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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 25 de junho de 2020

Cine Dica: O Cine Drive-In Porto Alegre - Sessão: Casablanca


Quando? 26 de junho, 19h
Onde? Estacionamento da ADVB - Rua Edvaldo Pereira Paiva, 1505 - Acesso pela entrada na frente do Anfiteatro Pôr do Sol - Porto Alegre

Onde eu compro? No LINK NA BIO ❤️ ou se preferir https://uhuu.com/v/driveinpoa-49

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Cine Dica: O Cine Drive-In - Porto Alegre: Sessão: Whiplash: Em Busca da Perfeição

Confira a minha crítica sobre o filme na época do seu lançamento clicando aqui. 

Mais um queridinho da última semana de drive-in. Whiplash é sobre arte, sobre música, sobre superação. atuações impecáveis, temos orgulho de tê-lo conosco!

O Cine Drive-In - Sessão: Whiplash: Em Busca da Perfeição
Quando? 25 de junho, 19h
Onde? Estacionamento da ADVB - Rua Edvaldo Pereira Paiva, 1505 - Acesso pela entrada na frente do Anfiteatro Pôr do Sol - Porto Alegre

Onde eu compro? No LINK NA BIO ❤️ ou se preferir: https://uhuu.com/v/driveinpoa-49

terça-feira, 23 de junho de 2020

Cine Especial: ‘PSICOSE’ - 60 ANOS DEPOIS



O cinema muda de acordo com o seu mundo envolta, mesmo tendo alguns que demoraram algum tempo para entenderem isso. Durante décadas, o cinema americano sofria com as regras morais do Código Hays (1930 – 1968), do qual havia uma censura que não permitia que muitos realizadores pudessem praticar a sua total liberdade artística e tão pouco mostrando na tela uma realidade que realmente existia fora das telas. Porém, ao final dos anos sessenta a situação mudou, já que as guerras, crise econômica e liberdade de expressão bateram nas portas de hollywood e fazendo com que os seus engravatados de plantão encarasse finalmente o mundo real para realizar, enfim, filmes que falassem um pouco sobre o que realmente acontecia do lado de fora.
Antes disso, o cinema norte americano se sustentava com os seus gêneros de entretenimento, desde aos filmes de faroeste como musicais, mas dos quais alguns não venceram ao teste do tempo. O gênero de terror, por exemplo, foi um que teve diversas mutações, desde aos monstros em preto e branco da Universal dos anos trinta, para os monstros mais violentos e coloridos dos estúdios da Hammer no final dos anos cinquenta. Em meio essas mutações houve um cineasta que lutou por manter a sua visão autoral com relação ao suspense, mas mantendo os pés firmes no chão, pois o horror psicológico era muito mais interessante e esse feito só foi adquirido por Alfred Hitchcock.
Enquanto os outros estúdios sempre brincavam em usar diversos monstros, Alfred Hitchcock, por sua vez, sempre optou em captar o lado mais sombrio do ser humano e para assim criar filmes de suspense que entraram para história do cinema. Antes do final dos anos cinquenta ele já havia criado diversas pérolas, desde ao filme "Interlúdio" (1946), para o "Festim Diabólico" (1948), "Janela Indiscreta" (1954) e "Um Corpo que Cai" (1958) que, aliás, é considerado para muitos atualmente o melhor filme de todos os tempos. Eis que chega então o ano de 1960, época em que alguns duvidavam se a genialidade de Hitchcock ainda estava intacta, mas eis que o mesmo surpreende o mundo com a sua obra prima "Psicose" (1960).
