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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Cine Dica: Em Cartaz - 'Marte Um'

Sinopse: Uma família negra da periferia de Contagem, Minas Gerais, busca seguir seus sonhos em um país que acaba de eleger como presidente um homem de extrema-direita, que representa o contrário de tudo que eles são. 

É curioso observar que, após o resultado das eleições de 2018, o cinema brasileiro tem nos brindado com tramas em que retratam protagonistas em tempos em que o futuro se encontra completamente indefinido. No recente "O Debate" (2022), por exemplo, testemunhamos um casal de jornalistas que debate sobre o antes e o depois das eleições daquele ano e ao mesmo tempo tentam manter o que havia restado do casamento. "Marte Um" (2022) é sobre sonhos há serem conquistados em um futuro próximo, mesmo quando os rumos do país nos levam para o cenário da incerteza e até mesmo de desespero.

Dirigido por Gabriel Martins, do ótimo "Coração do Mundo" (2019), o filme conta a história da família Martins, que vive tranquilamente nas margens de uma grande cidade brasileira após a decepcionante posse de um presidente extremista de extrema-direita. Sendo uma família negra de classe média baixa, eles sentem a tensão de sua nova realidade. Tércia, a mãe, reinterpreta seu mundo depois que um encontro inesperado a deixa se perguntando se ela é amaldiçoada. Seu marido, Wellington, coloca todas as suas esperanças na carreira de seu filho, Deivinho, que por pressão e querendo agradar o pai, segue as ambições dele, apesar de secretamente aspirar estudar astrofísica e colonizar Marte. Enquanto isso, a filha mais velha, Eunice, se apaixona por uma jovem de espírito livre e questiona se é hora de sair de casa.

Gabriel Martins capricha na apresentação de cada um dos personagens centrais dessa família já na abertura do filme que, por sua vez, ouvimos ao fundo o resultado das eleições de 2018. Embora aquele cenário que todos nós já testemunhamos não afete de forma direta os personagens, é curioso observar que cada um ali age de acordo com a sua perspectiva com relação a realidade atual em sua volta. A mãe, por exemplo, vivida de forma incrível pela atriz Rejane Faria, começa a ter crises de ansiedade após uma situação que a deixou apavorada e cujo o seu sentimento sintetiza o medo atual de vários brasileiros que aqui hoje se encontra.

O medo, aliás, é o que move os personagens principais, seja pelo fato do Pai em temer a perda do seu emprego, como também no caso da filha em ter receio em dar um novo passo em sua vida, mas que não se intimida em assumir um relacionamento com uma outra garota e se mudar de casa. Porém, é no jovem menino da trama que se encontra o verdadeiro coração do filme, vivido pelo ator Cícero Lucas e que nos surpreende em cada cena. O seu personagem é uma representação de vários jovens brasileiros que anseiam em abraçar os seus verdadeiros sonhos, mas que enfrentam sempre algum obstáculo para sanar o seus desejos.

É através dele, por exemplo, que o filme escancara uma juventude sedenta pelo conhecimento, mas cujo os rumos de um governo que investe em armas ao invés na cultura é o que faz vários talentos como ele caírem no esquecimento. Por conta disso, ao vermos a cena em que ele se joga com a sua bicicleta em uma ladeira seria uma representação de uma juventude adormecida pronta para se arriscar na vida, nem que para isso tenha que ir contra a vontade de sua própria família. No caso do pai, muito bem representado pelo veterano Carlos Francisco, é a representação de uma geração que ainda acha que deve servir a classe dominante, quando na verdade o próprio possui o poder de puxar as rédeas e mudar o curso tanto de sua vida como também de sua família.

No ato final da trama, vemos cada um desses personagens tendo que encarar os verdadeiros percalços de um mundo atual cada vez mais selvagem e que não se importa com os que ficam para trás ao longo da história. Portanto, ao vermos a família reunida na cena final sonhando com futuro mais promissor, concluímos que a humanidade deve prosseguir com os seus sonhos, pois é através deles que possuímos a força e a esperança de seguirmos em frente em meio aos obstáculos criados pela inconsequência do ser humano. Premiado com quatro kikitos no 50° Festival de Cinema de Gramado, "Marte Um" é sobre o brasileiro atual sonhando com uma realidade melhor e que deseja acima de tudo um futuro mais promissor. 


