Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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De 1º a 9 de outubro
a Sala P.F. Gastal da Usina do Gasômetro reúne na mostra Juventude em Fúria
filmes que exploram diversas facetas da rebeldia e da inquietação juvenil.
Platão dizia que “de todos os animais selvagens, o homem jovem é o mais difícil
de domar”, e o cinema foi pródigo em retratar este período da vida marcado pelo
inconformismo, pela experimentação, e por arroubos de paixão e violência, onde
imperam a transgressão e o desafio as autoridades.
A mostra faz um breve
panorama cinematográfico do furor juvenil reunindo obras de diversas épocas,
como Juventude Transviada (1955), de Nicholas Ray e Sementes da Violência
(1955), de Richard Brooks, retratos seminais sobre a delinquência e a rebeldia
dos jovens nos anos 1950, e obras de culto, como os violentos Laranja Mecânica
(1971), de Stanley Kubrick, Warriors - Os Selvagens da Noite (1979), de Walter
Hill, e Quadrophenia (1979), de Franc Roddam, baseado no álbum homônimo da
banda de rock inglesa The Who. A irreverência, tendo o rock como força motriz,
está presente nos escrachados Cry-Baby (1990), de John Waters, Rock’n’Roll High
School (1979), de Allan Arkush e Joe Dante, e na insana comédia apocalíptica
Gas! (1970), de Roger Corman. A crueldade e a inocência se chocam em obras como
O Senhor das Moscas (1990), de Harry Hook, Terra de Ninguém (1973), de Terrence
Malick e na bizarra visão da juventude americana vista em Gummo - Vida Sem
Destino (1997), de Harmony Korine. Já o diretor Nagisa Oshima, falecido no
início deste ano, apresenta um feroz retrato da juventude japonesa pós-guerra
em O Túmulo do Sol (1960), filme que marcou a sua estreia no cinema.
A mostra Juventude em Fúria tem o apoio da
distribuidora MPLC e da locadora E o Vídeo Levou.
Mais informações e
horários das sessões, vocês conferem na pagina da sala clicando aqui.
Sinopse: O enterro
da mulher de Zef (Eric Elmosnino) caiu bem no dia do casamento da filha de
Ronie (Kad Merad) e isso só faz piorar a conturbada relação dos dois irmãos.
Afinal, a dupla vive em conflito pelas questões que envolvem o trabalho,
mulheres, música e religião. Em comum, eles têm o velho pai com Alzheimer (Ivry
Gitlis) e as filhas de cada um, Noga (Lou de Laâge) e Melita (Clara Ponsot),
que se adoram. Entre Londres, Paris, Saint-Tropez e Nova York, brigas,
confrontos e traições fazem explodir a harmonia familiar. Porém, graças a esses
conflitos, uma reconciliação caótica e inesperada fará surgir uma grande e
complicada história de amor.
A Última Estação
Sinopse:1950. O jovem libanês
Tarik deixa sua cidade natal em busca de uma vida melhor no Brasil. Ao chegar
no porto de Santos ele se desentende com o irmão de uma garota síria com a qual
estava flertando e, na briga, cai no mar. Ele é salvo por Ali, outro jovem
libanês. Só que, ao passar pela imigração, Ali fica detido pela polícia e eles
se separam. Décadas mais tarde, já idoso, Tárik (Mounir Maasri) resolve partir
em busca de Ali para pedir-lhe perdão. Em seu jornada ele tem a companhia da
filha, que se recusa a seguir os ideais religiosos e de comportamento pregados
pelo pai.
O Verão do Skylab
Sinopse: Durante o
aniversário de uma bisavó, toda a família se reúne na Bretanha. A festa marca o
encontro entre as pessoas mais diferentes, que não se encontravam há anos,
incluindo o tio traumatizado pelas experiências na guerra, a garota
pré-adolescente que espera encontrar o primeiro amor, a tia que não suporta
mais o imenso apetite sexual do marido, o tio de esquerda e um outro, de
direita, o adolescente que deseja ser considerado adulto e mesmo um avô com
tendências suicidas. Enquanto isso, a televisão anuncia a passagem do Skylab
nos céus, um enorme satélite que pode se chocar com a Terra.
