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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 7 de junho de 2024

Cine Especial: 'Pulp Fiction -30 Anos Depois'

Certos filmes são necessários uma segunda revisão, para então você compreendê-lo melhor, pois a obra pode possuir tantas camadas que muitas você não consegue digerir à primeira vista. "Pulp Fiction" (1994) é um dos meus filmes preferidos, mas que eu não havia capitado de imediato a sua total dimensão na primeira vez em que eu havia assistido, sendo que isso também vale para a minha mãe que detestou na primeira vez que ela viu. Após uma segunda revisão eis que o filme nos pegou de jeito, onde ele cresceu de tal maneira que comecei a me viciar em assisti-lo diversas vezes e chegando ao ponto de decorar diversas frases que ficariam na memória de qualquer cinéfilo.

Antes de tudo é preciso esclarecer como eu conheci Tarantino, sendo que na época eu era um adolescente que não tinha tanto conhecimento de cinema como agora. Quando eu assisti pela primeira vez o filme foi mais ou menos dois anos depois que a obra ganhou a Palma de Ouro de Cannes e foi exatamente assim que o SBT anunciava o filme quando ele seria exibido na saudosa Cine Belas Artes. Eu deixei o filme gravando em VHS, porém, tentei assisti-lo mesmo com sono, mas mal sabendo que a obra se tornaria uma das minhas favoritas até mesmo nos dias de hoje.

"Pulp Fiction" é o mais importante (e melhor) filme Americano da década de 90 e talvez de toda a história do cinema. O longa não somente se tornaria vencedor no festival de Cannes daqueles tempos, como também receberia um Oscar de melhor roteiro original para Tarantino mais do que merecido. Porém, eu ainda acho pouco para esse filme pop, nervoso, violento, mordaz, verborrágico e na maioria das vezes genial. Começa melhor e termina brilhantemente. Tem atuações perfeitas como de Samuel L. Jackson, Bruce Willis e marcando o retorno de Travolta em especial a uma cena de dança com Uma Thurman.

Vale destacar que nesta cena Tarantino buscou inspiração no clássico "O Bando a Parte" (1964) de Jean-Luc Godard, sendo que o realizador ganhou o carinho de muitos críticos franceses ao construir uma linguagem cinematográfica semelhante ao melhor período do cinema francês que foi Nouvelle Vague. Na mesma cena, o realizador buscou inspiração de outra figura do universo pop que foi o seriado de "Batman" (1966), ao fazer Travolta usar os mesmos gestos dos dedos que o homem morcego havia criado em uma dança no primeiro episódio. E o que dizer de Thurman desenhando um quadrado com os dedos e a forma geométrica é “riscada” na tela por uma caneta invisível, sendo que com certeza o realizador se inspirou em diversos desenhos animados neste momento como no caso o clássico "Os Flintstones" (1960).

Se muitos achavam que "Cães de Aluguel" (1992) era o máximo que poderia esperar de Quentin Tarantino, muitos desses devem ter ficado de queixo caído com a revolução na forma de filmar e contar uma história que foi neste longa. Assim como o filme anterior, a trama explora o mundo dos gangsteres, mas de uma forma similar do que já foi visto, onde os diálogos afiados e muito espertos dominam durante todo o filme de uma forma que não tem como cansar deles, pois eles são soberbos e viciantes.

Mas o mundo daquela época não estava preparado para "Pulp Fiction", tanto que muitos conhecidos e amigos meus da época não entenderam a ida e vinda da história, sendo que muitos ficaram confusos, quando um dos personagens centrais da trama, morre repentinamente no meio do filme, para depois surgir ainda vivo perto do final do longa. Essa forma de se contar uma narrativa foi sem sombra de dúvida uma fórmula que Tarantino fez ao fazer o cinéfilo prestar atenção 100% com relação ao que estava vendo, sendo que ao longo dos anos essa forma de apresentar um enredo foi ainda mais aprimorada e atingido o seu auge em filmes como "Amnésia" (2001) e "21 Gramas" (2003). Tarantino ainda por cima não deixa de focar em nenhum momento os seus personagens, onde vemos eles não só falando, mas vendo suas mudanças de expressões no rosto a cada momento de acordo com a situação em que eles estão passando e fazendo das sequências quase uma espécie de filme documentário.

