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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 28 de novembro de 2023

Cine Dica: Em Cartaz - 'As Marvels'

Sinopse: Capitã Marvel precisa enfrentar os erros do seu passado, mas para isso terá ajuda, sendo de Kamala Khan, uma superfã de Jersey City, vulgo Ms. Marvel, e aos da sobrinha de Carol, atual astronauta da S.A.B.E.R., a Capitã Monica Rambeau.   

"Capitã Marvel" (2019) foi um dos maiores sucessos do MCU e provando que o público queria mais heroínas nos cinemas na época. Porém, é preciso reconhecer que a Marvel/Disney anda obtendo certas rachaduras em seu império, principalmente em um momento que o grande público anda se cansando do gênero de super-heróis para o cinema. Portanto, "As Marvels" (2023) chega nos cinemas em um dos momentos mais críticos deste tipo de filme e cujo resultado resulta entre erros e acertos vindo dos seus próprios realizadores.

Dirigido por Nia DaCosta, Carol Danvers (Larson) - está de volta para mais uma missão: agora, ela precisa lidar com consequências não intencionais que a levam a carregar o fardo de um universo desestabilizado. Porém, enquanto tenta resolver o problema, Denvers vai parar acidentalmente em um buraco de minhoca anômalo, que faz com que seus poderes acabem entrelaçados aos de outras duas heroínas. Envolvidas em um misterioso fenômeno que faz com que elas troquem de lugar sem entender a causa para tal, nascem As Marvels: a superfã Kamala Khan (Iman Vellani), também conhecida como Ms. Marvel, e a sobrinha afastada de Carol, capitã Monica Rambeau (Teyonah Parris), que agora trabalha como astronauta do programa S.A.B.E.R.

O filme vem um momento em que o estúdio não sabe como irá terminar a sua saga do Multiverso e, portanto, essa ventura chega em um ponto de indefinição e cujo grande público anda um pouco esgotado  desta questão. A trama em si é mais uma de uma grande peça que pode ser encaixada em um futuro próximo, mas até lá, o filme pode ser encarado como um bom passatempo, principalmente devido a interatividade entre as três protagonistas. O filme se sustenta graças a elas, pois cada uma enfrenta os seus dilemas, principalmente pelo fato de Carol ter que enfrentar certos erros do passado, tanto contra os seus velhos inimigos, como também pessoas próximas a ela como Monica Rambeau.

Não me resta menor dúvida que após o término do filme pode-se dizer que o elo que faz com que nos interessemos por ele é graças a personagem Kamala Khan. Vista em sua própria série pelo Disney+ a personagem é uma representação de todo nerd que é fã desses super seres e tendo a chance de participar de uma missão com a Capitã Marvel é um sonho mais do realizado. Além disso, é através dela que o filme toca em alguns pontos delicados, que vai desde aos problemas de imigração que ocorrem, tanto na ficção como também no nosso mundo real, além de claro ter que saber lidar com o peso da responsabilidade de ser um herói.

O grande problema do filme talvez seja justamente ele vindo em um momento em que esse universo do MCU está sobrecarregado de muita informação, sendo que o longa vem carregado de consequência que ocorreram no passado, tanto em filmes como em séries. Por conta disso, me dá aquela sensação de que o longa poderia ter sido feito diretamente pelo Disney+, pois me passa em algumas ocasiões que ele mais parece um capítulo maior para entrelaçar as demais informações já vistas em outras produções. Para um público que vai ao cinema somente para curtir uma aventura isolada isso acaba gerando um verdadeiro problema.

Outro fator que prejudica é a falta de um vilão carismático, sendo que a vilã (Zawe Ashton) acaba se tornando apenas uma peça decorativa em algumas passagens do filme e que as vezes me esquecia que era ela o grande perigo dentro da trama. E se por um lado ação convence em alguns momentos, do outro, o CGI tá cada vez pior nestes filmes, como se a produção tivesse sido feita diretamente para a tv e não possuindo peso algum. Ao menos as cenas de luta convencem, principalmente quando o trio central trabalha juntas contra os inimigos.

