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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 21 de junho de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Jurassic World: Reino Ameaçado





Sinopse: Owen e Claire retornam à ilha Nublar para salvar os dinossauros restantes de um vulcão que está prestes a entrar em erupção. Eles encontram novas e aterrorizantes raças de dinossauros gigantes ao descobrir uma conspiração que ameaça todo o planeta.
 
O grande problema dos filmes da franquia Jurassic Park é deles sofrerem com as comparações ao clássico de 1993. Steven Spielberg criou na época um verdadeiro filme evento, do qual os efeitos visuais se tornaram revolucionários e fortalecendo a ideia da verossimilhança dentro do gênero fantástico. Após um segundo filme (O Mundo Perdido) que não havia chegado aos pés do seu antecessor, e de um apenas “ok” terceiro filme, a franquia se fortaleceu de uma forma surpreendente em Jurassic Wold, um filme carregado de nostalgia e que fez os fãs voltarem a respeitar a franquia.
Mas também não adianta resgatar o que havia dado certo no passado e não tentar arriscar por algo novo. Talvez isso tenha passado na cabeça dos produtores, ao dar continuidade aos eventos do filme anterior, mas lançando um olhar mais autoral e sombrio para Jurassic World: Reino Ameaçado. A responsabilidade caiu nos braços de Juan Antonio Bayona, diretor apadrinhado por Guilherme Del Toro, que havia chamado atenção no ótimo filme de horror O Orfanato e surpreendo no filme catástrofe O Impossível. 
A trama se passa cinco anos após os eventos do filme anterior, onde o parque acabou sendo evacuado e deixando os dinossauros dominarem tudo. Porém, um vulcão entra em erupção e ameaçando a vida de todos os dinos que se encontram por lá. Cabe o esforço de Nick (Chris Pratt) e Claire (Bryce Dallas Howard) de retornarem a ilha e de tentar salvar o máximo que for possível de dinossauros, mas tendo homens gananciosos como obstáculos durante o caminho.
Basicamente, o filme é uma releitura melhorada do segundo filme da franquia, mas sendo ainda mais sombrio e com momentos de puro terror. Não que Juan Antonio Bayona tenha exagerado na dose, muito pelo contrário, mas ele acaba usando os velhos artifícios de luz e sombras e criando um clima até mesmo gótico. Imagine o clássico de 1993 tendo sido dirigido pelo estúdio colorido Marvel e esse tendo sido dirigido pela Warner/DC que faz dos seus filmes com um teor mais adulto que daí vocês terão uma ideia do que eu estou dizendo.
E se num primeiro momento o retorno do personagem Iam Malcolm (Jeff Goldblum) é festejado pelos nostálgicos, por outro, muitos ficarão chocados pelo seu posicionamento com relação ao destino dos dinossauros da ilha. O caso que o filme é mais ecologicamente correto da franquia, mas ao mesmo tempo, tocando em assuntos espinhosos sobre o papel do homem perante criar ou não tais criaturas que foram dadas e tiradas pela natureza. Cabe o homem escolher em salvar o que havia recriado? Ou deixar que a natureza cuide disso?
Em meio a esses dilemas o filme novamente nos brinda com boas cenas de ação, mesmo quando elas soem um tanto que exageradas. Se no clássico de 1993 havia uma preocupação em nos passar realismo, aqui isso se distancia um pouco no momento em que os dinossauros saem da ilha e adentram num cenário até então inédito. Porém, é de se tirar o chapéu para o cineasta em ter conseguido criar cenas absurdas, mas das quais nos prende na cadeira: atenção para a cena em que os protagonistas precisam tirar sangue do T Rex. 
Em meio essa tentativa de inovar a franquia, ao mesmo tempo, o filme por pouco não descamba para o velho clichê de humanos malvados sedentos por dinheiro. Claro que não precisamos ser gênios para saber que tudo irá dar errado e á maioria dos vilões irão terminar como almoço para os dinos. E se por um lado a ideia de se criar um dinossauro novo através de experimentos já esta mais do que batido, por outro, o segredo que se encontra na jovem personagem Maisie (Isabella Sermon) se revela a maior surpresa da trama, mesmo quando a fórmula já foi vista e revista em outras franquias. 
Com a participação especial de Geraldine Chaplin, Jurassic World: Reino Ameaçado é um filme que transita entre o clichê e a inovação e criando novos rumos para os dinos numa eventual futura aventura. 





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Cine Dica: DEDO NA FERIDA de Silvio Tendler



Mais recente documentário de Silvio Tendler estreia no CineBancarios
Com sessões às 17 h e 19 h a partir do dia 21 de junho, “Dedo na Ferida” se afirma como um filme incomodamente atual em tempos sombrios, nos quais o mundo se depara com a perda progressiva de direitos sociais e com o ressurgimento de movimentos de extrema-direita.

