Quem sou eu

Minha foto
Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

Pesquisar este blog

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Cine Dica: Programação do mês de setembro na Sala da Redenção

O Abraço da Serpente.

Caros (as) Jornalistas:

A programação de setembro da Sala Redenção está bastante intensa. Inclusive ela começa um dia antes, dia 31 de agosto, para dar conta de todas as programações:

- 31 de agosto e 01 de setembro – o curso Cinefilia e Crítica de Cinema no Rio Grande do Sul, com a jornalista, crítica e professora de cinema Fatimarlei Lunardeli. Serão dois encontros, de três horas, abordando aspectos  da recepção do cinema a partir dos debates ocorridos na França da metade do século XX. Lunardeli foi uma das primeiras curadoras da Sala Redenção;

- mostra Cinema pelo Mundo – Em parceria com O Sesc/RS, exibiremos 09 (nove) filmes, de diferentes gêneros e nacionalidades, todos eles pouco visto no circuito comercial, premiados em diferentes festivais pelo mundo. São eles: O Abraço da Serpente (2016), A ilha do Milharal (2015); Cemitério do Esplendor (2015),  A passageira (2015); Anistia (2011), Paulina (2016),  Assim que abro meu olhos (2015), Nossa irmã mais nova (2015); e Garota Sombria Caminha pela noite (2014).

- Mostra Sylvio Black 8.0 – Filmes na Outra Margem – comemoração nacional pelos oitenta anos de vida do cineasta Sylvio Black, autor de 38 filmes e detentor de 76 prêmios nacionais e internacionais.

- Cinemas e Rede – exibição de Abaixondo a Máquina 2 – No limite da Linha, direção de Guillermo Planel

Parceiros da Sala Redenção

- Projeto Incluir – Mulher do pai, direção Cristiane Oliveira

- Cinedhebate Direitos Humanos – Feitiço do R+Tempo, direção de Harold Ramis

- Singularidades – Ainda Orangotangos, direção Gustavo Spolidoro

Abaixo toda a programação completa com as apresentações.
Sala Redenção 30 anos !


Agradeço desde já pela divulgação.

Tânia Cardoso de Cardoso
Coordenadora e curadora
Sala Redenção – Cinema Universitário
(51) 3308-4081




CINEFILIA E CRÍTICA DE CINEMA NO RIO GRANDE DO SUL

O curso Cinefilia e Crítica de Cinema no Rio Grande do Sul aborda aspectos da recepção do cinema a partir dos debates ocorridos na França da metade do século XX.  Em torno da mítica revista Cahiers du Cinéma, e do crítico André Bazin, desdobrou-se a experiência apaixonada de assistir, debater e escrever sobre filmes. Essa paixão, que repercutiu em várias partes do mundo, aconteceu também em Porto Alegre, como atividade cineclubista e em torno da figura catalisadora do crítico P. F. Gastal. Do movimento cineclubista surgiram as salas alternativas de cinema, nos anos 80, incluindo a Sala Redenção. O curso aborda como a cinefilia segue viva e está hoje revigorada pelas facilidades das novas tecnologias de acesso e exibição de filmes de todas as épocas e gêneros. O Curso será ministrado por Fatimarlei Lunardelli, jornalista, escritora, professora e crítica de cinema. Lunardelli foi, de 1989 a 2002, programadora da Sala Redenção Cinema Universitário. Foi também professora do Curso de Realização Audiovisual da Unisinos, responsável pelas disciplinas de Teorias do Cinema, Crítica Cinematográfica e Análise Fílmica. Atuou como jornalista na UFRGS, participando, com Miriam Rossini, do Núcleo de Cinema e Comunicação. É sócia fundadora da ACCIRS, Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, da qual é editora do site e integra a ABRACCINE, entidade representativa da crítica de cinema no Brasil.


31 de agosto | quinta-feira | 16h às 19h
 
bordagem histórica da cinefilia
 
- Origem do cineclubista e da crítica cinematográfica na França do início do século XX
- Cinefilia e a revista Cahiers du Cinéma nos anos 1950

O cineclubista no Brasil e o Clube de Cinema de Porto Alegre

 
01 de setembro | sexta-feira | 16h às 19h

Cinefilia e crítica cinematográfica no Rio Grande do Sul

- História da crítica e os embates dos anos 60

- Do cineclubismo surgem as salas alternativas

- As transformações tecnológicas e a renovação da cinefilia

CINEMA PELO MUNDO
Em setembro, a Sala Redenção – Cinema universitário, em parceria com Sesc/RS, apresenta mais uma edição de Cinema pelo Mundo. Serão exibidos nove filmes de diferentes gêneros e nacionalidades. Para abrir a programação, o premiado longa colombiano O abraço da Serpente (2016), filme de várias camadas, que nos oferece a possibilidade de diferentes viagens (todas deslocadas), dependendo do ângulo que se olha: etnográfica, sociológica, histórica, antropológica, mítica e temporal – apenas para citar algumas. O filme trata da viagem de um explorador e estudioso alemão pelo rio Amazonas para encontrar uma planta lendária que pode ser uma alternativa de cura. Ao mesmo tempo, relata a viagem, pelo mesmo rio, de outro explorador pesquisador que leva em mãos o livro do primeiro. O que assistimos é uma mistura de culturas, histórias – em tempos diferentes – do encontro com os povos indígenas da região. A tentativa de seguir o mesmo caminho, o mesmo percurso, com o mesmo Xamã, pelo mesmo rio, simbolicamente alude ao pensamento do filósofo grego Heráclito, de que o mundo é fluxo permanente em que nada permanece idêntico a si mesmo. A relação entre mundo selvagem e mundo civilizado, entre a sabedoria da natureza e da ciência são colocadas de forma esplêndida pelas lentes e direção de Ciro Guerra. Mais, ele nos leva a uma experiência contraditória a respeito do impacto das pesquisas antropológicas, e de colonização e de catequização, já que somos não apenas espectadores, mas herdeiros diretos dessa tradição. Um filme que exige olhos, pensamento e alma para poder ser compreendido em certa medida.

