Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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O filme integra o ciclo de filmes com enfoque em laços familiares na programação continuada da Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, na UP Idiomas.
Marco Bellocchio é um dos mais relevantes diretores italianos da atualidade e na sua filmografia as relações familiares e a religiosidade, junto com a política, são temas principais, muitas vezes abordados numa perspectiva psicanalítica.Em "Belos Sonhos" um conceituado jornalista (Valerio Mastandrea) é forçado a reviver o trauma familiar que marcou sua infância, quando precisa voltar em Turim para vender o apartamento dos pais.
O filme é baseado no romance autobiográfico homônimo de Massimo Gramellini, jornalista e vice-diretor de um histórico jornal italiano (Corriere della Sera), que virou um bestseller nacional, emocionando milhões de leitores. A tocante história, "que poderia se converter num dramalhão lacrimoso resulta num drama psicológico denso e consistente, nas mãos desse cineasta que extrai de seu elenco desempenhos que trazem à tona os sentimentos e sofrimentos mais fortes, sempre num tom contido. Às vezes, preso, sufocado." (Antonio Carlos Egypto, no site da ABRACCINE)
O filme, que ao longo da sua estória abrange várias décadas da história italiana, foi apresentado na Quinzaine des Réalisateurs do Festival de Cannes de 2016 e conta com a presença no papel do protagonista de Valerio Mastandrea, atualmente um dos mais conhecidos e premiados atores italianos, com várias dezenas de filmes no ativo.
A sessão, com entrada franca, integra o ciclo de julho da programação continuada realizada nas segundas feiras, na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, pelo Cineclube Torres, associação sem fins lucrativos em atividade desde 2011, Ponto de Cultura certificado pela Lei Cultura Viva federal e estadual, Ponto de Memória pelo IBRAM, contando para isso com a parceria e o patrocínio da Up Idiomas Torres.
Serviço:
O que: Exibição do filme “Belos Sonhos”, integrado no ciclo “Assuntos de Famílias”.
Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, na escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres
Quando: Segunda-feira, dia 15/07, às 20h.
Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).
Cineclube Torres
Associação sem fins lucrativos
Ponto de Cultura – Lei Federal e Estadual Cultura Viva
Nota: Filme exibido para os associados no último dia 06/07/24).
Sinopse: Em Rochefort, Delphine e Solange, duas irmãs gêmeas de 25 anos, radiantes e espirituosas, dão aulas de dança e música. Elas sonham em ir a Paris e aproveitam a oportunidade quando uma trupe de fora passa pela cidade.
O cinema musical é um gênero que foi de grande sucesso dentro da história do cinema norte americano. Uns amam, outros odeiam, já que esses últimos não encontram uma lógica ao ver personagens da trama começarem a cantar em meio a uma situação em determinado ponto da história. O cinema musical nasceu em tempos em que hollywood buscava o entretenimento a todo custo para gerar lucro e esse gênero com certeza fez muitos rirem e se maravilharem com a fantasia que ficava encravada nas tramas como um todo.
Claro que sempre há uma decadência de determinados gêneros cinematográficos ao longo dos anos que vai passando e o musical não foi diferente. Quando o clássico "Cantando na Chuva" (1952) havia sido lançado esse tipo de filme já estava definhando, mas ganhando uma sobrevida através desse clássico que, curiosamente, falava sobre a transição do cinema mudo para o falado e sintetizando o fato que o gênero precisava se atualizar para os novos tempos. Talvez o maior triunfo dessa possível retomada tenha sido "A Noviça Rebelde" (1965), ganhador de vários prêmios, incluindo o de melhor filme.
Essa nova leva de musicais talvez tenha influenciado até mesmo outros países que não tinham exatamente o costume de abraçarem esse tipo de filme. Quando pensamos no cinema francês, por exemplo, logo nos lembramos do movimento "Nouvelle vague", onde jovens diretores decidiram sair com as suas câmeras para as ruas de Paris e criar um cinema mais cru, porém, mais poético e que revitalizasse o seu cinema como um todo. Porém, "Duas Garotas Românticas" (1967) foi um filme fora da curva desse movimento que estava começando a dar espaço para esse tipo de cinema mais espetacular, menos verdadeiro e mais colorido.
