Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Neste sábado, 7 de
dezembro, às 19h, a Sala P.F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) promove o
lançamento do curta-metragem Os Meninos Perdidos, dirigido por Giordano Gio. A
entrada é franca.
Os Meninos Perdidos é
uma nostálgica aventura sobre o limiar da infância e da adolescência, e também
uma homenagem aos filmes e histórias que povoam o imaginário infantil do
espectador. Torin e seus amigos decidem partir em uma caça ao tesouro antes que
estejam velhos demais para esse tipo de coisa. Em meio a todos os conflitos
dessa fase de transição, eles encontram um abrigo - uma hipnótica volta à
infância que se mostra mais perigosa do que parecia ser.
Sinopse: Recife
1978. Com a ditadura militar ainda atuante mas mostrando sinais de esgotamento
um grupo de artistas provoca a moral estabelecida com seus espetáculos de
cabaré ensaiando a resistência política a partir do deboche. Fininha um soldado
de 18 anos do interior de Pernambuco se apaixona por Clécio dono de uma trupe
anarquista.
Hilton Lacerda saiu
consagrado nos festivais de Gramado e Rio com o seu filme Tatuagem, obra que se
tornou rapidamente uma das mais elogiadas do ano, cujo seus criadores não se importam nenhum pouco em incomodar um
publico mais conservador e hipócrita. Mas é para isso que veio Tatuagem: cutucar, incomodar e trazer um frescor de maior ousadia que por vezes faz falta
no nosso cinema atual. Antigamente (anos 70 e 80) sexo e outros temas pesados
eram bem mais vistos, e olha que estamos falando de um período que ainda
existia a Ditadura que ditava as regras da cultura.
Esse clima mais sujo
e ousado de antigamente começou a renascer a partir de obras como Amarelo
Manga, Febre do Rato e Baixio das Bestas, que embora sejam dirigidos pelo
genial Claudio Assis, as tramas foram roteirizadas por Hilton Lacerda, que
agora estréia com estilo neste filme que deu o que falar no festival de cinema gaúcho. Embora lembre alguns elementos vistos nos filmes citados
(principalmente Febre de Rato), Lacerda optou por criar um clima mais
romântico, mas não menos sensual e em meio a ditadura do final dos anos 70. Tatuagem
acompanha um grupo de artistas itinerantes que se apresenta de maneira ousada,
sendo boa parte deles travestidos e formados por gays, cujo líder do grupo
denominado Chão de Estrelas é Clécio, vivido por Irandhir Santos. Em meio
àquele mundo estranho para os olhos da grande maioria, surge um jovem soldado
que se torna á menina dos olhos de Clécio, Fininha, vivido por Jesuíta Barbosa.
Não é preciso ser
gênio para saber que ambos irão se apaixonar, mas que acabaram vivendo um
conflito, com o fato de que Fininha possa ser ou não um espião infiltrado no
grupo de artistas. Curiosamente, Clécio tem um filho com uma mulher e ambos
continuam sendo amigos, além do primogênito gostar de assistir os shows que
rolam a noite. Sinceramente, não me lembro de cenas tão ousadas de sexo entre
homossexuais do nosso cinema, desde Madame Satã e também lembra bastante as
primeiras obras de Pedro Almodóvar como A Lei do Desejo.
Acima de tudo, o
filme bate na tecla sobre questões liberdade, direito de ir e vir e expressar a
opinião dos personagens através da arte da interpretação. Talvez a passagem que
melhor represente essas caracteriza, é no momento da cena Polka do Cu que faz
parte da peça deles. Chocante, engraçada e corajosa, diga-se de passagem.
Fora isso, o filme é
recheado de boa musica que embala os momentos românticos da trama: em “Volta”,
cantada por Johnny Hooker; a versão de Esse Cara, de Caetano Veloso, cantada
por Irandhir; A Noite de Meu Bem, de Dolores Duran, tocada na primeira dança do
casal de protagonistas, entre outras canções selecionadas e/ou compostas por DJ
Dolores.
Como não poderia ser
diferente, Irandhir Santos rouba o filme como um todo e coloca muito bem no seu
bolso. Interprete de imenso talento, Santos, havia chamado atenção em Tropa de
Elite 2, se consagrado em Febre do Rato e mais recentemente interpretando um
misterioso vigilante no já clássico O Som ao Redor.