Como sempre, a trilha sonora é outro grande trunfo da trama, sendo que cada seguimento da história (dividida em quatro partes, mais um prólogo e um epilogo) possui suas músicas que de uma forma bem redondinha faz um belo casamento com as cenas, em especial, dos momentos em que os personagens de John Travolta e Uma Thurman estão conversando juntos na mesa de uma boate enquanto a música fica tocando e se alinhando com diálogos afiados. Aliás o seguimento onde aparece os dois lados a lado, é sem sombra de dúvida o melhor de toda a produção, já que ambos estão à vontade em seus respectivos personagens, onde imediatamente se cria um laço de sintonia de ambas as partes, sendo que os seus diálogos, assim como restante de todo filme, são extraídos dos pensamentos do próprio Tarantino e fazendo dos seus personagens os seus avatares como um todo. Uma Thurman nos brinda aqui com a sua melhor atuação da carreira e que merecia realmente ter levado um Oscar para casa, pois sua imagem de Mia Wallace (dançando com Travolta) ficou registrada para sempre na mente das pessoas. Samuel L. Jackson é outro que saiu ganhando através do seu personagem magistral Jules e fazendo se transformar em um ícone da cultura pop cinematográfica.

As cenas em que ele dispara (literalmente) palavras da bíblia, ou quando tenta buscar redenção quando excita em não matar um casal de assaltantes, são momentos em que até hoje Jackson tenta se superar, muito embora tenha chegado perto em "Jackie Brown"(1997) também de Tarantino. Falando no casal de assaltantes, ambos são vividos por Tim Roth e Amanda Plummer, sendo que quando eu assisti pela primeira vez ao filme eu achava que a história de ambos continuaria a partir daquele ponto, mas somente retornariam no ato final da trama, no mesmo restaurante onde eles haviam sido apresentados e dando de encontro com Jules em um momento de transição após os eventos em que ele e Vincent (Travolta) haviam passado. Curiosamente, se nota nestes momentos finais que há uma mensagem subliminar com relação a fé e redenção para esses personagens, mesmo estando envolvidos em crimes e violência, mas dos quais eles podem obter uma reviravolta em suas vidas.

Vale destacar que ao longo dos anos os fãs do filme levantaram inúmeras teorias sobre as mensagens subliminares, ou até mesmo situações não explicáveis no decorrer da trama, como do porquê de não aparecer o que tem dentro da maleta, ou qual o significado do curativo na nuca Marcelos Wallace e que foi interpretado Ving Rhames. Isso e muito mais serviu para aumentar a aura pop e status de obra prima do cinema que Tarantino lançou com esse filme, fazendo do cinema independente algo tão importante quanto as superproduções, que das quais pipocavam nos anos 90 e que na maioria delas se tornaram dispensáveis. Nada mal para um filme com orçamento modesto (R$12 milhões de dólares), ou seja, vindo do cinema independente norte americano, mas com um grande conteúdo significativo e que merece ser sempre visto e revisto pelo grande público.

Falando no cinema independente, na época do seu lançamento "Pulp Fiction" foi exibido em poucas salas dos EUA, mesmo tendo já ganhado a Palma de Ouro naquele período. Porém, devido ao bate e boca após cada exibição, o filme acabou obtendo um número maior de salas e fazendo da obra se tornar um dos grandes sucessos da época, obtendo mais de R$ 200 milhões de dólares nas bilheterias mundiais e abrindo assim as portas para que o cinema independente obtivesse maior prestígio. A partir de "Pulp Fiction" sempre surgiram nomes que foram chamados como "novo Tarantino", como no caso de Paul Thomas Anderson e Guy Ritchie, pois a linguagem dos seus filmes fazia com que os críticos fizessem essa comparação, pois era inevitável.