Baseado no livro de Robert Bloch, o filme conta a história de Marion Crane (Janet Leigh) uma secretária que rouba 40 mil dólares da imobiliária onde trabalha para se casar e começar uma nova vida. Durante a fuga à carro, ela enfrenta uma forte tempestade, erra o caminho e chega em um velho hotel. O estabelecimento é administrado por um sujeito atencioso chamado Norman Bates (Anthony Perkins), que nutre um forte respeito e temor por sua mãe. Marion decide passar a noite no local, sem saber o perigo que a cerca.
Alfred Hitchcock fez questão de usar todos os recursos possíveis para que a sua história não vazasse, já que o efeito surpresa seria o seu maior trunfo durante a projeção do filme. Basicamente a obra possui dois atos, sendo que o primeiro termina de uma das maneiras mais imprevisíveis da história do cinema, enquanto o segundo explora as suas consequências. Mesmo que alguém deste mundo ainda não tenha visto o filme por completo, a cena do assassinato no chuveiro é conhecida por todos, entrando para a história como um dos momentos mais chocantes do cinema e dali em diante nada mais seria o mesmo.
Com uma aterrorizante trilha sonora de Bernard Herrmann, a cena do chuveiro teve cada frame criado de uma forma muito bem pensada, onde o perfeccionismo do diretor quase levou atriz Janet Leigh a temer a presença do próprio no set de filmagem. Por possuir um alto-grau de violência nesta cena chave, o filme foi rodado inteiramente em preto e branco para amenizar esse grande momento, mas a trilha de Herrmann fez com que ela se tornasse muito mais angustiante e inesquecível. A cereja do bolo é a sua conclusão, onde a câmera do cineasta faz um giro de trezentos e sessenta graus no olhar sem vida da protagonista e deixando toda a plateia atônica.
O filme inaugurou a nova era do horror, mais precisamente aquele que melhor explorasse o terror psicológico e tornando a presença de um psicopata muito mais aterrorizante do que um Frankenstein e Drácula daqueles tempos. hollywood percebendo o que estava ocorrendo logo correu para elaborar inúmeros filmes que exploram isso e nascendo assim obras como, por exemplo, “O Que Terá Acontecido a Baby Jane?” (1962). Mas, curiosamente, a tendência para esse tipo de terror talvez já estivesse acontecendo até mesmo fora dos EUA, já que em abril do mesmo ano havia sido lançado o filme inglês "A Tortura do Medo" de Michael Powell, mas tendo desempenho ofuscado pelo filme americano e tendo assim reconhecimento somente tardio.
Com relação ao elenco, se Janet Leigh conseguiu criar uma atmosfera interessante sobre as reais atitudes conflituosas de sua Marion, por outro lado, Anthony Perkins nos brinda com um dos personagens mais inesquecíveis da história do cinema que é o seu Norman Bates. Uma vez entrando em cena, Perkins cria para o seu personagem um ar de inocência, mas que não esconde certa ambiguidade e um olhar confuso com relação a sua própria realidade. Mesmo assim, ficamos até mesmo torcendo por ele quando ele toma uma decisão bastante questionável em proteger a sua mãe, mas logo sendo revelado a sua trágica realidade e que deixou os cinéfilos da época estupefatos para o resto de suas vidas.
Houve continuações, refilmagens e até mesmo uma ótima série recente intitulada "Bates Motel". Porém, sessenta anos depois, "Psicose" continua sendo um filme insuperável, ao nos dizer que horror não precisa vir de uma mansão mal assombrada, mas sim de uma mente fragmentada e muito perigosa.  

Onde Assistir: DVD, Blu-Ray e Netflix. 

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Cine Dica: Doc 'Trinta Povos' de Zeca Brito estreia no Canal Curta!

