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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Cine Dica: Em Cartaz - 'Força Bruta'

Sinopse: No Vietnã para extraditar o suspeito de um crime, um policial forasteiro acaba se deparando com um assassino. 

O cinema da Coreia do Sul explora todos os gêneros conhecidos, mas sendo quase todos em um grau elevado e que se diferencia dos outros países. Em filmes de ação, por exemplo, pode-se esperar um número elevado de mortes, por vezes, exageradas e quase cartunescas diga-se passagem. "Força Bruta" (2022) é um filme policial em larga escala, violento, muito bem filmado, mesmo não trazendo nada de novo ao gênero.

Protagonizado por Don Lee (Os Eternos e Invasão Zumbi), o ator dá vida ao policial  Ma Seok-do que utiliza a força física de uma forma exagerada para executar suas missões. Em viagem ao exterior para repatriar um criminoso, a confusão é armada quando o policial percebe que a boa vontade do criminoso parece ser grande demais para quem será preso após confessar o conhecimento e participação em tantos assassinatos brutais. É então que ele começa uma investigação nada protocolar e segue uma trilha sangrenta até chegar ao assassino Hae-sang (vivido por Sukku Son).

O filme possui todos aqueles ingredientes de filmes de ação policial, desde ao protagonista ser durão, algo recorrente desde os tempos de "Perseguidor Implacável" (1971), como também ser protagonizado por uma dupla que protagoniza alguns momentos cômicos e sendo algo que foi bastante visto na franquia "Máquina Mortífera" (1987). Agora, pegue todas essas fórmulas conhecidas e misture com tudo que já foi apresentado no cinema coreano em termos de violência, vide "Old Boy" (2003) ou "Invasão Zumbi" (2016) e tem um filme que se destaca dentro do gênero que hoje, convenhamos, se encontra desgastado.

Para o começo de conversa, é interessante que quase não é usado armas de ambos os lados do conflito, sendo que o protagonista usa mais os punhos enquanto os vilões, principalmente o principal, usa fações. O resultado é um banho de sangue e violência, desde ao típico interrogatório politicamente incorreto, como também determinadas lutas no corredor em que os personagens irão perder uma mão ou uma orelha. Não espere explicações sobre o porquê do vilão ou os seus comparsas serem tão violentos, pois não há explicação plausível, sendo que eles são apenas vilões que praticam a violência com gosto e sem nenhum remorso.

Curiosamente, o filme possui alguns momentos de desaceleração com relação a violência e dando mais espaço para o humor justamente através do protagonista e de seus colegas que se atrapalham perante as atitudes imprevisíveis do mesmo em fazer justiça.  Don Lee é um daqueles casos de atores grandalhões, mas que possui certo talento, sendo que o seu desempenho me lembra um pouco de Dave Bautista, do filme Guardiões da Galáxia (2014), porém, com muito mais talento na veia. Como não poderia deixar de ser, o final é previsível e dando espaço, logicamente, para uma inevitável continuação.

"Força Bruta" é um filme de ação Coreano em larga escala, com trama simplória, mas com alto grau de violência e que respinga sangue para o lado de fora da tela.     


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terça-feira, 8 de novembro de 2022

Cine Especial: Sessão do Clube de Cinema de Porto Alegre - 'Noites de Paris'

 Nota: Filme exibido para os associados no último Domingo (06/11/22)  

Sinopse: No início dos anos 1980, a eleição do socialista François Mitterrand é festejada com esperança pelos franceses - mas Elizabeth acaba de se separar do marido e precisa cuidar sozinha dos dois filhos adolescentes. O emprego noturno em uma rádio surge como fonte de renda alternativa e também como uma possibilidade de recomeçar, principalmente depois que a protagonista decide levar para casa uma jovem problemática chamada Talulah. 