Uma Primavera com
Minha Mãe
Sinopse: Aos 48 anos
de idade Alain Evrard tem que voltar a morar com sua mãe. No passado os dois
tinham uma relação complicada. Alain viveu a maior parte do tempo afastado
dela. A convivência não será fácil mas a descoberta de que sua mãe tem um tumor
o fará repensar a sua relação com ela.
Família do Bagulho
Sinopse: Após ser
roubado, o traficante de meia tigela David Clark (Jason Sudeikis) é obrigado
por seu chefe, Brad Gurdlinger (Ed Helms), a viajar até o México para fechar
uma negociação envolvendo um grande carregamento de maconha. Para tanto David
precisa formar uma família de mentira e com isso convida a stripper Rose
O'Reilly (Jennifer Aniston) para ser sua falsa esposa. A delinquente Casey
(Emma Roberts) e o virgem Kenny (Will Poulter) logo entram no plano e juntos eles
formam os Miller, que aparentemente estariam fazendo uma pacata viagem rumo ao
México a bordo do trailer da família. Entretanto, ao longo do caminho os
antigos hábitos voltam à tona e nem tudo sai como o planejado.
R.I.P.D. - Agentes do Além
Sinopse:Nick Walker (Ryan
Reynolds) é um policial que morreu recentemente. Para sua surpresa, sua alma
foi enviada para o Departamento Descanse em Paz, uma espécie de agência que
trabalha às escondidas na Terra. Devido à sua experiência, Nick logo é enviado
de volta à Terra para trabalhar ao lado do veterano Roy Pulsipher (Jeff
Bridges). Juntos, eles precisam encontrar o assassino de Nick.
"AS VEZES PRECISAMOS FAZER COISAS RUINS PARA NÃO FAZERMOS COISAS PIORES"
India Stoker
Sinopse: No dia do
aniversário de 18 anos de India Stoker (Mia Wasikowska), seu pai sofre um
acidente de carro e morre. A convivência desta garota tímida com a sua mãe
(Nicole Kidman) torna-se ainda mais problemática, fato agravado pela visita dos
parentes durante o funeral. Entre os familiares presentes, está o tio Charlie
(Matthew Goode), um aventureiro que passou a vida inteira entre as cidades da
Europa, sem dar sinal de vida. India nunca soube da existência desse homem, mas
logo a sua presença traz à tona o sombrio passado da família Stoker.
Na
maioria das vezes, um diretor estrangeiro de grande prestigio em seu país de
origem, acaba não tendo uma estréia satisfatória quando filma pela primeira vez
em território americano. Felizmente esse não é o caso do sul coreano Park Chan-wook,
cineasta consagrado graças a sua “trilogia da vingança”, conhecida
principalmente pelo filme do meio, Old Boy, que fez o mundo ter um olhar mais
atento, não somente pelo cineasta como também dos filmes que vinham de lá. O
resultado final em território gringo não é só satisfatório, como também
surpreende ao criar um ótimo filme, com uma trama que não trás muitas
novidades.
Escrito pelo ator Wentworth Miller (da série de TV Prison Break)
a historia poderia ser filmada por qualquer um, mas que acabaria correndo o risco de ter um resultado pra lá de
desastroso. Porém, Park Cahn Wook injeta ao máximo originalidade no modo em que
é conduzido essa trama, começando na forma em que ele filma: sua câmera esta
sempre acompanhando os protagonistas, assim como também ela própria apresenta a
trama para o espectador(por vezes em simetria), sem que alguém fale sobre o que esta
acontecendo.
O inicio do filme, já
da uma pista do que virá a seguir, pois tudo começa com a morte do patriarca da
família. Habilidoso como ninguém, o cineasta somente apresenta sons do tal acidente,
enquanto apresenta os demais personagens e as letras dos créditos iniciais vão
surgindo em lugares pouco convencionais. Imediatamente surge Charlie (Matthew
Goode, de Watchmen) que se diz irmão do falecido e que aos poucos vai se
infiltrando na forma de sedução, nas vidas da mãe e filha, que são
interpretadas por Nicole Kidman e Mia Waskowska (Alice no País das Maravilhas).