A ilha do Milharal (2015) é um filme de ciclos, de poucos personagens, de raros diálogos, de muito silêncio e de várias delicadezas. Ele se passa em uma pequena ilha, entre dois rios, na qual habitam uma neta e um avô. É mínimo, pequeno, mas dependendo do ponto de vista é grandioso e abundante, intenso e contemplativo. Para falar sobre o longa é impossível fugir dos adjetivos ou dos superlativos, pois há nele uma força imensa. Eis a contradição. Seja dos personagens ou da natureza – duas forças que ora se unem, ora lutam uma contra a outra. A natureza, o plantio, de forma alegórica nos falam de transformação. De uma menina, de um senhor, de um país. Pois há no meio disso tudo uma guerra. A ilha do Milharal, direção de George Ovashvili, tem como pano de fundo (pouco citada, mas com consequências na vida dos personagens) a guerra da Abecásia contra a Geórgia, após o fim da União Soviética, entre 1992 e 1993. Um filme pequeno, mas ao mesmo tempo imenso. Frágil, porém de luta. De resignação e sabedoria.

O realizador tailandês Apichatpong Weerasethakul é conhecido como um cineasta da contemplação e das sensações. É conhecido também por realizar filmes abordando sempre a cultura e as tradições de sua terra natal. Seus filmes, de forma simbólica, falam sobre a dificuldade do desapego da vida terrena, das difíceis e distantes relações familiares que as ditas regiões ocidentalizadas enfrentam até hoje. O realizador nos coloca frente a uma realidade dual, mas nela deus e natureza são um só, mito e verdade idem, e o fim apenas marca outro início (poderíamos pensar em seus filmes como budistas?). Cemitério do Esplendor possui planos parados, movimento mínimo, buscando captar a sutileza de cada um desses movimentos. Mínimos. Aborda o cotidiano por meio de diálogos e situações aparentemente banais e de pouca importância para extrair deles uma sabedoria sutil. Do pequeno. Do singular. Do silêncio. Do comum. Dos movimentos não velozes. Uma crítica ao ritmo do mundo ocidental de civilização e à rapidez de uma sociedade fundada e sustentada na mercadoria, no lucro e no consumo como resposta às inquietações humanas. O que Cemitério do Esplendor nos propõe – com seus planos e enquadramentos – não é apenas uma experiência estética, que é vazia por si só. Ele nos propõe outro ritmo, outro olhar para deles surgir uma forma nova, ou melhor, um outro tempo de contemplação, ressignificando antigos hábitos que se perdem na vida corrida e frenética preconizada pela cultura ocidental. Há uma intenção de fundar, ou trazer de novo – através da construção de sua narrativa – a sabedoria do tempo dito morto, das coisas ditas desinteressantes que não valem ou não valem mais, mas que ficam ecoando por meio de imagens-fantasmas: eis o Cemitério do Esplendor.

A passageira (2015) é o primeiro longa do realizador peruano Salvador Del Solar. O processo de escrita do roteiro – a partir do romance de Alonso Cuento, A pasagera – durou nove anos. O filme trata de um acerto de contas. De forma bem diversa, também fala de fantasmas que atormentam a vida presente dos personagens. No filme, um ex-militar que trabalha como taxista tem a vida sacudida quando reencontra uma mulher que faz parte de seu passado, no tempo em que estava no exército em combate na guerra Ayacucho. A partir desse reencontro, o passado trágico dos envolvidos volta a atormentá-los. Agora o embate acontece entre aqueles que apenas querem esquecer, ou melhor, superar os acontecimentos para que possam viver uma vida em paz e aqueles que, ao contrário, não medem esforços para tentar se redimir e, assim, aliviar a culpa que carregam.

Anistia (2011), premiado no Festival de Berlim, é uma rara produção albanesa, com colaboração da Grécia, de baixo orçamento, com pouca ação e efeitos especiais. O filme relata a visita íntima de dois casais na prisão e, sobretudo, trata do encontro de duas pessoas com uma vida banal, pobre, e que visitam seus parceiros em uma prisão sem nenhuma privacidade (e também sem mais intimidade alguma). O longa não é uma obra de denúncia, de julgamento. Alguns personagens não têm rosto, apenas corpo. Sabemos que um homem e uma mulher estão presos por cometerem pequenos delitos. Até que um dia eles recebem a anistia e podem voltar para casa. Como retomar uma vida, uma rotina e uma relação que não existem mais?

Paulina (2016), direção do argentino Santiago Mitre é outro filme perturbador. Porque fala de estupro. De estupro coletivo. E da decisão que a vítima toma após o estupro, após a enorme violência que sofre. O questionamento já começa pela sua escolha profissional. A personagem, filha de um renomado juiz, desiste de seguir carreira na área do Direito e resolve dar aulas em uma escola pública em uma cidadezinha fronteira entre Argentina e Paraguai. Mais questionada será ainda após a enorme violência que sofre. Pelo Estado. Pelo pai. Pelo Namorado. Sobretudo pela polícia da delegacia local. Machismo e violência. Premiado na Semana da Crítica em Cannes, o longa tem o diretor brasileiro Walter Salles na produção. Paulina é um filme corajoso, questionador, sem pegar leve ao abordar um problema grave desde sempre: o estupro, a violência contra a mulher. A forma, no entanto, que a personagem enfrenta a situação desencadeia uma série de questionamentos em cada um de nós. Sobre classe social, preconceito, e sobretudo sobre a violência expressiva em qualquer parte do mundo – ocidental ou não – contra a mulher. Paulina é o segundo longa de Santiago Mitre, roteirista de vários filmes de Pablo Trapero. De novo: sexo sem consentimento é estupro. Violência. Crime. Em qualquer parte do mundo.

Assim que abro meus olhos (2015), primeiro longa da tunisiana Leyla Bouzid, é um filme corajoso por abordar, na ficção, a Primavera Árabe sem abrir mão do olhar documental. Sabemos que as margens entre ficção e documentário são cada vez mais refratadas e a realizadora faz uso disso – no bom sentido – para dar mais força ao abordar um tema tão atual e pungente. Uma adolescente, uma menina que participa como vocalista de uma banda, que tem em suas músicas versos de forte teor político a respeito da situação do país. Um país marcado por golpes e falsa democracia. A narrativa é naturalista, com ótima atuação da personagem principal. O filme por si só, por abordar um período incerto pré-revolucionário (e infelizmente pré-golpista também) em um outro continente, mexe com o espectador e o desacomoda da poltrona. Mais potente ele se torna quando lembramos que muitos dos acontecimentos (re) apresentados nele nos falam diretamente, arrancando o curativo de diversas feridas e cicatrizes que carregamos, aqui, desse lado do globo.