Apesar de ser um
filme fora do convencional, Tatuagem é uma produção que merece ser vista por todos,
pois embora seja um retrato de um grupo de pessoas perante aos últimos anos da
sombra da Ditadura, não há como não comparar com a situação de algumas partes
de nossa política conservadora atual, que possui uma mentalidade atrasada e
muito falsamente correta.
A quarta edição do
festival apresenta um panorama da produção cinematográfica com foco na
Diversidade Sexual, com destaque nas produções nacionais e na temática da
Memória O CLOSE ? Festival Nacional de Cinema da Diversidade Sexual acontece do
03 a 08 de dezembro, em exibições no Cinebancários e no Museu dos Direitos
Humanos do Mercosul. O evento é uma co-realização da Avante Filmes, SOMOS ?
Comunicação, Saúde e Sexualidade e Museu dos Direitos Humanos do Mercosul.
Ano após ano, o
festival tem crescido e se modificado. Embora tenha sua temática focada na
diversidade sexual, a qualidade de sua programação tem se direcionado cada vez
mais pelo valor artístico das obras, característica norteadora do evento. Da
mesma forma, o público do CLOSE vem crescendo em significativas proporções,
fidelizando mais frequentadores e envolvendo-se cada vez mais com a cidade.
No último ano, a
produção cinematográfica brasileira que aborda temáticas LGBTs ou queer art
apresentou um crescimento surpreendente, promovendo o lançamento de um grande
número de títulos de qualidade, com uma diversidade temática e de gêneros que
floreiam a massa fílmica atual.
Por esta razão, na
programação do CLOSE 2013, o destaque é o cinema nacional apresentando títulos
como os longas Doce Amianto, de Guto Parente e Uirá dos Reis e Pinta, de Jorge
Alencar.
Outro destaque são as
produções ligadas à memória e à valorização de figuras, espaços e lugares
representativos para a cultura LGBT, em produções ficcionais como Joshua Tree,
1951 ? A Portrait of James Dean, de Matthew Mishory, sobre a vida de James Dean
e documentais como e os filmes
De Volta à Pauliceia
Desvairada de São Paulo em HI-FI, de Lufe Steffen, sobre a cena LGBT paulista
nas décadas de 60 a 80, e na atualidade.
A programação ainda
conta com a Mostra Competitiva, apresentando 10 filmes brasileiros de
curta-metragem, selecionados pelo curador Marcus Mello, concorrendo a
premiações em 11 categorias. A sessão de abertura acontece no dia 03 de
dezembro, terça-feira, às 19h, no Cinebancários, com a exibição do longa gaúcho
Sobre Sete Ondas Verdes e Espumantes, de Bruno Polidoro e Cacá Nazário, sobre a
vida e obra do escritor Caio Fernando Abreu.
Todas as atividades são
gratuitas, com distribuição de senhas meia hora antes do inicio de cada sessão.
Mais informações e horários
das sessões, vocês conferem na pagina da sala clicandoaqui.
Sinopse: No século
XVII, a jovem Suzanne (Pauline Étienne) sonha em ter uma vida livre, mas seus
pais têm outros planos para ela: colocá-la em um convento. Embora resista aos
planos, Suzanne é forçada a seguir a preparação para a vida religiosa, entre
madres superiores tirânicas, e outras carinhosas em excesso... Aos poucos, a
jovem começa a preparar seu plano de fuga.
Alguns filmes que
retratam os lados mais podres da Igreja Católica de antigamente (e atual), deve
ter passado bem longe do Vaticano, pois arrumariam grandes dores de cabeça para
ambos os lados. A batata quente dessa vez é A Religiosa, que possui
diversas cenas incomodas, sobre os maus tratos que algumas freiras que tentavam
desistir de sua vocação no século 17 sofriam, morando em cubículos, tendo de
sofrer torturas físicas e psicológicas. E, além disso, o filme não se intimida
em mostrar certos comportamentos dessas mulheres isoladas, que acaba contradizendo
tudo o que uma mente conservadora acredita cegamente. É um filme que nos mexe, mas também não exagera,
pois a intenção não é somente chocar, mas sim fazer uma reflexão na medida
certa. Produção com uma fotografia das mais belas, com riqueza de detalhes do
dia á dia do monastério, este filme nos revela uma impecável reconstituição daquele
período, tendo ao fundo uma trilha sonora que se casa muito bem com cenas
chaves. Destaque também pelos belos figurinos, onde eles se destacam nas cenas ritualísticas
da igreja.
