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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sábado, 22 de setembro de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Buscando

Sinopse: Após uma jovem de 16 anos desaparecer, seu pai David Kim (John Cho) pede ajuda às autoridades locais. Sem sucesso, após 37 horas, David decide invadir o computador de sua filha para procurar pistas que possam levar ao seu paradeiro. 

Ao longo de mais de um século, o cinema tem nos brindado com diversas formas de se apresentar uma história, seja ela de formas previsíveis ou genuinamente  criativas. Em Janela Indiscreta, por exemplo, Alfred Hitchcock fez mais do que levantar questões sobre o voyeurismo, mas sim prestar uma homenagem ao próprio cinema, já que cada janela observada pelo personagem de James Stuart contava a sua própria história. Buscando conta uma história de começo, meio e fim, mas montada de uma forma raramente vista e muito bem vinda.
Dirigido pelo estreante Aneesh Chaganty, o filme conta a história de uma família em harmonia e da qual conhecemos através do computador de sua filha Margot (Michelle La). Porém, a esposa vêm a falecer e cabe ao pai David Kim (John Cho, o Sulu dos novos filmes de Star Trek) cuidar de sua filha da melhor forma  possível. Porém, Margot desaparece e desencadeando uma busca que irá levar David a situações reveladoras e surpreendentes.
Em termos de originalidade o roteiro em si soa a todo momento familiar, já que ele não é muito diferente do que é visto em outros suspenses clássicos do gênero. Porém, é na sua maneira de  apresentação em que o filme ganha voz própria, já que  toda a trama se passa na frente do computador. Há desde uma criação de uma linha narrativa, como apresentação dos personagens, atos e consequências na trama, mas tudo moldado através de fotos, vídeos, redes sociais, imprensa e tudo isso e muito mais visto pelo olhar do protagonista na frente da tela.
A criatividade aqui fica nítida e a ilusão cinematográfica colabora para que compremos de um modo mais fácil a proposta vinda da obra. Isso se deve também ao que tudo que é visto na tela nos pareça  familiar, desde ao fato de testemunharmos na tela as ferramentas como, por exemplo, Google, das redes sociais, FaceTime, livestreaming e por aí vai. E, como uma ou outra “licença poética”, o resultado se torna até mesmo verossímil e muito bem feito.
Outro grande feito é o seu lado dinâmico, cuja a edição em que apresenta as imagens vistas no computador se crie um verdadeiro balé perante os nossos olhos e fazer com que não nos desgrudemos da poltrona por nenhum momento. Isso ainda melhora cada vez mais quando surge em cena a trilha sonora composta por Torin Borrowdale, da qual faz um belo casamento com as sequências vistas na tela e fazendo até mesmo me lembrar dos melhores momentos do filme A Rede Social de David Fincher. São dois filmes distintos, mas que falam sobre o papel da  interatividade das redes sociais em tempos contemporâneos.
Aliás, é notório que Aneesh Chaganty busque dialogar com o cinéfilo com relação as inúmeras questões que são abordadas dentro da história, ao ponto de fazer com que a pessoa se identifique facilmente com elas. Assuntos como, por exemplo, amizades virtuais, celebridades instantâneas nas redes, midía sensacionalista e demais assuntos que são cada vez mais debatidos hoje em dia. Isso se cria uma gangorra que balança para os dois lados, onde se explora, tanto os bons recursos que a tecnologia pode nos  oferecer, como também os males que podem vir a surgir.
É claro que, mesmo com toda a criatividade na apresentação da trama, onde possui inúmeras camadas a serem descascadas, ela não viria a funcionar sem um bom protagonista. Em seu primeiro grande papel de destaque, John Cho se sai muito bem em cena, onde o seu personagem vai mudando aos poucos, tanto fisicamente, como também mentalmente  e tentando se sustentar para não enlouquecer perante a sua cruzada em busca de sua filha. Pelo olhar de incrédulo de David, por exemplo, testemunhamos alguém ao não acreditar nas situações que vão acontecendo, mas das quais existem e sintetizando tempos onde cada vez é mais fácil colecionar amigos pelas redes virtuais, mas nunca termos a total certeza sobre suas reais identidades. 
Buscando é um filme  criativo em sua proposta e provando que a magia do cinema pode sim nos brindar ainda com novas formas de apresentar uma boa história. 


sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Missão 115

Sinopse:Partindo do atentado frustrado ao show do Primeiro de Maio de 1981 no Riocentro, Missão 115 aborda o momento político da abertura, os atos terroristas do grupo contrário à democratização e as consequências de sua impunidade, que até hoje dificultam a plenitude de um Estado Democrático de Direito. A narrativa do documentário está apoiada em entrevistas com personalidades atuantes no período, usando ainda imagens de época e curtas sequências encenadas do trabalho de um terrorista. O diretor, que foi preso político nos anos 1960, participa da abertura e encerramento do filme.

Uma vez que alguém tenta contestar o passado é o mesmo que colocar uma venda nos olhos. Dizer que não houve ditadura no Brasil, do qual prendeu e eliminou inúmeras pessoas, é o mesmo que também colaborar com os torturadores e sujar as mãos com sangue. Missão 115 dá uma nova luz aos eventos de um passado nebuloso e revelando uma realidade absurda, porém, verdadeira.
Dirigido por Silvio Da-Rin (Hercules 56), o filme aborda sobre atentado no Riocentro ocorrido em primeiro de maio de 1981. O fato aconteceu próximo ao local em que ocorria um show com inúmeras pessoas e celebridades cantando as suas musicas no palco. O que aparentou ser um crime contra aqueles que se encontrava dentro de um carro onde ocorreu a explosão, por sua vez, logo se descobriu que o caso era muito mais surpreendente e tenebroso do que se imaginava.
Além de obter jornais e imagens que reconstituem os fatos para ser levada a tela, Silvio Dan-Rin consegue a proeza de obter a entrevista de 19 pessoas, desde a jornalista, políticos, historiadores, advogados e cientistas sociais, para analisar o quadro da época e discutir seus reflexos nas décadas seguintes. Porém, o mais surpreendente, é a presença do ex-policial Claudio Guerra, participante direto daquele e de muitos outros crimes da repressão e que solta palavras reveladoras e desconcertantes. Curiosamente, a ideia da realização do documentário surgiu graças ao próprio esse ex – policial, já que a obra é inspirada no livro Memórias de uma Guerra Suja de sua autoria.
Tanto o documentário como o livro deixa muito claro que esse atentado desastroso foi uma tentativa desesperada dos militares se manterem no poder, já que os terroristas, intitulados "Grupo Secreto", estavam incrustados clandestinamente no aparelho de informação e segurança do governo militar, que não queriam processo de abertura da redemocratização e tentavam criar um clima de pânico para justificar a continuidade do estado de exceção. Através uma edição dinâmica, com uma pequena reconstituição dos eventos, Silvio Dan-Rin coloca na tela as principais vitimas dessa tentativa desesperada dos militares que não estavam aceitando tão fácil o povo voltar as ruas e exigir justiça e o direito de votar novamente nó país. Talvez a maior atrocidade aconteceu mesmo quando tiraram a vida de  D. Lyda Monteiro da Silva, secretária do presidente da seção carioca da OAB; através de uma bomba, sendo que o mesmo artefato explosivo mutilou o assessor parlamentar José Ribamar Freitas, na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro.
Isso desencadeou o surgimento da lei da Anistia que, se por um lado trouxe de volta pessoas que se encontravam no exílio desde os primeiros anos de chumbo, por outro lado, o decreto beneficiava os torturadores e autores das principais atrocidades do tempo da ditadura e que até hoje continuam impunes. Não deixa de ser erroneamente simbólico, por exemplo, ver o ex presidente Figueiredo assinar essa lei, já que, segundo as investigações vistas na tela, ele foi diretamente responsável pela maioria daqueles atentados daquele tempo. Aliás, o documentarista foi engenhoso em alinhar aqueles eventos com os ocorridos em 2014, em que surgiu a Comissão Nacional da Verdade e que serviu de muita inspiração para ele realizar essa obra.
Curiosamente, algum dos entrevistados deixam mais do que claro que a ditadura não foi exatamente derrotada, mas sim dando lugar a democracia através de acordos, mas dos quais jamais irão corrigir inúmeros erros que ocorreram no passado. Com isso, há um paralelo preciso sobre os eventos recentes da nossa política, já que o golpe de 2016 do qual sofreu até então a Presidenta Dilma aconteceu somente porque os pequenos resquícios, porém, poderosos daqueles tempos continuam persistindo e vivendo nos bastidores desse círculo vicioso. Ao vermos, por exemplo, os cantores Simone, Chico Buarque, Gonzaguinha e tantos outros, que cantavam naquela fatídica noite músicas em prol da liberdade, mas que por pouco não se tornaram vítimas de uma grande armação, sintetiza uma luta que ainda não se encerrou e que perdurará um bom tempo.
Missão 115 comprova que as teorias de conspiração dentro da história política acabam por ser tão ou mais verossímil do que a própria viagem a lua.   