Em seus últimos filmes, Hirokazu Kore-eda tem se tornado um cronista da vida em família no Japão – o que faz com maestria. Mas não se trata apenas disso. Seus filmes, sempre versando sobre as relações familiares, tornam-se cada vez mais filmes-haikais. Os primeiros filmes de Kore-eda – como o excelente Depois da Vida (2009) – tratavam sobre os mistérios da vida e da morte, ou melhor seria dizer, o sentido da vida que se viveu e a possibilidade de redenção para aquele que descobriu o sentido dela após a morte. A partir de Ninguém pode saber (2005) Kore-eda mergulha fundo no universo familiar. Nesse longa, premiado em Cannes, o realizador coloca em xeque duas questões que dizem respeito à sociedade japonesa: uma mãe deve esconder os filhos no prédio onde mora já que nele não é permitido crianças. E os filhos devem esconder a ausência da mãe ausente por não poderem ficar sozinhos. Um jogo imbricado sem solução. Pelas temáticas, seus filmes poderiam parecer melodramáticos, mas não o são. São brutos. Delicados. Como a vida. Em Tal pai, tal filho (2013) ele questiona a força dos laços de sangue numa troca de bebês ainda na maternidade. Dor e perda estão sempre presente nos longas do diretor. Mas beleza e superação também. E sobretudo novos modelos de família são formados quando os personagens ousam pensar a tradição sem deixar de enfrentar os dilemas que surgem na vida moderna. Quatro irmãs, um pai, duas mães. Uma casa. Em Nossa irmã mais nova (2015) somos convidados justamente a refletir sobre tudo isso. Com delicadeza, afeto e com poesia. Um filme-haikai. De um dos realizadores mais premiados dos últimos anos.

Garota Sombria caminha pela noite, escrito e dirigido pela iraniana Ana Lily Amirpour, mistura terror e faroeste. Filmado nos Estados Unidos, simula um cenário iraniano. A narrativa se passe na fictícia Bad City, uma cidade desolada, em meio a drogas e prostituição. Nela vagueia uma vampira que combate traficantes e viciados. O filme conquistou prêmios de revelação em alguns festivais, e Amirpour foi indicada ao Idependent Spirit Award de diretora revelação, fotografia. Foi indicada também no Festival Fantástico de Stiges Espanha por revelação e filme jovem. Uma mistura de cinema clássico, com cinema moderno, e pós-moderno também, por ter nele tantas referências díspares na sua construção. Um filme de poucos diálogos, com uma onda gótica e com uma trilha sonora bastante eclética. Pode-se dizer que é quase uma fábula feminista que prende a atenção do espectador do início ao fim. Uma curiosidade: de baixo orçamento, dizem que foi filmado em apenas 24 horas.
Sala Redenção – Cinema Universitário, 30 anos – é cinema pelo mundo!

Tânia Cardoso de Cardoso
Coordenadora e curadora da Sala Redenção – Cinema Universitário.

O Abraço da Serpente (El Abrazo de la Serpiente | Colômbia, Venezuela, Argentina | 2016 |124min). Direção: Ciro Guerra.
04 de setembro | segunda-feira | 16h
08 de setembro | sexta-feira | 16h
Théo é um explorador europeu que conta com a ajuda do xamã Karamakate para percorrer o rio Amazonas. Gravemente doente, ele busca uma lendária flor que pode curar sua enfermidade. Quarenta anos depois, a trilha de Théo é seguida por Evan, outro explorador que tenta convencer Karamakate a ajudá-lo.

A Ilha do Milharal (Simindis kundzuli | Geórgia, França, Alemanha, Casaquistão, República Tcheca | 2015 | 100min). Direção: George Ovashvili.
04 de setembro | segunda-feira | 19h
05 de setembro | terça-feira | 16h
19 de setembro | terça-feira | 19h
Um velho camponês se muda, com sua neta para uma pequena e deserta ilha no meio do rio Enguri, para plantar milho. O rio separa a Geórgia da Abkhazia e já foi cenário de sangrentas lutas. Como soldados ainda surgem na região, o clima é de tensão. O rio cria e o rio destrói, em um ciclo eterno do qual ninguém pode escapar.

Cemitério de Esplendor (Cemetery of Splendor | Tailândia, Reino Unido, França, Alemanha, Malásia, Coréia do Sul, México, EUA, Noruega | 2015 | 122min). Direção: Apichatpong Weerasethakul.
05 de setembro | terça-feira | 19h
06 de setembro | quarta-feira | 16h
22 de setembro | sexta-feira | 19h
Numa pequena cidade da Tailândia, vinte e sete soldados são vítimas de uma estranha doença do sono. Para tratá-los, uma escola abandonada serve como abrigo. Uma mulher tailandesa de meia-idade, casada com um soldado americano aposentado, trabalha como voluntária no tratamento dos pacientes. Ela cria um interesse especial por Itt, que nunca recebe visitas.


A Passageira (Magallanes | Peru, Argentina, Espanha | 2015 |109min). Direção: Salvador del Solar.
08 de setembro | sexta-feira | 19h
11 de setembro | segunda-feira | 16h
Lima, Peru. A rotina de Magallanes, um motorista de táxi, vira de cabeça pra baixo quando Celina, uma mulher de seu passado sombrio, entra, subitamente, em seu carro. Os dois se conheceram nos anos violentos em que Magallanes foi soldado do exército peruano. Agora, em busca de redenção, o homem vai participar de um arriscado plano para ajudar Celina a superar seus graves problemas financeiros.

Anistia (Amnistia | Albânia, Grécia, França | 2011 | 83min). Direção: Bujar Alimani.
11 de setembro | segunda-feira | 19h
12 de setembro | terça-feira | 16h
A visita íntima é finalmente legalizada na capital da Albânia, Tirana, e uma vez por mês Elsa desloca-se por vários quilômetros para passar alguns momentos com o marido encarcerado. Por conta da jornada ela se aproxima de Shpetim, marido de uma detenta, mas uma anistia aos presidiários atrapalha o nascimento deste novo amor.

Paulina (Paulina | Argentina | 2016 |103min). Direção: Santiago Mitre.
12 de setembro | terça-feira | 19h
13 de setembro | quarta-feira | 16h
19 de setembro | terça-feira | 16h
Paulina, 28 anos, largou uma promissora carreira na advocacia para ser professora em uma região problemática da Argentina. Sacrificando o namoro e a confiança do pai, um poderoso juiz, ela sustenta as suas convicções de ensino e política. Entretanto, sua crença é colocada à prova ao ser estuprada por um grupo de alunos.

