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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Cine Dica: CINEMATECA CAPITÓLIO PROGRAMAÇÃO 07 a 13 de setembro de 2023

Os Pássaros  

SENSUELA NO PROJETO RAROS

Melodrama, sexploitation, roupas folclóricas da Lapônia, festas psicodélicas, sauna e castração. No dia 08 de setembro, sexta-feira, às 19h30, Sensuela (1973), marco do cinema finlandês dirigido pelo mestre Teuvo Tulio, ganha exibição no Projeto Raros. A sessão tem entrada franca e será apresentada por Bruno Carboni, diretor de O Acidente.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/6571/melodramas-extraordinarios-no-projeto-raros/


SESSÃO ESPECIAL DE O ACIDENTE

No sábado, 09 de setembro, às 18h30, a Cinemateca Capitólio apresenta uma sessão especial de O Acidente, comentada pelo diretor Bruno Carboni. O filme entra em cartaz no dia 07. O valor do ingresso é R$ 16,00.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/6565/o-acidente-2/


OS PÁSSAROS DE HITCHCOCK EM EXIBIÇÃO

A partir de domingo, 10 de setembro, a Cinemateca Capitólio exibe sessões de Os Pássaros, obra-prima de Alfred Hitchcock que completou 60 anos em 2023.

O valor do ingresso é R$ 10,00.


Mais informações:  http://www.capitolio.org.br/eventos/6592/os-passaros/


MIRANTE E DEPOIS DE SER CINZA EM CARTAZ

Mirante, de Rodrigo John, e Depois de ser Cinza, de Eduardo Wannmacher, serão exibidos até o dia 13 de setembro. O valor do ingresso é R$ 16,00.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/programacao/


GRADE DE HORÁRIOS

07 a 13 de setembro de 2023


07 de setembro (quinta-feira)

15h – Depois de Ser Cinza

17h – Mirante

19h – O Acidente


08 de setembro (sexta-feira)

15h – Depois de Ser Cinza

17h – Mirante

19h30 – Projeto Raros: Sensuela


09 de setembro (sábado)

15h – Depois de Ser Cinza

17h – Mirante

18h30 – O Acidente + debate


10 de setembro (domingo)

15h – Depois de Ser Cinza

17h – Mirante

19h – Os Pássaros  


12 de setembro (terça-feira)

15h – Os Pássaros

17h – Mirante


13 de setembro (quarta-feira)

15h – Depois de Ser Cinza

17h – Os Pássaros

19h – O Acidente

quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Cine Dica: Em Cartaz - 'Tartarugas Ninja - Caos Mutante'

Sinopse: Os irmãos Tartaruga enfrentam um misterioso crime, mas logo se metem em confusão quando um exército de mutantes é lançado sobre eles. 

As Tartarugas Ninja fazem parte da nossa cultura pop principalmente para aqueles que viveram no final dos anos 80 e início dos anos 90. Além de filmes para o cinema havia um desenho animado que se tornou o maior sucesso entre a garotada na época e fazendo da gíria "Santa Tartaruga" se tornar uma marca registrada. Nem os artistas Kevin Eastman e Peter Laird devem ter imaginado que as suas crias chegariam tão longe, pois a HQ era mais obscura, violenta e que fugia muito da forma que nós realmente havíamos conhecido os personagens.

Lógico que houve novas adaptações, tanto para a tv como para o cinema. Neste último caso, por exemplo, a última versão foram dois filmes produzidos pelo diretor e produtor Michael Bay, mas cujo visual e linguagem era próximo da franquia "Transformers" e que, sinceramente, não combinava com a mitologia do quarteto. Mas eis que chega "Tartarugas Ninja - Caos Mutante" (2023), sendo uma animação estilosa, cheia de personalidade e não esquecendo da fórmula de sucesso do passado.