Sétimo longa do cineasta gaúcho investiga as missões jesuíticas

Estreia no dia 23 de junho (terça-feira), às 18h, no Canal Curta!, o documentário “Trinta Povos”. Escrito, produzido e dirigido por Zeca Brito (“Legalidade”), tem produção da Anti Filmes e Boulevard Filmes. Sétimo longa-metragem do diretor bajeense, aborda o legado das missões jesuíticas na América Latina. “Trinta Povos” investiga a história do Brasil, Argentina e Paraguai através de ruínas e reminiscências de arquitetura, pintura e mitologias. 
O trabalho de pesquisa reunido para o filme analisa os três países separados por águas e linhas imaginárias, porém unidos pela cultura e por uma história comum: um passado jesuítico, barroco e guarani. Também assinam a produção Frederico Ruas, Letícia Friedrich, Lourenço Sant’Anna, e Zuleika Borges Torrealba (1933-2019). O financiamento é do Fundo Setorial do Audiovisual através da ANCINE e BRDE. A produção teve sua première no Festival de Cine de Punta del Este, em fevereiro, no Uruguai.
“A proposta de ‘Trinta Povos’ é a de resgatar o legado artístico, arquitetônico, pictórico e simbólico do processo de colonização jesuítico-guaraní”, resume o cineasta Zeca Brito. “O grande desafio do trabalho foi costurar uma história fragmentada geopoliticamente, um passado comum entre três países que hoje se encontram separados, divididos por questões distintas, mas com elementos culturais, históricos e etnográficos que os ligam”, explica Zeca, que divide o roteiro com Jardel Machado Hermes e Maria Elisa Dantas. 
Com duração de 78 minutos, o documentário reúne e contrapõe diversos depoimentos de nativos e pesquisadores sobre arte, religião, política territorial, entre outros assuntos. “É um filme que faz uma visão crítica sobre a história e traz questões políticas acerca da ocupação territorial que começa em 1606 com a chegada do jesuíta e chega aos dias atuais com os conflitos agrários nesse território”, conclui. A produção foi rodada no Rio Grande do Sul e em cidades da Argentina e Paraguai em 2019.

Documentário 'Trinta Povos'
Onde: Canal Curta! (verifique o canal na operadora de TV por assinatura)
Estreia: 23/06 (ter),  às 18h;
Reprises: 24/06 (qua), às 4h e às 12h; 25/06 (qui), às 6h; 27/06 (sab), às 7h e 28/06 (dom), às 3h40min.

Sinopse
“Trinta Povos” aborda o tema das missões jesuíticas na América Latina. Um legado composto por ruínas, museus, povoados e costumes. Nativos e invasores discutem arte, religião e política nos territórios do Brasil, Argentina e Paraguai, unidos por um passado artístico comum, o Barroco Jesuítico Guarani.

Créditos
País: Brasil
Duração: 1h18min (78 min.)
Produção: Anti Filmes e Boulevard Filmes
Direção: Zeca Brito
Produção Executiva: Letícia Friedrich e Zeca Brito
Montagem: Jardel Machado Hermes
Produção: Frederico Ruas, Letícia Friedrich, Lourenço Sant’Anna, Zeca Brito e Zuleika Borges Torrealba
Direção de produção: Maria Elisa Dantas e Rafael Andreazza 
Produção de finalização: Laura Moglia
Roteiro: Jardel Machado Hermes, Maria Elisa Dantas e Zeca Brito
Direção de Fotografia: Pablo Escajedo
Fotografia Adicional: Bruno Polidoro, Edison Larronda e Tiago Coelho
Imagens Aéreas: Eduardo Berthier
Direção Musical: Rita Zart
Desenho de Som: Tiago Bello
Trilha Original: Clarissa Ferreira
Finalização: Post Frontier - Daniel Dode, Arthur Bovo, Gustavo Zuchowsky
Assessoria de Imprensa: Isidoro Guggiana
Design, arte e créditos: Leo Lage

Entrevistados: Alcy Cheuiche, Aldo Ferreira, Antonio Morinigo, Ariel Ortega, Bozidar Darko Sustersic, Carlos Alberto Beloye, Carlos Machado, Carolina Gross, Cesar Lucas Aguillar, Dolores de Sosa, Enrico Benites, João Miller, Lidia Britez, Lira Hein, Lorena Espinoza, Miriam Chamorro e Nelli Chamorro.

