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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: ‘Meu Amigo Fela’ - Entidade da música

Sinopse: Uma nova perspectiva sobre o músico nigeriano Fela Kuti, a fim de contrapor a narrativa mais frequentemente retratada: como um excêntrico ídolo pop africano do gueto. 

Desde as primeiras cenas fica complicado em não querer entrar dentro da aura positiva de "Meu Amigo Fela”. O cineasta Joel Zito Araújo constrói um emaranhado de cenas sobre as músicas do artista Fela Kuti, com cores quentes e edição frenética. Fora isso, as imagens da época sintetizam um clima nostálgico e que colaboram para fazer da imagem do cantor uma ideia daquele período.
O biógrafo e amigo Carlos Moore conversa com o filho de Fela, com amigos, conhecidos, enquanto as músicas do cantor vibram na tela como um todo. Tanto a fotografia, assim como também as músicas, sintetizam tempos em que a cultura se alinhava com temas políticos e que precisavam ser debatidos. O filme também consegue a proeza de alinhar a figura de Fela com as demais figuras da comunidade negra e que tiveram papel fundamental em várias conquistas.
Em alguns momentos, os realizadores se esquecem do protagonista e dando lugar a figuras históricas como Malcolm X, Martin Luther King, Maya Angelou, Huey Newton e tantas outras lideranças pelos direitos de liberdade de expressão e cuja a luta perdura até hoje. Não que isso tenha sido inserido de forma gratuita, mas sim foi uma forma para colocar o cantor no mesmo patamar e sugerir que as suas músicas foram sim importantes no ativismo político daqueles tempos já longínquos. Ao mesmo tempo, o visual da abertura não é somente pop, como também se casa com a figura dessa pessoa cheia de detalhes.
Curiosamente, "Meu Amigo Fela" dispensa as típicas entrevistas para câmera e criando algo fora do convencional. A câmera foca Carlos Moore entrevistando figuras importantes na vida do cantor, desde ao filho, como também as várias mulheres que ele teve, dentre elas, Sandra Izsadore. Pela aproximação dessas pessoas, os diálogos deles possuem a vantagem de possuir um grau mais relaxado, fazendo com que as conversas se tornem convidativas e fazendo com que nos aproxime mais dessa figura da música.
Izsadore, por exemplo, possui uma personalidade sociável e que garante bons momentos durante a projeção. Em contrapartida, esse recurso serve mais para acentuar o marinheiro de primeira viagem e que desconhece o cantor, pois visualmente se percebe que, durante a entrevista, os entrevistados tentam a todo momento serem francos com relação ao passado. Com isso, se tem revelações verdadeiras sobre quem era realmente Fela que, embora tenha sido um grande artista, era uma pessoa com falhas e muito humanas.
Consequentemente, ele é transformado em ícone, do qual era visto pelos cidadãos da Nigéria como alguém que usava a sua arte contra a tirania. “Seria importante não o reduzir a um ícone cultural, um herói do gueto”, afirmam Carlos e outros colegas de Fela. Vale destacar o tempo considerável que o roteirista destaca o lado mais humano do artista e que, por vezes, o seu maior inimigo talvez tenha sido em alguns casos ele próprio.
Com um final que presta uma pequena homenagem as figuras importantes da política, como no caso da nossa Marielle Franco, "Meu Amigo Fela" obtém sucesso ao inserir essa figura da música dentro de um contexto político, social, cultural e que serve para transformar uma realidade e formar as novas futuras gerações. 


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