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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Cine Dica: Em Blu-Ray e DVD: Memória que Contam

Leia a minha critica já publicada clicando aqui.

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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Cine Especial: Palma de Ouro em Cannes: Parte 4

Com a chegada do aguardado filme Azul é a cor mais quente nos cinemas brasileiros, vamos nos relembrar um pouco dos principais grandes vencedores de anos anteriores no Festival de Cinema de Cannes e que levaram a cobiçada Palma de Ouro.
  
ELEFANTE (2003) 

INSPIRADO EM UM TRÁGICO CASO REAL, DIRETOR UNE FATOS VERÍDICOS COM CRIATIVIDADE PARA CRIAR UM FILME INCOMUM

Sinopse: Um dia aparentemente comum na vida de um grupo de adolescentes, todos estudantes de uma escola secundária de Portland, no estado de Oregon, interior dos Estados Unidos. Enquanto a maior parte está engajada em atividades cotidianas, dois alunos esperam, em casa, a chegada de uma metralhadora semi-automática, com altíssima precisão e poder de fogo. Munidos de um arsenal de outras armas que vinham colecionando, os dois partem para a escola, onde serão protagonistas de uma grande tragédia.

Gus Van Sant é um diretor que tem uma carreira um tanto irregular de altos (Gênio Indomável) e baixos (Psicose 1998) mas quando acerta, ele acerta em cheio e aqui ele não só acerta o alvo como cria uma obra prima corajosa, engenhosa e polemica. Inspirado no trágico acontecimento da escola de Columbine em 1999, o filme retrata o dia a dia de jovens perdidos em suas vidas e não sabendo o que querem e com isso, são facilmente seduzidos pelo caminho errado da vida, uma juventude sem brilho e desprovida de perspectivas
O filme possui inúmeras historias paralelas em que ambas se passam em um mesmo cenário e todas somente irão se cruzar somente no trágico ato final. Até lá, o diretor usa a sua criatividade na montagem, sempre apresentando uma determinada historia para depois cortá-la e ir para outra historia que se passa perto da historia anterior, tudo isso para elaboramos um incrível quebra cabeça nas nossas mentes e conhecer melhor o dia a dia de cada um dos personagens que surgem na tela.
Ousado, criativo e trágico esses e outros elementos que fazem desse filme indispensável para qualquer cinéfilo que queira saber o que rolou de bom na primeira década do cinema no século 21.

Entre os muros da escola (2009) 

Filme francês conquista críticos do mundo e vira assunto entre as escolas

Sinopse: François Marin (François Bégaudeau) trabalha como professor de língua francesa em uma escola de ensino médio, localizada na periferia de Paris. Ele e seus colegas de ensino buscam apoio mútuo na difícil tarefa de fazer com que os alunos aprendam algo ao longo do ano letivo. François busca estimular seus alunos, mas o descaso e a falta de educação são grandes complicadores.
  
O tema levou a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2009. A historia é baseada no cotidiano de um professor, François Bégaudeau, que escreveu um livro com o mesmo titulo e também protagoniza o filme. No livro ele conta suas experiências como professor de língua francesa para os adolescentes. No filme, quase um documentário, os alunos são convidados a escrever e a falar sobre as suas vidas. O resultado vai além do cotidiano dos alunos de uma escola do subúrbio de Paris, já que traça um retrato da atual sociedade francesa. O melhor deles, por exemplo, enfrenta dificuldades nos estudos porque sua mãe é imigrante chinesa ilegal e corre o risco de ser deportada. Lançado na França em Setembro do ano passado, Entre os Muros da Escola fez 1,5 milhões de espectadores. Para a escolha do elenco o diretor Laurent Cantet selecionou alunos de uma escola no 20º distrito de Paris. Os pais dos estudantes são os mesmos da vida real.

CuriosidadesO diretor Laurent Cantet veio ao Brasil para o lançamento do filme.
Foi o 1º filme francês a ganhar a Palma de Ouro no Festival de Cannes desde 1987. 