Onde assistir: Cinebancários: Rua General da Câmara, nº 424, centro de Porto Alegre. Horário: 19h.   


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Cine Dicas: Estreias do final de semana (21/09/18)



22 Milhas
Sinopse: Depois de ser auxiliado por uma unidade de comando tático ultrassecreta, um agente da CIA (Mark Wahlberg) tem que transportar um informante da Indonésia do centro da cidade para refúgio em um aeroporto a 22 milhas de distância.

 
O Mistério no relógio na parede
Sinopse:Depois de ser auxiliado por uma unidade de comando tático ultrassecreta, um agente da CIA (Mark Wahlberg) tem que transportar um informante da Indonésia do centro da cidade para refúgio em um aeroporto a 22 milhas de distância.
 
Demais estreias:  

O Renascimento do Parto 3
Sinopse: Com depoimentos de mães, ativistas, médicos, enfermeiras obstetras, obstetrizes e outros profissionais de saúde, o diretor Eduardo Chauvet documenta o SUS que dá certo com o Centro de Parto Humanizado Casa Angela de São Paulo e a cena obstétrica na Holanda, na Nova Zelândia e no Camboja. Traz também importantes reflexões sobre diretrizes da Organização Mundial de Saúde em relação a maternidade que frequentemente são ignoradas.

O Retorno do Herói
Sinopse: Em 1809, na França, o capitão Neuville é chamado para uma batalha, deixando sua noiva com o coração partido. Vendo a tristeza da moça, sua irmã decide escrever cartas em seu nome para animá-la. Porém, tudo muda quando Neuville reaparece.
 
Sem Data, Sem Assinatura
Sinopse: Dr. Nariman, médico forense, se envolve em um acidente de carro com um motociclista. Na ocasião, o filho de 8 anos do homem se fere e Nariman se oferece para levá-lo a um hospital próximo, mas logo tem sua oferta recusada pelo pai. O problema é que, na manhã seguinte, o médico descobre que além da criança ter morrido, a morte foi considerada suspeita pela autópsia, o que indica um mistério a mais na situação.

Traffik - Liberdade Roubada
Sinopse: Um casal e seus dois amigos vão a uma propriedade isolada nas montanhas para um final de semana romântico. Em pouco tempo, eles são abordados por uma gangue violenta de motoqueiros que guardam um importante segredo, eles fazem de tudo para se defenderem e lutam por suas vidas.
 
Uma Questão Pessoal 
Sinopse: Milton (Luca Marinelli) é um jovem membro da Resistência Italiana que decide cruzar a região de Langhe, durante a Segunda Guerra Mundial, para investigar o paradeiro de uma antiga namorada, Fulvia (Valentina Bellè). Ao descobrir que ela possivelmente se envolveu com seu melhor amigo, Giorgio (Lorenzo Richelmy), Milton se vê envolvido com marcas do passado e tenta reencontrá-lo a fim de resolver suas questões.


Cine Dica: Cursos de Cinema e TV na Unisinos


Inscrições abertas para os Minicursos sobre Cinema e Televisão da Unisinos

Estas atividades antecipam a chegada da Graduação em Realização Audiovisual da Unisinos a Porto Alegre em 2019. Para dar uma ideia de como será o bacharelado, a Universidade promoverá um conjunto de Minicursos abertos ao público, o CINEMALAB.
As atividades farão os participantes refletirem sobre a prática de ver e pensar Cinema e Televisão. Serão oito encontros, dois a cada sábado, a partir de 15 de setembro. Que cursar todos ainda ganhará um desconto no valor total dos Minicursos.