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS 01 A 07 DE SETEMBRO


 FILMES:

A VIAGEM DE PEDRO

Drama, Brasil, 2022, 1h44min.

Direção: Lais Bodansky

Este é o primeiro longa histórico de Laís Bodanzky e já marcou presença em aclamados festivais. Esteve na 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e também no 23º Festival do Rio. Teve sua estreia nos cinemas de Portugal no início deste ano, além de ter sido exibido no 19º Indielisboa – Festival Internacional de Cinema.  Esta semana o  filme será exibido em uma sessão especial na 50ª edição do Festival de Cinema de Gramado. 

Sinopse: 1831, Pedro, o ex-imperador do Brasil, busca forças físicas e emocionais para enfrentar seu irmão que usurpou seu reino em Portugal. O filme se passa no Oceano Atlântico, a bordo de uma fragata inglesa na qual se misturam membros da corte, oficiais, serviçais e escravizados, numa babel de línguas e de posições sociais. Pedro se vê doente e inseguro. Entra na embarcação em busca de um lugar e uma pátria. Em busca de si mesmo.

Elenco: Cauã Reymond / Pedro Luise Heyer/ Leopoldina Victoria Guerra / Amélia Isabél Zuaa / Dira Rita Wainer/ Domitila  Francis Magee/ Comandante Talbo Welket Bunguê/ Contra Almirante Lars Sergio Laurentino / Chef Denangowe Calvin/ Tigre Isac Graça/ Miguel João Lagarto / Dom João Luísa Cruz/ Carlota Joaquina Dirce Thomas / Benê Marcial Macome/ Bukassa Luiza Gattai/ Maria da Glória.

MARTE UM

Drama, Brasil, 2022, 115 min

Direção: Gabriel Martins

O filme teve sua premiére mundial no Festival de Sundance em janeiro e, desde então, vem tendo uma carreira de muito êxito, já tendo passado por mais de 40 festivais internacionais. Foi premiado como "melhor longa de ficção" no BlackStar Film Festival. E como o Melhor Filme Júri Popular no 50ºFestival de Gramado.

Sinopse: O Os Martins, família negra de classe média baixa, seguem a vida entre seus compromissos do dia-a-dia e seus desejos e expectativas, mesmo com a tensão de um governo conservador que acaba de assumir o poder no país. Em meio a esse cotidiano, Tércia cuida da casa enquanto passa por crises de angústia, Wellington quer ver o filho virar jogador de futebol profissional, Eunice tem um novo amor e o pequeno Deivinho sonha em colonizar Marte. 

Elenco: Rejane Faria, Carlos Francisco, Camilla Damião, Cícero Lucas, Ana Hilário, Russo APR, Dircinha Macedo, Tokinho e Juan Pablo Sorrin.

HORÁRIOS DE 01 A 07 DE SETEMBRO:

NÃO HÁ SESSÕES NAS SEGUNDAS-FEIRAS!

15h: A VIAGEM DE PEDRO

17h: MARTE UM

19h: A VIAGEM DE PEDRO


Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria do cinema . Idosos, estudantes, bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados, portadores de ID Jovem, trabalhadores associados em sindicatos filiados a CUT-RS e pessoas com deficiência pagam R$ 6,00. Aceitamos Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.


CINEBANCÁRIOS

Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre -Fone: 30309405/Email: cinebancarios@sindbancarios.org.br

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre - 'IL Buco'

 Nota: Filme exibido para os associados no último dia 28/08/2022 

Sinopse: No fundo do Abismo Bifurto, 700 metros dentro da terra, é alcançado pela primeira vez. Os exploradores passam despercebidos dos habitantes da cidade local, mas não pelo pastor do planalto Pollino, onde sua vida solitária e rotineira começa a entrelaçar com a dos viajantes. 