Sobre o diretor
Zeca Brito tem mestrado em Artes Visuais pela UFRGS, graduado em Realização Audiovisual pela Unisinos e Artes Visuais pela UFRGS. Dirigiu, roteirizou curtas e longas-metragens exibidos no Brasil e no exterior. Seu curta “Aos Pés” foi escolhido Melhor Filme Júri Popular no Festin Lisboa 2009, e o longa-metragem “O Guri”, exibido em festivais de Portugal e Brasil. Em 2015 lançou o longa “Glauco do Brasil” na 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e 10ª Bienal do Mercosul. Em 2016 dirigiu o longa “Em 97 Era Assim”, Prêmio de Melhor Direção e Melhor Filme Júri Popular no Festival Cinema dos Sertões (Piauí Brasil), Melhor Direção de Atores na Mostra SESC Brasil, Melhor Filme no The Best Film Fest (Seattle, EUA), Prêmio Especial do Júri no 8º Jagran Film Festival (Índia), seleção oficial no Regina International Film Festival (Regina, Canada), Los Angeles CineFest (Los Angeles, EUA), 51º International Independet Film Festival (Houston, EUA) e Prêmio de Melhor Filme Juvenil Estrangeiro no American Filmatic Arts Awards (Nova York, EUA). Em 2017 dirigiu o documentário “A Vida Extra-Ordinaria de Tarso de Castro” exibido no Festival do Rio e 41 Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Lançou em 2018 o telefilme “Grupo de Bagé”, documentário produzido para o Canal Curta. Seu longa de ficção mais recente “Legalidade” (2019) estreou no 35º Festival de Cinema Latino de Chicago. O filme foi também exibido em festivais da Espanha, Uruguai, Guatemala e Romênia. Sucesso de público no Brasil, foi exibido no 47º Festival de Gramado e recebeu diversos prêmios no 42º Festival Guarnicê de Cinema e 14º Encontro Nacional de Cinema dos Sertões, incluindo melhor direção em ambos.

Isidoro B. Guggiana
Assessoria de Imprensa
T 55 51 9 9923 4383
isidoro.guggiana@gmail.com

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Cine Dica: Próximas Atrações do Cine Drive-In Porto Alegre

O Cine Drive-In - Sessão: O Casamento do Meu Melhor Amigo

Quando? 23 de junho, 19h
Onde? Estacionamento da ADVB - Rua Edvaldo Pereira Paiva, 1505 - Acesso pela entrada na frente do Anfiteatro Pôr do Sol - Porto Alegre
 Onde eu compro? No LINK NA BIO ❤️ ou se preferir:https://uhuu.com/v/driveinpoa-49

O Cine Drive-In - Sessão: Me Chame pelo seu Nome

 Quando? 23 de junho, 21h30
Onde? Estacionamento da ADVB - Rua Edvaldo Pereira Paiva, 1505 - Acesso pela entrada na frente do Anfiteatro Pôr do Sol - Porto Alegre
 Onde eu compro? No LINK NA BIO ❤️ ou se preferir: https://uhuu.com/v/driveinpoa-49

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'DESTACAMENTO BLOOD'


Sinopse: Spike Lee conta a história de quatro veteranos de guerra afro-americanos que voltam ao Vietnã à procura dos restos mortais de seu comandante e de um tesouro enterrado. Assista o quanto quiser. 