Confira as opções:


Ideias para filmes: do chuveiro para o roteiro
15/Setembro - das 9h às 12h
Algumas ideias viram roteiros, alguns roteiros viram filmes e séries, alguns filmes e séries funcionam muito bem. Mas, se as ideias forem bem trabalhadas, problematizadas e postas em xeque, a chance de os bons filmes e séries acontecerem é maior. Nesse curso o aluno vai entender o que é um story line e praticar a construção de ideias para o cinema.


Adaptações literárias para cinema: problemas e soluções
15/Setembro - das 13h30 às 16h30
Dividido em uma lista de dez pontos e com exemplos comparativos, o curso apresenta soluções para os problemas mais recorrentes em adaptações de obras literárias para o cinema.


Pixar X Studio Ghibli: caracterização de personagens
22/Setembro - das 9h às 12h
Apresenta estratégias fundamentais na criação de personagens animados. Mostra como desenhos famosos dos Estúdios Pixar e Studio Ghibli organizam-se diante da tradição de criação ocidental, sobretudo com os princípios fundamentais estabelecidos pelos guardiões da época de ouro da Disney.


Da película à realidade virtual: o segredo é a câmera
22/Setembro - das 13h30 às 16h30
Faz uma síntese da evolução dos meios de fixação da imagem no cinema pelo ponto de vista de quem trabalha com a câmera, o diretor de fotografia.


Nós, os gaúchos: o cinema feito no Rio Grande do Sul
29/Setembro - das 9h às 12h
Traça um panorama da história do cinema gaúcho, do primeiro filme de ficção, Os Óculos do Vovô, ao cinema indie de longa-metragem.


O montador no cinema: o que ele faz e como é representado
29/Setembro - das 13h30 às 16h30
Discute o papel do montador e como essa função aparece nos próprios filmes, representada em documentários e ficções autorreflexivas sobre o processo de realização audiovisual.


Cinema francês: da nouvelle vague aos dias atuais
06/Outubro - das 9h às 12h
Apresenta um panorama histórico do cinema feito na França, um dos mais ricos e diversos do mundo. Por meio de exemplos, traça paralelos entre diferentes filmes e épocas.


Como analisar filmes
06/Outubro - das 13h30 às 16h30
Aborda o método de interpretação de obras audiovisuais com base na distinção entre os significados evidentes e ocultos no discursos fílmico. Analisa um curta-metragem como exemplo para demonstrar como identificar elementos e construir hipóteses interpretativas. Desenvolve o conceito de crítica e análise como ato de criação do espectador e ampliação do conhecimento e do prazer de ver filmes.


Confira mais informações sobre os Minicursos do CINEMALAB da Unisinos no site.


Realização
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quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Cine Dica:Missão 115, de Silvio Da-Rin, estreia no CineBancários dia 20 de setembro

