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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 12 de maio de 2025

Cine Especial: Clube de Cinema - 'O Medo Consome a Alma'

Nota: Filme Exibido para associados no dia 10/05/25

Esta história de amor, apesar da considerável crueldade humana demonstrada, é definitivamente uma história de amor, sendo um ótimo ponto de partida para quem está começando a conhecer a obra de Rainer Werner Fassbinder e que mais tarde faria um dos seus títulos mais conhecidos que foi "Querelle" (1982). Brigitte Mira interpreta uma faxineira de 60 anos (a personagem mais simpática de todos os filmes de Fassbinder) que se apaixona por um marroquino 20 anos mais novo, mas acaba sendo rejeitada por sua comunidade.

Os admiradores de Douglas Sirk, o grande diretor de melodrama que teve grande influência sobre Fassbinder, reconhecerão o enredo semelhante ao de "Tudo o que o Céu Permite" (1955), estrelado por Jane Wyman e Rock Hudson como os amantes perseguidos. A ótima cena em que o filho horrível da faxineira chuta a televisão dela é uma referência direta ao filme de Sirk. É um dos melhores filmes de Fassbinder e continua sendo uma dissecação feroz e relevante da intolerância e da xenofobia.

O filme é poderoso, mas muito simples. Baseia-se num melodrama, mas Fassbinder omite todos os altos e baixos, mantendo apenas o desespero silencioso no meio. Os dois personagens são separados por raça e idade, mas têm uma coisa valiosa em comum: gostam um do outro e cuidam um do outro, num mundo que, de outra forma, parece friamente indiferente. Quando Emmi confessa timidamente que é faxineira de prédios, diz que muitas pessoas a desprezam por isso. Ali, cujo alemão é limitado, expressa sua posição de forma mais direta: "Mestre alemão, cão árabe".

As melhores cenas do filme são as mais sutis que se seguem. Ali e Emmi se sentem felizes quando estão sozinhos, mas vivem em uma sociedade tóxica. Logo, Emmi se une aos colegas de trabalho para excluir a nova faxineira, uma mulher da Iugoslávia. Logo, seus vizinhos, que desaprovam a ideia, ficam felizes em ter o novo marido forte de Emmi ajudando-os a mover os móveis. Logo, os colegas de trabalho admiram Ali, e Emmi os deixa sentir seus músculos. Logo, Ali está de volta ao bar com seus "amigos árabes" e no andar de cima com a bela loira, não por sexo, mas porque ela sabe fazer cuscuz.

Fassbinder era um estranho. Seu pai morreu quando ele era jovem, sua mãe usava o cinema como babá, ele era gay quando isso não era aceitável naqueles tempos. Não é difícil imaginar "Ali: O Medo Consome a Alma" como a história de seu próprio caso de amor com o alto e belo El Hedi ben Salem. E não é difícil perceber autocrítica na maneira como ele faz Emmi refletir irrefletidamente os preconceitos de sua sociedade contra estrangeiros.

Em "O Medo Consome a Alma" Rainer Werner Fassbinder sabia exatamente o que o título queria dizer e fez o filme tão rápido que só teve tempo de dizer a verdade.

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Cine Dica: Cinema hispânico é tema de nova mostra na Sala Redenção

Em parceria com o Instituto Cervantes de Porto Alegre, a Sala Redenção exibe, de 12 a 16 de maio, a mostra “Recortes do cinema hispânico”. Com intuito de apresentar as diferentes facetas do cinema espanhol, a mostra inicia com uma homenagem ao trabalho da diretora Iciar Bollain e encerra com um clássico de Juan Bardem.

A diretora Iciar Bollain é um dos grandes nomes do cinema contemporâneo espanhol e se destaca por obras com temáticas cotidianas e de grande carga emocional. Presença constante em festivais de cinema da Europa, seu trabalho ganha espaço na curadoria com dois exemplares de sua filmografia: “Conflito das Águas” (2011), drama histórico que se passa durante a guerra da água na Bolívia; e “Yuli” (2018), que narra a vida do dançarino cubano Carlos Acosta, que também atua no filme.

