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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 26 de novembro de 2019

Cine Dica: Em Blu-Ray - DVD – VOD: 'Grass' - Embriagados no amor

Sinopse: Enquanto uma escritora escreve em um canto de um bar-café, ela observa as idas e vindas de casais que se sentam no local e começam a dialogar sobre as suas relações e amores não correspondidos.  

Hong Sang-Soo se tornou nestes últimos tempos aquele típico cineasta que todos nós já temos uma nítida ideia do que esperar de seu próximo filme autoral. Transitando entre temas que vai desde ao amor como também ao cinema, o cineasta constrói uma trama que se resume em diálogos afiados e cujo o cenário pode ser resumido em uma mesa de um café qualquer da cidade grande. Em "Grass" ele novamente usa esses mesmos ingredientes e os fãs só agradecem.
O filme se passe em um pequeno café, onde uma jovem (Kim Min-hee), senta-se com frequência na mesa do canto e parece estar sempre digitando em seu laptop. A autora busca inspiração nos diálogos que acontecem ao seu redor, dando continuidade a eles e até mesmo intervindo nas conversas dos clientes. Seria ela responsável pelos dramas dos relacionamentos?
Os primeiros minutos me chamaram atenção por me lembrar do filme "Os Belos Dias de Aranjuez" (2017), do diretor Wim Wenders, já que em ambos os casos temos um personagem que é escritor e fica observando a distância personagens dialogando sobre diversos assuntos. Mas se naquele filme víamos o escritor testemunhar os seus próprios personagens dialogando, por aqui, Hong Sang-Soo logo já nos deixa claro que a escritora, interpretada pela atriz Kim Min-hee, observa realmente personagens reais, mas dos quais ela busca inspiração no que escreve no canto do bar-café.
Aliás, basicamente o filme se passa nesse único cenário, onde vemos personagens entrando e saindo, se sentando e dialogando sobre relacionamentos. Cada dupla em cena possui uma história distinta uma da outra, mas fazendo com que se interliguem com os demais personagens que vão surgindo na tela. Uma vez apresentado todos, testemunhamos um microcosmo criado pelo diretor e do qual nada mais é do que, novamente, falar sobre a sua pessoa e do seu modo de enxergar a vida e relacionamentos não correspondidos.
Assim como em seus filmes anteriores, Hong Sang-Soo usa a sua câmera, por vezes, em movimento e nunca se desviando dos seus principais protagonistas. Curiosamente, a fotografia aqui faz um pequeno, porém, belo jogo de sombras, principalmente em uma cena chave onde quase não vemos um rosto de um personagem, mas do qual o mesmo se revela de uma forma surpreendente. Na minha opinião, de todos os personagens vistos na tela, esse é o mais próximo do que seria Hong Sang-Soo como pessoa no mundo real, mesmo que talvez nunca tenhamos certeza afinal.
Embora curto, "Grass" é mais um filme imperdível para os fãs do cineasta Hong Sang-Soo e cuja a sua maneira de enxergar o mundo só aumenta a nossa ansiedade para assistirmos ao seu próximo projeto.  


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quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'O Hotel Às Margens do Rio' - A Jornada de Hong Sang-Soo

Sinopse: Um poeta de idade avançada está hospedado em um hotel e acredita que irá morrer. Recebe visita dos seus filhos e se encanta ao enxergar duas jovens que estão hospedadas no mesmo prédio. 

Hong Sang-Soo se tornou oficialmente o queridinho dos cinéfilos porto alegrenses, já que um ou dois filmes por ano desembarcam na capital, seja na Cinemateca Capitólio Petrobras ou em uma das salas de cinema da Casa de Cultura Mario Quintana. Motivos  é o que não faltam, pois se percebe em seus títulos como, por exemplo, "Lugar Certo, História Errada"(2015),"Na Praia á Noite Sozinha"(2017),"O Dia Depois"(2017) e "A Câmera de Claire"(2017) de que são obras das quais ele tenta se expressar e nos dizer o quanto é dificil ele conviver entre os erros e acertos da vida e de relacionamentos não resolvidos. "Hotel ÀS Margens do Rio" segue essa jornada do cineasta que talvez tenha chegado ao seu final, ou não.
O filme conta a história de um poeta de idade avançada e que se sente convencido que irá morrer muito em breve. Achando em que está em sua reta final, ele decide se hospedar em um hotel e chama seus filhos para visitá-lo, mas no  mesmo local, há também duas jovens, sendo que uma sofre por ter sido traida pelo homem com quem ela convivia. Em determinadas ocasições esses personagens irão se cruzar em situações no minimo curiosas.

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Hong Sang-Soo procura falar através dos seus personagens que ele apresenta, já que eles nada mais são que alter egos de sua pessoa. Ao ouvirmos, por exemplo, os pensamentos do do poeta, seriam na realidade os pensamentos do próprio cineasta vindo a tona e dos quais ele fala um pouco sobre o mundo em volta. Se há ainda alguma dúvida que os personagens são uma representação do cineasta, a figura dos filhos do protagonista, ambos realizadores de filmes, sintetizam muito bem essa minha teoria.
Em contrapartida, o cineasta novamente coloca a sua musa em cena. Min-Hee Kim tem sido uma figura constante em sua filmografia, sendo que ela é uma espécie de inspiração, além de conflito, do qual ele trabalha ao longo dos anos. Aqui, a sua personagem fala de uma relação conturbada do passado e nos dando a entender que, talvez, esteja falando do próprio cineasta que se encontra por detrás da câmera.
Assim como em seus filmes anteriores, Hong Sang-Soo faz questão de colocar os seus personagens sentados na mesa, seja comendo ou bebendo, onde então eles possam colocar para fora os seus conflitos. Se nota nesses momentos que a sua câmera se encontra sempre em movimento, como se não quisesse perder nenhum detalhe da expressão dos seus respectivos personagens e sintetizando momentos de puro conflito interno que sai dentro deles. Na medida que o filme se aproxima para o seu final nós tememos pelo pior, porém, é o desejo que Hong Sang-Soo tem na medida que ele se expressa, tanto pelos seus personagens, como também pelo andar da história. 
Com uma bela fotografia, "O Hotel Às Margens do Rio" é mais um capitulo dessa cruzada particular que Hong Sang-Soo fala sobre seus desejos, arrependimentos e redenções que ele tanto almeja alcançar. 


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