Assim que abro meus olhos (À peine j'ouvre les yeux | Tunísia, França, Bélgica, Emirados Árabes | 2015 | 102min). Direção: Leyla Bouzid.
14 de setembro | quinta-feira | 16h
15 de setembro | sexta-feira | 19h
21 de setembro | quinta-feira | 19h
Verão de 2010 em Túnis, na Tunísia, alguns meses antes da Revolução de Jasmim. Enquanto o regime de Ben Ali cai, Farah, uma garota de 18 anos, se junta a uma banda de rock politizada e descobre o álcool, o amor e os protestos. Indo contra a vontade da mãe, Hayet, que conhece os tabus do país, Farah mergulha cada vez mais nesse mundo, sem suspeitar do perigo de um regime político que a observa e se infiltra na sua privacidade. Para proteger a filha, Hayet fará o que for preciso, inclusive, reviver as feridas da sua própria juventude.

Nossa Irmã mais Nova (Umimachi Diary | Japão | 2015 | 128min). Direção: Hirokazu Koreeda.
15 de setembro | sexta-feira | 16h
18 de setembro | segunda-feira | 19h
22 de setembro | sexta-feira | 16h
Sachi, Yoshino e Chika são irmãs e vivem juntas em uma casa que pertence à família há tempos. Apesar de não verem o pai há 15 anos, elas resolvem ir ao seu enterro. Lá conhecem a adolescente Suzu Asano, sua meia-irmã. Logo as três irmãs convidam Suzu para que more com elas. O convite é aceito e, a partir de então, elas passam a conviver juntas e aprendem os pontos sensíveis relacionados ao pai em comum.

Garota Sombria Caminha Pela Noite (A Girl Walks Home Alone at Night | EUA | 2014 | 101min). DireçãoAna Lily Amirpour.
18 de setembro | segunda-feira | 16h
21 de setembro | quinta-feira | 16h
Bad City é uma cidade iraniana abandonada e sem leis, onde vivem diversos traficantes e prostitutas. Enquanto Arash luta para sobreviver e para afastar o próprio pai do vício em drogas, a Garota perambula pelas noites, com um segredo: ela é uma vampira e mata seres solitários para saciar a sede de sangue. Quando os dois se encontram, as suas vidas se transformam.

Mostra SYLVIO BACK 8.0 – FILMES NOUTRA MARGEM
A Sala Redenção participa das comemorações nacionais pelos oitenta anos de vida do cineasta Sylvio Back, autor de 38 filmes e detentor de 76 prêmios nacionais e internacionais, exibindo entre os dias 25 e 29 de setembro, em dois horários, nove longas-metragens, a maioria com tudo a ver e a haver com a magnífica história remota e recente do Rio Grande do Sul.

Chamado de “Cacique do sul” por Glauber Rocha,  justamente por ter uma obra conectada à civilização do Extremo-Sul, o público assistirá desde aos clássicos, “Aleluia, Gretchen” (premiado em Gramado) e “A Guerra dos Pelados”, a “Revolução de 30”, “República  Guarani”, “Guerra do Brasil”, “Rádio Auriverde” e “O Contestado – Restos Mortais”, além dos existenciais, “Lance Maior” (seu filme de estreia) e “Lost Zweig” (premiado em Brasília).

Referindo-se à mostra, que leva o curioso e original título de “Sylvio Back 8.0 – Filmes Noutra Margem”, Back, também poeta e escritor (tem 24 livros publicados), sublinha que “nesse embalo de garimpo existencial é que topei dar passagem a esta inestimável retrospectiva fílmica aí em Porto Alegre para cravar minha nova idade. Que os filmes falem por mim, eles sempre foram melhores do que eu! Que o digam as dezenas de colaboradores com quem, prazerosamente, compartilho a honra e a obra que, se subsiste, é graças ao estro e à expertise deles”.


Obra aberta

Neste relato exclusivo, Sylvio Back confessa que guarda “... ralas e rasas glórias do passado a festejar. Pelo contrário. Em quantas meu cinema foi omitido, esquecido, desqualificado, ridicularizado, vitima de incompreensões, ou surdamente, patrulhado à direita e à esquerda, só porque caminho com os próprios pés e não alimento espírito de horda. Jamais flertei com o público, a crítica ou a mídia”.

E conclui: “São seis décadas circunavegando pela cultura brasileira a bordo de uma obra aberta, que não procura apascentar almas ou fundar verdades unívocas, nem levar o espectador pelas mãos. Adoro deixá-lo na maior orfandade, apenas com suas idiossincrasias, literalmente, consigo próprio. Ele cá e os filmes piscando incólumes nas telinhas e telonas pelos anos afora”.
Filmes da mostra

Lance Maior (1968 | 35 mm. | PB | 100 min.), roteiro com Oscar Milton Vol­pini; diálogos de Nelson Padrella; produção e direção.
25 de setembro | segunda-feira | 16h
Mário, estudante universitário e bancário, através de uma ligação amorosa com Cristina, jovem rica, orgulhosa e emancipada, tenta ascender social­mente. Entre os dois coloca-se a sensual comerciária Neusa, inexperiente e revoltada com a condição humilde de sua família. Cada um buscando um lugar ao sol, enredam-se num diabólico jogo de sexo e amor.

Prêmios: “Melhor Atriz” (Irene Stefânia) e “Melhor Cartaz” no 4º. Festival de Brasília.

A Guerra dos Pelados (1971 | 35 mm. | cor | 93 min.), adaptação do romance “Geração do Deserto”, de Guido Wilmar Sassi; roteiro com Oscar Milton Volpini; produção e direção.
25 de setembro | segunda-feira | 19h
Outono de 1913, interior de Santa Catarina. A con­cessão de terras a uma companhia da estrada de ferro es­trangeira para explorar suas riquezas através de uma serraria subsidiária, e a ameaça de redutos mes­siânicos de posseiros expropriados, geram um sangrento conflito na região. Por exigência dos “coronéis”, forças militares regionais e o Exército nacional intervêm. Mas, os “pela­dos” (assim chamados por rasparem a cabeça) se revoltam, protagonizando uma resistência à semelhança de Canu­dos.

Prêmios: “Prêmio de Qualidade”, do Ins­tituto Nacional do Cinema-INC/71; “Melhor filme brasileiro exibido em São Paulo/71 (“Folha de S.Paulo”); Prêmio “Governador de São
Paulo”/71; três prêmios para o elenco no I Festival de Cinema de Guarujá-SP/71; Men­ção es­pecial na II Semana Internacional do Filme de Autor em Málaga  (Espanha); selecio­nado para o Festival de Berlim (Al. Ociden­tal)/71.

