Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
Me acompanhem no meu:
Twitter: @cinemaanosluz
Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com
Em quatro olhares o curso pretende abordar a
relação da produção cinematográfica brasileira com o contexto
histórico. Começaremos pelos anos imediatamente anteriores, pela movida
cultural pré-golpe. Depois vamos falar dos anos de desgoverno e ditadura
no país, com um cinema subjugado à censura e à repressão. No final dos
anos 1970 chega a abertura política e o cinema se retomou e se
reinventou frente ao novo cenário nacional. Por fim falaremos dos anos
de democracia, quando o cinema brasileiro voltou os olhos para o passado
para contar a história do país.
Eram
os anos 1960, um grupo de jovens intelectuais influenciados pelo Neo
Realismo Italiano e pela Nouvelle Vague Francesa lança um movimento
cinematográfico chamado Cinema Novo e através de uma radiografia social
tenta mostrar ao Brasil do Sudeste, do litoral, um outro país
desconhecido, um país da seca do sertão nordestino, de fome e miséria.
Veio
o Golpe e com ele a repressão e a censura. O cinema sob os auspícios do
governo fazia comédias e filmes populares. O Estado determina: isto é
popular e o cinema segue, sem questionar.
Começa
a abertura política, lenta e gradual. O cinema vai se reinventando,
agora com o peso forte da televisão que foi alçada à voz oficial da
nação pelo Estado. O cinema era menor, ficou para traz e teve de trilhar
um caminho bastante árduo.
Vem
a democracia e a sociedade se reinventa, o país volta a ser do povo
brasileiro e o cinema, assim como o povo é. Novos cineastas, novos modos
de produção e um olhar atento ao passado recente, tão duro e ao mesmo
tempo tão inexplorado.
Objetivos
O curso CINEMA BRASILEIRO NOS ANOS DE CHUMBO, ministrado por Flávia Seligman, vai apresentar o cinema brasileiro e seus cenários contextuais antes, durante e depois da Ditadura Militar. O objetivo será capacitar ao aluno compreender e fazer relação entre os filmes feitos e seu contexto sócio histórico, além de proporcionar uma leitura aprofundada dos filmes representativos do período.
ATIVIDADE ABERTA A QUALQUER INTERESSADO.
NÃO É NECESSÁRIO NENHUM PRÉ-REQUISITO DE FORMAÇÃO E/OU ATUAÇÃO NA ÁREA AUDIOVISUAL.
Conteúdo programático
Aula 1
O cinema se rebela.
Influenciado diretamente pela Nouvelle Vague Francesa e pelo
Neorrealismo Italiano, o cinema brasileiro vê lançar o Cinema Novo, um
dos movimentos mais importantes da cultura do país que trouxe para as
telas nacionais a questão política e sociológica do país. Filmes:Vidas Secas (Nelson Pereira dos Santos, 1962); Deus e o Diabo na Terra do Sol (Glauber Rocha, 1964); Maioria Absoluta (Leon Hirszman, 1964); Terra em Transe (Glauber Rocha, 1967).
O cinema se adapta.
As tendências estéticas do cinema brasileiro nos anos 1970, as comédias
populares, os filmes históricos, o cinema erótico e o filme policial.
Aula 2
O cinema se retoma.
Com a abertura política e a volta dos direitos civis o cinema
brasileiro recomeça a se constituir como uma arte independente e
relacionada com o mundo à sua volta. Filme: Cabra Marcado para Morrer (Eduardo Coutinho, 1984).
O cinema se retrata.
Após a redemocratização do país a produção audiovisual brasileira
transita entre o cinema e a televisão, criando novas plataformas. Nesse
formato proliferam iniciativas de projetos que buscam, retratam e
revisitam o passado recente. Filmes: O Que É Isso Companheiro (Bruno Barreto, 1997); O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (Cao Hamburger).
Ministrante: Profª Dra. Flávia Seligman
Bacharel
em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo pela Famecos / PUC RS
(1986). Mestre (1990) e Doutora (2000) em Cinema pela ECA/USP.
Professora do Curso de Realização Audiovisual e do Curso de Jornalismo
da Unisinos - RS, nas áreas de Estética, Cinema Brasileiro, Televisão e
Produção. Professora de Cinema e de Semiótica, dos Cursos de Design e
Jornalismo da ESPM - SUL em Porto Alegre.
Diretora, produtora e roteirista, realizou os filmes de curta-metragem Prazer em Conhecê-la (1987); Mazel Tov (1990); O Caso do Linguiceiro (1995); Um Dia no Mercado (1998) e A Noite do Senhor Lanari (2003); e os documentários de média-metragem O Povo do Livro (2001); Ilhas Urbanas (2005) e Certos Olhares (2008).