“Dedo na Ferida” trata do fim do estado de bem-estar social em um cenário onde a lógica homicida do capital financeiro inviabiliza a justiça social. Milhões de pessoas peregrinam em busca de melhores condições de vida enquanto o capital aspira a concentração da riqueza em poucas mãos. Neste cenário de tensões sociais, há os que lutam para transformar o mundo levantando temas como os direitos sociais, o desemprego, o mercado e o extremismo.
Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria do cinema ou no site ingresso.com . Idosos, estudantes, bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados e pessoas com deficiência pagam R$ 6,00. Aceitamos Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.
Com a precisão de um olhar lapidado em mais de 80 obras de cunho histórico e social, o diretor trata da interrupção dos sonhos de uma vida melhor para todos, em uma conjuntura onde a lógica homicida do capital financeiro inviabiliza qualquer alternativa de justiça social. Para traçar um panorama do cenário contemporâneo, foram entrevistados Yanis Varoufakis, ex-ministro das Finanças da Grécia; Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil; Paulo Nogueira Batista Jr, vice-presidente do banco dos Brics; o cineasta Costa-Gavras; os intelectuais Boaventura de Sousa Santos (Universidade de Coimbra, Portugal), David Harvey (University of New York, Estados Unidos) e Maria José Fariñas Dulce (Universidade Carlos III, Espanha); os economistas Ladislau Dawbor (PUC-São Paulo), Guilherme Mello (Unicamp) e Laura Carvalho (USP), entre outros pensadores que interferem no mundo contemporâneo.
Em nome dos interesses do grande capital internacional, um pequeno grupo comanda o destino dos recursos do planeta. Para o 1% mais rico da população, uma crise nunca deve ser desperdiçada. Quebras de bolsas de valores, estouro de bolhas especulativas e a bancarrota de países que levam famílias para linha da miséria viram uma oportunidade para aumentar o seu capital, seu poder e sua influência. Eles são os donos do poder. 65 famílias têm, aproximadamente, a mesma riqueza que metade da população mundial. Bancos, seguradoras, fundos de investimento e elites econômicas navegam em uma esfera onde taxas de juros e dívidas de governos são a moeda mais forte.
“Dedo na Ferida” discute o retrocesso ideológico e as posições neoconservadoras pautados pelo empobrecimento da classe média, pela falência dos Estados e pelo desemprego. Examina de que forma o capitalismo deixou de ser produtivo para se tornar meramente especulativo, motivado pela aposta na geração de dinheiro fácil. O sistema financeiro, que deveria servir ao propósito de levar recursos dos setores superavitários para os deficitários interessados em investir em produção, abandonou o papel de “atravessador” e se assumiu como fim principal das transações econômicas.
Os governos nacionais perdem autonomia e passam a lutar contra massas de capital que circulam livremente pelo globo. Grécia, Espanha, Portugal, Brasil e tantas outras nações veem seus destinos definidos pelos interesses da esfera financeira. Grandes corporações, que, por vezes, detém orçamentos mais robustos do que o de alguns Estados, atuam como um “governo sombra”, guiando políticas públicas que favorecem à maximização de seus lucros.
Consideradas importantes demais para falir, grandes corporações envolvidas diretamente na crise que atingiu o sistema econômico internacional em 2008 não foram responsabilizadas pelo estrago causado na economia produtiva. Operando dentro da lei e socorridas com dinheiro público, seguem acumulando um capital volátil, transnacional, pouco produtivo e guardado em paraísos fiscais. E elas estão prontas para lucrar na próxima crise.


DEDO NA FERIDA
Brasil / Documentário / 2017 / DCP / 90 minutos
Roteiro e Direção: Silvio Tendler
Produção: Maycon Almeida
Fotografia: Lúcio Kodato, Maycon Almeida, Tao Burity
Montador: Fransciso Slade
Distribuidora: Caliban Produções
Elenco: Costa-Gavras, David Harvey, Eduardo Tornaghi, Maria José Fariñas
Classificação etária: Livre

Entrevistados
Anderson Marinho Ribeiro
Bruno W. Medsta
Boaventura de Sousa Santos
Costa-Gavras
Celso Amorim
David Harvey
Guilherme Mello
Guilherme Boulos
Gianni Tognoni
João Pedro Stedile
Keith Cattley
Laura Carvalho
Ladislau Dowbor
Luis Nassif
Maria José Fariñas Dulce
Oscar Oliveira
Raquel Rolnik
Paulo Nogueira Batista Jr
Yanis Varoufakis

Grade de horários:
*Não abrimos segundas-feiras

21 de junho (quinta-feira)
15h – Travessia + Baronesa
17h – Dedo na Ferida
19h – Dedo na Ferida

22 de junho (sexta-feira)
15h – Travessia + Baronesa
17h – Dedo na Ferida
19h – Dedo na Ferida

