasião especial para celebrar os 75 anos de história e legado do Clube de Cinema de Porto Alegre, que tem sido um importante ponto de encontro para cinéfilos de todas as idades e perfis. O coquetel antes do filme contará com homenagens a algumas personalidades que tornaram essa história possível e longeva. A exibição de "O Samurai" será uma oportunidade única para os amantes do cinema apreciarem uma obra-prima da sétima arte na recentemente renovada Sala Paulo Amorim. A entrada é franca.

Venha comemorar os 75 anos do Clube de Cinema de Porto Alegre em grande estilo, com esse evento especial!


Sobre o Filme: 'O Samurai' 

A Nouvelle Vague foi um movimento cinematográfico que mudou o modo de se fazer cinema francês e que, posteriormente, serviu de inspiração para o resto do mundo. Com uma leva de jovens cineastas, os mesmos decidiram sair para ruas de Paris, sendo que abertura do clássico "Os Incompreendidos" (1959), François Truffaut, é o melhor representante desta iniciativa. Não é à toa que o movimento serviu de inspiração para o cinema mundial, principalmente para que o cinema norte americano parasse de vender um cinema fantasioso e desse início ao seu movimento intitulado "Nova Hollywood".

Porém, os próprios realizadores franceses buscaram inspiração através do cinema norte americano para a realização dos seus filmes. O subgênero "Noir" norte-americano foi um movimento que atraiu bastante os cineastas franceses devido a sua estética, ousadia e a sua peculiaridade moldada por personagens cínicos e nenhum pouco altruístas. "Acossado" (1960), de Jean-Luc Godard, não somente se tornou um dos pilares do movimento Nouvelle Vague, como também possui um estilo "noir" e que serviria de inspiração posteriormente para outros filmes durante a década de sessenta.

Talvez o melhor representante dessa leva tenha sido mesmo Jean-Pierre Melville, sendo um realizador apaixonado pelo cinema norte americano dos anos quarenta e cujo o "noir" é o que mais lhe atraia. "Bob, O Jogador" (1956) e "Técnica de Um Delator" (1962) serviram de laboratório para o que ele nos serviria posteriormente e cuja fórmula do "noir" usaria até o fim de sua carreira. "O Samurai" (1967) não é somente o melhor filme de sua carreira, como também um dos melhores representantes de "noir francês" elegante e que tanto atraiu as plateias daquela época.

O filme conta a história de Jeff Costello (Alain Delon), um assassino profissional metódico e perfeccionista. Seus atos são cuidadosamente planejados nos mínimos detalhes e ele nunca foi surpreendido em ação. Uma noite, porém, ele é flagrado por uma testemunha durante uma execução. A partir de então sua vida transforma-se num inferno.

No passado, o samurai foi guerreiros a serviço do Império japonês, mas que posteriormente começaram a serem também homens solitários que praticavam determinado trabalho ilícito de acordo com o valor que eles obtinham. O termo é usado para descrever aqui o protagonista como um todo, principalmente na abertura do filme, onde vemos o mesmo solitário em seu apartamento, do qual possui poucos moveis e tendo consigo um passarinho como companheiro. O pequeno ser preso dentro de uma gaiola é uma representação do próprio protagonista, onde se vê preso pelo caminho em que trilhou e do qual não acha escapatória.

Jean-Pierre Melville demonstra uma força perfeccionista nos primeiros dez minutos de projeção, onde ficamos acompanhando passo a passo o modo de agir do protagonista, desde a forma em que coloca o seu chapéu, como também da maneira como anda para não tentar chamar atenção. Pelo fato de os primeiros minutos não sabermos ao certo com relação ao que o protagonista faz, nós achamos que ele seria uma espécie de detetive particular bem ao estilo do personagem de Humphrey Bogart do clássico "Relíquia Macabra" (1941), já que a sua figura com o cigarro na boca muito se aproxima dessa ideia. Além disso, aqui nos é apresentado uma Paris quase sempre chuvosa, onde as luzes e sombras se entrelaçam e não faltando as clássicas sombras das persianas vinda das janelas.

Uma vez que descobrimos que o protagonista é um matador profissional, logo testemunhamos que algo dá errado em sua última missão e começa um jogo de gato perseguindo o rato no primeiro ato da trama. Ficamos sempre nos perguntando quando o protagonista será pego, porém, as figuras femininas centrais da trama talvez sejam o único meio dele obter uma redenção, ou então a sua perdição. Vale salientar que o cineasta não se esqueceu desse pequeno detalhe, ou seja, das famosas  femme fatale, que se tornam uma grande ajuda, ou o derradeiro calcanhar de Aquiles para o protagonista.

Tendo atuado em filmes como "Rocco e Seus Irmãos" (1960) e "O Leopardo" (1963), Alain Delon obtém aqui uma de suas atuações mais lembradas, onde sua expressão fria e calculista marcaria uma geração inteira e serviria de influência até mesmo para os protagonistas durões do cinema de ação norte americano dos anos setenta. Neste último caso, sua imagem de um cavaleiro solitário dentro de um apartamento, cuja violência está a sua espera do outro lado da porta, serviria até mesmo de inspiração para a construção do protagonista Taxi Drive de Martin Scorsese ou de "O Matador" de john woo. Uma atuação digna de nota e difícil de imaginar outro em seu lugar nesta obra.

A meu ver, "O Samurai" não se limitou somente ao prestar uma homenagem ao subgênero "noir", como também serviu de laboratório sobre a melhor maneira de se fazer um filme policial na década seguinte. Infelizmente esse modelo duraria até o final dos anos setenta, sendo que seria explorado ao máximo no território norte americano, mas cujo mesmo foi trocado por mais ação e protagonistas musculosos. Uma época que não volta mais, mas que nunca custa revisitar.

"O Samurai" é uma verdadeira aula de perfeccionismo e elegância e que infelizmente não é algo que se faz mais hoje em dia. 


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