Dirigido por Jeff Rowe e Kyler Spears, do genial "A Família Mitchell e a Revolta das Maquinas" (2021), nesta nova versão vemos Leonardo (Nicolas Cantu), Raphael (Brady Noon), Michelangelo (Shamon Brown Jr.) e Donatello (Micah Abbey), quatro tartarugas que, após serem expostas a uma substância radioativa, acabam se transformando em animais antropomórficos - com características e emoções humanas -, criados pelo Mestre Splinter (Jackei Chan), um rato que foi vítima da mesma mutação e, assim, cuidou das tartarugas não apenas como pai, mas como mentor e professor de artes marciais.

Diferente das últimas adaptações esse filme não perde muito tempo com relação a origem dos personagens, sendo que o mundo inteiro já conhece de cor e salteado. Ao invés disso os roteiristas foram espertos ao mostrar o quarteto principal tentando se interagir com o mundo, mas sendo retidos pelo seu pai e mentor, pois o mesmo acredita que a humanidade jamais irá aceitá-los da maneira como eles são. Por conta disso o filme ganha uma linguagem da qual os jovens de hoje compreendem, pois boa parte sempre procura se enturmar para não se sentir excluído e fazendo com que isso se identifiquem com o filme como um todo.

Mas não é só isso, já que a animação é um verdadeiro colírio para os olhos e usando os mesmos ingredientes que fizeram do "AranhaVerso" um grande sucesso. O visual é colorido, por vezes sujo, com muito skate, grafite e que sintetiza o lado suburbano, tanto de Nova York como também de outras grandes Metrópolis pelo mundo. Além disso, a trilha sonora da qual mistura rock com hip hop se alinham com perfeição com o universo do filme e obtendo sua personalidade própria na medida certa.

Mas a obra realmente funciona graças ao lado carismático de cada uma das tartarugas, já que elas são extremamente humanas e que procuram fazerem parte dessa sociedade para assim realmente se sentirem vivas. Curiosamente, elas ganham essa oportunidade através da personagem April O'Neil, que aqui ganha um visual mais descolado e se casando com a proposta do filme como um todo. Já os antagonistas, que também são mutantes, eles não são exatamente vilões, sendo que a diferença entre os heróis é que eles não tiveram a chance de conhecer o lado melhor da humanidade.

O ato final, aliás, explora bastante isso, ao nos ensinar que é preciso darmos uma segunda chance para as pessoas compreenderem melhor o outro lado das pessoas ou de sua história e não embarcar no discurso de ódio que tanto contamina a sociedade hoje em dia através das redes sociais. Em tempos de discurso pela aceitação do seu próximo o filme vem no momento certo, mesmo quando a causa parece perdida em alguns momentos. Nada melhor do que assistir a um filme que nos ensina que, caso todos nós fossemos iguais o mundo seria bem mais chato e não custa a gente ser mais colorido e receptivo com o seu próximo.

Com divertidas homenagens a filmes clássicos como "Curtindo a Vida Adoidado" (1986), "Tartarugas Ninja - Caos Mutante" é uma grata surpresa para os fãs desses ricos personagens da cultura pop e que irá com certeza conquistar uma nova geração. 

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terça-feira, 5 de setembro de 2023

Cine Especial: Clube de Cinema - 'As 8 Montanhas'

 Nota: Filme exibido para os associados no dia 03/09/23  

Sinopse: Dois jovens garotos italianos passam a infância juntos em uma vila alpina isolada, vagando pelos picos e vales circundantes.  

Quando o assunto é amizade é algo que não falta exemplos dentro da história do cinema e sendo que muitos se tornaram verdadeiros clássicos a serem descobertos e revistos. Quando penso nesse ponto me lembro do clássico "Conta Comigo" (1986), do qual foi um filme que me marcou muito a minha infância e me ensinando valorizar o significado da palavra amizade mesmo quando a mesma está se tornando cada vez mais rara hoje em dia. O italiano "As 8 Montanhas" (2022) fala sobre o nascimento de uma amizade através do cenário da natureza e como o poder dela pode moldar a trilha de cada pessoa.

