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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 22 de julho de 2019

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: 'Santiago, Itália' - Entre o Golpe e a Solidariedade

Sinopse: Durante um dos mais duros golpes militares da história do Chile, responsável por derrubar o presidente Allende e instituir a ditadura no país, a embaixada italiana tornou-se uma das protagonistas da situação. 

Em tempos atuais é comum se ver por aí pessoas questionado os golpes de estado do passado, principalmente aqueles orquestrados pelo fascismo, pois há aqueles que idolatram os seus desígnios. Em tempos em que a extrema direita se alastra, não só no Brasil como também em vários países pelo mundo, cabe o cinema exercer o papel da informação sobre um passado que não pode ser esquecido. O documentário "Santiago, Itália" segue à risca neste papel fundamental sobre um passado nebuloso e do qual encontra ecos em nossos tempos atuais indefinidos.
Dirigido pelo cineasta  Nanni Moretti, do filme "Mia Madre" (2015), o documentário nos apresenta uma linha de eventos acontecidos no  Chile. Esses eventos culminaram no golpe de Estado chileno, em 11 de setembro de 1973, quando as forças armadas do país bombardearam o Palácio de La Moneda e depuseram o presidente Salvador Allende, líder do primeiro governo socialista democraticamente eleito na América do Sul. Perseguidos e mortos, os defensores por um país democrático começaram a procurar refúgio nas embaixadas, em especial a da Itália.
Nanni Moretti cria uma obra dinâmica, não somente pelos inúmeros depoimentos de pessoas que viveram naquele período, como também registros preciosos de um tempo que não pode ser esquecido. Os minutos iniciais, aliás, sintetizam um clima de harmonia de um país que estava crescendo e isso graças ao governo socialista de Salvador Allende. O que viria a seguir não é muito diferente do que é visto nos filmes catástrofes, mas que são, infelizmente, assustadoramente reais.
Com a mídia da época como aliada, as forças armadas ganharam força contra Salvador Allende, do qual possuía uma política que ia de contramão dos desejos da extrema direita, ou na melhor das hipóteses, indo de contra a política norte americana da época. Se no Brasil o golpe de 1964 aconteceu devido o pretexto, ridículo aliás, do aumento do poder do comunismo, aqui o exército não usou meros pretextos, mas sim o poder bélico. Ao vermos a destruição do Palácio de La Moneda, além da morte do presidente Allende, constatamos o quanto somos impotentes perante a imprevisibilidade do fascismo irracional e inconsequente.
A partir daí, o documentário destrincha cenas que mais parecem saídas de um filme apocalíptico, onde um país inteiro se encontra sitiado e dominado pelo medo. comandado por Augusto Pinochet, inúmeros chilenos do partido de esquerda e contra o golpe começaram a serem perseguidos, presos e até mesmo mortos. As cenas de um estádio de futebol, do qual foi usado como campo de prisioneiros, é uma representação do lado irracional e desumano vindo dos poderosos.
Através dos depoimentos de pessoas que testemunharam aqueles tempos, o filme ganha uma dimensão ainda maior, principalmente quando as palavras desses mesmos se casam com perfeição com as cenas registradas na época. Curiosamente, Nanni Moretti procura ser imparcial sobre os fatos, ao ponto de buscar depoimentos por aqueles que trabalharam e defenderam o golpe. Mas, assim como os defensores do golpe de 1964 no Brasil, não há aqui um embasamento que sustente e favoreça a tirania orquestrada pelos mesmos.
Porém, em meio as perseguições, torturas e mortes, havia um fio de esperança no ar. Não deixa de ser surreal os depoimentos de pessoas que buscavam refúgio na embaixada Italiana que, após os mesmos pularem os muros, testemunhavam uma realidade que se distanciava daquele terrível pesadelo. A mão solidária vinda dos italianos é que fez com que muitos voltassem a ter esperança, mesmo com a possibilidade de nunca mais voltarem ao seu país de origem.
Embora todos saibamos como isso tudo termina, não deixa de ser curioso que possamos fazer um paralelo desses tempos nebulosos do Chile com o nosso tempo atual e do qual se encontra com um futuro indefinido. Talvez o que falte hoje, mas que tinha na época mesmo com todas as adversidades, é o poder do coletivo e o desejo de ser mais samaritano. Infelizmente em tempos atuais, em que há um capitalismo desenfreado, há também o desejo pelo individualismo e sendo sempre moldurado pelo egoísmo vindo dos poderosos.
"Santiago, Itália" é um registro sobre tempos opressores, mas que sempre havia entre as trincheiras um fio de esperança para ser abraçada. 

NOTA: Documentário exibido para os associados do Clube de Cinema de Porto Alegre e  para Accirs - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Sessão ocorrida neste último sábado (20/07/19), mas o documentário segue em cartaz as 17h30min na sala Noberto Lubisco. Casa de Cultura Mário Quintana. R. dos Andradas, 736 - Centro Histórico, Porto Alegre.         


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