Em um momento em que o Brasil está vivendo uma espécie de transição após as últimas eleições é sempre interessante assistirmos um filme que fale de eleições passadas como pano de fundo enquanto acompanhamos a história dos protagonistas. No recente "Mudança", por exemplo, vemos o amor e a amizade entre pai e filho enquanto cada um caminha em cruzadas distintas enquanto o Brasil retorna para redemocratização, pois a trama se passa em 1985. Já "Noites de Paris" a trama se passa na França, porém, com a mesma proposta, onde as eleições com a vitória socialista servem como pano de fundo enquanto os protagonistas terão que administrar as suas próprias vidas para seguirem em frente enquanto os rumos do país ainda se encontram indefinidos naquele ponto.

Com direção de  Mikhaël Hers, o filme começa em 1981, onde ocorrem eleições, as comemorações que vão se espalhando pelas ruas e há um ar de esperança e mudança em Paris. Mas para Elisabeth, seu casamento está chegando ao fim e agora ela terá que sustentar a si mesma e seus dois filhos adolescentes. Após ser deixada por seu marido, Elisabeth se vê sozinha, responsável pelo cuidado diário de sua família. Ela consegue um emprego em um programa de rádio noturno, onde conhece Talulah, uma adolescente problemática que ela decide acolher, a convidando para sua casa. Com eles, Talulah experimenta o calor de uma família pela primeira vez e seu espírito livre tem uma influência transformadora naquela casa. Elisabeth e seus filhos ganham confiança e começam a correr riscos, mudando também a trajetória de suas vidas.

Com várias citações à obra do cineasta francês Jacques Rivette (1928 - 2016), que Hers considera seu grande mestre, o filme começa com cenas que, ao que tudo indica são realmente reais, mostra o povo francês socialista comemorando com as suas bandeiras enquanto testemunhamos a aparição da primeira protagonista da trama. Talulah (Noée Abita) parece vagar na noite enquanto tenta escolher um destino para se locomover enquanto os demais franceses comemoram sem se preocupar com o amanhã. Talulah seria uma parte dessa sociedade em metamorfose francesa daqueles tempos, da qual se encontra perdida nesta realidade e buscando um meio de se encontrar antes que acabe caindo e sem chances de voltar.

Já Elisabeth (Charlotte Gainsbourg) não é muito diferente de Talulah, já que ela se encontra perdida agora sem o marido, sem emprego e não sabendo ao certo como se sustentar e tão pouco os seus filhos. Porém, com a Talulah ela procura não somente em fazer uma boa ação, como também buscar uma redenção para si e para que se possa se reerguer. O que ela põe em prática, portanto, seria uma espécie de síntese com relação aos percursos em que o país estava passando, ao estender a mão para ajudar o próximo e se criando assim uma união maior para não cair nas armadilhas da apreensão de um futuro incerto.

Com relação a isso, por exemplo, os filhos de Elisabeth representam os dois lados da moeda daquele universo francês dos anos 80. Enquanto o seu filho ainda não sabe ao certo os rumos em que irá trilhar, sua filha, por sua vez já tem consciência sobre o acredita e começando a pôr em prática a sua vida política em meio as transições e mudanças que ocorre pelo país e dentro de sua família. Neste último caso, por exemplo, Elisabeth começa a sentir as mudanças, ao ponto em tentar se realizar aos poucos com as pessoas, mas tendo ainda a sombra do passado batendo a sua porta.

O passado, aliás, é algo corriqueiro que acontece durante a trama, já que determinadas figuras ligadas aos personagens nunca aparecem, desde o marido ausente de Elisabeth como no caso dos pais de  Talulah que não sabemos ao certo o destino deles. Em ambos os casos vemos as protagonistas tentando amadurecer perante a essa nova realidade, pois se não tomam uma providencia ficarão para trás durante os anos que viram a seguir. Das duas, Talulah é o que corre um risco maior de se perder pelo caminho, mas é graças a boa vontade da família de Elisabeth é que ela pode começar um novo percurso.

Curiosamente, é através da cultura francesa que se torna uma das principais armas para que os protagonistas tomem novas iniciativas. Se Elisabeth se encontra através de um trabalho pela rádio e na leitura dos livros, por outro lado, Talulah se reencontra através da magia do cinema e onde o realizador presta uma grande homenagem ao já citado Jacques Rivette. Além disso, é preciso destacar os momentos em que a trilha sonora, composta pelo compositor David Sztanke, se acentua, principalmente quando os protagonistas se sentem sozinhos, mas ao mesmo tempo se colocando novamente nos trilhos.