Como não poderia deixar de ser, o final possui as típicas cenas pós-crédito que tanto o estúdio nos empurra para aguardarmos a próxima aventura. Mas eu acho que eles deveriam enxergar o fato que é preciso renovar a fórmula antes que o grande público dê as costas por definitivo, se é que já não está acontecendo. Com uma cena musical pra lá de inusitada que ocorre dentro da trama, "As Marvels" é apenas um bom filme de aventura, mas que chega no momento mais críticos, tanto para o MCU, como também de todo o gênero de super-herói que anda em declínio.   

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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEMATECA CAPITÓLIO de 30 de novembro a 06 de dezembro de 2023

 OBRA-PRIMA DE AGNÈS VARDA EM DEBATE

Neste sábado, 02 de dezembro, às 18h, a Cinemateca Capitólio apresenta uma sessão especial da cópia restaurada de Cléo das 5 às 7, de Agnès Varda. Depois da sessão, há um debate com Amanda Costa, Diogo Grassi, Lia Aguirre e Thomaz Della Vechia, integrantes do Reconto, coletivo de psicanalistas que, além da prática clínica em consultório, pensa a psicanálise na sua relação com a cultura. A sessão conta com o apoio da Cinemateca da Embaixada da França e do Institut Français. O valor do ingresso é R$ 10,00.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/6877


SESSÃO VAGALUME CELEBRA O NATAL

Em dezembro, nos dias 2 e 3, sempre às 15h,  a Sessão Vagalume apresenta na Cinemateca Capitólio o mais novo filme de Gustavo Spolidoro: Uma Carta para Papai Noel (Brasil, 2023, 100 min, Livre). O valor do ingresso é R$ 4,00.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/6881/sessao-vagalume-uma-carta-para-papai-noel/


FILMES DE BUÑUEL EM EXIBIÇÃO

De 28 de novembro a 08 de dezembro, a Cinemateca Capitólio apresenta a mostra Buñuel no México, com dez filmes da fase mexicana do grande diretor espanhol. A programação tem entrada franca.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/6854/bunuel-no-mexico/


COMÉDIAS ITALIANAS: ÚLTIMAS SESSÕES

A retrospectiva de clássicos da comédia italiana segue em exibição até o dia 06 de dezembro na Cinemateca Capitólio. A programação integra a 18ª edição do Festival de Cinema Italiano no Brasil. Realização da Embaixada da Itália no Brasil e do Consolato Generale d’Italia. Entrada franca.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/6826/festival-do-cinema-italiano/


SESSÃO ESPECIAL DA ONG SOMOS

A ONG Somos, em parceria com a Visual AIDS, apresenta na Cinemateca Capitólio o evento Day With(out) Art 2023. O Dia Sem(com) Arte, em sua versão em português, apresenta na sexta-feira, 01 de dezembro, às 19h, um programa gratuito com cinco novos curta-metragem de artistas de diferentes partes do mundo que convivem com HIV, sob o tema “Todo mundo que conheço está doente”.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/6879/dia-sem-com-arte-todo-mundo-que-conheco-esta-doente/


GRADE DE HORÁRIOS

30 de novembro a 06 de dezembro de 2023


30 de novembro (quinta-feira)

15h – Amor à Italiana

17h – Escravos do Rancor

19h30 – A Adolescente


01 de dezembro (sexta-feira)

15h – Por um Destino Insólito

17h – Nazarín

19h – Day With(out) Art 2023


02 de dezembro (sábado)

15h – Sessão Vagalume: Uma Carta para Papai Noel

17h – Simão do Deserto

18h – Sessão Reconto: Cléo das 5 às 7


03 de dezembro (domingo)

15h – Sessão Vagalume: Uma Carta para Papai Noel

17h – Ensaios de um Crime

19h – O Alucinado


05 de dezembro (terça-feira)

15h – Berlinguer I Love You

17h – A Adolescente

19h30 – Escravos do Rancor


06 de dezembro (quarta-feira)

15h – Pato com Laranja

17h – Simão do Deserto

18h – Os Esquecidos

19h30 – Nazarín

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Cine Dica: Em Cartaz -'Napoleão'

Sinopse: As origens do comandante militar Napoleão e sua rápida ascensão. Uma visão através do prisma de seu relacionamento e muitas vezes volátil com sua esposa e por ser amor verdadeiro, Josephine.  