Aleluia, Gretchen (1976 | 35 mm. | cor | 115 min.), argumento, ro­teiro com Manoel Carlos Karam e Oscar Milton Volpini; produção e direção.
26 de setembro | terça-feira | 16h
Saga de uma família de imigrantes alemães que, fugindo ao nazismo, vem se radicar numa cidade do Sul do Brasil, por volta de 1937. Às vésperas e durante a II Grande Guerra, membros da família se envolvem com a Quinta Coluna e o Integralismo. Na década de 50, graças a ligações perigosas com o rescaldo da guerra, os Kranz são visitados por ex-oficiais da SS em trân­sito para o Cone Sul. A trama se estende aos dias de hoje.

Prêmios: Em dois anos, 15 premiações nacionais (“Air France”, “Gol­finho de Ouro”, “Governador de São Paulo”, “Coruja de Ouro”, Associação dos Críticos de Arte-APCA/SP); selecionado para os fes­tivais de Brasília, Gramado, Chi­cago (EUA), Mannheim e Berlim (Alemanha).

Revolução de 30 (1980 | 35 mm. | PB | 120 min.), pesquisa, roteiro, produção e direção.
26 de setembro | terça-feira | 19h
Filme-colagem de uma trintena de documentários e filmes de ficção dos anos 1920, culminando com cenas inéditas da Revolução de 1930. Todo em preto-e-branco, o principal tônus é a excelência restauração fotográfica de suas imagens, emoldurada por uma trilha sonora autêntica, de rara beleza e qualidade de emissão. Duas horas de estupefação, gargalhadas, esgares inesperados, achados anedóticos e ironias sorrateiras.

República Guarani (1982 | 35 mm. | cor | 100 min.), pesquisa e ro­teiro com Deonísio da Silva; produção e direção.
27 de setembro | quarta-feira | 16h
Entre 1610 e 1767, ano da expulsão dos jesuítas das Américas, numa vasta área dominada por índios Guarani e parcialidades linguísticas afins, e dre­nada pelos rios Uruguai, Paraná e Paraguai, vingou um discutido projeto religioso, social, econômico, político e arquitetônico, sem equivalência na história das relações
conquistador-índio. Trezentos e cinquenta anos depois é possível identificar uma nostalgia daqueles tempos. Ante as similitudes com o passado, este filme é a retomada do debate.


Prêmios: “Melhor Ro­teiro” e “Melhor Trilha Sonora”, no XV Festival de Bra­sília/82; prêmio “São Sa­ruê”/82 (Federação de Cineclubes do Rio de Janeiro); “Melhor Documentá­rio”/84 (Associa­ção de Críticos Cine­matográficos/MG); “Men­ção Honrosa” no II Festival Latinoameri­cano de Cinema dos Povos Indígenas/87 (RJ).

Guerra do Brasil (1987 | 35 mm. | cor | 83 min.), pesquisa, roteiro, texto, pro­dução e direção.
28 de setembro | quinta-feira | 16h
En­tre 1864 e 1870, a América do Sul é palco do maior e mais sangrento con­flito armado do século, conhecido como a “Guerra do Paraguai”, envolvendo Brasil, Argentina, Uruguai e Pa­raguai, e que vitimou um milhão de pessoas. No filme entrelaçam-se a história oficial, o imaginário popular e a crítica de militares, cronistas e his­toriadores, articulado a um complexo painel iconográfico e musical, e a um resgate visual do teatro de operações no Paraguai.

Prêmios: “Prêmio Especial do Júri” no III Rio-Cine Festival/87 “Melhor Ro­teiro” no I Festival de Cinema de Natal (RN)/87; “Melhor Cartaz” (João Câmara e Dulce  Lobo) no IX Festi­val Internacional del Nuevo Cine Latino Americano de Havana (Cuba)/87.

Rádio Auriverde (1991 | 35 mm. | PB | 70 min.), pesquisa, roteiro, textos, produção e direção.
28 de setembro | quinta-feira | 19h
Com imagens e sons inéditos de Carmen Miranda e do Brasil na II Guerra Mundial, o filme penetra no desconhecido universo da guerra psicológica que conturbou a presença da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália (1944-45). Através das musicalmente alegres e debochadas transmissões de uma rádio clandestina, tema-tabu entre os pracinhas, o filme acaba também revelando as tragicômicas relações entre os Estados Unidos e o Brasil durante o conflito – cujas consequências jamais se esgotaram.

Prêmio: “Pesquisa” no IV Festival de Cinema de Natal (RN)/91.

Lost Zweig (2003 | 35 mm. | cor | 114 min.). Argumento original e roteiro, baseado no livro, “Morte no Paraíso”, de Alberto Dines, com Nicholas O’Neill, produção e direção.
29 de setembro | sexta-feira | 16h
Última semana de vida do escritor judeu austríaco Stefan Zweig, autor do livro "Brasil, País do Futuro" e de sua jo­vem mulher, Lotte que, num pacto cercado de mistério, se suicidam em Petrópolis (RJ) após o Carnaval de 1942, ao qual haviam as­sistido. Um gesto que ainda hoje, sessenta anos depois, des­perta incóg­ni­tas e assombro pela sua pre­meditação e caráter emblemático.
Prêmios: “Melhor Atriz” (Ruth Rieser), “Melhor Roteiro”
(Sylvio Back e Nicholas O´Neill) e “Melhor Direção de Arte” (Bárbara Quadros) no 36º Festival de Brasí­lia/2003; “Melhor Fotografia” (Antonio Luiz Mendes) no 11º Festival de Cuiabá (MT)/2004; “Melhor Filme”, “Melhor Diretor” (Sylvio Back), “Melhor Fotografia” (Antonio Luiz Mendes) e “Melhor Trilha Sonora” (Raul de Souza e Guilherme Vergueiro) no 14º. Cine-Ceará (CE)/2004; “Melhor Diretor” (Sylvio Back) no 14º.Festival de Cinema e Vídeo de Natal (RN)/2004; selecionado para o XXII Festival Internacional de Cinema do Uru­guai/2004; Festival do Rio 2004; e 28º. Mostra Internacional de São Paulo/2004; eleito entre os “50 melhores filmes da década” pelo jornal “O Globo” (2009).
O Contestado – Restos Mortais (2010 | Digital | cor/PB | 118 min.). Pesquisa histórica, iconográfica, musical, produção e direção.
29 de setembro | sexta-feira | 19h
Com o testemunho de trinta médiuns em transe, articulado ao memorial sobrevivente e à polêmica com especialistas, “O Contestado – Restos Mortais”, é o resgate mítico da chamada Guerra do Contestado (1912-1916). Envolvendo milhares de civis e militares, o sangrento episódio conflagrou Paraná e Santa Catarina por questões de fronteira e disputa de terras, mesclado à eclosão de um surto mes­siânico de grandes proporções.

