Sinopse: Irene é uma mãe de
família que precisa lidar com a partida prematura de seu filho mais velho,
Fernando, que vai tentar a vida como jogador de handebol na Alemanha.
Ontem mesmo uma amiga minha
decidiu sair de cena do seu ambiente habitual de trabalho e abraçar novos rumos
que irão lhe encaminhar para os seus reais objetivos. As mudanças surgem
sempre, mesmo quando você, ou não, tiver provocado o surgimento delas, mas o
que conta é de que maneira você irá encará-las perante um cenário do qual não
tem mais volta. Benzinho é uma singela história sobre uma família que se une
para confrontar as mudanças que vêm no horizonte de uma forma implacável,
porém, inevitável.
Dirigido Gustavo Pizzi
(Riscado), o filme acompanha a história de Irene (Karine Teles, de A que Horas
Ela Volta?), esposa, mãe dedicada e que ajuda a irmã Sônia (Adriana Esteves, de
Avenida Brasil) que vive sofrendo nas mãos do marido (Cesar Troncoso, de O
Banheiro do Papa). Porém, Irene não sabe lidar com a partida do seu filho mais
velho, Fernando, que irá jogar Handebol na Alemanha. A situação piora quando a
casa onde moram começa a ficar insustentável e os problemas financeiros começam
a surgir no decorrer do percurso.
Transitando entre o drama e
o humor, Benzinho é um filme fácil das pessoas se identificarem, principalmente
em tempos em que o Brasil vive numa situação do qual coloca as pessoas a
conviverem com diversos dilemas, ao ponto de se sentirem, por vezes, perdidos
em suas vidas. Porém, o filme se torna reconfortante, não só pelo fato de
possuir cores quentes e convidativas, como também nos apresentar personagens
tão carismáticos e humanos. A questão da união familiar, aliás, é coração que
pulsa no filme a todo o momento e fazendo da obra algo bem convidativo.
Tecnicamente o filme é um
pequeno show vindo da autoria de Gustavo Pizzi. O cineasta consegue a proeza de
usar a sua câmera das mais diversas maneiras, tanto na forma de apresentar a
história, como também em fazê-la se movimentar de uma forma ágil, mas isso
graças a uma edição caprichada e da qual não possui limites mesmo no pequeno
cenário da casa em que ocorre a história. Contudo, a sua técnica de filmar se
torna ainda mais prazerosa de ser assistida graças ao fato dela se casar com a
presença do grande talento que é Karine
Teles.
Descoberta pela maioria do
público pelo filme A que Horas Ela Volta?, Teles surpreende ao construir uma
protagonista cheia de energia perante a vida, mas que se sente, por vezes, impotente
perante a partida do seu filho e com os inúmeros obstáculos em que ela e a sua família
vão enfrentando. O talento da interprete, mais o perfeccionismo do cineasta,
faz com que testemunhemos cenas surpreendentes: a sequência em que Irene canta
e dança para se esquecer por uns instantes dos seus problemas é disparado um
dos grandes momentos da obra.
Contudo, Adriana Esteves
também surpreende na ala dos personagens coadjuvantes, ao ponto de roubar a
cena sempre quando surge na tela. O conflito de sua personagem com o seu
marido, aliás, nos brinda com momentos em que harmonia dá lugar a situações tensas
e imprevisíveis. Mesmo com poucos momentos em cena, Cesar Troncoso cria um
personagem que não consegue se sustentar com as implacáveis mudanças que
ocorrem devido as suas ações e sua cena final é uma síntese do seu conflito
interior.
O ato final reserva momentos
primorosos, onde a emoção e o inevitável se colidem, dando lugar a uma corrida
contra o tempo e fazendo com que os personagens principais aproveitem ao máximo
o pouco tempo em que todos se encontram juntos. Ver Irene aceitar as mudanças
que ocorrem a ela e a sua família, talvez venha a ser um dos momentos mais singelos
do cinema brasileiro deste ano e isso já é um grande feito. Benzinho é sobre os
ventos da mudança que nos atinge, mas do qual precisamos domá-los e para que
assim possamos fazer o nosso voo mais alto.
Onde assistir:
Cinebancários. Rua General Câmara, nº 424, centro de Porto Alegre. Horários: 15h
e 19h.
Me sigam no Facebook, twitter, Google+ e instagram