Na reta final da trama, testemunhamos cada vez mais esses personagens se unindo para continuarem sobrevivendo, mesmo que cada um caminhe na estrada pessoal que escolheram. Elisabeth talvez não estivesse preparada com relação as mudanças em que o país e sua família iriam passar. Contudo, é importante olhar para trás e se dar conta que talvez não tenha sido tão difícil enfrentar o tempo que nunca pára e que devemos saber dançar conforme vai tocando a música.

"Noites de Paris" fala sobre a união familiar em meio as mudanças políticas de um país, mas é justamente a partir das mudanças que se pode caminhar em uma nova direção e para sim obter um rumo melhor.  

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Cine Dica: Mostra Campus Antropoceno Brasil

Um filme para Ehuan

De 8 a 16 de novembro, a Cinemateca Capitólio recebe a mostra Campus Antropoceno Brasil. A programação apresenta produções contemporâneas que nos oferecem uma visão ecológica ampliada, apontando para uma visão de mundo que contempla múltiplas formas de existência e relações humanas e não-humanas. Os títulos tratam da crise climática, das cosmovisões de povos originários, do extrativismo, do consumo e do desperdício e das utopias sobre o futuro. Uma seleção de filmes internacionais – com documentários e experimentações etnográficas – e nacionais – notadamente do cinema indígena.

A sessão de abertura apresenta, na terça-feira, 8 de novembro, às 19h, a sessão comentada de dois filmes, Tava, a casa de pedra, Vincent Carelli, Ernesto de Carvalho, Patricia Ferreira e Ariel Duarte Ortega, e Opy’i regua, de Sérgio Guidoux e Julia Gimenes.


Toda a programação tem entrada franca.


Curadoria: Anelise De Carli

A Mostra Campus Antropoceno Brasil é uma correalização com o Goethe-Institut Porto Alegre, com apoio da Cinemateca Capitólio, da Plataforma de Antropologia e Respostas Indígenas à COVID-19 (PARI-c), do Sensory Ethnography Lab da Harvard University e do forumdoc.bh.


Mais informações: https://campusantropocenobrasil.com/mostra/


GRADE DE HORÁRIOS

8 a 16 de novembro de 2022


08/11 TERÇA

15h  “Ecocídio”, Andres Veiel

16h30  “Quando o meu mundo era mais mundo”, Déborah Danowski e Frederico Benevides

