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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Casa Gucci'

Sinopse: O casamento e o divórcio turbulento entre Patrizia e Maurizio Gucci leva a um assassinato. 

É difícil tanto para os filmes como séries de tv serem fieis as histórias verídicas conhecidas, principalmente pelo fato que cada um, seja um escritor ou cineasta, ter uma visão distinta se for comparada uma da outra com relação aos fatos. O importante não é ser exatamente fiel a sua fonte, mas sim saber dizer o que você quer dizer com relação ao seu olhar pessoal sobre determinado assunto. "Casa Gucci" (2021) é uma visão pessoal do cineasta Ridley Scott com relação a um crime que chocou o mundo da moda e o resultado é eficaz independente de ser ou não fiel ao que realmente tenha acontecido na vida particular daquela família.

Baseado na história de Patrizia Reggiani, ex-mulher de Maurizio Gucci, membro da família fundadora da marca italiana Gucci. Patrizia conspirou para matar o marido em 1995, contratando um matador de aluguel e outras três pessoas, incluindo o terapeuta. Ela foi considerada culpada e condenada a 29 anos de prisão. Quase 3 décadas de amor, traição, decadência, vingança e assassinato, o filme revela a importância e poder que o nome Gucci carrega e o quanto a família faz para ter o controle.

Antes de mais nada é preciso dar os parabéns para Ridley Scott pelo seu trabalho na reconstituição de três décadas que formam a trama principal da família Gucci. Com cores quentes dos anos sessenta e setenta, a fotografia vai mudando conforme os ânimos vão esquentando no jogo de aparências dentro da família ao longo dos anos. Quando os anos noventa chegam, por exemplo, tudo se torna mais pálido, como se a alegria que um dia estava lá não passava de apenas um conto de Cinderela que Patrizia tanto quis alcançar.

Essa, por sua vez, é interpretada de forma estupenda pela atriz e cantora Lady Gaga. Rainha da música Pop, Gaga ingressou de cabeça no universo da interpretação e quando todos nós achávamos que ela não poderia fazer algo melhor do que "Nasce Uma Estrela" (2018), eis que ela nos brinda com a sua construção pessoal da personalidade de sua Patrizia, uma mulher sonhadora, ambiciosa e que achava que estava predestinada em obter poder na vida. Curiosamente, Adam Drive não fica ofuscado pela presença dela, ao ponto de seu Maurizio Gucci não esconder uma parte fria e calculista no momento em que ele mesmo dá o bote contra a sua família.

Dos demais coadjuvante, se Jeremy Irons cumpre com perfeição o seu trabalho em poucos minutos de cena, Jared Leto, por sua vez, rouba o filme toda vez que surge e cujo o seu Paolo transita entre uma figura patética, trágica e ao mesmo tempo sarcástica e não me surpreenderia que venha ser indicado ao Oscar. Já o veterano Al Pacino dispensa apresentações, sendo que o ator poderia fazer qualquer coisa em cena que seria genial, mas a sua cena final é digna de inúmeros prêmios e merece também todo o reconhecimento.

Em tempos de informações rápidas através da internet é fácil saber como o filme terminará, mas até lá somos brindados, não somente por essas incríveis interpretações, como também por uma direção segura de Ridley Scott. Embora com mais de duas horas e meia, o filme possui uma edição ágil, uma trilha sonora de época que nos soa familiar e fazendo a gente desejar que o final venha a tardar. Infelizmente ele chega de uma forma rápida, um tanto que abrupta, mas que não tira o brilho do restante da obra.

"Casa Gucci" é sobre poder, jogo de aparências e cujo os laços de sangue acaba se tornando um mero detalhe.


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