Basicamente o filme é
voltado somente nesta trindade, cheios de ambigüidade, onde aos poucos se é
descascado quem são eles realmente por dentro e por fora. India, aliás, é a
personagem mais complexa, pois se isola dentro de sua mente cheia de mistério e
fazendo com que ela não tenha uma relação muito amistosa com a mãe, sendo que
essa ultima não se mostra muita afetada pela morte do marido e começa há ter
suas atenções voltadas para Charlie. Interessante é a forma como esse
personagem se infiltra na vida das duas, de uma forma sedutora, perigosa e que faz
principalmente India descobrir coisas de si própria que antes desconhecida.
Além da ótima direção
autoral que Wook passa para nos, o filme também ganha pontos graças ao ótimo desempenho
dos três astros principais, ao começar Mia
Wasikowska: consagrada no filme de Tim Burton, Wasikowska a
principio vivia sofrendo criticas devido a suas atuações por vezes inexpressivas.
Mas bastou atuar em filmes de qualidade, em que desafiassem o seu modo de
interpretar, que fez com que ela chegasse aqui surpreendendo com sua personagem
Stoker, que chega há ser mais assustadora do que seu próprio tio. Isso se deve
graças à frieza que ela passa em seu rosto e fazendo com que tenhamos um grau
cada vez mais elevado de tensão no decorrer do filme.
O mesmo vale pelo ótimo
desempenho de Matthew Goode, que embora já desde o começo seu personagem não
esconde que é um louco com segundas intenções, é graças à ótima interpretação
do ator que faz com que o personagem se torne mais interessante do que tem a
oferecer. Nicole Kidman por sua vez quase é eclipsada pelo desempenho dos seus
parceiros de cena. Porém, sua personagem realmente cresce no ato final da trama,
onde ela bota para fora tudo que sente pela filha, num momento de desabafo e
sinceridade crua.
Embora a origem da
historia no qual move todos os personagens da trama possa soar um tanto que previsível,
o ato final felizmente nos entrega momentos com que faz que a gente se encolhe
na poltrona, esperando pelo pior e faz com que a gente enxergue os melhores
momentos de Park Chan-wook quando
apresentou a sua "trilogia da vingança" para o mundo. Um começo bem promissor
para esse genial cineasta, num país que cada vez menos se está valorizando a
visão autoral dos diretores que querem passar algo de original para o
espectador que assiste.
Documentário
que conta a história de seis importantes Chefs franceses estreia em Porto
Alegre
Pré-estreia
– 28 de setembro, sábado, às 21h
no
CineBancários
(General
Câmara, 424 – Centro)
O CineBancários
exibe, no dia 28 de setembro, sábado, às 21h, “Por que você partiu?” do diretor
francês Eric Belhassen. O documentário reúne, pela primeira vez, seis dos mais
destacados Chefs franceses que atuam no Brasil: Erick Jacquin (La Brasserie
Erick Jacquin), Alain Uzan (Restaurante Avek), Emmanuel Bassoleil (Restaurante
Skye), Frédéric Monnier (Brasserie Rosário), Laurent Suaudeau (Escola de Arte
Culinária Laurent) e Roland Villard (Hotel Sofitel).
Por que você partiu? é a pergunta que permite
ao diretor Eric Belhassen transformar os Chefs em personagens. Para ir além das
respostas “oficiais”, o realizador viaja até a França em busca das origens de
seus personagens e de respostas mais profundas.
Ele percorre mais de 2000 km em uma espécie de
road movie pelas regiões mais gastronômicas da França, onde reencontra os
familiares e histórias do passado que ajudam a entender as razões que levaram
esses franceses a deixarem seu país em busca de uma nova vida no Brasil.
