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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Cine Dica: Streaming: 'A Mão de Deus'

Sinopse: Na Nápoles dos anos 80, um jovem louco por futebol se vê diante de uma tragédia familiar que define seu futuro incerto, porém promissor, como cineasta. 

O tempo passa e se olharmos para trás as nossas lembranças se tornam cada vez mais douradas. Alfonso Cuarón, por exemplo, realizou a sua obra prima intitulada "Roma" (2018) e da qual a mesma falava sobre a sua infância cheia de detalhes e camadas. "A Mão de Deus" (2021) segue essa linha de forma parecida, onde o cineasta Paolo Sorrentino, do filme "A Grande Beleza" (2013) retrata de uma forma delicada, porém corajosa, uma das passagens mais importantes de sua vida.

O filme conta a história de um menino, Fabietto Schisa (Filippo Scotti), na tumultuada Nápoles dos anos 1980. O filme é cheio de alegrias inesperadas, como a chegada da lenda do futebol Diego Maradona, e uma tragédia igualmente surpreendente. O destino desempenha seu papel e o futuro de Fabietto é posto em movimento.

Paolo Sorrentino procura retornar ao seu passado através de lembranças e cujas determinadas passagens são moldadas por simbolismos e dos quais cada um tirará suas próprias conclusões sobre os seus significados. Na abertura, por exemplo, nós somos apresentados a tia do protagonista, da qual sofre por não engravidar e por não ser compreendida pelo seu próprio marido. A mesma adquire uma chance de obter o seu sonho, mas logo sendo desmantelado pela incompreensão do seu próximo.

Essa passagem, aliás, é de acordo com as lembranças que o cineasta vai jogando na tela, da quais podem tanto ser verossímeis, como também pinceladas de uma forma mais romântica e fantástica. Nápoles por si só já é uma cidade que mais parece ser retirada dos livros fantásticos de fantasia, já que suas paisagens a beira do mar valem por mil palavras. Porém, a criatividade do cineasta em filmar determinadas cenas nos surpreende e o momento em que vemos Fabietto testemunhando um possível Diego Maradona com o seu carro no meio da rua se tornou um dos meus momentos preferidos da obra como um todo.

Mas embora nos chame atenção o papel de Maradona dentro da trama, ele serve mais como pano de fundo, pois os grandes astros acabam sendo a família do futuro cineasta. Cada um ali possui uma personalidade distinta, do qual possuem inúmeras histórias a serem contadas e que servem para que Fabietto aprecie em total plenitude cada um deles em determinados momentos da história. Logicamente a sua maior fonte de inspiração acaba sendo os seus próprios pais, interpretados por Toni Servillo e Teresa Saponangelo e dos quais os mesmos possuem um papel fundamental no amadurecimento do jovem.

Com uma belíssima fotografia de cores quentes, as mesmas dão lugar a tons mais escuros e amargos a partir do momento em que os pais saem de cena e fazendo que a vida do jovem simplesmente desabe. Cabe, portanto, os demais personagens restantes da história para que ele volte a enxergar algo além da Nápoles, mas ao mesmo tempo não se esquecendo de suas verdadeiras raízes. A morte dos pais, aliás, serve como trampolim para que ele possa dar novos saltos, amadurecer com realidade em que convive e para assim dar um novo passo adiante na possibilidade de ser um futuro cineasta.

O ato final é cheio de simbolismo, sejam eles protagonizados pela tia do protagonista, como também por uma curiosa figura de um pequeno monge, do qual o mesmo havia aparecido no prologo de forma misteriosa e se revelando de uma forma simples, porém, interessante. Vemos, então, o jovem futuro cineasta tomando o seu rumo e para assim se tornar um talento que aos poucos foi sendo reconhecido. Com uma pequena homenagem ao clássico “Era Uma Vez na América (1984) de Sergio Leone, "A Mão de Deus" é uma carta de amor não somente para aqueles que desfrutam do cinema italiano, como também um retrato universal da jornada pessoal que todos nós passamos.  

Onde Assistir: Netflix.  


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