O cinema documental e ficção atual se encontra separado somente em uma pequena camada fina, já que foram lançados nos últimos anos obras que quando assistimo mal sabemos distinguir o que é real e o que é reconstituição. São casos que nos é apresentado uma proposta para que despertemos a nossa atenção sobre o que se passa e até que ponto as cenas são realmente verídicas. "IL Buco" (2022) é um longa que reconstitue um possível evento que ocorreu no passado, mas que nos surpreende com seu teor quase documental.

Dirigido por Michelangelo Frammartino, o filme se passa no tempo do boom econômico italiano em 1960, onde o prédio mais alto da Europa está sendo construído no norte da Itália. Já no canto oposto, o Sul, jovens espeleologistas exploram a caverna mais funda do continente, no interior da Calábria. No fundo do Abismo Bifurto, 700 metros dentro da terra, é alcançado pela primeira vez. Os exploradores passam despercebidos dos habitantes da cidade local, mas não pelo pastor do planalto Pollino, onde sua vida solitária e rotineira começa a entrelaçar com a dos viajantes.

Com um belíssimo plano aberto de um morro já na abertura do longa, Michelangelo Frammartino procura interligar aquela natureza natural com a figura de um senhor de idade que acompanha os sons do seu rebanho em volta. logo em seguida vemos empresários desfrutarem da paisagem de um arranha céu enquanto as pessoas de baixo se tornam cada vez mais pontos distantes na medida que o elevador avança. Um verdadeiro contraste de uma beleza natural colorida vinda da natureza, mas cuja a corrida pelo avanço econômico pode ameaçá-la.

Neste último caso, talvez isso nem seja percebido pelo grupo de jovens que começam a descer no fundo da caverna que posteriormente se tornaria a terceira maior do mundo. Na medida em que eles vão rumo as profundezas daquele lugar eles começam achar recursos naturais até então inéditos e fazendo que eles adentrem ainda mais naquela escuridão. É nesses momentos, por exemplo, que o filme ganha um teor ainda mais documental, como se um Werner Herzog se aventurasse naquela caverna assim como ele fez em "Caverna dos Sonhos Esquecidos"(2010).

Ao mesmo tempo, quanto mais aqueles jovens vão ao fundo, imediatamente o senhor de idade começa a passar mal e sendo socorrido pelos seus familiares. No meu entendimento, quanto mais o ser humano mexe em algo que não precisava ser tocado algo de importante nesta terra acaba morrendo aos poucos. O progresso pode trazer futuros frutos, mas jamais substitui o que a natureza já nos havia apresentado.

É um filme que procura nos passar poucas palavras, mas com muitas imagens que falam mais por si do que a gente imagina. Uma obra contemplativa, das quais as suas muitas imagens naturais podem ser interpretadas como simbolismos de tempos mais simples, onde a corrida pela riqueza não era tão viciante e cuja a simplicidade era o nosso maior recurso em vida. Ao invés disso, o progresso avançou, colocando a gente em pura aceleração e fazendo a gente não enxergar mais, tanto o nosso céu, como também as planícies verdejantes que anseiam que nós voltemos a olha-las como antigamente.

"IL Buco" é um curioso e rico filme sobre o lado misterioso das profundezas da natureza, mas que talvez não deveríamos ter tido a ambição de exploradas. 



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Cine Dica: Próxima Sessão do Clube de Cinema de Porto Alegre - 'A Viagem de Pedro'

Boa noite

Segue a programação do Clube de Cinema no próximo final de semana.


SESSÃO CLUBE DE CINEMA

Local: Sala Eduardo Hirtz, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana

Data: 03/09/2022, sábado, às 10:15 da manhã 


"A Viagem de Pedro"

Brasil, 2022, 105 min, 14 anos

Direção:  Laís Bodanzky

Elenco:  Cauã Reymond, Luise Heyer, Victoria Guerra, Isabél Zuaa 

Sinopse:  O ano é 1831. Rejeitado pelos brasileiros, Dom Pedro deixa o Brasil independente e volta a Portugal, disposto a enfrentar o irmão Miguel na disputa pelo trono do país onde nasceu. No meio do Atlântico, a bordo de uma fragata inglesa, misturam-se membros da corte, oficiais, serviçais e negros escravizados, numa babel de línguas, culturas e posições sociais. Pedro tenta reunir forças para a guerra fratricida que se aproxima, mas ele está doente e teme a morte. Nesta situação, o ex-imperador revive diversos momentos da sua vida, como a infância, o casamento, os filhos e as relações com o irmão.