Dirigido por Charlotte Vandermeersch e Felix Van Groeningen, a trama acompanha Pietro (Lupo Barbiero), um menino da cidade, e Bruno (Cristiano Sassella), o último filho de uma aldeia de montanhas esquecidas. Ao longo dos anos, Bruno permanece sempre fiel à sua montanha, enquanto Pietro, de espírito livre, é cheio de idas e vindas. Seus encontros os introduzem ao amor e à perda, lembrando-os ocasionalmente de suas origens e deixando seus destinos se desdobrarem, enquanto Pietro e Bruno descobrem o que significa ser verdadeiros amigos para a vida.

Em primeiro lugar é preciso destacar o cenário principal da trama que é uma pequena vila nos Alpes Italianos. As montanhas, aliás, possuem um visual deslumbrante e do qual nem a maior tela de cinema pode sintetizar total magnitude. Vale destacar também que no decorrer da trama há cenas que ocorrem em Nepal e das quais não ficam muito atrás em termos de beleza que somente a natureza pode nos oferecer.

Quanto a trama ela possui um ritmo lento e do qual pode desagradar alguns que esperam algo mais de imediato. Porém, isso é proposital, pois os realizadores desejam que nós nos identifiquemos com a dupla central da trama, pois as suas personalidades são fortes, distintas e das quais a gente as entende na medida em que a trama avança. Enquanto Bruno parece pertencer àquele local, por outro lado, Pietro parece sempre disposto em ir muito mais além do que os seus familiares estavam planejando para ele e recusando qualquer proposta que mude os rumos de sua vida, mas sim através de suas próprias escolhas. Dois lados da mesma moeda, mas tendo pensamentos distintos com relação sobre quais serão as suas verdadeiras estradas para caminhar ao longo da vida.

Porém, o ponto em comum entre eles se encontra na cabana abandonada no alto da montanha, da qual eles reconstroem com suas próprias mãos e se tornando uma espécie de peça primordial em suas vidas. Podemos interpretar o local como ponto de fuga quando a vida de ambos não dá certo no mundo civilizado, mas cabe eles saberem como sobreviverem em determinadas situações que vão surgindo. Curiosamente, se por um lado o ritmo da trama é lento, do outro, há algumas passagens da história que passam demasiadamente rápido, como no caso do desenvolvimento das paixões amorosas da dupla e que não é muito bem desenvolvida.

Ao final, são dois personagens que convivem duelando com os seus próprios demônios interiores e cabe cada um saber como irá vencer na questão de aprendizagem e amadurecimento perante os percalços. Ao final, há um preço a ser pago, seja por não saber conviver com as demais pessoas ou por não saber qual é o seu papel que a natureza em volta nos oferece. Um filme que fala sobre raízes do homem e das quais ele busca pelas mesmas ao longo de sua vida.

"As 8 Montanhas" fala sobre o significado da verdadeira amizade perante um cenário extraordinário e do qual é facilmente seduzido. 


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segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Cine Dica: Cinema japonês é tema de programação na Sala Redenção

“Era Uma Vez em Tóquio

De 04 a 22 de setembro, a Sala Redenção apresenta a “Mostra à La Carte – Cinema Japonês”. Realizada em parceria com o streaming Belas Artes à La Carte, a programação reúne seis filmes, oferecendo um panorama da cinematografia do Japão.

Como ponto de partida, a mostra apresenta grandes clássicos. A seleção inclui quatro obras realizadas por diretores consagrados: “Rashomon” (1950), de Akira Kurosawa; “Filhos de Hiroshima” (1952), de Kaneto Shindô; “Era Uma Vez em Tóquio” (1953), de Yasujiro Ozu; e “Contos da Lua Vaga” (1953), de Kenji Mizoguchi. Este último filme conta com uma sessão comentada, com a participação de Sérgio Alpendre e Carla Oliveira, no dia 15 de setembro.

Avançando no tempo, a mostra exibe duas produções mais recentes da cinematografia japonesa e promove debates sobre elas. No dia 19 de setembro, a sessão de “Os Frutos da Paixão” (1981), dirigido por Shuji Terayama, é seguida de uma conversa sobre o cinema experimental com Luís Edegar de Oliveira e Thainá María. O cinema japonês contemporâneo é a pauta de um bate-papo, conduzido por Eduardo Wannmacher, que acompanha a exibição do filme “Roda do Destino” (2021), de Ryûsuke Hamaguchi, no dia 22 de setembro.