"Pulp Fiction" influenciou uma geração inteira de cineastas, seja eles nos EUA ou do mundo a fora. Curiosamente, é interessante observar que Tarantino criou algo através de tudo o que ele havia apreciado ao longo de sua vida, seja através do cinema, da música, livros, HQ e tudo levado para os seus filmes e que revelam a sua visão com relação ao mundo em que vivemos e que até hoje somos envolvidos em uma cultura cinematográfica que começou a partir de 1994. Nada mal para um rato de locadora e que se formou assistindo diversos filmes em VHS enquanto trabalhava.

"Pulp Fiction" é um filme que quebrou as barreiras de sua época, ao levar para as telas diversas tramas interligadas e nos brindando com os melhores diálogos da cultura pop da história do cinema. 

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quinta-feira, 6 de junho de 2024

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (06/06/24)

 NOVE E MEIA SEMANAS DE AMOR

Sinopse: Elizabeth é uma jovem bela e sexy, que trabalha numa galeria de arte moderna, e se envolve com John, um homem rico e poderoso. Eles apaixonam-se de forma muito intensa e começam por praticar fantasias sexuais cada vez mais picantes, o que torna a relação cada vez mais difícil de ser controlada.


GRANDE SERTÃO

Sinopse: Grande Sertão adapta o clássico romance da literatura brasileira, Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, para a realidade da periferia urbana.


O CARA DA PISCINA

Sinopse: No filme, Chris Pine é Darren Barrenman, um homem que passa seus dias cuidando da piscina de um condomínio em Los Angeles. Quando descobre um grande esquema criminoso na cidade, ele se une aos vizinhos em uma jornada para desvendar quem está por trás do roubo de água na cidade.


OS OBSERVADORES

Sinopse: Mina, artista de 28 anos, que se perde em uma imensa e assustadora floresta natural no oeste da Irlanda. Quando Mina finalmente encontra abrigo, ela acaba presa ao lado de três estranhos que são vigiados e perseguidos por criaturas misteriosas todas as noites.


BAD BOYS: ATÉ O FIM

Sinopse: Esta dupla icônica está de volta, mas desta vez com uma reviravolta: os melhores de Miami são agora os mais procurados. 


ASSASSINO POR ACASO

Sinopse: Gary Johnson (Glen Powell) trabalha para a polícia e finge ser um assassino de aluguel para prender aqueles que o contratam, até que ele quebra o protocolo para tentar salvar uma mulher desesperada.

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Cine Dica: Sessão Clube de Cinema 08/06: "Onde Fica a Casa do Meu Amigo?

Neste sábado, o Clube de Cinema de Porto Alegre te convida para mais uma sessão na nossa consagrada parceira, a Cinemateca Capitólio. Nesta ocasião, celebramos o cinema iraniano com a obra-prima de Kiarostami, "Onde Fica a Casa do Meu Amigo?". Confira as informações abaixo!

SESSÃO CLUBE DE CINEMA DE PORTO ALEGRE

Local: Cinemateca Capitólio (R. Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro Histórico)

Data: 08/06/2024, sábado, às 10:15 da manhã

"Onde Fica a Casa do Meu Amigo?"

Irã, 1987, 83 min, indicação etária livre


Direção: Abbas Kiarostami

Elenco: Babek Ahmed Poor, Ahmed Ahmed Poor, Khodabakhsh Defaei

Sinopse: Ahmed, de 8 anos, pegou por engano o caderno de seu amigo Mohammad. Ele precisa devolvê-lo, pois seu colega pode ser expulso da escola. Contamos com sua presença, até lá!

Atenciosamente,

Equipe diretiva do Clube de Cinema de Porto Alegre

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quarta-feira, 5 de junho de 2024

Cine Dica: Streaming - 'A Primeira Profecia'

Sinopse:Uma mulher começa a questionar a sua própria fé quando descobre uma terrível conspiração para provocar o nascimento do mal encarnado em Roma. 