Atenciosamente,

Carlos Eduardo Lersch

Diretor de Programação CCPA.

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segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre - 'O Destino de Haffmann'

Nota: Filme exibido para os associados no último dia 2708/2022.  

Sinopse: Em 1942, Paris, o assistente de um joalheiro e seu empregador enfrentam a ocupação alemã. 

A Segunda Guerra Mundial serviu para colocar para fora o melhor e o pior do ser humano. Durante as ocupações na França, por exemplo, muitos se venderam em prol do nazismo para sobreviver, nem que para isso lhe custasse a própria alma. "O Destino de Hafflmann" (2022), fala sobre até que ponto a pessoa vai para se manter viva, nem que para isso tenha que destruir tudo o que sonhou construir um dia.

Dirigido por Fred Cavayé, a trama se passa em Em 1942, onde François Mercier é um homem comum que só aspira a constituir família com a mulher que ama, Blanche. Ele também é funcionário de um talentoso joalheiro, Sr. Haffmann. Mas diante da ocupação alemã, os dois homens não terão outra escolha senão concluir um acordo cujas consequências, ao longo dos meses, perturbarão o destino deles.

O filme é uma adaptação cinematográfica da peça de Jean-Philippe Daguerre, porém, mesmo a gente obtendo essa informação a gente já tem uma suspeita quando a gente vai acompanhando a obra. Boa parte da trama se passa na joalheria e fazendo com que os eventos sobre a ocupação nazista fiquem somente em nossos pensamentos enquanto os nossos olhos acompanham o desenrolar dos eventos principais daquele pequeno cenário. Na medida em que a história avança, vamos conhecendo a personalidade dos três personagens principais, ao ponto que há sempre uma nova peça do tabuleiro sobre as suas reais virtudes e vindo até mesmo nos surpreender em determinadas passagens.

Se Haffmann é uma pessoa altruísta e fiel a sua família, por outro lado, François Mercier dá sinais de instabilidade no decorrer da história, principalmente quando o assunto é a questão de sua sobrevivência e de sua esposa. Essa última, aliás, demonstra certa inocência perante a realidade em sua volta, mas que aos poucos vai desabrochando um outro lado de sua pessoa na medida que vai conhecendo mais a fundo as duas figuras masculinas da história. Ela demonstra sinais que deseja sobreviver de uma forma ou de outra, mas não significa que irá tolerar o nascimento da insanidade e medo vindos do ser humano.

Fred Cavayé acerta em cheio na construção gradual da personalidade de cada um dos personagens, sendo que a gente simpatiza com eles em um primeiro momento, mas logo colocamos a mão no freio na medida em que François, por exemplo, vai perdendo o foco e logo se revelando alguém ambicioso mesmo não admitindo para consigo próprio. Não há na obra pessoas realmente boas ou más, mas sim somente pessoas que se tornam como elas são de acordo com as sus ações e que, infelizmente, acabam selando os seus próprios destinos.

Tecnicamente, o filme oscila entre momentos dramáticos e até mesmo de suspense, principalmente pelo fato de ficarmos apreensivos na possibilidade de Haffmann ser pego a qualquer momento. Porém, o próprio descobre que, ao ser usado como um instrumento para uma grande mentira, logo percebe que não adianta manter a sua vida quando está perdendo a sua verdadeira pessoa. Portanto, a cena em que vemos o mesmo tentando se livrar da mentira indo de encontro perante os próprios nazistas se torna o melhor mais tenso momento do filme como um todo.

"O Destino de Hafflmann" é um curioso conto sobre seres humanos comuns que se tornam o que são pelas suas ações perante o horror do nazismo. 