Vencedora do Edital de desenvolvimento de roteiro de longa-metragem de ficção SAV / MINC com o projeto Duas Iguais (2009),
em fase de pré-produção. Desenvolveu a pesquisa "Globo Filmes para um
Globo Público" junto ao Núcleo de Pesquisas e Publicações da ESPM–Sul.
Dirigiu os curtas metragens O Último Chocolate (2013) e O Fusca e a Dona Hortência (2014), selecionados pelo projeto Histórias Curtas, da RBS TV, com exibições na TV aberta e na TV paga (Canal Brasil).
Curso
CINEMA BRASILEIRO NOS ANOS DE CHUMBO
de Flávia Seligman
DATAS: 23 e 24 / Abril (sábado e domingo)
HORÁRIO: 9h30 às 12h30
DURAÇÃO: 2 encontros presenciais (6 horas / aula)
LOCAL: Centro Cultural CEEE Erico Verissimo
(Rua dos Andradas, 1223 - Centro Histórico - Porto Alegre - RS)
INVESTIMENTO: R$ 80,00
(Valor promocional de R$ 70,00 para as primeiras 10 inscrições por depósito bancário)
FORMAS DE PAGAMENTO: Depósito bancário / Cartão de Crédito (PagSeguro)
MATERIAL: Certificado de participação e Apostila (arquivo em PDF)
Sinopse: Um grupo
eclético de sacerdotes convive com Mónica, uma freira, em uma casa na costa
chilena. Quando não estão orando e expiando seus pecados, eles treinam seu
cachorro para a próxima corrida. O que será que os levou até ali, praticamente
no meio do nada, onde o vento sopra forte frequentemente? Quando um novo
sacerdote muda-se para lá, um homem começa a lhe fazer fortes acusações. Sua
voz aumenta mais e mais até que um tiro soa. O padre evita as acusações dizendo
ser suicídio. A igreja envia um investigador, mas será que ele realmente tem a
intenção de descobrir a verdade ou apenas garantir que a aparência santa seja
mantida?
A Trama se passa num
local onde seria uma espécie de refugio dos padres pedófilos. Esse é o mote
principal do filme chileno O Clube, de Pablo Larrain, mostrando o que a Igreja
Católica faz com os seus sacerdotes pedófilos, aplicando um exílio para assim
evitar mais escândalos. Embora seja uma ficção, o filme beira ao realismo cru,
quase um documentário e, segundo as próprias palavras do cineasta, se inspirou
em refúgios dos padres localizados na Suíça.
Em síntese, um mundo
sórdido que o filme vai revelando, pouco a pouco, na linguagem de um homem
revoltado, Sandokan, que ao reconhecer o padre que o molestou quando criança,
se coloca diante da casa santuário de pedófilos e conta, de maneira brutal e
crua, como esse padre lhe fazia chupar seu pau e depois lhe enfiava no anus e
como envolia o semen depositado na sua boca, como se fosse dádiva divina. Esse
repertório cru das ações sacerdotais, depois da missa, coloca em polvorosa
todos os padres pedófilos acantonados nesse refugio, pois se por um momento a
imprensa for informada seria uma catástrofe para a Igreja. Dirigidos pela
governanta fanática religiosa, todos decidem que o padre deve matar o
protestanteque, na opinião deles, deveria
se confessar no confessionário, mas ao invés disso grita em alto bom som para todos
do local ouvirem. As consequências desse ato acabam se tornando imprevisíveis e
criando um caminho sem volta para os que vivem no local.
O Vaticano, que
prefere resolver esses assuntos polêmicos na maior discrição, envia ao local
uma espécie de delegado da igreja, do qual irá interrogar cada um que vive no
local. Mesmo a gente vivendo em um dos países mais católicos do mundo, o filme
foi exibido, mesmo que em pouco tempo em nossos cinemas e conquistando inúmeras
boas críticas pela sua corajosa crítica que a obra faz. O final é de uma
extrema hipocrisia, pois querendo ou não, o horror é colocado por baixo de
panos quentes para que se evite o pior, mas com um alto preço e gerando em nós
um verdadeiro soco no estômago.
Em uma entrevista, o
cineasta Pablo Larrain diz ter tido educação e ter conhecido padres corretos na
sua infância, mas que existem outros dos quais a Igreja quer tirar do mapa e
esconde-los em lugares de difícil acesso para a imprensa. Como um todo, o filme
é uma crítica contra a igreja que, embora poderosa, tenta resolver situações como
essa em surdina, mesmo em pleno século 21. Não é um filme que veio para
questionar a sua fé, mas sim para você pensar sobre situações como essa com a
mente mais aberta.