As sessões de road movies exploram a estrada como metáfora da transformação pessoal. As narrativas transitam entre viagens nostálgicas, fugas inesperadas e encontros improváveis. A programação inclui títulos como “Querida Gina” (2013), um documentário que acompanha dois idosos em busca de uma antiga estrela de cinema; “Mami Blue” (2010), uma comédia irreverente sobre a fuga de uma senhora e sua cuidadora; “Pájaros” (2023), que retrata uma amizade que acompanha a migração de aves pela Europa; e “522. Um gato, um chinês e meu pai” (2019), cuja personagem central é uma mulher com agorafobia que tenta lidar com o passado.

O clássico de Juan Bardem, “A morte de um ciclista” (1955), é o filme que encerra a mostra. A obra é um suspense que coloca em cena não apenas a tensão característica do gênero, mas também reflexões sobre como cada extrato social é tratado diante de um mesmo crime. O longa-metragem, premiado no Festival de Cannes de 1955, tem no elenco a musa do neo-realismo Italiano, Lucia Bosé.

A entrada é franca e aberta à comunidade em geral. A Sala Redenção está localizada no campus centro da UFRGS, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333.

Confira a programação completa no site oficial da sala clicando aqui. 

domingo, 11 de maio de 2025

Cine Dica: O Cineclube Torres vai apresentar o filme argentino "Leonera" de Pablo Trapero

O filme que integra o ciclo "Maternidades" no âmbito da programação do cineclube na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo. Leonera é um filme argentino de 2008, coproduzido pelo Walter Salles e que apresenta no elenco também o ator Rodrigo Santoro. A "leonera" do título vem do nome da jaula em que são encarcerados as leoas quando estão prenhas ou prestes a parir, conceito que se associa à prisão feminina onde a protagonista, Julia (Martina Gusmán) dá a luz ao seu filho.

O diretor e coprodutor Pablo Trapero procura encontrar assim um novo ângulo no gênero de filme de prisão, construindo um intenso drama que explora os desafios da maternidade no sistema carcerário. O filme integrou a mostra competitiva do Festival de Cannes de 2008 e foi escolhido pelo seu país como candidato a uma vaga para disputa do Melhor Filme em Língua Estrangeira no Oscar do ano seguinte. "Leonera" é um filme austero e ao mesmo tempo cheio de energia, características difíceis de misturar, e que confirmam Pablo Trapero como um dos mais interessantes cineastas argentinos em atividade. (Pedro Butcher, Folha de S. Paulo).

A sessão, com entrada franca, integra a programação continuada realizada na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, pelo Cineclube Torres, associação sem fins lucrativos com 13 anos de história, em atividade desde 2011, Ponto de Cultura certificado pela Lei Cultura Viva federal e estadual, Ponto de Memória pelo IBRAM, Sala de Espetáculos e Equipamento de Animação Turística certificada pelo Ministério do Turismo (Cadastur), contando para isso com a parceria e o patrocínio da Up Idiomas Torres.



Serviço:

O que: Exibição do filme  "Leonera", de Pablo Trapero (Argentina - 2008) - 1h53m

Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, junto à escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres

Quando: Segunda-feira, 12/5, às 20:00

Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).

Cineclube Torres

Associação sem fins lucrativos

Ponto de Cultura – Lei Federal e Estadual Cultura Viva

Ponto de Memória – Instituto Brasileiro de Museus

Sala de Espetáculos e Equipamento de Animação Turística - Cadastur

CNPJ 15.324.175/0001-21

Registro ANCINE n. 33764

Produtor Cultural Estadual n. 4917

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Cine Especial: Conhecendo 'Possessão'  

O termo "pós-terror" foi dado aos filmes de horror lançados na última década que exploravam não somente fórmulas fáceis de sucesso dentro do gênero, como também questões que vão desde o lado dramático, psicológico, mas que aos poucos se enveredou para um horror, por vezes, até então inédito. Títulos como, por exemplo, "Hereditário" (2018) causaram certo desconforto para o espectador que ia assisti-lo, já que ele transita para elementos do gênero fantástico, mas ficando fortemente os pés no chão e se transformando em um horror psicológico e até mesmo causando certo desconforto em seu derradeiro final. Contudo, essa fórmula dentro do gênero não é algo novo, mas que levou tempo a ser reconhecido, pois somente assim para explicar "Possessão", filme de 1981, mas que era a frente do seu tempo e que com certeza serviu de inspiração para os outros títulos que vieram no decorrer dos anos.

