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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 16 de abril de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Severina




Sinopse: Um dono de livraria se encanta por uma mulher que visita sua loja e volta dia após dia para cometer furtos. Inicialmente ele não reage, mas em uma das vezes, mais interessado em puxar conversa do que recuperar o prejuízo, ele a encurrala. Ela passa então a pegar livros em outros estabelecimentos, porém ele não está disposto a se libertar da misteriosa obsessão.

Por mais tentador que seja, roubar livros ainda é errado, mesmo quando as paginas nos dão a oportunidade de fugirmos um pouco do mundo real e adentrarmos num mundo cheio de possibilidades. Numa velha livraria, por exemplo, dá para sentir o desejo em querer segurar velhas relíquias, mas despertando reações controversas. Finalidade cultural que, por si só, quase desculpa o ato, ainda mais se for praticado por jovem culta e bonita. Quem sabe um tanto cleptômana.
Numa realidade atual, onde a pratica de leitura é ameaçada por tablets e celulares, é interessante elaborar uma história de amor que acontece justamente numa livraria. Bom, um livro desses, destinado a não ser lido, foi escrito pelo jovem escritor guatemalteco, Rodrigo Rey Rosa. Porém, Severina (o título do livro), não só foi lido como transformado em filme por outro visionário, o diretor de teatro e cineasta Felipe Hirsch.
É verdade que histórias de livros costumam gerar tanto bons (O Exorcista) como também filmes ruins (O Código de Vinci), Contudo, é raro um filme ter livros como seus principais figurantes e uma livraria como local dos principais acontecimentos que vão surgindo na obra. Severina se passa numa cidade conhecida da América latina, mas que poderia ter acontecido em qualquer parte do mundo, já que, por mais absurda que a trama seja, nos identificamos devido a  paixão que temos pela literatura.
Outro fator determinante do qual nos identificamos com a trama é pelo fato da livraria nos lembrar uma de muitas que ainda existem por ai e que resistem bravamente em pleno século 21. É comum, por exemplo, irmos nesses lugares e ficarmos minutos lendo diversas pagina de um determinado volume, mesmo quando não temos interesse de comprarmos ele. Situação que podemos enxergar nesse filme, onde a trama se passa em Realejo, em Santos.
Do nada, surge Ana Severina que, bem discreta, rouba alguns livros, mas ao mesmo tempo, transmitindo charme para o jovem livreiro protagonista da trama. Essa história nos faz lembrar da Librairie Maspero, no Quartier Latin parisiense, onde os jovens esquerdistas franceses e inclusive exilados brasileiros (era a época da ditadura militar) roubavam livros para completar sua formação literária, social e política.
O jovem livreiro protagonista percebe os roubos, mas ao mesmo tempo, decide esperar uma nova visita para um flagrante mais explicito, mas acaba caindo ao charme da misteriosa colecionadora de livros roubados. Descobre que ela vive numa pensão com o pai que, indeniza os livreiros por onde passa sua filha cleptômana. Na verdade, parece que vivem da venda de livros raros. Cria-se uma cumplicidade, um caso de amor, até Ana Severina desaparecer, sem ao menos deixar algum vestígio e restando um livreiro desiludido, talvez com um bom tema para escrever seu primeiro romance. E talvez com tempo para ler também Gabriel Garcia Marquez, Jorge Amado e Manuel Scorza.
Um filme que começa com uma espécie de comédia romântica familiar, mas que se envereda para momentos de suspense e até mesmo para um clima noir. Severina é um filme que começa nos dando gostinho pelo universo literário e nos prendendo até o fim pelas suas palavras poéticas reflexivas.   