É obvio que o
principal foco da trama é mostrar como as regras, de uma das principais
religiões do mundo podem afetar de maneira diversificada cada uma das
personagens, e a atriz Pauline Etienne consegue passar uma interpretação comovente
como a bela e sofrida Suzanne. A atriz Isabelle Huppert é um destaque interessante,
como a Madre Superiora que se apaixona e assedia a jovem Suzanne, mas que no
final das contas compreendemos os seus sentimentos, de uma mulher presa
internamente e sem poder liberar o que realmente sente. Um verdadeiro contraste
de Louise Bourgoin, que faz uma madre que possui um punho de ferro tão terrível,
que nos faz pensar como uma mulher pode querer ser freira e conviver o dia a
dia ao lado dela.
Na 1ª. Versão do
filme A Religiosa do diretor Jacques Rivette (1966), foi muito comentado e até
censurado em certos países pelo tema forte que envolve o sistema religioso
católico, autoritário e severo naquele século. Resumindo, é um filme muito bem
arquitetado ao representar os rituais da Igreja Católica, que ao mesmo tempo
fascina e nos intriga a discussões inesgotáveis. As religiões devem levar ao
caminho da comemoração e não para dor e tão pouco a prisão. Generosidade,
compreensão, amor ao próximo devem ser pontuais na crença religiosa. E o que
vemos no filme é justamente ao contrario,
um lado tenebroso do catolicismo, em séculos anteriores onde a opressão
eram permitidos em nome da Fé Cristã.
Esposa e musa de Henri-Georges
Clouzot, um dos grandes nomes do cinema clássico francês, a brasileira Véra
Clouzot completaria cem anos em 2013. Entre os dias 3 e 12 de dezembro, a Sala
P.F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar), em parceria com a Embaixada da
França, a Cinemateca da Embaixada da França no Brasil e o Institut Français,
homenageia a atriz e exibe O Salário do Medo e As Diabólicas, além de A
Verdade, filme que conta com sua contribuição no roteiro. O ciclo ainda
apresenta uma cópia em 35mm de Ciúme – O Inferno do Amor Possessivo, de Claude
Chabrol, adaptação do roteiro de Inferno, célebre filme inacabado de Clouzot de
1964.
Vera Gibson Amado, filha de Gilberto
Amado com Alice do Rego Barros Gibson, nasceu em 1913 no Rio de Janeiro. Em
1941 conheceu o ator francês Léo Lapara, membro da companhia de teatro de Louis
Jouvet que excursionava no país durante a Segunda Guerra. Vera casou-se com o
ator, participando da turnê da companhia na América do Sul que durou quase
quatro anos. Após a Segunda Guerra Mundial, Vera se estabeleceu em Paris. Louis
Jouvet assumiu a direção do Teatro Athenée, enquanto ela continuou a fazer
pequenos papéis. Em 1947, quando Lapara desempenhava um papel no filme Crime em
Paris, Vera conheceu o cineasta Henri-Georges Clouzot. No ano seguinte, os dois
já estavam casados, iniciando uma parceria amorosa e profissional que rendeu
alguns clássicos do cinema francês.
Em maio de 1950, Clouzot e Vera vieram ao Brasil. O
cineasta francês pretendia fazer um filme em um ano, mas acabou realizando uma
reportagem para a Paris Match sobre o candomblé, As possuídas da Bahia, publicada
em maio de 1951 como uma parte exclusiva de um livro que Clouzot lançaria
posteriormente. Vera Clouzot atuou nos filmes O Salário do Medo (1953), com
Yves Montand e As Diabólicas (1955), com Simone Signoret, e o raro Os Espiões
(1957). Morreu aos 46 anos, em 1960, vítima de um ataque cardíaco. Ainda
colaborou no roteiro de A Verdade (1960), filme de Clouzot protagonizado por
Brigitte Bardot.
Mais informações e horários das sessões, vocês conferem
na pagina da sala clicando aqui.