17h “Um filme para Ehuana”, Louise Botkay

“Urihi Haromatipë – Curadores da terra-floresta”, Morzaniel Yanomami


19h SESSÃO COMENTADA

“Tava, a casa de pedra”, Ariel Kuaray Ortega

“Opy’i regua”, Sérgio Guidoux” e Julia Gimenes


09/11 QUARTA

15h Seleção de curtas PARI-c

16h30 “Ah humanity!”, Ernst Karel, Véréna Paravel, Lucien Castaing-Taylor

“Single Stream”, Pawel Wojtasik, Toby Kim Lee, and Ernst Karel

17h “Fukushima, mon amour”, Doris Dörrie

19h “Como se vê”, Harun Farocki


10/11 QUINTA

15h “Tava, a casa de pedra”, Ariel Kuaray Ortega

“Opy’i regua”, Sérgio Guidoux e Julia Gimenes

17h “Comedores de ferro”, Shaheen Dill-Riaz

19h “Leviathan”, Véréna Paravel e Lucien Castaing-Taylor


11/11 SEXTA

15h “Queridas crianças do futuro”, Franz Böhm

17h “The New Serenity, 2038”, Christopher Roth

19h “Quando o meu mundo era mais mundo”, Déborah Danowski e Frederico Benevides

“Urihi Haromatipë – Curadores da terra-floresta”, Morzaniel Yanomami


12/11 SÁBADO

15h Seleção de curtas PARI-c

17h “Tava, a casa de pedra”, Ariel Ortega

“Opy’i regua”, Sérgio Guidoux e Julia Gimenes

18h30 “Como se vê”, Harun Farocki


13/11 DOMINGO

15h “Leviathan”, Véréna Paravel e Lucien Castaing-Taylor

17h “The New Serenity, 2038”, Christopher Roth

19h “Fukushima, mon amour”, Doris Dörrie


15/11 TERÇA

15h “Comedores de ferro”, Shaheen Dill-Riaz

17h “Queridas crianças do futuro”, Franz Böhm

19h “Como se vê”, Harun Farocki


16/11 QUARTA

16h “Ah humanity!”, Ernst Karel, Véréna Paravel, Lucien Castaing-Taylor

“Single Stream”, Pawel Wojtasik, Toby Kim Lee, and Ernst Karel

17h Ecocídio, Andres Veiel

18h30 “Quando o meu mundo era mais mundo”, Déborah Danowski e Frederico Benevides

19h “Um filme para Ehuana”, Louise Botkay

“Urihi Haromatipë – Curadores da terra-floresta”, Morzaniel Yanomami

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre - ‘Ensina-me a Viver’

Nota: Filme exibido para associados e não associados na Sala Redenção, Campus Central da UFRGS no último sábado (05/11/2022).

Sinopse:  Baseado num roteiro que foi lançado como romance por Collin Higgins, o filme conta a história de Harold e Maude, que formam um estranho casal. Ele é jovem e obcecado pela morte. Ela é uma septuagenária apaixonada pela vida. Harold faz Maude rir com os relatos de seus suicídios fracassados e ela ensina ao jovem algumas lições de vida. 

Hal Ashby foi uma peça interessante e do qual fez parte da "Nova Hollywood", período contestador do cinema americano e fazendo aflorar maior liberdade para os seus cineastas autorais. O realizador possuía uma maneira um tanto que peculiar em transitar entre o gênero comédia com pinceladas de humor, por vezes, mórbido e bem reflexivo. "Muito Além do Jardim" (1979), por exemplo, é uma sátira de uma sociedade movida por regras do sistema capitalista enquanto o seu protagonista enxerga aquela realidade por outra perspectiva.

Antes disso, porém, ele havia lançado "Ensina-me a Viver" (1971), filme que a crítica especializada da época detestou, o público mal teve tempo de assisti-lo no cinema e ficando apenas uma semana em cartaz. Porém, logo o filme foi ganhando exibições nas cinematecas, ganhando status de cult e hoje figura em diversas listas dos melhores filmes de todos os tempos. Mas porque tanta polêmica no início?

Embora o filme tenha estreado em uma época em que o cinema americano estava totalmente livre do Código Hays, já que o mesmo havia sido extinto em 1968, a indústria ainda enfrentada uma boa parcela da sociedade bastante conservadora, da qual a mesma não via com bons olhos a relação de um jovem rapaz com uma mulher de quase oitenta anos. No meu entendimento, o filme é uma sátira com relação aristocracia norte americana, onde os mesmos acreditavam que tinham tudo, mas obtendo uma vida vazia para se dizer o mínimo. Por conta disso, não é de se estranhar ao vermos o jovem protagonista Harold, brilhantemente interpretado pelo ator Bud Cort, agir como um personagem que mais parece extraído da "A Família Addams", já que ele simula diversas formas de suicídio e provocando assim atritos dentro do seu universo familiar.

Ao encontrar Maude, interpretada pela atriz Ruth Gordon e cuja a mesma ganhou o Oscar de atriz coadjuvante por "O Bebê de Rosemary" (1969), ele consegue obter através dela um outro lado da vida da qual ele não havia experimentado ainda. Maude aprecia visitar funerais, pegar carros de outros sem maior cerimônia e aproveitando os acontecimentos que ocorrem em volta. O ápice do filme é quando ambos protagonistas driblam um policial com a sua moto e cuja a conclusão se torna bastante imprevisível.