Dirigido por Andrzej Zulawski, do filme "O Diabo" (1972), o filme se passa em Berlim, próximo ao grande muro da época e que conta a história de Mac (Sam Neill), que retorna de uma viagem de negócios e que deseja rever a esposa e filho em casa. Porém, sua esposa Anna (Isabelle Adjani) se encontra transtornada, desejando divorcio e confessando que está tendo um caso. O que aparenta ser uma típica história sobre o término de um relacionamento logo vai ganhando contornos de puro horror inesperado.

É o início dos anos oitenta, época que o divórcio ainda era visto como certo tabu para alguns setores da sociedade. No cinema americano, por exemplo, tivemos o suave "Kramer vs. Kramer" (1979), um dos poucos filmes da época a tocarem sobre o assunto, mas que era necessário, pois os ventos das mudanças com relação aos costumes da época estavam acontecendo. No filme de Andrzej Zulawski a situação vai mais ao extremo, onde os acontecimentos do cenário ocorrem justamente próximo ao muro de Berlim, arquitetura que virou um verdadeiro tabu para uma sociedade que desejava liberdade e a união entre os povos e que era preciso ser derrubado. No caso do casal central da trama, porém, a separação é muito mais complexa, já que Marc é uma representação do desejo daqueles que desejam o patriarcado, mesmo colocando a esposa à beira de um ataque de nervos.

No caso da esposa vista na tela, ela se encontra em estado de desequilíbrio, onde o corpo e a mente começam a se digladiar com a realidade em sua volta e dando de encontro com um marido que não aceita o que está acontecendo naquele momento. O primeiro ato é pura tensão psicológica, onde vemos o casal central se digladiando verbalmente e fisicamente e ganhando ares de quase terror quando Anna começa a sofrer agressão da parte do marido, mas ao mesmo tempo se mutilando. Neste último caso, por exemplo, é como se ela desejasse sair de um casulo e para que possa assim voar mais alto.

Tendo a conhecido em "Nosferatu" (1979) Isabelle Adjani entrega a melhor interpretação de sua carreira, mas que por pouco quase custou a sua saúde mental, pois atriz se transforma em cena, tanto em momentos em que ela se debate como estivesse sendo possuída, como também em diálogos pesados e nos transmitindo em seu olhar uma mente fragmentada e pronta para estourar. É difícil até mesmo dizer qual o seu melhor momento em cena, pois eles são vários e, por vezes, perturbadores. Destaco a cena do corredor onde ela parece estar tendo um surto total, se debatendo e com certeza serviu de inspiração para uma determinada cena no recente filme "A Primeira Profecia" (2024).

Porém, é preciso dar crédito a Sam Neill, já que o seu personagem transita para momentos de confusão mental, fúria e até mesmo aceitação perante a desordem total vista na tela. Curiosamente, ele é a representação do homem machista que anseia pela mulher perfeita, mas sempre desejando que a sua mulher pudesse corresponder os seus anseios internos. Portanto, ao vermos a professora do filho dele ser idêntica a sua esposa, sendo interpretada também pela atriz Isabelle Adjani, é que podemos concluir que nem tudo o que é visto na tela possa ser real, pois podemos estar diante de uma confusão mental que os personagens vão adquirindo no decorrer da trama.

Andrzej Zulawski procura causar essa estranheza para aqueles que assistem a obra, principalmente ao criar o conflito dentro do apartamento e gerando em nós até mesmo uma tensão claustrofóbica. Ao mesmo tempo, há sempre um giro da câmera perante os personagens, como se eles adentrassem a um redemoinho inexplicável e os levando para algo cada vez mais grotesco. É então que o filme se envereda para o gênero fantástico, mas do qual cada um tira as suas próprias conclusões quando ocorre isso.