Riocentro e outras bombas contra a abertura democrática

A partir de 20 de setembro, chega á tela do CineBancários, na sessão das 19h,  o primeiro filme documentário sobre os atos terroristas do grupo contrário à redemocratização do Brasil no início dos anos 1980, que culminaram com as bombas do Riocentro e o comprometimento definitivo do regime militar.
Silvio Da-Rin, autor do clássico Fênix e do mais recente Hércules 56, volta a resgatar histórias do período ditatorial em Missão 115. Desta vez, ele investiga os atentados terroristas praticados pelo chamado "Grupo Secreto", incrustado clandestinamente no aparelho de informação e segurança do governo militar, que se opunha ao processo de abertura e tentava criar um clima de pânico para justificar a continuidade do estado de exceção.
O projeto era acalentado pelo cineasta desde o atentado frustrado do Riocentro, em 1981, quando uma bomba explodiu acidentalmente no colo de um sargento do Exército, deixando claro que se tratava de um ato de terrorismo de Estado. Mas o filme só se viabilizou após a publicação, em 2012, do livro Memórias de uma Guerra Suja, do ex-policial Claudio Guerra, participante direto daquele e de muitos outros crimes da repressão. A ele se juntam outros 19 entrevistados, entre jornalistas, políticos, historiadores, advogados e cientistas sociais, para analisar o quadro da época e discutir seus reflexos nas décadas seguintes.
Outro fator decisivo para o projeto do filme foi a publicação do Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade, em dezembro de 2014. Entre os documentos então revelados constava um detalhamento minucioso do planejamento do atentado do Riocentro e a indicação nominal de todos os envolvidos, incluindo agentes do I Exército, da Polícia Civil e do SNI.
A recente divulgação de documentos da CIA, que indicam o envolvimento direto do Governo Geisel na eliminação física de opositores do regime, reforçam a atualidade do assunto. Missão 115 ocupa-se também do debate sobre as virtudes e limitações da Lei da Anistia. A impunidade dos responsáveis pela tortura e morte de pessoas – ativistas ou não – é uma questão irresolvida na memória do país.  
Missão 115 soma às muitas reflexões sobre o momento de complexidade e muita perplexidade política que o país atravessa em 2018.  

SINOPSE
Partindo do atentado frustrado ao show do Primeiro de Maio de 1981 no Riocentro, Missão 115 aborda o momento político da abertura, os atos terroristas do grupo contrário à democratização e as consequências de sua impunidade, que até hoje dificultam a plenitude de um Estado Democrático de Direito. A narrativa do documentário está apoiada em entrevistas com personalidades atuantes no período, usando ainda imagens de época e curtas sequências encenadas do trabalho de um terrorista. O diretor, que foi preso político nos anos 1960, participa da abertura e encerramento do filme.

OPINIÕES
"O principal acerto do diretor carioca é tomar como fio condutor os depoimentos de Claudio Guerra, que espantam pela clareza" – Naief Haddad, Folha de S. Paulo

 "Missão 115 é filme urgente e necessário" – Matheus Mans, Esquina da Cultura
"(Silvio Da-Rin) deixa patente sua habilidade em dissecar a História pela boca de quem a conhece tanto ou mais que ele." – Carlos Alberto Mattos, Carta Maior
"Missão 115 vem juntar-se a uma leva de documentários estarrecedores que falam das mazelas, da injustiça, violência, sadismo e absurdo que foi a ditadura militar no Brasil." – Beth Ferreira, Bitsmag 