Existe um retorno cada vez mais forte do gênero de horror ao cenário do convento e que nos últimos tempos tem nos chamado atenção. O ótimo "Imaculada" (2024) obteve os olhares do público e da crítica mesmo não sendo um arrasa quarteirão como caso de filmes como "A Freira" (2018) que se tornaram esquecíveis na medida que o tempo passa. "A Primeira Profecia" (2014) é outro que surpreende em não se prender as velhas fórmulas e nos surpreendendo pela sua coragem ao nos apresentar uma trama que poderia se tornar comum nas mãos de outros que poderiam optar pelo convencional.

Dirigido pela estreante Arkasha Stevenson, o filme conta a história da jovem Margaret (Nell Tiger Free), que é enviada a Roma para viver a serviço da igreja. No local, ela se afeiçoa por Carlita, uma jovem quieta e sozinha, que também mora no convento. Ao questionar o passado e a situação da garota para as outras irmãs da igreja, ela é alertada para se manter afastada, mas coisas acontecem no local e a situação piora quando um padre (Ralph Ineson) revela a Margaret algo aterrador.

Por serem lançados no mesmo ano muitos irão comparar "Imaculada" a esse filme, muito embora "A Primeira Profecia" siga para um caminho que transite entre a originalidade e o lado um pouco mais convencional que o público está acostumado. Porém, a realizadora  Arkasha Stevenson surpreende ao filmar a trama de uma maneira em que ela foge do que a gente está mais acostumado em franquias como "Invocação do Mal" e optando por algo mais realístico e que fale um pouco sobre o que estava acontecendo, por exemplo, no início dos anos setenta. Eram tempos mais questionadores, onde a juventude estava saindo as ruas protestar por diversos direitos e ao mesmo tempo a própria igreja estava perdendo os seus seguidores.

É a partir desse ponto que a obra transita entre o realismo com o sobrenatural, muito embora esse último fique em seguindo plano e fazendo a gente questionar sobre o que realmente está acontecendo naquele convento. Isso é sentindo principalmente pelo fato de vermos pela perspectiva de Margaret, sendo que a própria já havia sofrido de alucinações no passado e fazendo provocar em nós a dúvida sobre tudo o que está acontecendo. Embora tenhamos a sempre ótima Sonia Braga em cena, quem realmente se sobressai é a própria Nell Tiger Free que obtém a nossa atenção através do seu protagonismo e não dando espaço para os demais intérpretes, pois na medida em que a trama avança, a sua personagem cresce de tal forma que até mesmo nos assusta em uma determinada cena próximo ao fim da história.

O filme, por sua vez, não nos poupa de algumas cenas bastante peculiares, assustadoras e que até mesmo nos faz perguntar como foram liberadas. Há, por exemplo, a cena de uma horripilante parte do qual Margaret testemunha e possuindo uma peça subliminar nas entrelinhas da cena que irá dar o que falar se alguém mais atento fisgou esse momento. Pelo visto, Arkasha Stevenson foi astuta em provocar o público e exigindo maior atenção para aqueles que mergulharam na história como um todo.

Com uma belíssima edição de arte e fotografia de primeira, o filme só peca um pouco pelo seu final, do qual nos desafia pelo puro terror em cena, mas falha em querer deixar algumas pontas soltas para se ter uma eventual sequência. Nada que atrapalhe o resultado, pois é um longa que se diferencia de muitos filmes de horror convencionais e que tem pouco a dizer. Curiosamente, falo tudo isso e digo somente agora que esse é um prelúdio do clássico "A Profecia" (1976), mas que funciona com as suas próprias pernas e não se perdendo em referências aos clássicos e que somente elas surgem na reta final da trama.

"A Primeira Profecia" é um ótimo filme de horror ao saber brincar com a nossa perspectiva e obtendo assim a sua alma própria. 

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Cine Dica: CINEMATECA CAPITÓLIO PROGRAMAÇÃO 06 a 12 de junho de 2024

 SEGUNDA SEMANA DA MOSTRA AO SENTIDO COMUNITÁRIO

A segunda semana da mostra Ao Sentido Comunitário apresenta na Cinemateca Capitólio, a partir de 06 de junho, filmes de Jean Renoir, Roger Corman, Sara Gómez, Agnès Varda, Shohei Imamura, Isao Takahata e Ozualdo Candeias.

