Sinopse: Rainha Ramonda, Shuri, M'Baku, Okoye e Dora Milaje lutam para proteger sua nação das potências mundiais intervenientes após a morte do rei T'Challa.
Quando Chadwick Boseman morreu em decorrência ao câncer que ele havia ocultado o mundo acabou pego desprevenido, pois até a pouco tempo ele havia sido o protagonista de um dos filmes mais importantes dos últimos anos. Mais do que uma outra adaptação de HQ de super-heróis, "Pantera Negra" (2018) se tornou representante de um povo que até hoje sofre discriminação vinda do homem branco colonizador e tendo finalmente consigo um símbolo forte a ser seguido. Porém "Pantera Negra: Wakanda Para Sempre" (2022) fala sobre superar a dor para seguirmos em frente, para protegermos a todo o custo os que ficaram e seguirmos firmes com relação ao que realmente acreditamos.
No filme, após a despedida do Rei T'Challa, a Rainha Ramonda (Angela Bassett), Shuri (Letitia Wright), M'Baku (Winston Duke), Okoye (Danai Gurira) e as Dora Milage lutam para proteger a nação fragilizada de outros países. Enquanto o povo de Wakanda se esforça para continuar em frente neste novo capítulo, a família e amigos do falecido rei precisam se unir com a ajuda de Nakia (Lupita Nyong'o), integrante dos Cães de Guerra, e Everett Ross (Martin Freeman). Em meio a isso tudo, Wakanda ainda terá que aprender a conviver com a nação debaixo d'água, Talokan, e seu rei Namor (Tenoch Huerta).
Antes de mais nada é preciso destacar que esse é o filme mais adulto do MCU, sendo que as piadas rotineiras são quase raras e quando elas surgem não atrapalham a história. Criticada devido a sua fase 4, o estúdio Marvel pelo visto juntou todos os seus esforços para elaborar um belo filme de aventura que fala sobre a superação perante o luto, ao levantar a bandeira de paz entre as nações e sabendo debater sobre o preconceito que vários povos sofrem devido as suas origens. Na abertura, por exemplo, há uma das mais belas cenas filmadas do estúdio em anos, que não somente presta uma homenagem ao Chadwick Boseman, como também a ideia de que a morte não é o fim, mas uma nova maneira de recomeçar.
Porém, diferente do que muitos imaginam, o filme consegue muito bem andar com as suas próprias pernas mesmo sem a presença do Rei T'Challa. Ao começar pelo fato de personagens coadjuvantes do filme anterior terem maior destaque como no caso da Rainha Ramonda e interpretada de forma poderosa pela veterana Angela Bassett. Pelo fato de ter perdido o marido e filho, a personagem possui uma forte presença em cada cena em que surge, sendo que Bassett não se pouca ao transmitir para nós uma mulher forte, porém, com o coração em frangalhos ao ver a sua família partindo aos poucos. Não é à toa que tem se tornado favorita na categoria de atriz coadjuvante no próximo Oscar e se caso venha a vencer é mais do que merecido.
Contudo, não há como negar que a verdadeira evolução se encontra na personagem Shuri e da qual é interpretada com intensidade pela jovem atriz Letitia Wright. No filme anterior eu já havia notado nela um grande potencial que tinha, mas do qual estava reduzido por ser a irmã do protagonista mesmo tendo o papel fundamental como a grande cientista de Wakanda. Aqui a situação muda, já que a personagem enfrenta não somente o luto, como também pelo fato de não ter consigo salvar o seu irmão e por estar dividida entre a lógica e a fé que os seus ancestrais sempre acreditaram ao longo dos séculos. Portanto, é mais do que lógico que ela viria a ser predestinada em ser a nova Pantera Negra, mas até lá a estrada é árdua.
Ryan Coogler e os demais realizadores tiveram a proeza de inserir um dos personagens mais importantes e complexos da Marvel e conseguindo o feito de atualizá-lo para os novos tempos. Interpretado por Tenoch Huerta, Namor não é um super-herói, mas tão pouco é um simples vilão, sendo ele o Rei da nação submarina Talocan e cuja mesma é desconhecida pelos homens da superfície e sabendo o que eles podem fazer não medirá esforços para proteger o seu povo, nem que para isso provoque atos irreversíveis para dizer o mínimo. Por conta disso, aguardem por momentos inusitados e dos quais nos pegará desprevenidos.
Embora seja algo que possa ser visto independente de ter visto ou não aos outros filmes da Marvel, "Pantera Negra: Wakanda Para Sempre" apresenta personagens que irão surgir ao longo dos anos. Dominique Thorne consegue nos cativar com sua Coração de Ferro, personagem que havia surgido como sucessora de Tony Stark nas HQ e que aqui se torna a principal causa entre o conflito entre Wakanda e Talocan. Infelizmente personagens como a da atriz Lupita Nyong'o tem a sua participação reduzida, porém, sendo responsável por uma grande revelação ao final da projeção.
Em termos de ação o filme também não faz feio, principalmente pelo fato que os efeitos visuais são absurdamente superiores se forem comparados ao primeiro filme e sendo que essa parte técnica foi justamente o único ponto negativo do filme anterior. Aqui a situação é inversa, já que há todo um cuidado na apresentação, tanto de Talocan, como também os novos cenários de Wakanda e dos quais os mesmos enchem os nossos olhos devido aos seus diversos detalhes vastos e dos quais não são capitados em uma única sessão. A cena do ataque contra Wakanda é sem sombra de dúvida uma das melhores partes do filme e nos reservando um dos momentos mais angustiantes.
Ao final, a Marvel aprendeu na melhor e pior maneira possível em não cometer as mesmas falhas que foram vistas no decorrer da fase 4 e nos apresentando aqui um filme digno de nota, o mais maduro e reflexivo. Em tempos em que determinadas nações estão se digladiando em uma guerra que não faz o menor sentido, o filme vem em um momento de que é preciso abaixarmos as armas para só assim construirmos um futuro melhor para a humanidade antes que seja tarde. A ideia é antiga, mas ela é sempre bem-vinda em tempos de incertezas.
"Pantera Negra: Wakanda Para Sempre" não é somente uma bela aventura, como também é cheia de reflexões sobre o que pode ser resolvido em um mundo atual que ainda não aprendeu com os seus erros do passado e que precisam ser finalizados.
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