O CONTEXTO
Em 1981, o Brasil vivia o governo Figueiredo, o último do ciclo militar inaugurado com o golpe de 1964. Seu objetivo estratégico declarado era a “abertura lenta, gradual e segura”, arquitetada pelo então chefe da Casa Civil, general Golbery do Couto e Silva, que colocaria o país de volta nos trilhos da democracia. Mas um grupo numeroso de oficiais servidores do aparelho de informação e segurança, temeroso de perder seus empregos e regalias, dedicava-se a sabotar a abertura.
O chamado "Grupo Secreto" fez explodir 46 bombas em menos de um ano e meio, em atentados com vítimas fatais e que até hoje permanecem impunes. Um dia trágico dessa série de atentados foi 28 de agosto de 1980, primeiro aniversário da Lei da Anistia. Naquela data, diversas bombas explodiram em diferentes capitais brasileiras. As mais sangrentas foram aquela que tirou a vida de D. Lyda Monteiro da Silva, secretária do presidente da seção carioca da OAB; e a que mutilou o assessor parlamentar José Ribamar Freitas, na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Vale citar ainda o atentado ao jornal Tribuna da Imprensa, em 1981, e as diversas bombas colocadas em bancas de jornais.
Missão 115 era o nome atribuído pelo DOI-CODI a uma suposta operação de “vigilância” durante o show musical pelo Primeiro de Maio de 1981, no centro de convenções Riocentro. Na verdade, tratava-se de mais um ato terrorista do grupo contrário à redemocratização do Brasil. A bomba destinada a explodir no palco, onde astros da MPB se apresentavam para cerca de 18 mil pessoas, acabou sendo acidentalmente detonada no colo de um sargento do Exército, ainda no estacionamento. A intenção de seus perpetradores era atribuir a tragédia a grupos de esquerda e assim justificar o acirramento do regime.  
Missão 115 é também o título do documentário que expõe os vícios de origem do processo de abertura, controlado pelos militares, que impuseram condicionamentos ao processo de redemocratização do país.
A hesitação de Figueiredo em apurar e punir aquele ciclo de atentados terroristas, cometidos pelos que eram supostamente encarregados de combater a “subversão e o terrorismo”, colocou seu governo em uma crise que levou Golbery a entregar seu cargo, deixando acéfalo o projeto de abertura democrática.
Missão 115 reconstitui o atentado e seus bastidores, mas também investiga as pactuações promovidas entre 1978 e 1985, e coloca em discussão a Lei da Anistia e o papel desempenhado pela Comissão Nacional da Verdade, com as sucessivas tentativas de apuração há mais de duas décadas.
Diversas reportagens abordaram o atentado, mas esse é o primeiro filme documentário sobre o Riocentro e o terrorismo de direita da época. Pela primeira vez, um dos membros da equipe de terroristas, o ex policial Claudio Guerra, conta em detalhes como a operação foi planejada e executada. Os trabalhos recentes da Comissão Nacional da Verdade também jogam uma luz nova sobre o episódio. Já as recentes revelações sobre o engajamento do próprio governo Geisel na eliminação física de opositores do regime reabrem as discussões sobre o assunto e o tornam ainda mais atual.
Vinte personalidades entrevistadas (historiadores, jornalistas e testemunhas) contribuem para rememorar e interpretar os fatos abordados. Materiais de época, com tratamento videográfico que sublinha os aspectos mais relevantes, transportam o espectador para aquele período crucial de nossa história recente.
O diretor Silvio Da-Rin, que foi preso político nos anos 1960 e 70, participa das sequências de abertura e encerramento do documentário, visitando dois locais emblemáticos para a narrativa: o quartel da antiga Polícia do Exército na Vila Militar e o Riocentro. Outro dispositivo a pontuar o filme é a série de microssequências que, com detalhada direção de arte, reconstituem afazeres de um terrorista na preparação de bombas, endereçamento de carta-bomba, queima de documentos e outras atividades que contribuem para o adensamento da atmosfera dramática do documentário.


ALGUMAS PERGUNTAS COLOCADAS PELO FILME
Qual o papel da Lei da Anistia no Brasil atual?
Onde estão os documentos dos órgãos de segurança do regime militar?
A Comissão da Verdade representou um avanço na busca pela Justiça?
O que teria acontecido se a bomba que matou o sargento Rosário tivesse explodido no palco do show do Riocentro?
Até que ponto aqueles atentados eram mesmo encetados por um grupo de exceção ou seriam uma prática dissimulada do próprio governo?

NOTAS DO DIRETOR
O projeto
"Quando vi pela primeira vez as imagens do que restou do Puma depois da explosão da bomba no colo do sargento Rosário, no dia seguinte ao atentado do Riocentro, imediatamente me dei conta de que eram muitas as implicações daquele atentado e havia ali um tema a ser desenvolvido para um documentário. Durante mais de três décadas fui reunindo em uma pasta o que era publicado na imprensa sobre o atentado no Riocentro: sua imediata repercussão, as sucessivas tentativas de apuração ao longo dos anos e as conexões com outros eventos da história política brasileira das últimas décadas."

O título
"O próprio DOI-CODI denominou "Missão 115" aquela suposta “ação de vigilância” de um espetáculo. Desde logo Missão 115 me pareceu um bom título: curto e intrigante, sem ser auto-explicativo. Como de resto, os títulos de todos os documentários que realizei. Títulos devem ser instigantes. Devem manter relação com o tema da obra, mas não precisam revelar seu conteúdo. O melhor é que sejam sugestivos e estimulem a decifração."


