Temos o prazer de convidá-lo(a) a celebrar conosco o aniversário de 75 anos do Clube de Cinema de Porto Alegre. Será uma ocasião especial realizada no dia 13 de Abril, a partir das 19h na Casa de Cultura Mario Quintana. Haverá uma cerimônia com homenagens, e a exibição do filme "O Samurai" (Jean-Pierre Melville, 1967). Abaixo segue um release com mais informações sobre o evento, e gostaríamos que o compartilhasse com seus contatos e em suas redes sociais. Agradecemos antecipadamente por seu apoio, e esperamos poder contar com sua presença em nossa celebração!
75º Aniversário do Clube de Cinema de Porto Alegre
O Clube de Cinema de Porto Alegre completa 75 anos no dia 13 de abril de 2023, e para celebrar esta data tão especial, será realizado na Casa de Cultura Mario Quintana um coquetel às 19h, seguido de uma sessão de cinema na Sala Paulo Amorim, às 20h. O filme escolhido é "O Samurai", um clássico francês dirigido por Jean-Pierre Melville, lançado em 1967 e estrelado por Alain Delon.
O CCPA foi fundado pelo crítico Paulo Fontoura Gastal em 1948, reunido com jornalistas, cinéfilos e intelectuais de Porto Alegre para se dedicarem à expansão da cinefilia na cidade, no estado e no país, com a ideia de trazer pessoas para discutirem sobre filmes. Desde então se tornou um lugar de vivência e formação para os apaixonados pelo audiovisual em Porto Alegre. Em tempos de streaming, o Clube é espaço de resistência, através de uma curadoria que prioriza os lançamentos das salas parceiras, filmes experimentais, ciclos temáticos, e faz um resgate dos grandes clássicos. Também são tradicionais as sessões especiais que promovem o encontro com diretores e artistas que realizaram os filmes, além do café depois da exibição para debates e divagações. É acima de tudo um clube de afetos, como dizem os membros.
Atualmente, o Clube de Cinema oferece sessões semanais, todos os sábados às 10h15min., em uma das salas associadas: Cinemateca Paulo Amorim, CineBancários, Cine Farol Santander, Cinemateca Capitólio, Espaço de Cinema Bourbon Country e Sala Redenção (UFRGS). O CCPA também promove exibições especiais em algumas noites de terça-feira e domingos pela manhã. A anuidade para se tornar membro é no valor de R$180, mas são bem-vindos todos que quiserem conhecer o Clube de Cinema. Trata-se de uma organização sem fins lucrativos, composta por voluntários que se dedicam para manter viva a paixão pelo cinema em Porto Alegre.
A escolha do filme "O Samurai" para a celebração do aniversário do Clube de Cinema não poderia ser mais apropriada. O filme é um dos grandes clássicos do cinema francês, que narra a história de um assassino profissional solitário e metódico que se vê enredado em uma complexa teia de conspirações. Alain Delon, que interpreta o protagonista, entrega uma performance brilhante e icônica, tornando a exibição da obra também uma homenagem a esse grande ator.
O evento do dia 13 de Abril será uma ocasião especial para celebrar os 75 anos de história e legado do Clube de Cinema de Porto Alegre, que tem sido um importante ponto de encontro para cinéfilos de todas as idades e perfis. O coquetel antes do filme contará com homenagens a algumas personalidades que tornaram essa história possível e longeva. A exibição de "O Samurai" será uma oportunidade única para os amantes do cinema apreciarem uma obra-prima da sétima arte na recentemente renovada Sala Paulo Amorim. A entrada é franca.
Venha comemorar os 75 anos do Clube de Cinema de Porto Alegre em grande estilo, com esse evento especial!
Sobre o Filme: 'O Samurai'
A Nouvelle Vague foi um movimento cinematográfico que mudou o modo de se fazer cinema francês e que, posteriormente, serviu de inspiração para o resto do mundo. Com uma leva de jovens cineastas, os mesmos decidiram sair para ruas de Paris, sendo que abertura do clássico "Os Incompreendidos" (1959), François Truffaut, é o melhor representante desta iniciativa. Não é à toa que o movimento serviu de inspiração para o cinema mundial, principalmente para que o cinema norte americano parasse de vender um cinema fantasioso e desse início ao seu movimento intitulado "Nova Hollywood".