 A ÁRVORE DA VIDA (2011)
A ODISSEIA SOBRE TODOS NOS


Sinopse: Conta a história que aproxima o foco na relação entre pai e filho de uma família comum, e expande a ótica desta rica relação, ao longo dos séculos, desde o Big Bang até o fim dos tempos, em uma fabulosa viagem pela história da vida e seus mistérios, que culmina na busca pelo amor altruísta e o perdão.

Assim como foi Stanley Kubrick, Terrence Malick é um cineasta que dirigiu ao longo dos anos poucos filmes, mas o suficiente para cada um deles passar algo totalmente fora do convencional para o espectador e seu ultimo trabalho não foge desse padrão. A Árvore da Vida é uma historia aparentemente simples, sobre o nascimento, desenvolvimento, degradação e redenção de uma família, e se por um lado ela é criada de uma  forma de elementos já vista em outros filmes, como do clássico 2001: Uma Odisseia no Espaço e do recente A Fonte de Vida, por outro, é criado com um toque especial do diretor, o que o torna fresco, individual e com isso, a historia aparentemente simples, ganha contornos inusitados.  Ao começar pela meia hora inicial, em que Malick apresenta a premissa principal da historia, mas a envolve com o que ele quer passar para o espectador, sobre qual a ligação entre o homem e a natureza? Deus criou realmente o universo, ou foi tudo ao acaso?
São perguntas difíceis de serem respondidas, mas talvez as respostas estejam em cada gesto de olhar, ou do tocar dos personagens um com os outros, ou simplesmente no fato, de que a união de uma família, não importa qual o obstáculo, é que sempre irá gerar o laço que envolve o ser humano com o que vem depois desse plano. Ou seja: um filme para ser visto de mente aberta, não importa qual a sua crença, pois a pessoa sai pensativa e até mesmo recapitula o que aconteceu durante a sua própria vida. Em meio a tudo isso, Malick cria um jogo de câmera pouco visto no cinema atual. Com ângulos inusitados, onde foca e filma por completo, todo o cotidiano daquela família, aliada com uma montagem rápida, mas que jamais cansa, pois quando agente menos percebe, já nos simpatizamos com cada um dos personagens junto com as imagens, e com isso, nos viciamos em cada detalhe de suas reações, desde com o próximo ao lado ou com o contato deles com a vida em volta, não importa em qual forma.
Apesar de Brad Pitt e Sean Penn estarem ótimos em seus papeis, a trama e as imagens deslumbrantes de A Árvore da vida é o que falam por si, e só por isso, é um filme que o torna indispensável nos próximos anos. Devido principalmente a sua mensagem corajosa que tenta passar, para um público acostumado com o convencional, mas com o desejo de apreciar algo incomum.


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Cine Dica: Em Blu-Ray e DVD: UM FINAL DE SEMANA EM HYDE PARK


Sinopse: A história de amor entre Frankin D. Roosevelt (Bill Murray) e sua prima distante Margaret Stuckley (Laura Linney), centrada em um fim de semana de 1939, quando o rei George VI (Samuel West) e a rainha Elizabeth (Olivia Colman) do Reino Unido visitaram os Estados Unidos pela primeira vez na história, em missão oficial para pedir apoio contra as forças nazistas na iminente Segunda Guerra Mundial
  

Houve certo erro na tradução desse filme quando veio para cá: a trama não se passa no  parque de Londres, mas sim nos Estados Unidos, na casa de campo do então  presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt (Bill Murray,ótimo como sempre), em um fim de semana de 1939 ( no momento que a Segunda Guerra Mundial começou a ter inicio) em que o presidente recebe uma visita ilustre do Rei George VI (o mesmo rei gago de “O Discurso do Rei”, aqui interpretado com eficiência por Samuel West) e da Rainha Elizabeth (Olivia Colman, numa interpretação aquém do esperado), buscando aliados para enfrentar o exército alemão. Ao mesmo tempo, Franklin Roosevelt, que, quando não está na capital americana comandando, mora com uma mãe meio desequilibrada, vive um romance (?) com sua prima, Margaret Stuckley (Laura Linney ótima como sempre). O diretor Roger Michell quis dar a mesma importância para ambas as tramas, mas o resultado ficou abaixo do esperado e muita coisa poderia ser mais explorada, se não fosse a sua curta duração. Na realidade o filme se envereda mais para uma comedia sobre os costumes norte americanos, que por vezes choca a realeza inglesa, e rende alguns bons momentos (a passagem sobre o cachorro quente é hilária). O problema é que o filme se envereda para um drama romântico que fica devendo por não saber explorar direito no momento certo. Baseado em cartas escritas por Margaret, e encontradas embaixo de seu colchão após sua morte, aos 100 anos, Um Final de Semana em Hyde Parkpoderia ir muito mais além do que foi apresentado, mas vale mais para assistir ao Bill Murray interpretando um presidente histórico, num desempenho muito melhor, mais leve e solto, do que aquele visto por Daniel Day-Lewis em Lincoln.