Spike Lee faz os seus melhores filmes quando a moral do mundo se encontra em declínio e quando governos, dos quais se dizem democráticos, nos pisam a todo momento. Em "Infiltrado na Klan" (2018), por exemplo, o cineasta faz um paralelo com o passado racista norte americano com o que acontece em nosso presente e fazendo a gente do lado de cá da tela constatar que a luta pelos direitos iguais continua a perdurar até hoje. "Destacamento Blood" ele volta a nos dizer que essa guerra continua, mas adentrando ainda mais nas entranhas podres de um governo que joga pessoas comuns em um verdadeiro inferno e marcando elas como um todo.
O "Destacamento Blood" acompanha um grupo de quatro veteranos de guerra afro-americanos. Eles decidem retornar ao Vietnã com a intenção de buscar os restos mortais de um líder de seu antigo esquadrão e de um tesouro enterrado. Porém, aos poucos, se dão conta que a guerra pessoal deles ainda não havia acabado.
Assim como no encerramento do filme "Infiltrado na Klan", Spike Lee decide jogar na tela vários momentos reais sobre a guerra do Vietnã na abertura do seu novo filme, onde se destaca o fato que muitos soldados negros foram jogados em uma guerra da qual não haviam pedido para ter ocorrido. Ao mesmo tempo, discursos como de Angela Davis e de martin luther king são destacados em meio a luta dessas pessoas que buscaram, acima de tudo, os direitos iguais em um país que se diz a terra das oportunidades, mas do qual nunca escondeu o seu preconceito e do qual construiu monumentos históricos com o sangue de pessoas escravizadas ao longo dos  séculos. Após esse prólogo, parece que o filme se encaminha para um tom mais leve, mas estamos falando de Spike Lee, o homem que fez "Faça a Coisa Certa" (1989) e portanto aguardem para a virada de mesa.
No primeiro ato vamos conhecendo o quarteto principal de amigos: Paul (Delroy Lindo), Melvin (Isiah Whitlock Jr.), Otis (Clarke Peters) e Eddie (Norm Lewis). Curiosamente, há um quinto personagem importante que se chama Norman (Chadwick Boseman) - o único que conhecemos apenas devido às lembranças do quarteto principal e fazendo a gente compreender o quanto ele era importante para eles. É pelos flashbacks, por exemplo, que o cineasta muda o quadro da tela, fazendo referência a tecnologia antiga do cinema quando se filmava, tantas nas cenas fictícias, como as cenas reais vindas do conflito. 
É notório que por essas cenas Spike Lee faz uma dura crítica ao modo como Hollywood retrata as inúmeras guerras em que os norte-americanos participavam, sendo quase sempre os heróis da trama, quando na verdade as atrocidades sempre vieram de ambos os lados do conflito. Se por um lado há uma dura crítica aos filmes de ação dos anos oitenta, em que sempre retrataram um exército formado por um homem só, por outro lado, ele não esconde a sua admiração pelo clássico "Apocalypse Now" (1979), sendo que o início da jornada do quarteto principal nas entranhas da floresta vietnamita explicita muito bem isso. É por esses momentos também que começamos a perceber que os fantasmas do passado que sempre assombram os protagonistas nunca sumiram e é aí que o filme muda o tom como um todo.
Embora esses personagens tenham seguido as suas vidas após o encerramento da guerra ocorreu que, infelizmente, a guerra mental e espiritual continuou prosseguindo em suas vidas. Isso é sintetizado pelo personagem Paul, brilhantemente interpretado por Delroy Lindo, do qual compreendemos toda a sua dor e ódio, ao ponto de até perdoamos o fato dele ter votado em Donald Trump e fazendo a gente compreender que o horror nos faz nublar a nossa visão com relação ao que é certo e errado. Embora a sua relação com o seu filho Melvin (Isiah Whitlock. Jr) seja um tanto que descartável em alguns momentos, ela acaba se tornando essencial na reta final da trama, principalmente quando o personagem quebra a quarta parede e nos brindando com um dos melhores momentos do filme.
Curiosamente, embora o filme se envereda mais para lado dramático da coisa, Spike Lee surpreende até mesmo nas cenas de ação e fazendo com que o filme não deva a nada a outros realizados com relação ao Vietnã. Porém, se por um lado houve clássicos que tentaram suavizar o conflito, aqui é tudo voltado para o lado do imprevisível e fazendo a gente constatar que nenhum deles estará seguro quando eles estiverem naquele inferno. Em sua reta final, Spike Lee nos bombardeia com o lado cru dessa guerra entre homem e governo que perdura até hoje e que cabe cada um de nós continuarmos com essa luta indo sempre em frente.
"Destacamento Blood" fala sobre como as guerras de ontem e hoje são inúteis e tudo que resta é somente salvar o irmão que está em perigo logo a frente. 

Onde assistir: Netflix

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sexta-feira, 19 de junho de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Longa Jornada Noite Adentro'

Sinopse: Luo Hongwu retorna a Kaili, sua cidade natal. Enquanto as lembranças de uma mulher enigmática e bonita ressurgem - uma mulher que ele amava e que ele nunca foi capaz de esquecer - Luo Hongwu começa sua busca por ela

