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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: Festa da Salsicha



Sinopse: Dentro de um supermercado, os alimentos pensam que as pessoas são deuses. Eles sonham em serem escolhidos por elas e serem levados para suas casas, onde pensam que viverão felizes. Mas eles nem suspeitam que serão cortados, ralados, cozidos e devorados! Quando Frank, uma salsicha, descobre a terrível verdade, ele precisa convencer os outros alimentos do supermercado  e fazer com que eles lutem contra os humanos.


De uns tempos para cá ando sentindo muita falta de ver um filme de comédia que me faça rir até chorar dentro do cinema. O problema que não temos mais um Jim Carrey, ou até mesmo uma franquia hilariante que saiba arrastar multidões para o cinema e fazer do dia delas bem mais feliz. Contudo, há pequenos talentos como, por exemplo, Seth Rogen (Ligeiramente Grávidos e É O Fim) que uma vez ou outra surpreende com a sua veia cômica, tanto na atuação como na direção e é por trás das câmeras que ele cria Festa da Salsicha, uma das comédias mais insanas do ano.
Na realidade estamos diante de uma animação, onde os personagens são produtos comestíveis e que esperam serem comprados pelos humanos, ou Deuses como eles acreditam, para sim ganharem a paz no paraíso. Contudo Frank, uma salsicha que deseja se enfiar (ou transar) numa fatia de pão a todo custo, gradualmente descobre que não é bem assim como as coisas são. Aos poucos o protagonista, além de outros personagens cativantes, decide criar uma rebelião contra os humanos e terem o direito de livre arbítrio dentro do supermercado.
Falar muito sobre a trama seria estragar inúmeras surpresas que ocorrem no decorrer dela. O que eu posso dizer é que o filme não possui papas na língua em nenhum momento e sempre ouvimos através dos personagens inúmeros palavrões que até Deus dúvida. Fora isso, há piadas a torto e a direito, tirando sarro de crenças, religiões, raças, preconceito, homossexualismo e afins. Tudo isso moldado num filme, cujo traço  dos personagens é bem fofo, mas não tem nada de inocente em suas atitudes.
Não vão faltar logicamente pessoas criticando ferozmente o filme, principalmente vindo de pessoas que nem se prestaram a assistir a obra. Festa da Salsicha está mais voltado para pessoas que, mesmo tendo uma crença, vão assistir ao filme de uma forma descompromissada e de mente aberta. Se você tiver esse perfil, terá uma hora e meia de pura diversão e humor do qual irá fazer você chorar de rir.
Aliás, o filme a todo o momento presta homenagem a outros gêneros e fazendo referencias a grandes clássicos, que vão desde ET, Parque dos Dinossauros e O Exterminador do futuro. Embora sejam piadas, por vezes, dispensáveis, elas fazem alegria do cinéfilo e como sátiras andam em falta atualmente no cinema americano, essas referencias, ou até mesmo piadas, acabam sendo muito bem vinda aos nossos olhos. Falando em referencias, o filme tira até mesmo um maior sarro dos filmes musicais da Disney, onde acaba sobrando para o próprio  gênero musical e fazendo alegria para aqueles que não suportam uma boa música dentro de um filme.
Com um final que rolará mortes, rock, drogas, sexo, orgia (isso mesmo que você leu) e muita piada das mais absurdas. Festa da Salsicha veio para animar essa alma que estava carente de boas risadas dentro de uma sala escura de cinema. 


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Cine Especial: Cinema Explícito: Êxtase, censura e transgressão: Parte 2

Nos dias 22 e 23 de outubro eu estarei participando do curso Cinema Explícito: Êxtase, censura e transgressão, criado pelo Cine Um e ministrado pelo escritor e crítico de cinema Rodrigo Gerace. Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui eu irei relembrar um pouco dos principais filmes do cinema explicito, dos quais não só nos excita como também nos provoca e nos faz pensar. 
 
Ficamos explícitos devido ao estrangeiro

Quem me acompanha por aqui no meu blog, pode desfrutar recentemente as minhas matérias sobre a Pornochanchada (leia mais clicando aqui) subgênero de grande sucesso no Brasil e que nasceu na Boca do Lixo. Visto hoje as tramas são, na maioria das vezes, inocentes e o sexo nem beirava muito a pornografia. Porém, acredito que dois filmes vindos do exterior fez com que a Boca começasse a ousar mais em seus filmes. Confira abaixo:          




O Império dos Sentidos (1976)