Com relação a figura do policial, por exemplo, se percebe que ele é pertencente a lei e a ordem da era Nixon, a serviço dos EUA livre, mas do qual o mesmo se encontrava preso em conflitos sem nenhum sentido.  O país na época ainda estava vivendo dentro da Guerra do Vietnã, da qual acabou se estendendo mais do que devia para o norte americano e somente provocando um número maior de mortes dos quais diversos familiares sentiram. A figura do tio militar do protagonista, por exemplo, é uma verdadeira caricatura da propaganda da era Nixon, da qual não tem como leva-la a sério e rendendo os momentos mais hilários da obra como um todo.

O interessante também é o momento que Harold anuncia para a sua mãe que irá se casar com Maude e fazendo desencadear uma reação de, ao menos, de três controladores deste sistema da época: padre, o tio do exército e o psiquiatra. Cada um desses três personagens representa uma autoridade maior, representadas pela figura presente nos quadros que se encontram atrás deles. Um é Deus, representado pelo Papa, o Estado, representado pela foto do presidente Richard Nixon, e pela ciência, no caso o psicanalista Sigmund Freud. Nenhuma das instâncias consegue entender qual o problema dele, refletindo bem o estado da juventude contestadora da época e sua relação com os pilares da civilização moderna.

Aliás, essa geração contestadora segue em frente mesmo quando ocorre algo que faz com que Harold se desespere, mas não perdendo o que havia sido ensinado para ele. Maude agia na sua forma de acordo com que havia enfrentado no passado, sendo que uma cena em que foca uma determinada numeração em seu braço sintetiza bastante esse meu pensamento. Em sua reta final, optou por enxergar o lado positivo da vida e abrindo as portas para que Harold pudesse esquecer um pouco da morte pois ainda terá bastante tempo para desfrutar e contestar a sua própria realidade.

Com uma ótima trilha sonora composta pelo artista Cat Stevens,  "Ensina-me a Viver" é um grande sobrevivente ao teste do tempo, ao contestar a realidade da época e quebrando tabus antiquados criados pelo sistema.   

 

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Cine Especial: 'A Cruz de Ferro – No Outro Lado do Front'

Sinopse: Uma frente de soldados alemães luta para sobreviver aos ataques soviéticos na Segunda Guerra Mundial, contando com a liderança do novo comandante, o condecorado oficial Steiner, que busca apenas uma coisa: a Cruz de Ferro para honrar sua família. 

O recente filme alemão "Nada de Novo no Front" (2022) mostra o outro lado da 1ª Guerra Mundial, mais precisamente adentrando ao dia a dia de um grupo de soldados alemães que são jogados dentro do conflito como gado e serem abatidos ao longo do percurso. Já no outro lado do mundo, por muito tempo, o cinema norte americano sempre orquestrou em retratar os seus soldados como os grandes heróis de guerra enquanto os alemães era o puro mal vindo direto do inferno. Porém, independente de qual lado a pessoa esteja, a guerra sempre trará dor e sofrimento para ambos os lados, já que são seres humanos persuadidos em lutar por uma ideia, quando na verdade somente servem como peças descartáveis para lideres autoritários e que não possuem nenhum pingo de humanidade presente para dizer o mínimo.

Claro essa simplicidade com relação entre o bem e o mal dentro das grandes guerras é algo que foi encravado pela própria Hollywood. Na sua era de ouro dos anos 30 e 40, por exemplo, a 2ª Guerra estava a recém se alastrando pela Europa e fazendo com a própria indústria cinematográfica não tivesse tempo para debater sobre o assunto, mas sim correndo contra o tempo para endeusarem os soldados americanos e fazendo dos soldados alemães os verdadeiros agentes do Diabo. Contudo, "A Cruz de Ferro" (1977) é uma produção que se difere das outras, já que os protagonistas são soldados alemães contra os russos e revelando assim o outro lado da história tão pouco explorado.