Todas as sessões têm entrada franca e aberta à comunidade em geral. A Sala Redenção está localizada no campus central da UFRGS, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333. Parceiro na realização da mostra, o streaming Belas Artes à La Carte está oferecendo um mês de gratuidade. O acesso à plataforma se dá a partir do cupom REDENCAOMES, que pode ser resgatado entre 04 de setembro e 04 de outubro.

Confira a  programação completa da mostra de cinema japonês, conheça o Belas Artes à La Carte e confira o passo-a-passo de como utilizar o cupom no site oficial da sala clicando aqui. 

domingo, 3 de setembro de 2023

Cine Especial: Próximo Cine Debate - 'Memórias de uma Gueixa'

Sobre o Filme: Quando o livro que originou o filme foi lançado em 1997, pelo autor Arthur Golden, Hollywood logo entrou em polvorosa, devido ao sucesso estrondoso de vendas – ficou na lista dos mais vendidos do jornal The New York Times por mais de dois anos. Um grande épico romântico e exótico resultaria em uma atração grandiosa e de grande apelo. Quem comprou os direitos de adaptação foi o produtor Douglas Wick, que venceu o Oscar por "Gladiador" (2000) e que logo depois produziu "Soldado Anônimo" (2005). Ele chamou para dirigir ninguém menos que Steven Spielberg, que depois de várias tentativas, acabou desistindo do projeto por não conseguir conciliar as filmagens com sua atribulada agenda, assumindo somente a produção.

A cadeira de direção então foi parar nas mãos de Rob Marshall, que tinha acabado de finalizar seu primeiro filme, o oscarizado "Chicago" (2002).  Marshall, famoso coreógrafo da Broadway e que demonstrou talento no referido musical, aqui prova que também tem talento por trás das câmeras: é seguro, de senso estético apurado e... convencional, como a história exigia. Uma pena que a roteirista Robin Swicord, de filmes de temática feminina como "Adoráveis Mulheres" (1994) e "Da Magia à Sedução" (1998), não tenha conseguido fugir das armadilhas de uma adaptação de um livro e ficando preso por demais a sua fidelidade. 

Ao menos o filme consegue dar uma verdadeira aula sobre os costumes dessas belas mulheres que vivem em um mundo próprio e misterioso, cheio de glamour e prestígio. Vestidas em quimonos caríssimos, com pinturas que induzem a sensualidade e o desejo masculino, elas participavam de banquetes com os homens mais bem sucedidos do Japão. Para se tornarem grandes artistas, as gueixas precisavam passar anos treinando dança, canto e aprendendo a tocar o shamisen, um instrumento de cordas.

Ao contrário do que muitos pensam (e algumas críticas julgaram mal), as gueixas são artistas que usam seu poder feminino para entreter os homens poderosos, e não são prostitutas. Se me permitem fazer um breve comentário histórico para justificar essa afirmação, ser gueixa nunca foi ilegal, ao contrário da prostituição, ilegalizada em 1957 no Japão. Elas precisavam respeitar a lei que proibia gueixas se envolverem com prostituição, mas nem todas respeitavam, levando muitas pessoas a associarem-nas com prostitutas, mesmo porque na cultura oriental, uma gueixa famosa precisa de um danna, uma espécie de cliente (na maioria, homens casados) que financia os gastos e em troca passa a ter relações com as artistas, não implicando uma relação sexual, pois é a gueixa quem escolhe se quer ou não se envolver sexualmente com seu danna.

Infelizmente, porém, com razão, a comunidade cinematográfica japonesa e chinesa, se tornou um ato absurdo o fato de Marshall ter usado as três atrizes mais conhecidas do cinema chinês  no papel de personagens japonesas em vez de utilizar a mão-de-obra local. Foi criticado até pelo chinês Chen Kaige do filme "Adeus Minha Concubina" (1993), que afirmou que suas conterrâneas não conseguiam captar as expressões faciais exigidas, "muito enraizados na cultura japonesa para serem interpretados por estrangeiras".