Diz a lenda que o épico "Napoleão" que seria rodado por Stanley Kubrick é o maior filme de todos os tempos jamais filmado. O ano era 1969, o realizador estava no topo da indústria durante esse período; com sucessos históricos e amplamente aceitos por público e crítica como "2001- Uma Odisseia no Espaço" (1968), "Dr. Fantástico" (1964), "Spartacus" (1960) e "Lolita" (1962) ele havia conquistado um posto bem específico em Hollywood onde qualquer projeto vindo dele seria aceito por qualquer estúdio ou, no mínimo, avaliado com bastante atenção.

Com esse currículo bastante respeitado, Kubrick começou a elaborar um novo projeto com foco no antigo comandante e imperador francês. Sua justificativa sobre o seu próximo protagonista, conforme escrito por Nicholas Barber no artigo Was Napoleon the greatest film never made?, foi “um desses homens raros que movem a história e moldam o destino de seu tempo e das gerações futuras". Porém, na época havia sido lançado "Waterloo" (1970), do diretor Sergei Bondarchuk e cujo retrato de uma das maiores guerras Napoleônicas acabou se tornando um enorme fracasso.

Por conta disso, nenhum estúdio se interessou pelo projeto de Kubrick, já que orçamento seria astronômico e fazendo com que o sonho do cineasta ficasse somente em um livro escrito pelo mesmo. Claro que houve outras adaptações, seja para o cinema, tv e livros, mas nenhuma chegou ao patamar do que seria o projeto comandado pelo cineasta. Eis então que chega "Napoleão" (2023), épico comandado pelo cineasta Ridley Scott e que com certeza bebeu da fonte de ideias grandiosas de Kubrick.

O filme é um olhar pessoal sobre as origens de Napoleão Bonaparte (Joaquin Phoenix) e sua rápida e implacável ascensão a imperador, visto através do prisma de seu relacionamento visceral e muitas vezes volátil com sua esposa e verdadeiro amor, Josephine (Vanessa Kirby). Era no calor da batalha que a mente talentosa de Napoleão como estrategista militar brilhava mais e ao mesmo tempo ele travava uma outra guerra: uma cruzada romântica com sua esposa adúltera.

Nunca consegui enxergar uma visão autoral de Ridley Scott na realização de seus filmes, sendo que eles se diferem um do outro. Porém, é notório que há uma preocupação pelo perfeccionismo, pelo desejo da perfeição, ao ponto de ele sempre ter a obsessão em rodar a mesma cena diversas vezes para obter o que realmente quer. Quem sobreviveu as filmagens do clássico "Blade Runner" (1982) sabe muito bem do que eu estou falando.

Mas esse perfeccionismo não significa que dá de encontro com a verossimilhança com os verdadeiros fatos históricos com relação a Napoleão. Um historiador, por exemplo, que for assistir ao épico com certeza irá torcer o nariz devido as várias passagens da história e fazendo desprezá-lo como um todo. Contudo, para um cinéfilo que acompanha a carreira de Scott já um bom tempo sabe muito bem que ele nunca levou em consideração aos verdadeiros fatos, pois tempos o ótimo "Gladiador" (2000) como um belo exemplo.

Assim sendo, assistir a "Napoleão" requer desfrutá-lo com a mente aberta e aproveitar a sua grandiosidade na tela grande. E é exatamente isso que o filme é como um todo, já que as passagens das guerras a campal são desde já uma das melhores coisas do épico, principalmente pelo fato delas terem sido rodadas como era feito antigamente, sem muito uso do CGI e fazendo nos passar a sensação de maior peso em determinados momentos. Vale destacar a edição de arte e sua fotografia, onde cada cena nos passa a sensação de uma pintura em movimento e se tornando um colírio para os olhos.