CINEMAS EM REDE
Exibição filme Abaixando a Máquina 2 - No Limite da Linha

Abaixando a Máquina 2 - No Limite da Linha (Brasil, 2016, 90min, documentário). Direção: Guillermo Planel

14 de setembro | quinta-feira | 19h
Filme discute o impacto dos protestos de 2013 no jornalismo. Com o crescimento do movimento ativista nas ruas, que teve grande participação dos jovens, e com o aumento da utilização de redes sociais e mídias alternativas, a grande mídia e o jornalismo tradicional, dois conceitos anteriormente sólidos, tornaram-se alvos de dúvidas, críticas e de metamorfoses.

Após a sessão, debate com o diretor do filme Guillermo Planel.

PARCEIROS DA SALA REDENÇÃO

SESSÃO MULHER DO PAI
Em comemoração à Semana Estadual da Pessoa com Deficiência, constituiu-se uma parceria entre COEPEDE (Conselho Estadual de Direitos da Pessoa com Deficiência), INCLUIR (Núcleo de Inclusão e Acessibilidade da UFRGS), FACED (Faculdade de Educação) e Sala Redenção para a exibição do longa Mulher do Pai, com direção Cristiane Oliveira. O filme conta com audiodescrição, janela de libras e legenda e o debate contará com tradutores e intérprete de libras da UFRGS. As temáticas que envolvem a pessoa com deficiência configuram-se como discussão importante de ser tratada com a comunidade universitária, tendo em vista a crescente presença desse público na UFRGS e os desafios relacionados à acessibilidade atitudinal que precisam ser debatidos de forma transversal no cotidiano da Universidade. Ademais, há necessidade de promover o acesso à cultura, conforme prevê a Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13146/2015) a esse público, e a disponibilização de recursos de acessibilidade nessa sessão de cinema indicam excelente oportunidade de dar visibilidade a esses recursos de acessibilidade, além da visibilidade desse público na universidade. 
Vera Lúcia Inácio de Souza
Psicóloga do INCLUIR
Mulher do Pai (Brasil, Uruguai | 2016 | 94min). Direção: Cristiane Oliveira.
06 de setembro | quarta-feira | 19h
A adolescente Nalu precisa cuidar do pai cego, após a morte da avó que os criou como irmãos. Quando Ruben percebe o amadurecimento da filha, surge uma desconcertante intimidade entre eles. Mas, com a chegada de Rosário, o ciúme ganhará espaço na vida de ambos.

Após sessão, debate com o Paulo Kroeff, professor, psicólogo e Conselheiro do COEPEDE.

CINEDHEBATE DIREITOS HUMANOS

Exibição filme Feitiço do Tempo

Feitiço do Tempo (Groundhog Day | EUA | 1993 | 101min). Direção: Harold Ramis

13 de setembro | quarta-feira | 19h
Um repórter de televisão que faz previsões de meteorologia vai a uma pequena cidade fazer uma matéria especial sobre o celebrado "Dia da marmota". Pretendendo ir embora o mais rapidamente possível, ele inexplicavelmente fica preso no tempo, condenado a vivenciar para sempre os eventos daquele dia.
SINGULARIDADES
Ainda Orangotangos (Brasil | 2007 | 81 min) Dir. Gustavo Spolidoro

27 de setembro | quarta-feira | 19h

Porto Alegre, no dia mais quente do verão. Um casal de imigrantes chineses cruza a cidade em um vagão de metrô. Doentes e cansados, eles tentam ajudar um ao outro, ao mesmo tempo em que enfrentam a desconfiança dos demais passageiros e a incompreensão de sua língua. O chinês vagueia pelos corredores da estação de metrô e pelo mercado público da cidade, em busca de ajuda. É o início de uma série de situações-limite vividas por diversos habitantes da cidade.
Após a sessão, debate com o diretor Gustavo Spolidoro e o fonoaudiólogo Jéfferson Lopes Cardoso.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Cine Especial: Filmes e Sonhos: Parte 6



Nos dias 16 e 17 de setembro eu estarei na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre, participando do curso Filmes e Sonhos, criado pelo Cine Um e ministrado pelo Psicanalista Leonardo Della Pasqua. Enquanto os dias da atividade não chegam, estejam por aqui comigo, para mergulhar nos melhores exemplos cinematográficos e dos quais tentam retratar um pouco esse nosso universo do sonhar.
 
Sonhando com as ruas de Roma ao lado de Fellini
 
8 ½ (1963)

Sinopse: Prestes a rodar sua próxima obra, o cineasta Guido Anselmi (Marcello Mastroianni) ainda não tem ideia de como será o filme. Mergulhado em uma crise existencial e pressionado pelo produtor, pela mulher, pela amante e pelos amigos, ele se interna em uma estação de águas e passa a misturar o passado com o presente, ficção com realidade.

Fellini em 1963 tinha conseguido todas as glórias como diretor, já havia superado Rosselini, De Sica, assim como o Neo-realismo Italiano, e era muito mais popular que qualquer um dos citados, seu filme mais emblemático seria e é, até hoje, A Doce Vida, e obviamente ele entrou em crise existencial.
Quando não há mais nada a conquistar o que fazer? Talvez tenha sido a questão que mais infernizou sua cabeça naqueles tempos, e sua resposta foi fazer um filme com base nessa crise o que resultou em um divisor de águas em sua carreira e no seu melhor filme. Seu oitavo filme, 8 1/2, em seu próprio título já reflete a brincadeira que ele levará adiante, atravessar o próprio conceito de filme, e transformá-lo em algo indescritível. A trama é relativamente simples um diretor de cinema, interpretado por Marcello Mastroianni alter-ego de Fellini, encontra-se em uma crise artística e pessoal com seu próximo filme, perseguido pelo produtor, pela amante e pela mulher, ele perambula pela indústria cinematográfica enquanto prepara o filme, que pode ser uma comédia, um filme existencial, memorialístico e até mesmo uma ficção científica! Isso não importa no mais, o filme que Marcello quer construir vai se constituindo nesse fio narrativo, em que a dimensão entre a realidade e os sonhos não é perceptível.
Grande parte da genialidade por trás da história encontra-se na visão metalinguística que ele fornece sobre a arte de fazer um filme. Em certa parte a personagem diz a Marcello que não gosta do chapéu que ele está usando, e na cena o chapéu magicamente desaparece. Podemos notar que as cenas que Marcello descreve ao produtor acontecem com eles a medida que a projeção avança. esse jogo metalinguístico que já se encontra difundido em demasia na cultura cinematográfica, aqui fora pioneiro e em certo ponto era hermético nos anos 60, o que lhe deu status de filme "difícil", mas na verdade em seus 140 minutos, ele é a coisa mais engraçada que Fellini já fez! A cena mais icônica é o harém de Marcello, repleto de todas as mulheres que passaram no filme. Quando uma revolta começa, Marcello empunha um chicote para conter "suas mulheres", isso, apesar de ser claramente chauvinista, é a psique do personagem, é encarada entre um misto de patético com heroico. Esta é um dentre outras cenas em que o sonho entra na realidade do filme que é a ideia de outro filme. Entendeu? Não! Então assista, pois é realmente indescritível, é uma boneca russa que não acaba.