Na sexta-feira, 7 de junho, às 19h30, uma sessão especial destaca cinco curtas realizados nas cidades de Rio Grande, Pelotas e Taquari pelo Saturno Filmes, coletivo formado por Leonardo da Rosa, Eloisa Soares, André Berzagui e Gianluca Cozza. Os realizadores participam de um debate após a exibição.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/novidades/7311/ao-sentido-comunitario/


ESTREIA DE FILME DE JOÃO DUMANS

Nesta quinta-feira, 06 de junho, entra em cartaz na Cinemateca Capitólio As Linhas da Minha Mão, novo longa-metragem de João Dumans, diretor de Arábia. A obra ganhou o prêmio de Melhor Filme na Mostra Aurora da 26a Mostra de Tiradentes. O valor do ingresso é R$ 16,00.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/7315/as-linhas-da-minha-mao/


DOCUMENTÁRIOS FRANCESES EM CARTAZ

A partir de domingo, 09 de junho, a Cinemateca Capitólio apresenta três destaques do documentário francês contemporâneo: Os Anos do Super 8, dirigido pela escritora Annie Ernaux e por seu filho David Ernaux-Briot, Nós, de Alice Diop, e Sobre L’Adamant, de Nicolas Philibert, filme vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2023. O valor dos ingressos é R$ 10,00.


Mais informações:

https://www.capitolio.org.br/eventos/7319/nos/

https://www.capitolio.org.br/eventos/7321/sobre-ladamant/

https://www.capitolio.org.br/eventos/7317/os-anos-do-super-8/


A renda da programação será destinada ao projeto Futuro Audiovisual RS. 

https://www.futuroaudiovisualrs.com/


GRADE DE HORÁRIOS

06 a 12 de junho de 2024


06 de junho (quinta-feira)

15h – Terra

17h – As Linhas da Minha Mão

19h – A Margem


07 de junho (sexta-feira)

15h – As Linhas da Minha Mão

17h – O Crime de Monsieur Lange

19h30 – Curtas da Saturno Filmes + debate


08 de junho (sábado)

15h – As Linhas da Minha Mão

17h – De Certa Maneira

19h – Daguerreótipos


09 de junho (domingo)

15h – As Linhas da Minha Mão

16h30 – Os Anos do Super 8

18h – O Profundo Desejo dos Deuses


11 de junho (terça-feira)

15h – Nós

17h – As Linhas da Minha Mão

19h – Batismo Fatal


12 de junho (quarta-feira)

15h – Sobre L'Adamant

17h – As Linhas da Minha Mão

19h – PomPoko: A Grande Batalha dos Guaxinins

terça-feira, 4 de junho de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Amigos Imaginários'

Sinopse: Depois de descobrir que pode ver os amigos imaginários de todos, uma garota embarca em uma aventura mágica para reconectar amigos imaginários esquecidos. 

O ator John Krasinski surpreendeu o mundo ao dirigir "Um Lugar Silencioso" (2018), filme de horror e ficção que deu o que falar e gerando até mesmo uma franquia. Porém, a meu ver, ele não irá querer se limitar somente a esse gênero, sendo que em termos de atuação ele até se aventurou em "Doutor Estranho - No Multiverso da Loucura" (2022). Em "Amigos Imaginário' (2024) ele surpreende novamente ao dirigir um filme juvenil cheio de conteúdo, que faz nos lembrar de uma época mais inocente da infância e nos remetendo sobre o que nos faz realmente humanos.

O filme conta a história de Bea (Cailey Fleming), uma jovem que adquire a habilidade de ver os amigos imaginários de todas as pessoas após sofrer um evento traumático. Quando Cal (Ryan Reynolds) descobre seu extraordinário poder, ele se junta com Bea e os dois se unem para uma missão emocionante que jamais pensaram ter. A missão, faz com que as demais pessoas da cidade possam rever os seus amigos imaginários novamente.

