Sinopse: Muitas sociedades de macacos cresceram desde quando César levou seu povo a um oásis, enquanto os humanos foram reduzidos a sobreviver e se esconder nas sombras.
Desde que o clássico "O Planeta dos Macacos" (1968) estreou nos cinemas a sua história se expandiu por continuações, séries, desenhos e até HQ. A última trilogia comandada magistralmente por Matt Reeves se encerrou de forma digna, ao ponto que a ideia de continuar com novas histórias após o encerramento daquela história significaria um alto risco. Mas foi então que eles se arriscaram e assim veio "Planeta dos Macacos: O Reinado" (2024), filme que não possui exatamente um equilíbrio perfeito dos filmes anteriores, mas respeita o que já foi construindo e expandindo a ideia para novos rumos.
Dirigido dessa vez por Wes Ball, de "Maze Runner - Correr ou Morre" (2014), o filme se passa 300 anos após os eventos em que César levou o seu povo para uma terra tranquila, mas pagando com a sua própria vida. Nesta nova realidade, a sociedade dos macacos está dividida, sendo que o clã dos pássaros desconhece a história do grande líder que foi César. Porém, um outro grupo de macacos usa a história dele para se tornarem mais poderosos e fazendo com que a sociedade dos macacos se vê completamente dividida.
Embora possua um laço forte com relação a trilogia original, esse novo filme convida até mesmo aquele marinheiro de primeira viagem que nunca tinha visto nenhum capítulo da franquia. Os primeiros minutos, por exemplo, são eficazes para nos localizarmos na história e fazendo com que a gente foque as ações e consequências do protagonista Noa, vivido pelo ator Owen Teague. Noa é o típico personagem que participa da já conhecida "Jornada do herói", e do qual ele busca saber qual o seu verdadeiro papel dentro do seu clã.
Uma vez que acontece o embate entre os clãs é então que o filme ganha ares de um verdadeiro faroeste, aonde o protagonista vai em busca de seus amigos e famílias raptados e que fará de tudo para reavê-los. Curiosamente, é neste ponto que a obra me lembrou muito também “Apocalypto" (2006), épico de Mel Gibson e cuja jornada de ambos os protagonistas possuem certa similaridade e cuja razão e crença fazem parte dos ingredientes principais da história. É notório, por exemplo, que o nome César acabou sendo usado de forma errônea por outros clãs e se criando assim uma certa familiaridade com relação ao que as diversas religiões do mundo real fizeram ao promover as suas ideias retóricas com o nome de Cristo.
Curiosamente, o filme não é somente uma mera continuação da trilogia anterior, como também possui elementos familiares vistos no primeiro grande clássico lançado em 1968. Logicamente que há uma intenção desses novos filmes se conectarem cada vez mais ao filme original, mas desde que consigam obter uma identidade própria e se sustente individualmente. Embora esse capítulo consiga isso, por outro lado, se percebe uma preocupação por essa conexão, o que pode gerar um certo esgotamento de ideias, mesmo quando esse nível não chega ameaçar a obra como um todo.
O debate sobre o papel do ser humano e do macaco estão ainda muito presentes, ao ponto de que esse embate possa voltar a crescer novamente em uma eventual continuação. Essa observação é ainda mais fortificada principalmente com a presença da personagem Nova, vivida pela atriz Freya Allan e que consegue construir para a sua personagem uma carga de ambiguidade tão forte que nunca sabemos ao certo se devemos ou não confiar na sua real pessoa. Mas se por um lado ela carrega essa dúvida, do outro, o vilão proximus caesar, vivido por Kevin Durand, descarrega todo o seu lado megalomaníaco em querer obter a tecnologia dos humanos e fazendo dele sim um vilão escancarado ao longo da trama.
Embora o final feche de forma mais do que satisfatória, ao mesmo tempo, ela nos dá certos ganchos para uma eventual continuação. A meu ver, o estúdio terá que fazer trabalho redobrado para que essa nova trilogia nos convença, mesmo com os pontos positivos dessa nova história. Até aqui, a história não se repete, embora corra o risco de começar a adentrar no território de Déjà vu.
"Planeta dos Macacos: O Reinado" é um ótimo filme que respeita a trilogia anterior, mas ficando no ar a dúvida se irá ter força em continuar a franquia nas telas do cinema.
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