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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Cine Dica: Em Cartaz: Um Toque de Pecado


Sinopse: Na China dos dias contemporâneos, quatro pessoas de regiões e classes sociais muito distintas se cruzam. A história, descrita como um "road movie com cenas de ação", passa tanto pela barulhenta metrópole de Guangzhou quanto pela calma província rural de Shanxi.
  
Um olhar cru de um diretor chinês, que através de quatro histórias que ele cria, inspirada em fatos verídicos, sobre como é a China atual, assusta pelo fato daqueles acontecimentos não acontecerem somente lá, como também muito perto de nós. O sangue já jorra de uma forma inesperada, numa situação que poderia acabar de uma forma melhor, mas aqui é mostrada para retratar a reação do homem (ou mulher) perante a violência que não aceita mais tão facilmente, desencadeando então um lado obscuro da pessoa e que o leva ao caminho sem volta. Um retrato não somente da China atual, como também da própria civilização do século 21 infelizmente.  
Em pouco mais de duas horas, Jia Zhang-ke (Em Busca da Vida) retrata o dia a dia de quatro pessoas comuns, que embora se cruzem umas com as outras no decorrer da projeção, suas tramas trabalham independentemente uma da outra, mesmo com o fato da violência ser um assunto que tenham em comum. Assunto que este, vai da pessoa mais velha, para o jovem a recém começando com a vida, mas que não consegue administrar o descontrole de uma  sociedade, que embora tenha a faca e o queijo na mão para tudo ficar bem, não esconde o fato de não saber lidar com o despertar da besta do interior de um ser humano. O despertar esse que começa através das más ações de pessoas que acreditam que acham que podem fazer o que bem entenderem, mas que no fim, querendo ou não, sofrem as conseqüências.   
Acima de tudo, o filme é sobre a perda dos valores de um ser humano, desmoronamento da família contemporânea, o viver do dia a dia difícil, corrupção a torto e a direito, o lado cruel do ser humano contra animais indefesos, o valor abusivo do dinheiro na vida das pessoas que a transformam em seres como pedra e o nascimento do seu lado brutal.  O filme se concentra em quatro historias, enlaçadas através de inúmeros detalhes que exigem um pouco de nossa atenção. Bom exemplo disso é o titulo do filme que é visto num papel de parede que avistamos na terceira historia do longa.
Sublime é a forma de apresentação dos personagens de cada historia que às vezes eles surgem rapidamente dentro da historia de outro personagem. O protagonista da segunda trama surge no inicio da trama do primeiro, que já desencadeia uma onda de violência sem precedentes e já fazendo o cinéfilo se preparar para o que está por vir. Existem os encontros em ônibus e trens e um dos personagens da terceira trama vai voltar ao cenário da primeira história e fechando assim um circulo.
Talvez um dos mais trágicos personagens do longa seja Dahai, da primeira história, um trabalhador de uma mina que se revolta contra a corrupção local. Tenta debater, argumentar, reclamar pelos direitos do povo aonde ele vive, mas tudo acaba de uma forma inútil. O seu rifle enrolado em um tigre enfurecido que molda um pano, irá encher a tela de sangue sem dó. A segunda leva a roubo e assassinato de um trabalhador deslocado de sua região natal, que perde o contato da mulher, o filho e a família. O terceiro caso traz à bela Zhao Tao, a mulher do diretor, que faz uma moça que trabalha como recepcionista de uma sauna e não consegue que o homem que ela está apaixonada deixe a sua esposa. Sem querer, ele deixa um canivete com ela e o objeto se tornara uma arma para ela, num dos momentos mais angustiantes do filme.     
É triste a quarta historia que envolve um jovem que tenta ajudar a família, mas que não consegue suportar a pressão dela e o leva num caminho trágico e sem volta. Em frente aos restos de um passado longínquo e mais dourado, a cantora de ópera chinesa pergunta para uma platéia que se encontra quieta:

“Você entendeu o seu pecado?”


Um toque universal apresentado neste filme, vindo desse cineasta genial, que fala não somente sobre a China, como também de todos os povos desse planeta. 


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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Cine Dica: Em Cartaz: 9º Festival de Verão 2013: O RIO NOS PERTENCE


Sinopse: Após 10 anos longe da cidade do Rio de Janeiro, Marina (Leandra Leal) recebe um cartão postal misterioso que a faz retornar à cidade. Sem saber claramente os motivos que a fizeram retornar, ela procura por respostas. Aos poucos, sua mente é conturbada com paranoias e os sonhos começam a se confundir com a realidade.

Nos primeiros momentos de projeção, a protagonista interpretada por Leandra Leal está relaxada ao lado do namorado, falando inglês (não espere explicação por isso) e se esquecendo por completo do mundo lá fora. Contudo, um cartão postal que ela recebe, faz com que ela de encontro com o passado, para resolver assuntos não resolvidos, tanto com sua família como também de amores não resolvidos. A partir daí, somos levados a ir juntos ao lado da protagonista, numa realidade familiar, mas pouco convencional aqui.
Escrito e dirigido por Ricardo Pretti (Estrada para Ythaca, 2010, e No Lugar Errado, 2011), O Rio nos Pertence por vezes lembra Nina de Heitor Dhalia, onde ambos os filmes possuem uma realidade filtrada, onde faz parecer que determinados ambientes que nos conhecemos, acabam por ser apresentados de uma forma jamais vista. É como se aquela visão sempre esteve lá, mas nunca nos demos conta, ou faz entender que há duas realidades, mas que nunca dão espaço uma para outra e somente nos, num determinado momento da vida, é que nos damos conta disso.
Mas diferente de Nina, a questão não é o fato de a protagonista estar vendo coisas, mas talvez não se dando conta de onde realmente está. Numa das melhores cenas do filme (que me lembrou O Som ao Redor), a protagonista começa a rasgar uma parede, que por sua vez se mostra ser uma grande janela que da de encontro com a paisagem carioca. Mas o visual é sombrio, para não dizer melancólico e com que faz a protagonista gritar por alguém, mas sem ser respondida.
Gritos e escuridão é que fazem também o clima da produção se tornar bem estranho, beirando até mesmo num clima de filme de terror clássico, mas muito distante daqueles vistos do cinema americano. Na realidade o filme de Pretti está mais para A Hora do Lobo de Ingmar Bergman, onde só faltou mesmo a protagonista dialogar com a gente. Mas em vez disso, ela se encontra com um amor antigo chamado Mauro e com sua irmã vivida com maestria por Mariana Ximenes, onde ambas se digladiam numa conversa reveladora e que da uma dica (ou não) do que está acontecendo na tela.
É um filme que poderia ser filmado da forma mais simples, mas o cineasta preferiu ir contra a maré e apresentar uma obra mais experimental e que fizesse com que a gente tirasse inúmeras interpretações do que estamos vendo realmente. Podemos até mesmo ir para um caminho fácil sobre a verdadeira natureza da jornada da protagonista, mas ir para esse caminho seria obvio demais, então o diretor nos joga outros inúmeros detalhes para fazermos uma teia de teorias sobre inúmeros significados das seqüências apresentadas.  Fora o momento da janela já citada, não há como ignorar a enigmática cena da praia, onde a personagem da a entender que está sendo puxada contra a sua vontade por algo, mas não se importando muito com isso.    
Assim como o já cultuado Doce Amianto, Rio nos Pertence é mais um de muitos filmes experimentais brasileiros que veio para ficar. Mesmo indo contra a onda de comedias que assola nossos cinemas, mas são obras como essa de Pretti, que faz com que a trama continue em nossas mentes e nos convencendo a dar mais uma conferida na sala escura.       