Por outro lado, é notório que o realizador e seus roteiristas se empenharam em destacar a relação conflituosa entre Napoleão e Josephine e o que torna o calcanhar de Aquiles como um todo. Ao que me parece, dá entender que o desiquilíbrio do protagonista surge a partir dessa relação, o que torna a ideia um tanto limitada, já que Napoleão foi alguém formado através da guerra e cuja mesma com certeza o fez enxergar o lado distorcido da humanidade e na sua total plenitude. Por conta disso, as cenas do conflito entre os dois gera até mesmo momentos de humor, muito embora eles pareçam deslocadas perante a proposta principal do épico.

Ganhador do Oscar de melhor ator por "Coringa" (2019) Joaquin Phoenix não trabalhava com Scott desde "Gladiador" e ao que parece a parceria novamente funcionou. O ator constroi para si um Napoleão contido em um primeiro momento, cuja falta de lucidez começa a nascer aos poucos e revelando um homem à beira do desiquilíbrio. Ao mesmo tempo é preciso dar crédito a Vanessa Kirby, pois a sua Josephine sofre com os percalços construídos através de uma realidade em que as mulheres somente serviam para procriar em tempos patriarcados.

O filme como um todo não esconde o jogo político daqueles tempos, sendo algo não muito diferente o que acontece hoje em dia, principalmente em países que se dizem democráticos, mas que se encontram cada vez mais seduzidos pelo extrema direita. Embora com mais de 2h40min de projeção, infelizmente o filme me deu aquela sensação de que faltou algumas coisas em determinadas passagens e dando a entender que somente será visto no seu corte de quatro horas que será posteriormente lançado. Pelo visto, Ridley Scott talvez não tenha tido total liberdade no lançamento do seu épico como alguns imaginavam.

"Napoleão" é tanto um grande épico cinematográfico, como também um filme problemático e que irá dividir a opinião da crítica e do grande público ao longo do tempo.   

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Cine Dica: Sessão Comentada Clube de Cinema - 'O Acidente'

Segue a programação do Clube de Cinema no próximo final de semana. Teremos uma sessão especial comentada na Sala Redenção com o diretor Bruno Carboni.


SESSÃO COMENTADA CLUBE DE CINEMA

Evento com a presença do diretor do filme

Local: Sala Redenção, Campus Central da UFRGS

Data: 02/12/2023, sábado, às 10:15 da manhã


"O Acidente"

Brasil, 2022, 95 min, 14 anos

Direção: Bruno Carboni

Elenco: Carol Martins, Marcelo Crawshaw, Carina Sehn, Gabriela Grecco, Luis Felipe Xavier 

Sinopse: A ciclista Joana sofre um estranho acidente, onde ela é carregada no capô do carro. ela sai ilesa e decide esconder o ocorrido. Porém, um vídeo do acidente viraliza na internet e ela se vê obrigada a prestar queixas na polícia. Ela começa aos poucos a se envolver na vida da família que a atropelou. O filme conquistou os Kikitos de direção de arte, roteiro e atriz (para Carol Martins) na mostra gaúcha de longas do Festival de Cinema de Gramado.

Atenciosamente,

Carlos Eduardo Lersch

Diretor de Programação CCPA.

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sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Cine Especial: Conhecendo ‘Hair’


Os anos sessenta foi o ano da metamorfose para a sociedade norte americana, da qual não se sustentava mais em vender para o mundo o retrato de uma realidade perfeita. Com o assassinato de Kennedy e a explosão da Guerra do Vietnã surgiu então uma juventude rebelde que pregava a lei paz e a amor e da qual ia contra o sistema imperialista norte americano. Os anos se passam e percebemos o quanto aquela geração estava certa ao contestar os seus poderosos, pois os mesmos jogam a juventude para uma guerra não declarada e fazendo com que se tornem gados em direção ao matadouro.