23 de junho (sábado)
15h – Travessia + Baronesa
17h – Dedo na Ferida
19h – Dedo na Ferida

24 de junho (domingo)
15h – Travessia + Baronesa
17h – Dedo na Ferida
19h – Dedo na Ferida

26 de junho (terça feira)
15h – Travessia + Baronesa
17h – Dedo na Ferida
19h – Dedo na Ferida
 
27 de junho (quarta-feira)
Não há sessão (jogo do Brasil na Copa do Mundo)
 
C i n e B a n c á r i o s
Rua General Câmara, 424, Centro
Porto Alegre - RS - CEP 90010-230
Fone: (51) 34331204

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Baronesa



Sinopse:Andreia e Leidiane são vizinhas na periferia de Belo Horizonte. Ambas têm filhos e tentam evitar o envolvimento com o dia a dia da guerra do tráfico. Andreia sonha em construir sua casa, enquanto Leidiane espera o marido sair da cadeia.

O cinema brasileiro vive a sua melhor fase com relação ao “cinema verdade”, onde a percepção com relação à transição de documentário para ficção se torna irrisória e dando lugar ao mais puro cinema realista. Se títulos como, por exemplo, Branco Sai e Preto fica ainda guardava resquícios de um cinema fantástico para se fazer um filme denuncia, por outro lado, A Vizinha do Tigre havia somente uma linha fina do qual separava a ficção e realidade e se tornando um prelúdio do melhor que o cinema independente brasileiro iria oferecer daqui pra frente. O filme Baronesa seque essa tendência, onde não se há uma história inventada, mas sim somente o mundo real com suas mazelas que transborda na tela do cinema.
Dirigido Juliana Antunes a obra nos apresenta o dia a dia de duas vizinhas e amigas que moram na periferia de BH. De um lado, Andreia começa a construir sua casa para se mudar. Do outro, Leid e os filhos estão à espera do marido, que está preso. Em comum, a necessidade de se desviar dos perigos da guerra do tráfico e a estratégia para evitar as tragédias trazidas como consequência.
Para se obter maior aproximação com a dupla central da trama, a cineasta Juliana Antunes decidiu alugar um barracão para ficar próxima a elas e tendo visitas semanais de sua equipe de filmagem. Isso lhe garantiu a chance de observar diversas situações do cotidiano de ambas, desde os percalços para se conseguir dinheiro para sobreviver no dia a dia, como também convivendo com o temor de uma iminente guerra de quadrilhas daquela periferia. O resultado é uma trama que transita entre o corriqueiro para situações que beiram a imprevisibilidade e até mesmo o suspense.
Embora novatas no mundo da atuação, Andreia e Leid não se intimidam na frente da câmera, sendo que a primeira é a que mais coloca para fora a sua pessoa e revelando histórias reveladoras de um passado cheio de percalços. Embora com poucos recursos em mãos, Andreia é uma pessoa vivida, onde o pior da vida lhe ensinou a se fortalecer para continuar seguindo em frente, mesmo quando havia todos os motivos para desistir. O que lhe resta, portanto, é uma força de vontade que se encontra, não somente em seu físico, mas no seu olhar profundo e com infinitas histórias para se contar.
Por outro lado, Leid também tem o seu espaço em cena, ao retratar uma mulher que tem a responsabilidade de cuidar dos seus filhos sozinha e carregando o fardo das consequências do seu marido ter sido preso. Juliana Antunes aproveita essa situação para registrar ao máximo com a sua câmera o quão é difícil cuidar de crianças em meio essa realidade com poucos recursos e dando para elas um futuro indefinido. Não tem como não se chocar, por exemplo, na cena em que uma das crianças se encontra sentada na beira da porta e lançando um olhar para câmera, onde se enxerga uma inocência que, infelizmente, tende a desaparecer mais cedo do que se deveria.
A violência, por sua vez, se torna corriqueira naquele ambiente, onde o tráfico se torna o único sustento, mas desencadeando maiores obstáculos para se continuar vivendo. Se por um lado fica-se em aberto o destino de pessoas próximas a dupla central, do outro, a violência dispara sem prévio aviso em determinados momentos e fazendo a gente se perguntar se realmente aconteceu tal momento: a cena em que ambas as protagonistas são pegas pelo barulho repentino vindo um tiroteio sintetiza bem isso.
Com um final em que se revela incerto com relação ao futuro daquelas personagens, Baronesa é um retrato cru de uma de uma realidade que molda mulheres esquecidas pelo resto da sociedade, mas que optam em viver e continuar em frente.



Onde assistir: Cinebancários. Rua General Câmara, nº424, centro de Porto Alegre. Horário: 17h. Sala Norberto Lubisco. Casa de cultura Mario Quintana. Rua das Andradas, nº736 – Centro de Porto Alegre. Horário: 19h.