Nagisa Oshima já era um veterano do cinema do Japão, tendo sido inclusive, ter feito parte do grupo de jovens cineastas, que criaram ótimos filmes, No inicio dos anos 50, que muitos consideram esse período, como "Nouvelle Vague" do cinema japonês. Mas foi somente em 1976, que Oshima ganhou os holofotes pelo mundo, através desse filme erótico provocante e que tem muito a dizer.
Lembrando um pouco elementos de sucesso do clássico O Ultimo Tango em Paris, acompanhamos os encontros sexuais do casal central da trama, cujo encontro, vai evoluindo de tal forma ao longo da projeção, que culmina num dos momentos mais inesperados daquela época. Sexo, loucura e morte atravessam juntas a cada cena, numa espécie de ritual, onde cada ato não é o suficiente para saciar ambos. Devido a isso, o filme foi considerado em muitos países como obsceno e impróprio para ser assistido, mas devido a toda essa polêmica, atraiu milhares de cinéfilos curiosos, para ver cenas de sexo explicitas, até então limitadas ao mercado da pornografia.
Muitos tentam entender a mensagem que o filme passa. Talvez a mais válida, seja que, a entrega dos protagonistas para um sexo sem limites, tenha sido um símbolo de um final de uma época. Sendo que os anos de 1960, onde a paz, amor e o sexo sem limites dos jovens daquele tempo, estavam sendo ultrapassados, por uma sociedade e política mais conservadora. Talvez a intenção do cineasta nunca tenha sido polemizar, mas sim criar um filme premonitório, embora outras teorias possam ser levadas mais a fundo.



Calígula (1979)


Esse pediu para ser polêmico desde o principio, mas a meu ver, se era para fazer um verdadeiro retrato dos dias do maníaco imperador Calígula governando em Roma, não tinha como ser diferente. Interessante foi o fato do diretor Tinto Brass ter conseguido convencer os atores Malcolm McDowell, Peter O'Toole e Hellen Mirrem em atuarem nesse filme, mas soube-se depois, que eles não sabiam que o filme iria possuir cenas de sexo explícito, sendo que nem mesmo o próprio diretor sabia. Na realidade as cenas adicionais foram filmadas pelo Bob Guccione, fundador da revista Penthouse e reunindo algumas das estrelas do cinema pornográfico da época.
Na época do lançamento, o filme foi duramente criticado mas aos poucos alguns críticos foram reconhecendo que a produção é a que mais possuiu pé no chão ao retratar o lado o obscuro, obsceno e pecaminoso daquele universo romano daquele tempo.


 Hora de ousar


Devido a esses dois filmes acima, a Pornochanchada precisou perder um pouco de sua inocência e ousar em seus filmes. Os títulos abaixo são talvez os melhores representantes dessas mudanças.  


A Noite das Taras (1980)

Pode-se dizer que A Noite das Taras foi uma virada na mesa para a Boca do Lixo naquele período, sendo que o local já produzia com toda força e sucesso o subgênero da pornochanchada e aqui deram um passo mais ousado.  Se antes as cenas de sexo vistas em outros filmes eram tanto que inocentes, A Noite das Taras foi o ponta pé inicial para deixar tudo mais explicito. Como o filme foi dirigido por três cineastas, sendo que um dos seguimentos foi feito pelo ator David Cardoso (Noites Vazias), o filme também foi original nesse quesito, gerando uma continuação (Noite das Taras II)  e inúmeros outros títulos que pegaram carona com o sucesso.


Aqui Tarados (1981)
Dividido novamente em três seguimentos: A Tia de André, onde um rapaz adolescente se envolve sexualmente com a tia sexualmente ativa. O segundo episódio, A Viúva do Dr. Vidal, apresenta um toque de morbidez, ao mostrar uma viúva que decide se vingar do marido abusivo, transando com um amante sobre o caixão no dia do seu funeral. Já o terceiro é o melhor, intitulado O Pasteleiro e estrelado pelo ator e cineasta da época  John Doo. 
Nessa trama, um pasteleiro (John Doo) convida uma prostituta (Alvamar Tadeu) a passar a noite com ele em seu apartamento. O que era para ser apenas um programa simples acaba virando um verdadeiro show de horror e sexualmente explicito. Disparado a melhor trama do filme e até hoje lembrado por muitos fãs e entendedores do gênero de horror dentro do Brasil como Carlos Primati.  



A Noite dos Bacanais (1981)

E se faltava mais sexo explícito nos filmes anteriores, aqui neste tem de sobra.  Fernando, marido meio conservador tenta segurar como pode o casamento, especialmente quando sua esposa (Zaíra Bueno) sugere que, para reavivá-lo, deveriam experimentar diferentes práticas sexuais, a fim de não cair na monotonia. Sua esposa tampouco quer engravidar. Muito a contragosto, Fernando topa participar das festas de swing, e convence a mulher a ter um bebê de proveta.
A trama aqui é o que menos importa, pois o roteiro se entrega ao sexo estremo do começo ao fim. Isso claro dava lucro aos estúdios, pois não poderiam ficar atrás com relação aos títulos americanos e de outros países. Porém, duas coisas fizeram com que a produção de filmes explícitos da Boca do Lixo entrasse em decadência: crise econômica e VHS.
Se o primeiro motivo não é novidade para o nosso país o VHS foi fator determinante para as mudanças. As pessoas não queriam mais assistir ao sexo explicito no cinema, mas sim escondido e no conforto da sua casa. Com isso, o que era um dia a era de ouro da Boca do Lixo com as suas Pornochanchadas, acabou então ficando no passado, mas entrando para história do nosso cinema brasileiro.

Na próxima postagem,  falarei sobre cruzada de pernas, cinema noir erótico e taras por sexo e acidentes de carros ao mesmo tempo.  


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