Quando criança eu sempre gostava de imitar os movimentos dos desenhos animados, ou imaginar estar ao lado deles em meio a grandes aventuras. Se eu tive um amigo imaginário ou não eu não sei, mas sei que era uma época mágica, dourada e cheio de riquezas que vinham através da minha imaginação. O filme de John Krasinski me trouxe à tona isso, pois ao que tudo indica estamos cada vez mais atarefados com o nosso dia a dia, fazendo a gente se esquecer da simplicidade e de sonhos que ainda podem ser alcançáveis.

Curiosamente, o filme possui um teor que nos remete ao cinema mais simples, mais singelo e principalmente ao que era visto nos anos oitenta e começo dos anos noventa. Alguns poderão dizer que o filme se sustenta através dessa onda nostálgica que todos estamos desfrutando atualmente, mas o longa possui personalidade própria através de sua mensagem positiva e através de ótimas e belas passagens da trama. A cena em que a avó da menina dança como antigamente, cuja música ao fundo remete a um grande clássico do cinema, está entre os melhores momentos da obra.

Uma coisa curiosa é os seus efeitos visuais que, embora vários, são usados em prol da história e sem jamais polui-la. Em uma determinada cena, por exemplo, o personagem de Ryan Reynolds sai de uma pintura e fazendo com que ficasse todo sujo de tinta. A cena em si me lembrou fortemente, tanto o clássico "Sonhos" (1990) do mestre Akira Kurosawa, como também o pouco lembrado, mas que deve ser redescoberto "Amor Além da Vida" (1998).

Falando em Ryan Reynolds é sempre bom vê-lo à vontade sendo um verdadeiro canastrão, mas não de forma negativa, mas sim sabendo se casar com a proposta principal da obra. Já Cailey Fleming também se sai bem ao fazer uma jovem que conhece a dor da perda, mas tendo uma força interna que a faz embarcar nesta incrível aventura e fazendo despertar nela uma força que até então ela desconhecida. Atenção para a cena em que ela conhece o lar dos amigos imaginários e que não deve nada a nenhum lugar mágico dos contos literários.

Com pouco mais de uma hora e meia, o filme cumpre o que promete, ao entreter as crianças, mas ao mesmo tempo despertando uma grande carga de reflexão para os adultos que forem assistir a obra. Em tempos em que cada vez mais a sociedade está presa em seus trabalhos e redes sociais é sempre bom ver um filme que nos ensina a voltar a usar as nossas mentes e liberar a nossa imaginação para voltarmos a sermos ricos em espírito. "Amigos Imaginários" é uma grata surpresa para os cinéfilos de todas as idades e principalmente para aqueles que nunca se limitaram no seu poder de sonhar. 

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segunda-feira, 3 de junho de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Furiosa: Uma Saga Mad Max'

Sinopse: Filme que conta a origem de Furiosa e os motivos que a levaram a se tornar o que se tornou.  

George Miller entrou para lista dos principais cineastas do mundo ao realizar a trilogia clássica "Mad Max" (1979 - 1985). Trinta anos depois ele surpreendeu novamente com o seu "Mad Max - Estrada Fúria" (2015), filme vencedor de seis Oscars e que é sem sombra de dúvida um dos melhores filmes nestes primeiros anos do século vinte um.  Eis que então o realizador retorna a esse universo apocalíptico em "Furiosa - Uma Saga Mad Max" (2024), longa que não supera a obra anterior, mas que novamente nos dá aulas de como se faz um belo filme de ação.

A trama se passa anteriormente aos eventos que a gente havia testemunhado no longa anterior. Aqui vemos a origem de Furiosa, sendo interpretada pelas atrizes Alyla Brownee e posteriormente por Anya Taylor-Joy, onde vemos como ela foi raptada do seu lar por lacaios do senhor da guerra Dementus (Chris Hemsworth). Buscando vingança, Furiosa se cria em meio aqueles que um dia ela mesmo terá que enfrentar ao lado de Mad Max.