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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEMATECA CAPITÓLIO 1 a 7 de setembro de 2022

 Zarafa


ZARAFA NA SESSÃO VAGALUME

Nos dias 3 e 4 de setembro, a Sessão Vagalume exibirá a animação franco-belga Zarafa, de Jean Christophe Lie e Rémi Bezançon! O filme é inspirado na história real da primeira girafa trazida da África para a França, um presente oferecido pelo Paxá do Egito ao rei francês Carlos X. A sessão é uma parceria com a mostra Ecofalante.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/5374/sessao-vagalume-zarafa-2/


NEW WAVE ROMENA NA SESSÃO PLATAFORMA

A Sessão Plataforma de setembro apresenta o novo filme de Radu Muntean, um dos principais nomes da New Wave Romena dos anos 2000. Exibido pela primeira vez no Festival de Cannes, Întregalde é um thriller ambientado em vilarejos isolados na Transilvânia. Sessão única no sábado, 03 de setembro, às 19h.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/5348/sessao-plataforma-intregalde/


SARAH MALDOROR NO PROJETO RAROS

Na sexta-feira, 02 de setembro, às 19h30, a Cinemateca Capitólio apresenta uma edição especial do Projeto Raros, em parceria com a mostra Ecofalante, com Uma Sobremesa para Constance, comédia ácida produzida para a televisão francesa por Sarah Maldoror. Entrada franca.


Mais informações:  http://www.capitolio.org.br/eventos/5350/projeto-raros-especial-uma-sobremesa-para-constance/


GRADE DE HORÁRIOS

1 a 7 de setembro de 2022


1 de setembro (quinta)

14h40 – Memoria

17h – Mensageiras da Amazônia: Jovens Munduruku Usam Drone e Celular para Resistir às Invasões + Kaapora – O Chamado das Matas + Husek

19h30 – Apenas um Movimento


2 de setembro (sexta)

15h – Diários de Otsoga

17h – Natureza Moderna + Lavra

19h30 – Projeto Raros: Uma Sobremesa para Constance


3 de setembro (sábado)

15h – Sessão Vagalume: Zarafa

17h – Koyaanisqatsi

19h – Sessão Plataforma: Întregalde


4 de setembro (domingo)

15h – Sessão Vagalume: Zarafa

17h – Ocupagem + Muribeca

18h30 – Adeus, Capitão


6 de setembro (terça)

15h – Diários de Otsoga

17h – O Céu de Agosto + O Bem Virá

19h – Domando o Jardim


7 de setembro (quarta)

14h40 – Memoria

17h – Aurora + Portugal Pequeno + Panorama

19h – Mil Incêndios

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Cine Especial: 'Better Call Saul - O Fim de Uma Era'

Sinopse: Jimmy McGill, também como conhecido como Saul Goodman, tenta ser um homem honesto e construir uma carreira de respeito. Mas há um lado seu que só quer aplicar golpes e se tornar um advogado picareta 

Na minha opinião, se "Breaking Bad" existe e se tornou o que ela é muito se deve a greve dos roteiristas que ocorreu nos EUA, da qual iniciou em 5 de novembro de 2007 e se encerrou em 12 de fevereiro de 2008. Ela ocorreu não somente pelo fato de os roteiristas estarem escrevendo muito e ganhando pouco, como também eles se viam sendo obrigados a fazerem tramas desnecessárias para séries tv e para que as mesmas se prolongassem até o 24º episódio de cada temporada. A partir daí algo de interessante aconteceu.

Com menos episódios e liberdade maior na criação das tramas, os roteiristas abriram um leque de possibilidades, principalmente pelo fato de atrair cineastas autorais para as tvs, sendo que os mesmos estavam cada vez mais perdendo liberdade na criação de determinados filmes para o cinema, mas enxergando na telinha a chance de obter liberdade criativa maior que até então nunca haviam conseguido obtê-la. A partir de então, as séries de tv começaram a ganhar uma linguagem mais cinematográfica, coisa que talvez não se via muito desde que David Lynch havia virado a tv norte americana do avesso com o seu "Twin Peaks" (1990) e tendo temporadas com um número cada vez menor de episódios, porém, com melhor conteúdo a ser degustado. "Breaking Bad" foi um desses primeiros bons exemplos, ao retratar o professor de química Walter White que, ao descobrir que tem câncer, decide criar drogas para vender e assim obter dinheiro para dar a sua família caso venha falecer.