Porém, os próprios realizadores franceses buscaram inspiração através do cinema norte americano para a realização dos seus filmes. O subgênero "Noir" norte-americano foi um movimento que atraiu bastante os cineastas franceses devido a sua estética, ousadia e a sua peculiaridade moldada por personagens cínicos e nenhum pouco altruístas. "Acossado" (1960), de Jean-Luc Godard, não somente se tornou um dos pilares do movimento Nouvelle Vague, como também possui um estilo "noir" e que serviria de inspiração posteriormente para outros filmes durante a década de sessenta.
Talvez o melhor representante dessa leva tenha sido mesmo Jean-Pierre Melville, sendo um realizador apaixonado pelo cinema norte americano dos anos quarenta e cujo o "noir" é o que mais lhe atraia. "Bob, O Jogador" (1956) e "Técnica de Um Delator" (1962) serviram de laboratório para o que ele nos serviria posteriormente e cuja fórmula do "noir" usaria até o fim de sua carreira. "O Samurai" (1967) não é somente o melhor filme de sua carreira, como também um dos melhores representantes de "noir francês" elegante e que tanto atraiu as plateias daquela época.
O filme conta a história de Jeff Costello (Alain Delon), um assassino profissional metódico e perfeccionista. Seus atos são cuidadosamente planejados nos mínimos detalhes e ele nunca foi surpreendido em ação. Uma noite, porém, ele é flagrado por uma testemunha durante uma execução. A partir de então sua vida transforma-se num inferno.
No passado, o samurai foi guerreiros a serviço do Império japonês, mas que posteriormente começaram a serem também homens solitários que praticavam determinado trabalho ilícito de acordo com o valor que eles obtinham. O termo é usado para descrever aqui o protagonista como um todo, principalmente na abertura do filme, onde vemos o mesmo solitário em seu apartamento, do qual possui poucos moveis e tendo consigo um passarinho como companheiro. O pequeno ser preso dentro de uma gaiola é uma representação do próprio protagonista, onde se vê preso pelo caminho em que trilhou e do qual não acha escapatória.
Jean-Pierre Melville demonstra uma força perfeccionista nos primeiros dez minutos de projeção, onde ficamos acompanhando passo a passo o modo de agir do protagonista, desde a forma em que coloca o seu chapéu, como também da maneira como anda para não tentar chamar atenção. Pelo fato de os primeiros minutos não sabermos ao certo com relação ao que o protagonista faz, nós achamos que ele seria uma espécie de detetive particular bem ao estilo do personagem de Humphrey Bogart do clássico "Relíquia Macabra" (1941), já que a sua figura com o cigarro na boca muito se aproxima dessa ideia. Além disso, aqui nos é apresentado uma Paris quase sempre chuvosa, onde as luzes e sombras se entrelaçam e não faltando as clássicas sombras das persianas vinda das janelas.
Uma vez que descobrimos que o protagonista é um matador profissional, logo testemunhamos que algo dá errado em sua última missão e começa um jogo de gato perseguindo o rato no primeiro ato da trama. Ficamos sempre nos perguntando quando o protagonista será pego, porém, as figuras femininas centrais da trama talvez sejam o único meio dele obter uma redenção, ou então a sua perdição. Vale salientar que o cineasta não se esqueceu desse pequeno detalhe, ou seja, das famosas femme fatale, que se tornam uma grande ajuda, ou o derradeiro calcanhar de Aquiles para o protagonista.
Tendo atuado em filmes como "Rocco e Seus Irmãos" (1960) e "O Leopardo" (1963), Alain Delon obtém aqui uma de suas atuações mais lembradas, onde sua expressão fria e calculista marcaria uma geração inteira e serviria de influência até mesmo para os protagonistas durões do cinema de ação norte americano dos anos setenta. Neste último caso, sua imagem de um cavaleiro solitário dentro de um apartamento, cuja violência está a sua espera do outro lado da porta, serviria até mesmo de inspiração para a construção do protagonista Taxi Drive de Martin Scorsese ou de "O Matador" de john woo. Uma atuação digna de nota e difícil de imaginar outro em seu lugar nesta obra.
A meu ver, "O Samurai" não se limitou somente ao prestar uma homenagem ao subgênero "noir", como também serviu de laboratório sobre a melhor maneira de se fazer um filme policial na década seguinte. Infelizmente esse modelo duraria até o final dos anos setenta, sendo que seria explorado ao máximo no território norte americano, mas cujo mesmo foi trocado por mais ação e protagonistas musculosos. Uma época que não volta mais, mas que nunca custa revisitar.
"O Samurai" é uma verdadeira aula de perfeccionismo e elegância e que infelizmente não é algo que se faz mais hoje em dia.
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