Onde Assistir: Cinebancários de Porto Alegre. Rua General da Câmara, nº 424. Horário: 17h,    



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sexta-feira, 13 de abril de 2018

Cine Dica: PORTO ALEGRE NOIR



 
Entre 13 e 15 de abril, a Cinemateca Capitólio Petrobras recebe o Porto Alegre Noir, um evento cultural, de caráter temático, dedicado à literatura policial e ao cinema de inspiração “Noir”. O objetivo da iniciativa é reverenciar um dos gêneros de livros e filmes mais cultuados por fãs e admiradores de todas as idades, geração após geração. O evento reúne autores nacionais, especialistas e críticos de cinema numa extensa programação de três dias que oferece ao público conhecimento, conteúdo, cultura e diversão. A programação do PAN é desenvolvida sobre três pilares: debates e cursos, venda de livros e mostra de filmes. Com entrada franca, a programação completa pode ser acessada em https://portoalegrenoir.wordpress.com/programacao/
A abertura do Porto Alegre Noir, dia 13 de abril, às 20h, apresenta uma edição especial do Projeto Raros, sessão tradicional na cena porto-alegrense criada por Carlos Thomaz Albornoz e Marcus Mello. Iniciado em maio de 2003, o projeto foi concebido com a intenção de apresentar ao público local títulos nunca lançados no circuito exibidor brasileiro, ou há muito tempo fora de circulação nos cinemas, procurando reproduzir o espírito das “midnight movies” realizadas em Nova York, a partir do final dos anos 1960. O filme exibido é A Quadrilha (The Outfit – 1973), uma pérola esquecida dos anos 1970 com direção de John Flynn (de A Outra Face da Violência) e estrelada por Robert Duvall, Karen Black e Joe Don Baker. O filme é uma adaptação do romance The Outfit, escrito por Richard Stark, cuja versão em quadrinhos está disponível no Brasil como A Organização. A Quadrilha nunca foi lançado em DVD ou VHS no Brasil, e sua última exibição na TV aconteceu ainda nos anos 1980. Com entrada franca, a sessão terá comentários do escritor e cineasta Fernando Mantelli.


FILMES

A QUADRILHA
(The Outfit, 1973, 103 min)
De John Flynn
Com Robert Duvall, Karen Black e Joe Don Baker
Adaptação do livro de Richard Stark
Quando um pequeno criminoso é libertado da prisão, ele descobre que pouco antes seu irmão fora baleado por dois assassinos. Um amigo o ajudará a satisfazer sua sede de vingança, ao mesmo tempo em que lidarão com o dinheiro de um roubo a banco. Exibição digital.

NO SILÊNCIO DA NOITE
(In a Lonely Place, 1950, 94 min)
De Nicholas Ray.
Com Humphrey Bogart, Gloria Grahame, Frank Lovejoy.
Adaptação do livro de Dorothy B. Hughes
Roteirista é suspeito em um caso de homicídio até que o testemunho de sua vizinha o inocenta. Os dois se apaixonam, mas as suspeitas assombram o relacionamento. Obra-prima de Ray e um dos maiores filmes noir de todos os tempos. Exibição digital.

HOMENS EM FÚRIA
(Odds Against Tomorrow, 1959, 96 min)
De Robert Wise.
Com Robert Ryan, Harry Belafonte e Gloria Grahame.
Adaptação do livro de William P. McGivern
Dois homens são contratados para um golpe, mas o racismo de um deles pode pôr tudo a perder. Adorado pelo mestre francês Jean-Pierre Melville, esse é um eletrizante filme de assalto na tradição de “O Segredo das Joias”. Exibição digital.

GRADE DE HORÁRIOS
12 a 18 de abril de 2018

12 de abril (quinta)
17h - Stromboli
19h30 – Severina

13 de abril (sexta)
17h – Stromboli
20h – Projeto Raros Especial (Porto Alegre Noir: A Quadrilha, de John Flynn)

14 de abril (sábado)
10h – Sessão Clube de Cinema de Porto Alegre (aguardem divulgação)
15h - Porto Alegre Noir: Palestra de Abertura de Tabajara Ruas
16h15 – Porto Alegre Noir: Bate-papo “Desconstruindo Estereótipos Femininos na Ficção Policial”
17h30 – Porto Alegre Noir: Bate-papo “A Literatura Policial Latino-Americana”
19h – Porto Alegre Noir: No Silêncio da Noite

15 de abril (domingo)
15h – Porto Alegre Noir: Bate-papo “Detetives da Ficção Ontem e Hoje”
16h15 – Porto Alegre Noir: Bate-papo “Apresentando a ABERST – Associação Brasileira de Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror”
17h30 – Porto Alegre Noir: Bate-papo “Fronteiras e Interiores do Crime”
19h – Porto Alegre Noir: Homens em Fúria