Dirigido por Jacques Demy, o filme conta a história de Delphine (Catherine Deneuve) e Solange (Françoise Dorléac) duas irmãs gêmeas de 25 anos que vivem em Rochefort, na França. Delphine é professora de dança, enquanto Solange ensina piano. Ambas sonham em encontrar um grande amor, assim como os rapazes que chegam à cidade e passam a frequentar o bar da família.
Verdade seja dita, o filme é pertencente somente a sua época, sendo que estamos falando dos anos sessenta, época em que a paz e a amor estavam em abundância, as cores coloridas esbanjavam o seu charme e as mulheres se entregando aos vestidos mais curtos e com os seus cabelos cheios com franjas. O filme possui toda essa estética da qual desapareceria posteriormente e, portanto, assisti-lo atualmente requer compreensão, mas não significa que não tenha sobrevivido ao longo da história. Assisti-lo é o mesmo que voltarmos no tempo onde havia algo mais inocente com relação a temas que vai desde ao amor para sonhos nunca alcançáveis.
As duas gêmeas da trama, por exemplo, por mais sonhadoras que sejam com relação ao amor, também não são ingênuas ao ponto de aceitarem qualquer proposta que venha bater em suas portas. Curiosamente, Catherine Deneuve e Françoise Dorléac estão ótimas em seus respectivos papeis de irmãs gêmeas, mesmo não sendo parecidas uma com a outra, mas nos convencendo graças ao ótimo desempenho de ambas. Visualmente, não me surpreenderia se o filme serviu de inspiração para Greta Gerwig criar o universo visto no seu filme "Barbie" (2024), sendo que a estética plástica e colorida é vista em abundância aqui.
O termo "plástico" eu dou mais para o cinema norte americano dos anos do "código Hays", sendo menos contestador, conservador e nos transmitindo um universo perfeito que é hoje bem questionável. Quando "Duas Garotas Românticas" foi lançado ainda eram tempos "pré-Maio de 68", sendo que revisto o filme hoje notasse que ele se encaixava com a proposta do governo francês da época, mais conservador, sonhador e menos questionar para dizer o mínimo. Não que o filme seja algo hipócrita, mas também sintetiza uma fantasia que não se via nas ruas.
Neste último caso vemos os personagens cantando e dançando pelas ruas de Rochefort, com momentos que remetem a fase de ouro do gênero dentro do cinema norte americano. Alguns personagens soam caricatos, como se estivessem ali como uma espécie de peça de tabuleiro de um jogo maior e onde há encontros e desencontros de pessoas sonhadoras, românticas e de corações partidos. Ao final, notasse uma solução plausível com relação aos dilemas de cada um dos personagens e fazendo com que seguissem os seus rumos independentes do que acontecesse.
"Duas Garotas Românticas" é um filme que remete aos tempos dourados do cinema norte americano, mas cuja a produção é francesa e que o torna algo mais interessante para ser observado e analisado mais de perto nos dias de hoje.
Na nossa próxima sessão, exibiremos um dos destaques do "8½ Festa do Cinema Italiano Brasil": "Ainda Temos o Amanhã". Este foi o filme mais visto na Itália em 2023 e marca a estreia da atriz Paola Cortellesi na direção.
Confira as informações da sessão!
SESSÃO CLUBE DE CINEMA
Local: Espaço de Cinema, Sala 3, Bourbon Shopping Country
Data: 13/07/2024, sábado, às 10:15 da manhã
"Ainda Temos o Amanhã" (Cé Ancora Domani)
Itália, 2023, 118 min, 16 anos
Direção: Paola Cortellesi
Elenco: Paola Cortellesi, Valerio Mastandrea, Romana Maggiore Vergano
Sinopse: Em uma Roma pós-guerra dos anos 40, dividida entre o otimismo da libertação e as misérias, vive Delia, uma mulher dedicada, esposa de Ivano e mãe de três filhos. Esses são os papéis que a definem e ela está satisfeita com isso. Enquanto seu marido Ivano age como o chefe autoritário da família, Delia encontra consolo em sua amiga Marisa. A família se prepara para o noivado da filha mais velha, Marcella, que vê no casamento uma saída para uma vida melhor. No entanto, a chegada de uma carta misteriosa dá a Delia a coragem para questionar seu destino e de sua família e, talvez, encontrar sua própria liberdade. Entre segredos e reviravoltas, este drama emocionante explora o poder do amor e da escolha em tempos difíceis.