O personagem
"O fator decisivo para viabilizar os trabalhos de pesquisa e preparação do documentário foi a publicação, em 2012, do livro Memórias de uma Guerra Suja, contendo a entrevista a uma dupla de jornalistas do ex-policial do DOPS capixaba Claudio Guerra. Convertido à religião evangélica e pastor, no livro Guerra assumia ter integrado uma das cinco equipes de agentes que haviam participado do atentado no Riocentro. Conta detalhes da operação  e revela quem a planejou e comandou. Em 2014 o Ministério Público Federal ofereceu denúncia contra seis sobreviventes do atentado. O civil Claudio Guerra e cinco militares a serviço do SNI e do I Exército. Materiais jornalísticos sobre o atentado mostravam claramente o compromisso de todos eles com o sigilo absoluto sobre o crime. Com exceção de Claudio Guerra, que já começava a fazer revelações. Ele tornou-se então o principal entrevistado de Missão 115."
 
As provas
" Nossa pesquisa foi enriquecida com a divulgação do Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade, em dezembro de 2014. Entre os documentos analisados, destacam-se os papéis achados na casa do coronel Julio Molinas Dias, que havia sido comandante do DOI-CODI na época em que explodiram as bombas no pátio do Riocentro. Parte crucial daquela documentação é o minucioso registro, hora a hora, feito por Molinas dos fatos ocorridos na noite do dia 30 de abril, na madrugada de 1º de Maio e nos dias subsequentes. São citados nomes e codinomes dos envolvidos, agentes do I Exército, da Polícia Civil e do SNI. Os documentos evidenciam o envolvimento de toda a cadeia de comando da operação, incluindo o general Gentil Marcondes, comandante do I Exército, e o general Newton Cruz, chefe da Agência Central do Serviço Nacional de Informações – SNI, com sede no mesmo andar do gabinete do presidente da República, no Palácio do Planalto."
 
A estrutura
"Depois de tentar dois tratamentos diferentes para o roteiro, elaborei juntamente com o corroteirista Bernardo Florin um tratamento que intercalava entrevistas, materiais jornalísticos e uma série de encenações do trabalho de um terrorista anônimo, fabricando bombas, planejando atentados, desenhando panfletos e queimando documentos sigilosos. Esse dispositivo visava envolver o espectador na atmosfera do mundo clandestino do terrorismo de Estado. Nunca vemos o rosto do personagem, somente suas ações.
Uma das principais características do terceiro e último tratamento de roteiro foi a divisão da narrativa em três blocos. No primeiro apresentamos um sujeito coletivo, o “grupo secreto”, reunião de policiais civis e agentes militares que conspiraram contra a abertura democrática e partiram para o terrorismo. O segundo, “O desastre”, mostra a explosão prematura da bomba que matou um sargento do Exército, abortando o plano terrorista preparado para o espetáculo que reunia quase 20 mil pessoas no pavilhão do Riocentro. Esse bloco mostra a construção da versão farsesca apresentada pelo I Exército e seu unânime repúdio pela imprensa e por instituições da sociedade brasileira. Por fim, o terceiro ato –  “A impunidade”, aborda o significado atual da Lei da Anistia, o hipotético desaparecimento dos documentos dos órgãos de informação da ditadura e os trabalhos das comissões nacional e estaduais da Verdade."
 
As imagens do show
"Um dos achados de nossa pesquisa foi a gravação integral, pela Rede Bandeirantes, do espetáculo musical promovido no Riocentro pelo Centro Brasil Democrático, o Cebrade, presidido por Oscar Niemeyer. Chico Buarque e Fernando Peixoto haviam  sido os diretores artísticos do evento, que reuniu cantores do quilate de Clara Nunes, Gal Costa, João Nogueira, Cauby Peixoto, Simone, Gonzaguinha e seu pai Luiz Gonzaga, o homenageado da noite. Adquirimos os direitos para uso de imagens desses quatro últimos, o que dá ao espectador uma noção da atmosfera vibrante do show e da dimensão da tragédia que teria ocorrido caso as bombas tivessem explodido dentro do pavilhão, que tinha suas portas de emergência trancadas e as equipes de segurança e atendimento médico de emergência desmobilizadas por ordem do  coronel Newton Cerqueira, comandante da PM do Rio de Janeiro."