Sucesso de público e elogiado pela crítica, a série abocanhou diversos prêmios ao longo dos anos, mas muitos fãs ficaram órfãos quando ela havia se encerrado. Porém, o programa tinha diversos personagens surpreendentes e dos quais facilmente poderiam ser usados em um possível derivado e muitos ficavam se perguntando como seria uma série protagonizada pelo advogado trambiqueiro Saul Goodman e do qual foi interpretado brilhantemente pelo ator Bob Odenkirk. Eis que em 2015 chega e a Netflix lança então a série "Better Call Saul", programa que se encerrou recentemente e que nos surpreendeu em cada episódio pela sua qualidade, tanto em suas tramas engenhosas como também na forma de filma-las.

Ao longo de seis temporadas, acompanhamos Saul em seu exílio como foragido, ao vermos o mesmo trabalhando vendendo sorvete em um grande shopping, mas jamais se esquecendo do que ele foi um dia no passado. Todas as temporadas começam neste ponto, cuja a fotografia em preto e branco fria sintetiza um protagonista adormecido, mas pronto para despertar o seu talento, mesmo quando o mesmo era usado para métodos nenhum pouco limpos. As tramas foram prosseguindo, onde fomos conhecendo a transição do protagonista para o mundo da advocacia, assim como o seu irmão Chuck, brilhantemente interpretado por Michael McKean e sua namorada e também advogada Kim Wex (Rhea Seehorn).

Ao mesmo tempo, velhos conhecidos nossos de "Breaking Bad" foram reaparecendo ao longo da série como Mike (Jonathan Banks), Gus (Giancario Esposito) e trazendo consigo todo o seu conflito com a máfia do tráfico controlada pelos Salamancas. Isso fez com que acompanhássemos duas linhas da mesma história, ao vermos a transformação gradual de Jimmy para o Saul como nós havíamos conhecido, como também a guerra que os Salamancas haviam orquestrado antes dos eventos da série original. Embora todos nós já sabíamos quais seriam os destinos da maioria desses personagens, os roteiristas foram engenhosos em sempre terem mantido o nosso interesse sobre as raízes de Saul e sobre o destino da sua companheira Kim que foi se revelando uma das melhores personagens do programa ao longo desse tempo.

Eis então que a sexta e última temporada chega de uma forma arrasadora, onde os diretores usaram e abusaram da melhor forma possível para filmar a história e cuja a mesma sela com um laço forte todos os eventos vistos anteriormente em "Breaking Bad". E sim, os personagens Walter White (Bryan Cranston) e Jesse Pinkman (Aaron Paul) finalmente aparecem em participações especiais, porém, bastante importantes ao colaborar em nos apresentar a real faceta de Saul. Embora todos os eventos das duas séries tenham construído a sua pessoa, vale salientar que essa última temporada nos passa a ideia de que ele sempre foi assim, uma pessoa que joga os dois lados da moeda da Justiça desde sempre para sobreviver, mas tendo total consciência de possíveis consequenciais que poderiam vir a seguir.

Portanto, ao vermos o mesmo jogando suas cartas na manga, mesmo correndo o sério risco de ser enclausurado pelo resto da vida, é o ápice de toda a construção da jornada desse personagem, que lutou das mais diversas formas, até mesmo sujas, para se safar perante a justiça e contra aqueles que poderiam facilmente terem dado um tiro em sua cabeça. Ao final, vemos o mesmo ao lado de Kim, aquela que ele sempre amou, admirou e cujo o enquadramento da última cena dos dois juntos, alinhado com uma belíssima fotografia em preto branco, com certeza entrará facilmente para um dos momentos mais importantes dos seriados de tv norte americanos e isso eu falo sem exagero.

Com uma criativa homenagem ao clássico literário "Máquina do Tempo" de H. G. Wells, "Better Call Saul" se encerrou de uma forma extraordinária, com uma linguagem cinematográfica autoral de ponta a ponta e por ter criado em nós uma sensação de estarmos órfãos por longas horas. 


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