Sinopse: Na década de 1980, em Hollywood, a estrela do cinema pornográfico Maxine Minx tem sua grande chance de atingir o estrelato.
COMO VENDER A LUA
Sinopse: Chamada para consertar a imagem pública da NASA no cenário de alto risco do histórico pouso na lua, a prodígio do marketing Kelly Jones causa tumulto na já difícil tarefa do diretor de lançamento Cole Davis.
NINGUÉM SAI VIVO DAQUI
Sinopse: Inspirado no livro "Holocausto Brasileiro", de Daniela Arbex, o filme traz um retrato fiel de um hospital psiquiátrico na década de 70. Elisa é internada à força pelo pai em um hospital psiquiátrico ao engravidar do namorado.
ORLANDO, MINHA BIOGRAFIA POLÍTICA
Sinopse: O filme é uma adaptação de uma das obras mais conceituadas da escritora inglesa Virginia Woolf, “Orlando”, em que o realizador, Paul B. Preciado, dirige uma carta à escritora a dizer que a sua personagem Orlando tornou-se real: o mundo está a tornar-se orlandesco.
LUCCAS E GI EM: DINOSSAUROS
Sinopse: Os irmãos Luccas (Luccas Neto) e Gi (Gi Alparone) irão embarcar em uma divertida aventura em uma viajem com seus amigos para conhecerem um novo parque de diversões com famosas réplicas de dinossauros.
TWISTERS
Sinopse: Kate Cooper é uma ex-caçadora de tempestades assombrada por um encontro devastador com um tornado durante seus anos de faculdade, que agora estuda padrões de tempestades nas telas em segurança na cidade de Nova York.
Sinopse: A trajetória de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, dos Trapalhões. A infância pobre, a carreira militar, a relação com a Mangueira e o sucesso com o grupo Originais do Samba, além dos bastidores como integrante dos Trapalhões.
Quando penso no Mussum logo me vem à mente o programa humorístico "Os Trapalhões", sendo que eu cresci justamente na fase de ouro desse quarteto e de tempos em que o humor politicamente incorreto atraia milhares de brasileiros. A figura do Mussum por si só acabou fazendo parte da nossa cultura brasileira, sendo que Antônio Carlos Bernardes Gomes não só tinha um talento incrível de nos fazer rir, como também fez parte da história da nossa música em si. Portanto, "Mussum, O Filmis" (2023) pode até ter uma reconstituição resumida sobre esse grande talento, mas que nos conquista de imediato e nos despertando em nós o desejo de revistarmos tempos mais dourados do humor brasileiro.
Dirigido por Silvio Guindane e roteirizado por Paulo Cursino, com base no livro Mussum - uma história de Humor e Samba, de Juliano Barreto. A trama mostra a história real sobre a vida e trajetória de Antônio Carlos Bernardes Gomes, popularmente apelidado de Mussum - interpretado, no filme, pelo ator Ailton Graça (Carandiru, Travessia). Tendo crescido como um garoto pobre, filho de empregada doméstica analfabeta e com passado militar, Mussum ficou conhecido por ter se tornado um dos maiores humoristas do Brasil. Além de fundar o grupo musical Os Originais do Samba, ele encontrou seu caminho para a fama na televisão após se unir ao famoso quarteto Os Trapalhões.