Porém, não se pode culpar as escolha dos produtores, pois as respectivas atrizes fizeram o que tiveram em mãos e nos deram um ótimo trabalho. Ziyi Zhang vinha de grandes sucessos como "O Tigre e o Dragão" (2000) e aqui ela se sai bem em um papel dramático, mesmo que em alguns momentos o roteiro a force a ser melodramática no sentido errado. Já a veterana Michelle Yeoh nos passa uma atuação econômica, mas digna de nota, ao ser uma espécie de mestra para a protagonista e ensina-la a como sobreviver nesta vida.

Embora com todas as polêmicas o filme fez um sucesso até mesmo inesperado e obtendo diversos prêmios incluindo três Oscars. Em tempos de hoje politicamente corretos se fosse adaptado atualmente seria praticamente impossível manter as mesmas escolhas daquela época. Talvez pudesse se tornar uma adaptação até mesmo melhor, mas não tira o brilho da super-produção como ela é e como foi feita em seu tempo. 

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sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Cine Especial: Revisitando ‘A Tortura do Medo’

Durante os anos 50, enquanto o cinema norte americano sofria com as regras do Código Hays, os demais países apresentavam filmes mais corajosos, ousados e dos quais serviram como modelo para a formação de futuros cineastas. Mesmo com algumas regras impostas pela censura, o cinema britânico, por sua vez, sempre ousou em dar um passo adiante se for comparado ao que era apresentado no cinema norte americano naqueles tempos longínquos. Foi graças ao estúdio inglês Hammer, por exemplo, que os monstros clássicos ganharam cores, sangue e revitalizando o gênero de horror como um todo.

Do universo inglês saiu também diretores consagrados e que, talvez, o melhor exemplo tenha sido o mestre do suspense Alfred Hitchcock. Embora tenha sofrido nas mãos de produtores ao desembarcar em Hollywood no início da década de 40, isso não o impediu de elaborar obras de sua autoria. Em 1960, por exemplo, realizou a sua maior obra prima, "Psicose", um filme a frente do seu tempo e que desafiou a censura como um todo. O ano de 1960, aliás, foi o ano que começaram a surgir cada vez mais filmes de suspense diferenciados e cujo os vilões não eram monstros saídos de um castelo mal-assombrado, mas sim verdadeiramente humanos.

Foi um período também que as visões com relação sobre o bem e o mal, antes bem definidas, começaram a ser questionadas. Por mais que Hollywood quisesse manter uma fantasia plástica para ser vendida para a massa, com os seus gêneros musicais e faroestes se encaminhando para o seu esgotamento, uma hora ou outra a bolha viria a estourar. O ano de 1960 provou isso, não somente graças a “Psicose”, como também com o filme britânico "A Tortura do Medo".

Dirigido por Michael Powell, do filme "Sapatinhos Vermelhos" (1948), o filme conta a história de Mark Lewis (Karlheinz Böhm) que é cameraman de um estúdio britânico. Obcecado em capturar a expressão de medo no rosto das pessoas, ele assassina mulheres para deixar tudo devidamente registrado em seus filmes pessoais. Quando criança, Lewis foi usado pelo pai num estudo sobre psicologia do terror, sendo submetido a cruéis experiências. Agora ele planeja montar um documentário com as doentias imagens que vem produzindo durante os seus crimes cometidos.

O filme já começa fora do convencional para a época, pois se inicia com uma câmera objetiva, ou seja, testemunhamos alguém usando-a e filmando sua futura vítima. A cena, aliás, não é somente criativa, como também serviu de inspiração para cineastas que viriam posteriormente. Basta a gente se lembrar do início do clássico "Um Tiro na Noite" (1981), de Brian de Palma, para nos darmos conta que Michael Powell fez escola.