No meu entendimento, o lado grotesco visto na tela criado pelo cineasta seria uma crítica ácida da forma como o olhar conservador via a questão da separação daqueles tempos. Uma vez a separação colocada em pauta dentro da trama, o realizador nos convida para adentrarmos o que talvez não seja exatamente a mente fragmentada do casal central, mas como certos setores da época enxergavam a questão da separação e resultando em elementos já explorados na época pelo diretor canadense David Cronenberg em títulos como "Filhos do Medo" (1979). Com toda essa bagagem não me admira que o filme tenha sido bastante elogiado pela parte da crítica, mas dividindo a opinião do público que não se identificava com um filme de horror com grandes doses psicológicas.

Conhecendo o filme até recentemente me surpreendi ao testemunhar elementos que seriam posteriormente reutilizados nas décadas seguintes em outros títulos de sucesso. Portanto, veio a se tornar cada vez mais cultuado através dos anos e servindo de análise até mesmo para debates na área da questão da psicanálise. Se na "Trilogia do Apartamento", orquestrada pelo realizador Roman Polanski, ele já havia nos levado pelo lado sombrio da mente humana, Andrzej Zulawski decidiu ir ainda mais a fundo e provocou em nós diversas sensações peculiares para dizer o mínimo.

"Possessão" é um filme de horror a frente de sua época e que ganhou o seu status de cult de forma merecida.

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Cine Dica: Sessão Clube de Cinema (10/05) - "O Medo Consome a Alma" no Goethe-Institut Porto Alegre

Neste sábado, nossa sessão será às 10h15 no auditório do Goethe-Institut Porto Alegre, com a exibição de O Medo Consome a Alma (1974), de Rainer Werner Fassbinder e um dos marcos do Novo Cinema Alemão.

O filme acompanha Emmi, uma viúva de 60 anos, e Ali, um imigrante marroquino muito mais jovem, que enfrentam juntos o preconceito e a exclusão social ao decidirem se casar. Com uma linguagem visual profundamente expressiva, Fassbinder constrói uma crítica social sobre racismo, intolerância e solidão. Vencedor do Prêmio da Crítica Internacional e do Prêmio do Júri Ecumênico no Festival de Cannes, O Medo Consome a Alma segue sendo um retrato atual e comovente da condição humana.

A entrada é gratuita e aberta ao público. Traga seus amigos!


Confira os detalhes abaixo:


SESSÃO CLUBE DE CINEMA

📍 Local: Auditório do Goethe-Institut Porto Alegre

Rua 24 de Outubro, 112 – Bairro Moinhos de Vento

📅 Data: Sábado, 10/05

⏰ Horário: 10h15


🎬 O Medo Consome a Alma

(Angst essen Seele auf)

Alemanha Ocidental, 1974, 93 min, 12 anos

Direção e roteiro: Rainer Werner Fassbinder

Sinopse: Emmi, uma mulher solitária de meia-idade, e Ali, um imigrante marroquino, desafiam as normas sociais ao iniciarem um relacionamento afetivo. Enfrentando o preconceito de vizinhos, colegas e familiares, os dois constroem uma união que resiste às pressões externas — mas também revela fissuras internas.

Esperamos você para mais uma manhã de cinema!

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quinta-feira, 8 de maio de 2025

Cine Dica: Em Cartaz - 'Betânia'

Sinopse: Depois de enterrar o marido, Betânia, de 65 anos, é convencida pelas filhas a deixar sua aldeia remota e se muda para perto das dunas dos Lençóis Maranhenses, se aventurando em um novo começo. 

O Brasil é um país tão grande que cada estado possui a sua cultura e que se diferenciam uma da outra. Uma vez que visitamos estes lugares você tem a sensação de estar em outro plano e desejar que a passagem não acabe tão cedo. "Betânia" (2025) é um desses casos em que a simplicidade nos conquista e isso graças a sua rica cultura encravada dentro da trama.

Dirigido por Marcelo Botta, o filme conta a história de Betânia, uma mulher de 65 anos que é a matriarca de uma grande família e que trabalha como parteira. Depois que o seu companheiro faleceu às suas filhas a convencem a retornar para aldeia onde nasceu, mais especificamente na orla das dunas do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Movida pela sua cultura e com as velhas tradições, a protagonista terá que lidar com as novas tecnologias chegando na região, desde energia elétrica como também a própria internet e ao mesmo tempo tendo que ela mesma mudar perante os novos tempos.