O filme poderá frustrar aqueles que esperam uma reconstituição sobre os fatos que envolvem Os Trapalhões, sendo que neste último caso isso fica em segundo plano, já que o filme se dedica somente a figura de Mussum, mas é exatamente isso que o torna especial. Nós o vemos ainda na infância, sendo cuidado por uma mãe que deseja o melhor para o seu filho, mas não tendo uma noção de como ele chegaria tão longe. A partir daí vemos esse jovem se tornando gradualmente um talento somente equiparado ao Grande Otelo e que os realizadores da cinebiografia fizeram questão de trazê-lo na adaptação, pois o mesmo foi responsável por uma pequena peça central que daria início a carreira de Antônio Carlos Bernardes Gomes.
O filme em si traz uma reconstituição precisa dos anos setenta e oitenta, onde havia um Brasil mais colorido, ousado e sedutor. A figura do Mussum seguia de acordo com a maneira em que o público e os artistas o viam, mas o mesmo foi muito além, como se houvesse uma espécie de força da qual o fez contornar diversos obstáculos, mesmo custando um alto preço em alguns momentos. E se essa força conseguimos sentir muito se deve a interpretação de Ailton Graça.
Conhecido pelos cinéfilos desde "Carandiru" (2003), Graça consegue encarnar o eterno Mussum de uma forma assombrosa, onde todos os trejeitos e o modo de falar me fizeram voltar no tempo quando via o comediante roubando o espetáculo nos Trapalhões. Ao mesmo tempo, o intérprete consegue muito bem transitar entre os momentos de humor e dramáticos, principalmente com relação aqueles em que o artista teve que passar, mas jamais perdendo a força de vontade que obteve ao longo de sua escala para o sucesso. Claro que, infelizmente, ficaram de fora algumas passagens de sua vida nesta adaptação, mas nada que comprometa o resultado final, pois afinal, nem tudo pode ser descascado, mas sim somente o essencial para termos uma ideia da importância do artista como um todo.
"Mussum, o Filmis" é uma cinebiografia que sintetiza sobre quem foi realmente Antônio Carlos Bernardes Gomes, mesmo quando frusta aqueles fãs que desejariam ir mais a fundo sobre a sua vida pessoal do seu grande ídolo de infância.
Onde Assistir: Google Play Filmes, Apple TV e Youtube.
No sábado, 13 de julho, às 17h, a Cinemateca Capitólio e o Reconto, coletivo clínico de psicanálise, apresentam uma sessão com debate de Cidade dos Sonhos, de David Lynch. O valor do ingresso é R$ 16,00. Será exibida a versão restaurada do filme, aprovada pelo diretor. O debate será um espaço para pensar em um enlace possível entre cinema e psicanálise. O valor do ingresso é R$ 16,00.
Um lote de 80 ingressos será colocado à venda a partir de terça-feira, 9, no horário de abertura da bilheteria da Cinemateca (sempre 30 minutos antes de cada filme). O restante será vendido no dia da sessão.
A mostra Volta ao Mundo – Diálogos Africanos segue em cartaz até o dia 16 de julho. A seleção de filmes destaca produções realizadas entre 1964 e 2023, por cineastas de Costa do Marfim, Madagascar, Congo, República Centro-Africana, Guiné, Cabo Verde, Somália, Níger, Guiné-Bissau, Egito e Tunísia. O valor do ingresso é R$ 10,00.
Sinopse: SHHHHH! O nosso mundo entrou em silêncio. Descubra agora o porquê.
"Um Lugar Silencioso" (2018) foi sem sombra de dúvida uma grande surpresa para os aficionados por filmes de terror. Ao testemunharmos personagens principais em não fazerem barulho para não atraírem os monstros em cena se cria um verdadeiro jogo de gato e rato e a construção de momentos de pura tensão e medo. Já um "Um Lugar Silencioso - Parte II" (2021) pode não ter superado o seu antecessor, mas também não fez feio ao explorar ainda mais os métodos para combater esses alienígenas mortíferos a todo custo.