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LUTO...


Peter O'toole (1932 - 2013)

O deserto nunca mais foi o mesmo depois que ele surgiu. Em Laurence da Arábia, O'toole interpretou um dos melhores personagens da historia do cinema, onde sua presença se mistura com o incrível cenário do filme.  


JOAN FONTAINE (1917 - 2013)



Dona de um ar de simpatia, Fontaine foi uma das primeiras musas do mestre do suspense e sem duvida nenhuma uma das minhas favoritas.


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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Cine Especial: Palma de Ouro em Cannes: Parte 3

Com a chegada do aguardado filme Azul é a cor mais quente nos cinemas brasileiros, vamos nos relembrar um pouco dos principais grandes vencedores de anos anteriores no Festival de Cinema de Cannes e que levaram a cobiçada Palma de Ouro.
  
Coração Selvagem (1990)

Sinopse: Numa estranha homenagem ao filme "O Mágico de Oz", Sailor e Lula são dois amantes que vivem intensamente a vida e a paixão. Tentando fugir das garras da mãe da garota, os dois caem na estrada para uma viagem violenta e psicodélica, uma vez que a mãe de Lula contrata um grupo de assassinos profissionais para matar Sailor.

Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, o filme é outra homenagem de Lynch á violência escatológica, ao grotesco e com pitadas de bizarrice, que desta vez, é temperada com o gosto pela caricatural. Existe uma versão original de quatro horas e meia de duração, sendo que os cortes contribuirão para realçar a obsessão pelas imagens fortíssimas, marcadas pela presença do fogo e pela trilha sonora de Angelo Badalamenti. A todo o momento, o filme faz referencias ao clássico de O Mágico de Oz, em momentos imaginativos e muito bem amarrados. Destaque para monstruosa participação de Willem Dafoe, cujo destino de seu personagem é grotesco, porém hilário. Um final inesperado, mesmo parecendo convencional para alguns.   
  
Pulp Fiction: Tempo de Violência (1994)


Sinopse: Três histórias são apresentadas de forma não cronológica ao público. Em uma, conhecemos Vincent Vega (John Travolta) e Jules Winnfield (Samuel L. Jackson), dois mafiosos que devem fazer uma cobrança, que termina em chacina e com uma violenta seqüência no carro. Em outra história, Vincent deve levar a mulher de seu chefe (Uma Thurman) para se divertir enquanto ele viaja, mesmo com todos os boatos que rodeiam o caso. Por último, conhecemos Butch Coolidge (Bruce Willis), um boxeador que deve lutar em um combate com vencedor pré-definido, mas que surpreende a todos, vence e foge com o dinheiro da luta para provar o seu valor, sendo perseguido logo após.