É curioso a forma que Marcelo Botta consegue conduzir a trama ao fazê-la transitar em diversos gêneros, desde ao drama, à comédia e até mesmo às pinceladas de aventura. Seria algo que soaria estranho se fosse mal dirigido, mas o realizador nos transmite segurança em sua direção e nos conduz para situações que acabam gerando uma grande surpresa para todos nós. Logicamente, o grande chamariz do filme como um todo é a sua localização, tão rica de conteúdo e cuja imagem do Bumba Meu Boi sintetiza bem isso.

Com um elenco praticamente amador, o filme ganha verossimilhança ainda maior através deles, pois agem com naturalidade e ao mesmo tempo nos conduzindo para diversas histórias que são ditas no decorrer do longa. Ao mesmo tempo, é interessante observar a protagonista tendo que aceitar as novas mudanças que estão chegando, mas agindo de uma forma serena e jamais permitindo que a dúvida lhe domine no decorrer da história. Diana Mattos constrói para sua protagonista alguém que usa a experiência para dar o exemplo, mas jamais permitindo que nasça um lado pretensioso em nenhum momento, mas sim uma solidariedade e com a intenção de ajudar o seu próximo.

Como dito acima, o filme também possui pinceladas de outros gêneros e isso é sintetizado quando o personagem Tonhão, interpretado por Caçula Rodrigues, conduz um casal francês para conhecer as dunas. Se por um lado o filme ganha ares de comédia através desse casal que se espanta com o cenário principal da história, logo o filme se envereda para uma grande aventura nestes lençóis Maranhenses que os conduz quase para um caminho sem volta. Um ato final que se torna uma grata surpresa e fazendo com que a gente deseje até mesmo em revisitar a obra.

Ao final, o filme é uma lição de vida sobre os verdadeiros laços de sangue e amizade que conduz uma comunidade humilde, mas que tem muito a oferecer para todos nós uma vez que conhecemos um dia. As tecnologias podem até trazer uma grande ajuda, mas que se torna insignificante perante o poder da natureza e que molda aquele lugar de acordo com o tempo que passa. Um filme que me surpreendeu pela sua mensagem singela e sendo bem conduzida graças aos personagens tão carismáticos e humanos que são vistos na tela.

"Betânia" foi para mim uma grata surpresa, pois o filme cresce na medida em que a trama avança e nos conduz para cenários deslumbrantes e que são maiores do que a vida.     

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Cine Dica: Cinesemana de 8 a 14 de maio de 2025

A cinesemana de 8 a 14 de maio reúne quatro estreias na nossa programação – e dois títulos são produções locais. Os diretores Yasmin Thayná e Jorge Furtado assinam VIRGÍNIA E ADELAIDE, que mostra o encontro das duas mulheres pioneiras da psicanálise no Brasil. A outra produção gaúcha é MEMÓRIAS DE UM ESCLEROSADO, em que Thais Fernandes e Rafael Corrêa documentam a trajetória do próprio Rafael, diagnosticado com esclerose múltipla. Entre as estreias também está o longa brasileiro BETÂNIA, de Marcelo Botta, rodado nas belas paisagens dos lençóis maranhenses, e a produção italiana ADEUS, GAROTO, um drama ambientado em Nápoles e inspirado nos grandes mestres daquele país.

Seguem em cartaz os filmes SEX e LOVE, uma provocação do diretor norueguês Dag Johan Haugerud sobre as relações amorosas, e o drama sul-coreano UMA FAMÍLIA NORMAL, de Jin-Ho Hur, sobre as tensões envolvendo pais e filhos. Também vale a pena conferir a comédia dramática norte-americana UM PAI PARA LILY, que se vale das redes sociais para criar uma trama de amizade a afeto, e a produção indiana SEMPRE GAROTAS, com um delicado olhar feminino sobre o amor na adolescência.

Seguimos com CIDADE DOS SONHOS, clássico de David Lynch que é um grande sucesso de público, e o Oscarizado FLOW, agora com sessões nos finais de semana.

Confira a programação completa no site oficial da Cinemateca clicando aqui.