A DOCE VIDA (1960)

Sinopse:Roma, início dos anos 60. O jornalista Marcello (Marcello Mastroianni em desempenho memorável) vive entre as celebridades, ricos e fotógrafos que lotam a badalada Via Veneto. Neste mundo marcado pelas aparências e por um vazio existencial, freqüenta festas, conhece os tipos mais extravagantes e descobre um novo sentido para a vida.


 O filme “La Dolce Vita”, do famoso Federico Fellini é um clássico na história do cinema: além de ter se tornado quase um sinônimo da Itália, um neologismo que nos remete a uma época na rua Veneto em Roma, entre mesas dos cafés e os paparazzi a procura da estrela da vez para ser fotografada. Mas no começo o filme não foi um sucesso, aliás: na estreia o diretor e os atores foram vaiados e insultados pelo público, para o Marcello Mastroianni, por exemplo, um espectador gritou “Vilão, vagabundo, comunista!”, outro até cuspiu no Federico Fellini. Era o dia 5 de fevereiro de 1960, no cinema Capitol, em Milão.
Um filme que naquela época era visionário, inimaginável, sem moralismo, só podia escandalizar as hierarquias vaticanas e moralistas. Na Itália o ‘Osservatore Romano’, o jornal da Santa Sé se posicionou contra o filme e o diretor, na Holanda, por exemplo, foi censurado, apesar das bilheterias estarem arrecadando uma quantia recorde em toda a Europa.Na verdade, A Doce Vida, não tinha mais nada de estranho: eram apenas sonhos em celulóides. 
Obra prima que acabou criando o termo paparazzi. Painel da sociedade romana do pós guerra, criticando a hipocrisia das relações entre o catolicismo e o Estado Italiano, a estrutura de classes é mostrado o desespero dos homens e mulheres desencontrados. Inesquecível a sequência em que a deslumbrante Anita Ekberg dança com Celentano e em seguida se banha na Fontana di Trevi. Bom uso da famosa canção Patrícia e temas musicais marcantes de Nino Rota. Filme que despertou a atenção do grande publico, para o trabalho de Fellini e um dos filmes mais lembrados da carreira de Marcello Mastroianni.



Mais informações sobre o curso Filmes e Sonhos você confere clicando aqui.

Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE SETEMBRO da Cinemateca Capitólio

O Massacre da Serra Elétrica

Quatro belas mostras tomam conta da programação da Cinemateca Capitólio Petrobras em setembro. Cinema Novo – Brasil em Transe resgata a partir do cinquentenário de Terra em Transe, de Glauber Rocha, obras com claras intenções políticas do movimento que transformou o cinema brasileiro nos anos 1960 e 70. Capitólio Em Cena retoma a parceria com o Porto Alegre Em Cena e exibe uma série de filmes que estabelecem diversos diálogos com teatro, música e dança. Cinema Super-8 traz um panorama de longas realizados nesse formato no Rio Grande do Sul, com o lançamento do livro Super-8: Um Sonho de Cinema, de Antonio Leão da Silva Neto. No fim do mês, a Cinemateca recebe a Mostra Diálogo, organizada pelos curadores do Festival Diálogo de Cinema, com uma seleção de importantes curtas-metragens brasileiros inéditos na cidade. Entre as sessões especiais, mais obras essenciais do cinema gaúcho: a comemoração dos 20 anos de Anahy de Las Misiones, de Sergio Silva, e a exibição especialíssima, em 35mm, de Um é Pouco, Dois é Bom, de Odilon Lopez, primeiro longa-metragem realizado por um diretor negro no Brasil.

E tem mais! Outro homenageado é Tobe Hooper, um dos grandes nomes do horror moderno americano, morto no último mês. Serão três exibições de filmes emblemáticos de sua trajetória. O Projeto Raros apresenta uma fantasia repleta de ação e invenção: Zu - Warriors from the Magic Mountain, de Tsui Hark, mestre do cinema de Hong Kong. E já que o The Who vem a Porto Alegre, celebraremos a presença inédita na cidade com dois clássicos adaptados das óperas-rock: Tommy, dirigido por Ken Russell, e Quadrophenia, assinado por Franc Roddam. Ainda sobra espaço para exibições de dois filmes sul-coreanos que não entraram no circuito comercial de Porto Alegre: A Filha de Ninguém, de Hong Sang-soo, e O Lamento, de Na Hong-jin. Aproveitem!
  
MOSTRAS

CINEMA NOVO – BRASIL EM TRANSE (entrada franca)
2 a 10 de setembro

Os 50 anos de Terra em Transe, a obra-prima de Glauber Rocha, também marcam o aniversário de um dos momentos mais críticos da história do cinema no Brasil. O que fazer após um golpe? As respostas são muitas, caóticas, desesperadas, conflitantes, enlouquecidas. A mostra Cinema Novo – Brasil em Transe reúne grandes clássicos e obras menos conhecidas da geração que transformou o cinema brasileiro. São filmes realizados no calor (meados dos anos 1960) e no horror (pós-AI-5) do Golpe de Estado de 1964 por nomes como Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade, Nelson Pereira dos Santos, Paulo César Saraceni, Carlos Diegues, Gustavo Dahl, Leon Hirszman, Sergio Bernardes Filho, Julio Calasso, Andrea Tonacci e Luiz Rosemberg Filho.


MOSTRA DIÁLOGO
30 de setembro e 1º de outubro (entrada franca)

A Mostra Diálogo é uma exibição sem caráter competitivo organizada pelo Festival Diálogo de Cinema. Ela apresenta um panorama composto por 16 curtas-metragens realizados no país ao longo do ultimo ano e que ainda não tiveram exibição em Porto Alegre. Serão três sessões seguidas de debate.