Com um roteiro criado pelo dramaturgo Leo Marks, o filme desconstrói fórmulas já manjadas dentro do cinema como um todo. Para começar, já sabemos desde o princípio sobre quem é o vilão da história, onde o acompanhamos para compreender a sua real natureza e ao ponto de simpatizarmos com ele mesmo com os seus atos inconsequentes. Karlheinz Böhm tem uma atuação fantástica, cujo o olhar do seu personagem enxergamos um ser trágico e atormentado pelos seus próprios demônios vindos do passado.

Passado esse que é, gradualmente, apresentado através da curiosidade da personagem Helen (Anna Massey) e da qual se torna uma representação do cinéfilo em cena com relação ao universo particular e misterioso de Mark. Aliás, é através do passado do protagonista que Michael Powell disseca ao estremo a questão do voyeurismo e que determinados cineastas já haviam anteriormente dado sinais de interesse sobre isso. Se o próprio Hitchcock já havia explorado a questão no seu clássico "Janela Indiscreta" (1954), Michael Powell vai além com relação a essa obsessão das pessoas em observar umas às outras e criando assim um prenúncio sobre o que viria surgir na vida social das pessoas no futuro.

Visualmente, com um belíssimo technicolor, o filme serviria de inspiração, não somente para os cineastas norte americanos, como no caso do já citado Brian de Palma, como também de outros vindos de outros países. Testemunhar o filme foi me relembrar das obras de cineastas italianos, como no caso de Dario Argento e, principalmente, Mario Bava e que com certeza beberam da fonte de inspiração vinda desse filme britânico. Curiosamente, o filme foi mal avaliado pela crítica e se tornando um fracasso público na época.

Assim como inúmeros filmes a frente do seu tempo, "A Tortura do Medo" teve que passar por uma penosa gestação para ser novamente reavaliado e reconhecido. Com o tempo, o filme passou a ser cultuado e ganhando o status que sempre mereceu como obra prima. Mesmo com o seu final um tanto que questionável, é inegável que o filme foi muito além de sua proposta inicial, ao criar personagens complexos, trágicos e verdadeiramente humanos.   

"A Tortura do Medo" é cinema de qualidade, sobrevivente ao seu próprio tempo e abrindo uma janela sobre o que viria para o cinema no futuro. 

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Cine Dica: Estreias do Final de Semana (01/09/23)

 AS TARTARUGAS NINJA: CAOS MUTANTE

Sinopse: O enredo do longa mostrará como, após anos se escondendo dos humanos, os irmãos mutantes decidem fazer atos heróicos para tentar conquistar os corações dos nova-iorquinos e serem aceitos como adolescentes normais. Com a ajuda de um novo amigo, April O’Neil, eles enfrentarão um misterioso sindicato do crime, mas a situação logo se complica quando eles libertam um exército de mutantes.


GOLDA – A MULHER DE UMA NAÇÃO

Sinopse: Estrelado por Helen Mirren, GOLDA - A MULHER DE UMA NAÇÃO narra as decisões dramáticas e de alto risco que Golda Meir, primeira-ministra de Israel, enfrentou durante a Guerra do Yom Kippur em 1973. Em circunstâncias inimagináveis, as ações da ‘Dama de Ferro de Israel‘, primeira mulher a ocupar esse posto na nação, definiram o destino de milhares de vidas.


A FREIRA 2

Sinopse: Sequência de A Freira (2018), fazendo parte da franquia Invocação do Mal. Nesta continuação, na França de 1956, um padre é assassinado e parece que o mal está se espalhando por toda a região. Acompanhamos a Irmã Irene quando, mais uma vez, ela fica cara a cara com uma força demoníaca.


TOC TOC TOC – ECOS DO ALÉM

Sinopse: TOC TOC TOC - Ecos do Além se passa em uma pequena cidade, em uma casa aparentemente comum, onde um menino tímido ouve uma batida misteriosa de dentro das paredes. Uma série de acontecimentos macabros reforçam uma suspeita do jovem, de que seus pais estão escondendo um terrível segredo. Nessa família envolta em enigmas, caberá ao professor substituto do menino, levantar a questão: o que aconteceu com seu primeiro professor? - E o que pode acontecer a partir de agora?

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