Após o término do segundo filme muitos esperavam com certa ansiedade a sua continuação, principalmente pela forma que o filme terminou. Porém, estamos falando de hollywood, sempre viciada em criar franquias, seja continuações do primeiro grande sucesso, como também a famigerada ideia de realizar longas que tenha certa ligação com o original. Por conta disso, ao invés de ser lançado um terceiro filme eis que testemunhamos o Spin-off "Um Lugar Silencioso: Dia um" (2024) que, se por um lado me frusta por não ser uma continuação dos eventos do capítulo anterior, ao menos capricha em uma atmosfera de pura tensão e com bons desempenhos.
Dirigido agora por Michael Sarnoski, acompanhamos a história de Sam (Lupita Nyong'o) que estava entre os humanos acostumados aos ruídos de uma metrópole, como Nova York, até o momento em que ela testemunha a chegada das criaturas no planeta Terra e o consequente massacre. Ela sofre de um câncer terminal e antes de morrer deseja realizar algumas vontades. Porém, ela recebe a companhia do sobrevivente Eric (Joseph Quinn) e ambos lutam para não fazerem nenhum ruido ao longo de uma jornada pela sobrevivência.
A premissa do filme original era fantástica, principalmente que servia como uma bela desculpa para o filme remeter aos tempos do cinema mudo e que tudo girava nas expressões dos atores para transmitirem os seus sentimentos. Agora, imagine transferir essa temática para Nova York, a cidade que nunca dorme, barulhenta e se tornando, portanto, prato cheio para a chegada dos alienígenas. Aliás, a chegada e a destruição que eles provocam remete ao 11 de Setembro, principalmente quando surge o rosto sujo da personagem Lupita e que remete uma conhecida foto durante o dia do atentado.
Assim como os anteriores, a grande tensão fica por conta de os personagens não fazerem nenhum ruido pois senão as criaturas começam atacar sem trégua. Vale destacar que o filme possui um orçamento maior, pois se percebe isso tanto nas cenas de ação, como também nas paisagens aéreas que nos dá uma dimensão do número infinito de seres que infestam a cidade como um todo. Mas claro que o filme não funcionaria sem ajuda do calor humano.
Lupita Nyong'o novamente entrega uma atuação digna de nota, ao interpretar uma Sam que está as portas da morte devido a sua doença, mas que luta pela vida a partir do momento que está sendo ataca pelas criaturas. Porém, ela se encontra na corda bamba, tendo o desejo somente de atravessar a cidade para recobrar certas lembranças esquecidas e tendo consigo um gato que lhe acompanha durante essa cruzada. Curiosamente, o gato se torna uma peça fundamental dentro da trama, principalmente por já sabermos que nada de ruim acontecerá com ele, pois em filmes catástrofes como esse, acreditem, os animais nunca morrem.
Vale destacar a presença do personagem Eric, que dá certo combustível para que Sam siga em frente ao invés de se entregar a morte de modo fácil. Joseph Quinn cria para o seu Eric uma atuação econômica, mas o suficiente para nos simpatizarmos com ele, principalmente nas cenas em que ele se dedica ao máximo para manter Sam ainda viva e ao mesmo tempo anima-la em algumas passagens da história. A cena em que ambos imaginam estar apresentando um número mágico para um grande público se torna o momento mais singelo da trama como um todo.
Curiosamente, o personagem Henri, interpretado por Djimon Hounsou, que foi visto no filme anterior, surge aqui para se criar uma interligação entre os dois filmes. Porém, é notório que isso se torna completamente inútil, já que o personagem e sua família se tornam bem secundários dentro da trama e fazendo de suas participações somente uma desculpa para enlaçar os dois filmes. Um artifício dispensável e que poderia ter sido melhor trabalhado.
Além disso, os desdobramentos do ato final já nos dão uma dica sobre os destinos dos personagens principais da trama. Talvez não seja algo que venha agradar a todos, mas como se trata de uma trama anterior aos eventos do filme original eu acredito que os realizadores tiveram maior coragem de ir muito além do obvio. Por conta disso, o filme até que me surpreendeu e cumpriu o dever de não ofender aqueles que defendem a obra original.
"Um Lugar Silencioso: Dia um" foi uma aposta arriscada dos realizadores, mas agrada e surpreende pelo lado humano dentro da história.