A atualidade
" Sempre acreditei que documentários sobre temas históricos cumprem melhor seus objetivos quando não se limitam a reconstituir eventos passados, mas procuram lançar luz sobre o momento presente e o futuro da sociedade. Nos últimos meses me parece ter aumentado a atualidade do terceiro bloco de Missão 115. A Procuradoria Geral da República caminha no sentido de uma releitura da Lei da Anistia e começa a admitir a apuração de crimes contra a Humanidade. Documentos da CIA recentemente trazidos a público mostram que os generais Geisel e Figueiredo eram cientes das torturas e do assassinato de inimigos do regime militar, mesmo aqueles que militavam em organizações que não defendiam a luta armada. Torna-se cada dia mais inverossímil a  tese de que prontuários e outros documentos dos órgãos de segurança e informação da ditadura foram descartados – isso não se coaduna com os princípios e o modus operandi daquele tipo de organismo, que tem a informação como sua principal matéria-prima e razão de ser. Cópias daqueles documentos continuarão saindo da sombra e trarão importantes revelações sobre os anos de chumbo. Por outro lado, as recomendações da Comissão Nacional da Verdade continuarão a ser examinadas por pesquisadores e forças políticas da sociedade brasileira."


SOBRE O DIRETOR
Silvio Da-Rin dirigiu cerca de 20 filmes e vídeos, vários deles premiados em festivais brasileiros e internacionais, como os longas-metragens Paralelo 10 e Hércules 56, os médias Igreja da Libertação, Nossa América, os curtas Príncipe do Fogo, Fênix, e os programas Brasil anos 60 e Brasil anos 80, exibidos pela antiga TV Educativa. Gravou o som de mais de 150 filmes. Ministrou cursos e oficinas nas áreas de som para ficção e documentário. Em 2004, publicou o livro Espelho Partido: Tradição e Transformação do Documentário, versão revista de sua dissertação de mestrado em Comunicação e Teoria da Cultura, na UFRJ. Entre outubro de 2007 e maio de 2010 foi Secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura. Em seguida, e até março de 2012, exerceu o cargo de Gerente Executivo de Articulação Internacional e Licenciamento da EBC/TV Brasil. Finalizou há pouco um novo longa-metragem, Mamirauá, documentário sobre a população de uma reserva de desenvolvimento sustentável na calha do Rio Solimões, no Amazonas.

FICHA TÉCNICA
Brasil, 2018, 87 minutos
Diretor: Silvio Da-Rin
Produtora executiva: Martha Ferraris e Thais Mello
Roteirista: Bernardo Florin e Silvio Da-Rin
Diretor de fotografia: Antonio Luiz Mendes
Som direto: Altyr Pereira
Direção de arte: Emily Pirmez
Montagem: Célia Freitas
Música: Fernando Moura
Edição de som: Marcito Vianna
Design gráfico: Marcellus Schnell
Entrevistados: Angélica Muller, Antônio do Passo Cabral, Belisa Ribeiro, Carlos Fico, Chico Otavio, Claudio Antônio Guerra, Daniel Aarão Reis, Eduardo Seabra Fagundes, Francisco Teixeira, Hélio Fernandes, Ivan Cavalcanti Proença, João Camillo Penna, Leonel Rocha, Lucas Figueiredo, Luiz Werneck Vianna, Magno Braz Moreira, Mauro Pimentel, Olga Carvalho, Rosa Cardoso, Wadih Damous.
Classificação Indicativa: 12 anos


GRADE DE HORÁRIOS:
Não abrimos nas segundas-feiras


Dia 20 de setembro:

15h: Camocim
17h: Ferrugem
19h: Missão 115

Dia 21 de setembro:

15h: Camocim
17h: Ferrugem
19h: Missão 115

Dia 22 de setembro:

15h: Camocim
17h: Ferrugem
19h: Missão 115

Dia 23 de setembro:

15h: Camocim
17h: Ferrugem
19h: Missão 115

Dia 25 de setembro:

15h: Camocim
17h: Ferrugem
19h: Missão 115

Dia 26 de setembro:

15h: Camocim
17h: Ferrugem
19h: Missão 115


Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria do cinema ou no

site ingresso.com . Idosos, estudantes, bancários sindicalizados, jornalistas

sindicalizados, portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 6,00.

Aceitamos Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.



C i n e B a n c á r i o s 
Rua General Câmara, 424, Centro 
Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 
Fone: (51) 34331204