Diferente do filme anterior, George Miller decide tirar o pé do acelerador, ao menos na primeira hora de filme, pois ele deseja que a gente entenda a construção de origem da personagem Furiosa. Por um momento até achamos que não estamos vendo um filme do realizador, já que os elementos que moldam a protagonista nos são apresentados de forma gradual, como se ele quisesse que as justificativas do olhar cheio de dor e ódio da protagonista fizessem algum sentido para nós. Neste último caso o resultado acaba se tornando eficaz, pois a transição entre as duas atrizes que interpretam a personagem quase não é sentida, pois ambas carregam o mesmo olhar de peso que ela  obteve ao longo de sua jornada.

Infelizmente o realizador peca um pouco com o uso do CGI, ao menos na primeira hora do filme, onde claramente se vê que várias passagens da trama foram filmadas em estúdio e diminuindo assim a sensação de peso que tinha em abundância no filme anterior. Mas isso acaba sendo um pouco contornado pelo fato dos mais diversos tipos de absurdos que aquele mundo pós-apocalíptico nos é apresentado se tornem uma cortina de fumaça e evitando que o CGI não nos incomode muito. Porém, quando o realizador coloca a Máquina de Guerra na pista é então que retornamos ao que há de melhor na saga Mad Max.

Embora não tenha aquela aceleração quase enlouquecedora de "Estrada da Fúria", as cenas de ação são muito bem filmadas, sendo que a primeira cena de Anya Taylor-Joy com a Máquina de Guerra é digna de nota. É neste ponto, por exemplo, que surge Praetorian Jack (Tom Burke), personagem que possui todos os traços de um guerreiro da estrada assim como Mad Max e que se tornará grande aliado para a protagonista, mesmo nos momentos desesperadores e que irá desafiar a força de vontade da própria. Falando em Mad Max, aguarde pela rápida, porém, importante aparição do personagem e nos dando a entender que ele sempre esteve por perto dos principais eventos dessa terra devastada.

Vale salientar que o filme fortalece ainda mais os tempos do subgênero "bikes movies", onde as tramas eram quase sempre envolta de gangues e arruaceiros com as suas motocicletas envenenadas e que fizeram bastante sucesso nos anos setenta. George Miller fortaleceu esse tipo de filme com a sua trilogia original e, assim como o filme anterior, elas retornam aqui com força e nos brindando da maneira de como devem ser feitas as cenas de ação de verdade com essas máquinas. É uma pena, portanto, que nem todos irão captar a verdadeira mensagem com relação a elas, pois está mais do que na hora do CGI ser deixado totalmente de lado e voltarmos para um cinema mais cru e cheio de realismo.

É claro que é um filme que não agradará a todos, principalmente para aqueles que prezam por filmes mais convencionais, ou até mesmo por aqueles que somente aceitam o universo de Mad Max com o astro original que foi Mel Gibson. Outro fator que gerará debate é a interpretação de Chris Hemsworth como vilão principal, sendo que o seu trabalho nos soa caricato em diversos momentos e nos fazendo até mesmo rir do que temer a sua presença. Não sentimos ódio ou raiva quando surge o personagem, mas somente através de Furiosa que deseja a sua vingança e  o que torna outro ponto negativo para o longa.

Para concluir, o filme vem em um momento que não sabemos ao certo onde o cinema irá parar. Em tempos de esgotamento do CGI, além de outros gêneros que se encontram meio moribundos, George Miller vem para nos dizer que cabe usar as velhas fórmulas de sucesso como se fazia antigamente, mas também usá-las com que há de melhor com a tecnologia atual, desde que não polua a trama. Não é uma tarefa fácil, sendo que requer até mesmo gastos astronômicos, mas tudo é válido para talentos que amam o cinema como um todo.

"Furiosa: Uma Saga Mad Max" é George Miller e cinema puro na veia e onde não há espaço para sutilezas em meio a crise que a Hollywood atual enfrenta. 

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