O curso de cinema "Sonho, Cinema e Psicanálise", criado pelo Cine Um e ministrado pelo psicanalista Leonardo Della Pasqua, fez tanto sucesso na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre que a atividade acabou rendendo no total três versões entre anos 2017 e 2018. Atividade foi tão boa que me serviu de inspiração até mesmo para eu construir a minha análise sobre o filme "Blade Runner 2049" (2017) que estreou logo em seguida.
Do filme "Sonhos" (1990) para animação "Coraline" (2009), Leonardo Bella fez uma análise profunda sobre diversos filmes, onde cada um deles explorava de tudo um pouco, desde questões de Freud, para a arte de Salvador Dalí e como esses elementos se encaixam dentro do universo da sétima arte. De lá pra cá, muitos filmes vieram e que dariam para render também outras boas aulas sobre sonhos e seus significados. "A Longa Jornada Noite Adentro" (2018) é um desses casos e cuja a sua proposta nos proporciona uma viagem extra sensorial inesquecível.
Dirigido por Bi Gan, o filme conta a história de Luo Hongwu que volta para sua cidade natal depois ter ficado impune por um assassinato que cometeu há 12 anos. As memórias da mulher que matou voltam à tona. O passado, o presente, a realidade e a imaginação começam a se confrontar e fazendo a gente se perguntar aonde tudo isso irá parar.
Bi Gan nos apresenta o início de sua narrativa sem nos dar muitas explicações sobre o que acontece na tela. Porém, as informações chegam, mas não de uma forma mastigada, mas sim de uma forma gradual para que possamos entender aos poucos qual é verdadeira jornada que o protagonista adentra. Quando temos total entendimento sobre os objetivos dele, é então que o cineasta abraça as diversas formas de fazer um cinema autoral e isso é perceptível ao longo de mais duas horas de projeção.
Diferente de outros filmes, Bi Gan cria uma China fora do convencional, como se o passado, presente e o futuro compartilhassem o mesmo território e formando assim um cenário que, por vezes, mais parece algo do tipo pós-apocalíptico. Esse pensamento se solidifica ainda mais graças a sua edição de arte, que mais parece saída do grande clássico "Blade Runner" (1982), ou até mesmo de animações japonesas das quais se explora os significados do termo cyberpunk. Em contrapartida, o filme é carregado também de vários elementos do gênero "noir", já que em alguns casos Luo Hongwu mais parece um detetive que investiga um estranho caso e sempre ao encalço de sua dama fatal que se encontra sempre no escuro.
Curiosamente, o primeiro e o início do segundo ato do longa possuem uma trama fragmentada, onde o presente e o passado se entre cruzam a todo momento e fazendo com que se exija total atenção sobre o que está acontecendo. Além disso, há muitos elementos que se tornam simbólicos, desde um livro verde, como também uma maçã que acabam se tornando peças chaves. Vale destacar a sua ótima fotografia, cujas cores verde e vermelho surgem a todo momento e fazendo a gente levantar inúmeras teorias sobre os seus significados.
Se até aqui o filme acaba fazendo nenhum sentido para nós, por outro lado, o final do segundo ato adiante adentra em uma incrível narrativa linear, mas toda moldada em um impressionante Plano-sequência e que não deve nada a outros filmes recentes que usaram  a mesma técnica, como no caso, por exemplo, de "1917" (2019). O que mais impressiona é que nos damos conta que essa parte em diante do filme é na realidade um sonho que o protagonista está participando, mas que acaba fazendo muito mais sentido se for comparado com relação a tudo o que estávamos testemunhando até aquele ponto. Cenários são trocados a todo momento, personagens entram e saem em instantes, como se estivéssemos em um sonho dentro de um sonho, mas revelando inúmeras pistas sobre o quebra cabeça que o protagonista estava investigando.
Em sua reta final, o realizador não nos entrega todas as respostas, mas isso é o que menos importa, pois quando chegamos a esse ponto da narrativa nós desejamos que a obra não acabe de uma forma tão facilmente. Mesmo com poucos recursos, Bi Gan nos brinda com uma experiência extra sensorial em grande estilo e que vale muito a pena ser conferido.  "A Longa Jornada Noite Adentro" é prato cheio para os amantes do universo dos sonhos e cujo o debate nos leva desde a Freud e seus estudos psicológicos mais profundos.  

Onde assistir: Netflix.

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