O mais importante (e melhor) filme Americano da década de 90, premiado com o Oscar de roteiro Original (do diretor Tarantino) e Palma de Ouro em Cannes em 94. É pouco para esse filme pop, nervoso, violento, mordaz, verborrágico e na maioria das vezes genial. Começa melhor e termina brilhantemente. Tem atuações perfeitas como Jackson e marca o retorno de Travolta em especial a uma cena de dança com Uma Thurman. Se muitos achavam que Cães de Aluguel era o máximo que poderiam esperar de Quentin Tarantino, muitos desses então devem ter ficado de queixo caído com a revolução da forma de filmar e contar historia que foi esse filme de 94. Assim como o filme anterior, a trama explora o mundo dos gângsteres, mas de uma forma similar do que já foi visto, onde os diálogos afiados e muito espertos dominam durante todo o filme de uma forma, que não tem como cansar deles, porque são soberbos.
Mas o mundo não estava preparado naquela época para Pulp Fiction, tanto que muitos colegas cinéfilos da época, simplesmente não entenderam o vai e vem da historia, sendo que muitos ficaram confusos, quando um dos personagens centrais da historia, morre repentinamente no meio do filme, para depois surgir ainda vivo perto do final da trama. Essa forma de se contar a historia, foi sem sombra de duvida, uma forma de Tarantino fazer o espectador prestar 100% de atenção do que está vendo, sendo que ao longo dos anos, essa forma de apresentar um enredo, foi ainda mais aprimorada e atingindo o auge em filmes como Amnésia e 21 Gramas. Tarantino ainda por cima não deixa de focar em nenhum momento os seus personagens, onde vemos eles não só falando, mas vendo suas mudanças de expressões no rosto a cada momento, de acordo com a situação em que eles estão passando, fazendo das sequências, quase uma espécie de filme documentário.
Como sempre, a trilha sonora é outro grande trunfo da trama, sendo que cada seguimento da historia (dividida em quatro partes, mais um prólogo e um epilogo) possui suas trilhas sonoras, que de uma forma bem redondinha, faz um ótimo casamento com as cenas, em especial, dos momentos juntos dos personagens de John Travolta e Uma Thurman. Alias, o seguimento onde aparecem os dois lado a lado, é sem sombra de duvida o melhor de toda a produção, já que ambos estão a vontade em seus respectivos personagens, onde imediatamente se cria um laço de sintonia de ambos, sendo no dialogo (onde as palavras do mundo de Tarantino saem da boca deles) ou então nos olhares. Uma Thurman faz aqui o papel de sua vida e merecia realmente ter levado um Oscar para casa, pois sua imagem de Mia Wallace (dançando com Travolta) ficou registrada para sempre na mente dos cinéfilos. Samuel L. Jackson é outro que saiu ganhando, tanto, que não foi somente o seu personagem, mas também o próprio ator, que acabou virando um ícone pop. As cenas onde ele dispara (literalmente) palavras da bíblia, ou quando tenta buscar redenção no momento em que excita em não matar um casal de assaltantes é momentos nos quais até hoje Jackson tenta se superar (apesar de ter chegado perto em Jackie Brown, também de Tarantino).
Ao longo dos anos, os fãs do filme levantaram inúmeras teorias sobre inúmeras mensagens subliminares, ou até mesmo situações não explicáveis no decorrer da trama, como do porque de não aparecer o que tem dentro da maleta, ou qual o significado do curativo na nuca Marcelos Wallace. Isso e muito mais, serviu para aumentar a aura pop e de obra prima do cinema que Tarantino lançou com esse filme, fazendo do cinema independente algo tão importante quanto à super produções, que pipocaram os anos 90, e que na maioria delas, se tornaram dispensáveis. Nada mal para um filme com orçamento modesto ( R$12 milhões de dólares), mas com um grande conteúdo significativo e que merece ser sempre visto e revisto inúmeras vezes. 

O Pianista (2002) 

Sinopse: O pianista polonês Wladyslaw Szpilman (Adrien Brody) interpretava peças clássicas em uma rádio de Varsóvia quando as primeiras bombas caíram sobre a cidade, em 1939. Com a invasão alemã e o início da 2ª Guerra Mundial, começaram também restrições aos judeus poloneses pelos nazistas. Inspirado nas memórias do pianista, o filme mostra o surgimento do Gueto de Varsóvia, quando os alemães construíram muros para encerrar os judeus em algumas áreas, e acompanha a perseguição que levou à captura e envio da família de Szpilman para os campos de concentração. Wladyslaw é o único que consegue fugir e é obrigado a se refugiar em prédios abandonados espalhados pela cidade, até que o pesadelo da guerra acabe.
  

Talvez um dos melhores filmes do diretor Roman Polanski e um dos melhores ao retratar o horror do holocausto. Devido ao fato de sua mãe ter morrido no gueto na época, era obvio que o diretor faria um filme como esse, só que ninguém imaginava que faria de maneira tão fantástica. Adrien Broody (King Kong) levou um merecido Oscar por seu ótimo desempenho como judeu que sobrevive graças ao seu talento com o piano. Indispensável para qualquer cinéfilo.


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