Dirigido por Sam Peckinpah, realizador do clássico "Meu ódio será tua herança" (1969), a trama se passa em 1943, onde o líder condecorado Rolf Steiner (James Coburn) é promovido a sargento após outra missão bem sucedida, enquanto o arrogante capitão Hauptmann Stransky (Maximilian Schell) torna-se o novo comandante de sua equipe. Após uma batalha sangrenta contra as tropas russas, o covarde Stransky, que não liderou o pelotão, clama que ele comandou o grupo após a morte do verdadeiro tenente que tomou a frente, e pede a condecoração da Cruz de Ferro para satisfazer suas ambições e sua família.

Sam Peckinpah ganhou notoriedade justamente no momento em que o cinema norte americano se tornou mais contestador no período em que muitos de hoje chamam de " Nova Hollywood". Se no clássico "Meu Ódio Será Tua Herança" (1969) ele retratava um grupo de foras da lei que não sabiam fazer nada além de serem ladrões profissionais, aqui ele mostra um grupo de soldados já tendo encarado os horrores da guerra e fazendo com que os mesmos não consigam mais fazer nada, a não ser lutarem e tentarem proteger as suas vidas. Neste caso isso é muito bem representado pelo condecorado Rolf Steiner, brilhantemente interpretado por James Coburn e que começa a enxergar a guerra como uma grande piada pronta.

Para Steiner, não faz mais nenhum sentido obter medalhas, ou tão pouco lutar em nome de Hitler, mas chegando ao ponto que não tem como mais abandonar o conflito, pois o cenário de horror lhe atrai sem ao menos entender o porquê. O ápice nesta questão se encontra em um momento em que ele se vê recuperando-se em um hospital, chegando ao ponto de se relacionar com a sua enfermeira, mas logo tendo o desejo de abandonar essa luz de esperança e embarcar novamente no inferno na terra. Aliás, a cena do hospital é bastante enigmática, já que não sabemos ao certo se o protagonista se encontra em um hospital ou se ainda se vê no meio do tiroteio e sofrendo com os seus próprios delírios.

Revendo o filme hoje se percebe que Sam Peckinpah foi revolucionário na construção das cenas de ação do cinema, pois as mesmas em suas mãos se tornam um verdadeiro balé sangrento e do qual ficamos até mesmo nos perguntando como tudo foi feito. Embora com um orçamento limitado é graças a sua visão autoral que faz toda a diferença, principalmente nas cenas de tiroteio, onde cada bala nós quase vemos sendo disparadas graças a sua câmera lenta, além de testemunharmos os soldados caindo lentamente que nem folhas. Não me surpreenderia se o realizador tenha servido de modelo para o diretor Chinês John Woo, autor de filmes como "A Outra Face" (1997), já que o mesmo se tornaria famoso, tanto no ocidente como no oriente, ao orquestrar diversas cenas de ação em câmera lenta e com muito poesia.

O filme é baseado no livro "The Willing Flesh", de 1955, de Willi Heinrich, que foi rodado na Iugoslávia e teve dinheiro arrecadado de um produtor de filmes pornô. Com esse financiamento, Sam Peckinpah deu uma verdadeira aula de como se faz um verdadeiro filme de guerra e que ficou no mesmo patamar de superproduções da época como no caso de "Patton - Rebelde ou Herói?" (1970). Além de James Coburn o filme possui uma penca de astros conhecidos, como James Mason, David Warner e Santa Berger.

Lançado recentemente em DVD pela Classicline, "A Cruz de Ferro" é um filme que entra facilmente em qualquer lista dos melhores filmes de guerra da história, mas isso graças a coragem e ousadia de Sam Peckinpah ao retratar o outro lado dessa trincheira. 


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Cine Dica: Próxima Sessão do Clube de Cinema de Porto Alegre - 'Touro Indomável'

 Segue a programação do Clube de Cinema na próxima terça-feira.