17 de abril (terça)
17h - Stromboli
19h30 – Antes Que Tudo desapareça

18 de abril (quarta)
17h - Stromboli
19h30 – Antes Que Tudo desapareça

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Um Lugar Silencioso



Sinopse: Em uma fazenda dos Estados Unidos, uma família do meio-oeste é perseguida por uma entidade fantasmagórica assustadora. Para se protegerem, eles devem permanecer em silêncio absoluto, a qualquer custo, pois o perigo é ativado pela percepção do som.
 
O gênero de horror dentro do cinema atual vem se tornado um terreno cada vez mais fértil para aqueles que procuram, não somente grandes sustos, como também algo mais criativo em termos de roteiro. Se a franquia Invocação do Mal nos trouxe de volta aquelas velhas fórmulas de sucesso de tempos mais longínquos, Corra teve a proeza de fazer uma dura crítica de uma sociedade norte americana que ainda carrega o horror de um passado racista e do qual ecoa no presente. Chegamos então a Um Lugar Silencioso, filme de terror sem muitos recursos, mas que dá um banho contra qualquer filme de grande orçamento que se perde no caminho.
Dirigido pelo ator de comédias John Krasinski, a trama se passa numa realidade em que a sociedade está sendo dizimada por criaturas misteriosas que se movem a partir de sons emitidos no ambiente. Lee Abbott (o próprio John Krasinski) e sua esposa (Emily Blunt) tentam a todo custo protegerem os seus filhos (os pequenos talentos Millicent Simmonds e Noah Jupe) e do pequeno futuro rebento que falta pouco para nascer. Dia após dia a luta é constante para continuar vivendo, pois se fizer um menor ruído, a morte chegará muito rápido.
Se num primeiro momento a premissa nos lembra o terror inglês O Abismo do Medo, o filme se estende para outros subgêneros, que faz nos lembrar de Sinais de M. Night Shyamalan, ou de qualquer filme de zumbis atual que se preze. Porém, John Krasinski surpreende ao criar altas doses de tensão com simplicidade, onde qualquer passo em falso vindo dos protagonistas poderá custar muito caro para eles. Além disso, testemunhamos um raro caso de cinema silencioso, onde os protagonistas se comunicam somente por sinais e nos fazendo relembrar até mesmo dos tempos do cinema mudo.
Por vezes, o movimento da câmera nos conta o que está acontecendo em cena, mesmo quando os protagonistas se encontram nela, pois nunca se sabe das surpresas que surgem repentinamente e fazendo com que fiquemos a frente dos personagens. A trilha sonora, por sua vez, faz com que pulemos da poltrona a todo o momento, como se tornasse uma espécie de alerta sobre o mal que está a caminho. Se durante a projeção você também se lembrar do clássico Tubarão não se surpreende.
Embora esteja tanto na frente como atrás das câmeras, John Krasinski se sai muito bem ao interpretar um pai de família que tenta, mesmo em situações desesperadoras, obter um equilíbrio para manter a sua família segura e forte nas situações difíceis. E se os pequenos, porém, grandes talentos são uma verdadeira futura promessa para o cinema, Emily Blunt novamente dá um show de interpretação em cenas de tirar o fôlego de qualquer um: atenção para a cena da banheira que, desde já, é uma das melhores do ano.
Infelizmente o filme não é 100% perfeito, pois mesmo a gente estando em pleno século 21, a fórmula de não enxergarmos o mal que está à espreita ainda causa um efeito valioso. Se no filme Mama, por exemplo, eu havia observado isso, aqui eu novamente repito essa observação, principalmente pelo fato de que não havia necessidade alguma das criaturas ganharem forma, pois o medo pelo desconhecido já estava mais do que dominando toda a obra. Porém, isso não empalidece o resultado final de um filme simples, mas de grande potencial. 
Um Lugar Silencioso é um belo exemplo de filme de horror, onde não se prende a muitos recursos de ponta, mas sim nos conquista pela simplicidade e pelas velhas fórmulas de um bom e verdadeiro cinema.  


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