CAPITÓLIO EM CENA
A partir de 12 de setembro

A Cinemateca Capitólio Petrobras apresenta uma mostra de cinema em parceria com o Porto Alegre Em Cena, paralela à programação de teatro, música e dança e que dialoga com a curadoria do festival. Entre os filmes, Canção de Baal, de Helena Ignez, Coração de Cachorro, de Laurie Anderson, Divinas Divas, de Leandra Leal, Kbela, de Yasmin Thayná, A Carruagem de Ouro, de Jean Renoir, Gaga – O Amor Pela Dança, de Tomer Heymann, Vontade Indômita, de King Vidor, e As Mulheres, de George Cukor. A abertura da mostra traz a sessão comentada de Plínio Marcos – Nas Quebradas do Mundaréu, com a presença do diretor Julio Calasso

CINEMA SUPER–8
21 a 24 de setembro (entrada franca)

A mostra Cinema Super-8 promove o lançamento do livro Super-8 no Brasil: Um Sonho de Cinema, de Antonio Leão da Silva Neto, com a presença do autor, e um panorama de longas realizados nessa bitola no Rio Grande do Sul: Deu Pra Ti Anos 70, de Nelson Nadotti e Giba Assis Brasil, Coisa na Roda, de Werner Schünemann, Inverno, de Carlos Gerbase, A Palavra Cão Não Morde, de Sérgio Amon e Roberto Henkin, e Tempo Sem Glória, de Henrique de Freitas Lima.

HOMENAGEM A TOBE HOOPER (R$ 10,00)
15 a 17 de setembro

Morto no último mês, Tobe Hooper foi um dos nomes que revolucionou o horror americano na década de 1970. A Cinemateca Capitólio Petrobras homenageia o grande diretor com três sessões. Uma edição extra do Projeto Raros com o psicodélico Eggshells, seu primeiro longa; uma sessão comentada de Força Sinistra com o realizador Jaime Lerner, que fez parte da equipe do filme, e uma gloriosa exibição do clássico absoluto O Massacre da Serra Elétrica. Exibição em HD.
 
EM CARTAZ

A FILHA DE NINGUÉM (a partir de 26 de setembro – R$ 16,00)
(Noogooui Daldo Anin Haewon)
90 minutos, 2013, Coréia do Sul
Direção: Hong Sang-soo
Distribuição: California Filmes

Uma estudante de cinema sonha em se tornar atriz. Quando descobre que sua mãe está se mudando para o Canadá e que seus colegas estão falando mal dela por conta do relacionamento que teve com um professor casado, ela se enche de dilemas existenciais. Exibição em DCP

O LAMENTO (a partir de 26 de setembro - R$ 16,00)
(Goksung)
156 minutos, 2016, Coréia do Sul
Direção: Na Hong-jin
Distribuição: California Filmes

Um vilarejo pacífico começa a testemunhar assassinatos cruéis cometidos pelos moradores. Os criminosos parecem estar fora de si, e as autoridades pensam que talvez tenham consumido cogumelos venenosos. No entanto, o inspetor de polícia Jong-Goo (Kwak Do-Won) suspeita que os casos tenham uma origem sobrenatural, ligada a um forasteiro que acaba de chegar ao local. Exibição em DCP
 
SESSÕES ESPECIAIS

PROJETO RAROS ESPECIAL (8/9 – entrada franca)
Um é Pouco, Dois é Bom
97 minutos, 1970, Brasil
Direção: Odilon Lopez
 
Episódio “Com Um Pouquinho de Sorte”: Jorge, motorista de ônibus, e Maria, comerciária, se casam e vão residir num apartamento popular. Ela, grávida, é despedida do emprego e ele, sofrendo um acidente, tem o mesmo destino. O casal começa a sofrer com problemas financeiros. Episódio “Vida Nova Por Acaso”: Magrão e Crioulo vivem às custas de pungas de bolsas femininas nas ruas centrais de Porto Alegre, embora nem sempre sejam bem-sucedidos em seus golpes. Após a sessão, acontece debate com a atriz Araci Esteves.   Exibição em 35mm.  


Anahy de Las Misiones (20/9, 20h, entrada franca)
115 minutos, 1997, Brasil
Direção: Sergio Silva

A saga de uma mulher que luta pela sobrevivência durante o período mais conturbado da historia do Rio Grande do Sul, a Revolução Farroupilha (1835-1845). Arrastando um velho carroção sem bois, Anahy e seus filhos enfrentam a guerra, a morte e o medo. Exibição em DCP.

ESPECIAL THE WHO

Tommy (23/09 - R$ 10,00)
111 minutos, 1975, Inglaterra
Direção: Ken Russell
Distribuição: MPLC

Um menino criado no período do pós-guerra na Inglaterra desenvolve surdez e cegueira psicológicas, devido a experiências traumáticas na infância. Habilidoso nos jogos, ganha fama como campeão de fliperama, tornando-se ídolo nacional. Exibição em HD.
 
Quadrophenia (24/09 – R$ 10,00)
120 minutos, 1979, Inglaterra
Direção: Franc Roddam
Distribuição: MPLC
 
Na Londres de 1964, Jimmy Cooper é um membro de uma gangue Mod - jovens bem vestidos que dirigem vespas Lambretta. Os mods estão sempre brigando com os Rockers, que vestem jaquetas de couro e dirigem motocicletas. Desiludido com seus pais e seu emprego, Jimmy só encontra uma válvula de escape para sua angústia adolescente quando está com seus amigos mods Dave, Chalky e Spider. Um feriado de três dias é a desculpa para a rivalidade entre as duas gangues chegar às vias de fato, enquanto ambas descem para a cidade litorânea de Brighton para o confronto definitivo. Quadrophenia é uma reflexão sobre a Grã-Bretanha pré-Tatcher, documentando o narcisismo movido a anfetaminas da cultura jovem dos anos 60. Exibição em HD.
 
PROJETO RAROS (29/09 – entrada franca)
Zu - Warriors from the Magic Mountain
(Shu Shan - Xin Shu shan jian ke)
95 minutos, 1983, Hong Kong
Direção: Tsui Hark

Na antiga China, a Montanha Zu é palco de constantes conflitos entre facções por seu valor militar estratégico. Mas essa região também dá lugar a um mundo mágico de feiticeiros e templos antigos. Dirigido pelo mestre do cinema de ação e fantasia de Hong Kong, Tsui Hark, Zu - Warriors from the Magic Mountain é uma das obras mais delirantes e inventivas da década de 1980. Após a exibição, acontece um debate com o crítico e pesquisador Carlos Thomaz Albornoz e com o cineasta Davi de Oliveira Pinheiro. Exibição em HD.