CICLO NOVA HOLLYWOOD
Sessão comentada Clube de Cinema
ENTRADA FRANCA

Local: Sala Redenção, Campus Central da UFRGS
Data: 08/11/2022, terça-feira, às 19:00 horas

"Touro Indomável" (Raging Bull)
EUA, 1980, 124 min, legendado, 16 anos

Direção: Martin Scorsese
Elenco: Robert De Niro, Cathy Moriarty, Joe Pesci

Sinopse: O pugilista peso-médio Jake LaMotta (Robert De Niro), chamado de "o touro do Bronx", sobe na carreira com a mesma rapidez com que sua vida particular se degrada, graças ao seu temperamento violento e possessivo. Todos ao seu redor são afetados por seu comportamento auto-destrutivo, como seu irmão e empresário Joey LaMotta (Joe Pesci) e sua esposa Vickie (Cathy Moriarty).

Atenciosamente,
Carlos Eduardo Lersch
Diretor de Programação CCPA.

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Cine Dica: Curso Trilha Sonora nos filmes


 O som que produz magia

APRESENTAÇÃO

O Cinema nasceu mudo, mas nunca foi silencioso. Desde o final do século XIX, quando os filmes começaram a ser exibidos em sessões públicas e coletivas, a experiência da apreciação fílmica era frequentemente acompanhada de orquestras ou pianistas solo em apresentações ao vivo na sala de exibição. Desde aqueles tempos pioneiros houve o entendimento que a música é um excelente recurso técnico para captar a emoção do espectador e transportá-lo para dentro da narrativa.

A Trilha Sonora torna a narrativa mais densa e rica, harmonizando-se com as outras técnicas cinematográficas e gerando uma experiência emocional original. Compor uma trilha sonora exige que os responsáveis por ela meditem com cuidado sobre seu desenvolvimento e utilizem ferramentas e recursos teóricos compatíveis com o trabalho que está sendo empreendido. Uma produção bem realizada – ao equilibrar cuidadosamente o som, a imagem e as falas dos personagens - permite que a música imprima o caráter de um filme, a sua face específica, seja qual for o estilo musical empregado na obra.


OBJETIVOS

O Curso online OUVINDO CINEMA, ministrado por Beto Strada, fará uma grande imersão no incrível mundo do Som no cinema, que, sem dúvida, é o um grande fator na construção do espetáculo fílmico. A proposta é estimular a percepção auditiva dos participantes aos sons dos filmes e série, analisando a grande importância que há nos ruídos ambientes, nas dublagens, e finalmente na maravilhosa música de pontuação, ou a música de cinema.


CONTEÚDOS

- Origens dos sons e sinais sonoros presentes nos filmes e séries de TV.

- O uso criativo do “Foley”, a arte de dublar os ruídos de uma cena.

- Exercício de imaginação auditiva: uma história contada somente por ruídos.

- O pioneiro na arte de pontuar ou descrever imagens com música: Ludwig Van Beethoven.

- Grandes compositores:

John Williams, Henry Mancini, Nino Rota, Ennio Morricone.

- Análise de composições de filmes de sucesso:

Tubarão; Indiana Jones; E. T. - O Extra Terrestre; Harry Potter; Star Wars, entre outros.


Ministrante: BETO STRADA

Compositor, arranjador, maestro, com uma vasta história no cinema nacional. Divulgador da arte da composição para filmes e professor de cinema. Já percorreu todo o Brasil com seus Cursos, Oficinas e Workshops, levando conhecimentos importantes sobre o som dentro do audiovisual. No Cinema musicou mais de 30 longas-metragens para diversos diretores, como Anselmo Duarte, Nelson Pereira dos Santos, Jece Valadão, Adriano Stuart, entre outros. Ganhador do APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) como melhor compositor de trilha sonora de 1976 para o filme Excitação, dirigido por Jean Garrett.


Curso online

"OUVINDO CINEMA"

de Beto Strada


Datas

12 e 13 / Novembro (sábado e domingo)


Horário

14h às 17h


Duração

2 encontros online (6 horas / aula)


Plataforma

Zoom

* VALOR PROMOCIONAL PARA AS PRIMEIRAS INSCRIÇÕES

INSCRIÇÕES / INFORMAÇÕES

https://cinemacineum.blogspot.com/2022/10/ouvindo-cinema.html

Realização

Cine UM Produtora Cultural