Tanto para os chefs que partiram quanto para
as famílias que ficaram, a separação é tema central do filme: a separação da
família, da pátria e da sua cultura. As razões dos seus exílios, mesmo se
diferentes para cada um, se conectam todas ao exílio do próprio autor do filme,
que se questiona sobre seu próprio partir, e os motivos que o levaram a deixar
a França, 15 anos atrás.
Essa primeira obra do diretor Eric Belhassen
foi selecionada no Festival do Rio, na categoria Panorama mundial, e foi
convidada para abertura do 30th Miami International Film Festival, na categoria
culinária.
Mais informações vocês conferem na pagina da
sala clicando aqui.
Sinopse: Populares na
Europa medieval, os bestiários eram catálogos que reuniam informação sobre animais
reais e fantásticos, acompanhados por ilustrações e lendas antigas cujas
principais personagens eram animais exóticos. O filme desdobra-se como se de um
livro de imagens fílmicas se tratasse, onde os seres humanos e os animais estão
em exibição. Ao ritmo da mudança das estações do ano, os animais e as pessoas
observam-se entre si. Temos a oportunidade de ver criaturas fascinantes e encantadoras:
por um lado, búfalos, hienas, zebras, rinocerontes, avestruzes, por outro, taxidermistas
e tratadores de animais. Todos habitam organizada e silenciosamente um quadro
que o espectador observa. Uma meditação deslumbrante sobre a consciência da
natureza e as fronteiras entre natureza e "civilização".
Dirigido por Denis Côtécujo seus filmes são confinados aos
circuitos mais alternativos, fornece aqui em sua mais nova obra, inúmeras qualidades
estéticas,
juntamente com uma reflexão que nasce no espectador que assiste. Enquanto a maioria
das salas de cinema passa filmes convencionais,Bestiáire surge como uma verdadeira lufada de ar
fresco, cujos protagonistas são animais
em um zoológico, que embora não digam palavra alguma, expressam seus supostos
modos e sensações que transmitem para a câmera, de acordo com o lugar que eles
estão no momento. Como na maioria das obras deste tipo, parece absolutamente
necessário se criar uma história que enlaça o comportamento humano com os dos
animais (assim como acontece em animações,
documentários ou ficção), mas Bestaire evita
nas armadilhas que ocorrem em outros filmes, apresentando os animais em uma
relação consistente e crua com o os humanos que surgem na tela e com o próprio espectador
que assiste.
A relação entre os animais e os seres humanos, uma vez que é
mostrado, prova por vezes ser pacifica, mas que não esconde o lado hipócrita dessa
relação, para não dizer cruel. A crueldade realista, para não dizer bestial: um
taxidermista agindo friamente com o que faz de melhor, estudantes nas artes
plásticas e visitantes do zoológico. Mas eles estão ali presentes em sua
relação primaria com os animais, isto é, em um desejo de posse e dominação: as cabeças
empalhadas referem se ao troféu de caça, os guardas que controlam o ritmo de
vida no animal, tratadores que alimentam de hora em hora os animais, mas que
não muda o fato deles estarem privando a liberdade do animal dentro do zoológico,
para então dar mais segurança para as massas humanas alienadas que os visitam.
O filme como um todo é
produzido através das grades das gaiolas, que constantemente fica lembrando o
encarceramento e observação criada em torno dos animais encarcerados gerando em
alguns momentos sublimes, mas também de pura tensão: a cena que mostra zebras
nervosas sendo colocadas em cubículos, da há sensação de que a qualquer momento
elas serão abatidas. Do começo ao fim, somos apenas observadores de mãos atadas
e o filme também abre com pessoas observando, mas de uma forma diferente: seus
olhos observam o animal (jaz empalhado) enquanto suas mãos reproduzem os
contornos no papel. Este processo de trazer o espectador para o local de observador
junto com outras pessoas que surgem na tela, o diretor quer simplesmente encenar
uma relação pré-existente de dominante / dominado que caracteriza a relação ao
animal.
NOTA: O filme novamente será apresentado no próximo sábado as
17horas na sala P.F GASTAL. Mais
informações sobre a sessão Plataforma você encontra na pagina da sala clicando
aqui.