O movimento da "Nova Hollywood" serviu para jovens cineastas saírem do armário, ao levarem as suas câmeras para as ruas e revelar ao mundo os EUA que não se via em tempos de Código Hays. Se em "Taxi Drive" (1976) retratava uma Nova York jogada na lixeira, por outro lado, "Sem Destino" (1969) mostrava persistência de uma juventude em seguir o seu rumo em meio ao preconceito vindo do conservadorismo norte-americano. "Hair" (1979) se assemelha mais a esse último, ao retratar uma sociedade adentrando em uma guerra enquanto uma outra parcela dela foge para se sentirem livres.

Dirigido por Milos Forman, o mesmo de "Um Estranho no Ninho" (1975), o filme conta a história de Claude (John Savage), um jovem do Oklahoma que foi recrutado para a guerra do Vietnã, é "adotado" em Nova York por um grupo de hippies comandados por Berger (Treat Williams), que como seus amigos têm conceitos nada convencionais sobre o comportamento social e tenta convencê-lo dos absurdos da atual sociedade. Lá Claude também se apaixona por Sheila (Beverly D'Angelo), uma jovem proveniente de uma rica família.

O filme é baseado no musical de mesmo nome encenado na Broadway. Embora as duas versões partilhem algumas das canções e nomes de personagens, ambas são radicalmente diferentes em vários aspectos, incluindo enredo, quais músicas são cantadas, quais personagens interpretam cada canção e até a maneira como os personagens são retratados. Isso, porém, não impediu que o filme fosse um sucesso de público e crítica, pois a obra vinha exatamente em um período que o cinema ainda contestava o mundo em que vivia, mesmo quando essa força perderia o seu poder com a chegada dos anos oitenta.

Curiosamente, o filme veio em um momento em que o musical estava quase instinto, pois assim como o faroeste, foi um gênero bastante usado no passado e caindo aos poucos ao esquecimento. Porém, diferente dos seus pares do passado, o filme usa as músicas para falar sobre o mundo em sua volta e dando a voz para pessoas que eram perseguidas na época. Se ainda hoje lutamos contra o preconceito naquela época era ainda pior e ao vermos personagens negros cantando em momentos inesquecíveis dentro da trama constatamos o quanto o filme era frente da sua época.

A música "Aquárius" é apontava até hoje como a música mais bem lembrada do clássico, pois ela transita entre a fantasia e a realidade em que os personagens convivem, sendo que nós constatarmos que há uma divisão de classes e da qual uma é tratada pela outra como se jamais existisse. Desta divisão temos então Claude, o bom moço que está indo em direção a guerra, enquanto Berger lidera a trupe do "paz e amor" e que faz de tudo para que Claude faça parte dessa realidade que ainda desconhece. São dois lados da mesma moeda, sendo que um deseja seguir as regras impostas pelo sistema, enquanto o outro contesta as regras que são criadas pela elite velha e branca.

Ou seja, o grupo vai contra a maré em meio a uma sociedade que segue somente linha reta e da qual não contesta. Ao mesmo tempo eles se metem em situações que o fazem se questionar se seguem esse princípio de forma coerente e fazendo com que assim conheçam as duas realidades. Neste último caso, tanto Claude como Berger trocam os seus respectivos papeis neste cenário e cujo desdobramentos se tornam imprevisíveis.

O filme, portanto, é uma grandes opera, um retrato de um período de incertezas, onde uma sociedade se via dividida em acreditar em um país disposto a destruir e conquistar ou buscar uma saída através da paz. Vale salientar que anos antes Norman Jewison havia lançado o seu "Jesus Cristo Superstar" (1973), um filme polêmico, porém, corajoso ao retratar os últimos dias de Jesus Cristo transitando entre o passado e o presente e fazendo a gente crer que nos dias atuais ele seria crucificado novamente. A meu ver a mensagem do filho de Deus foi passada, mas a elite finge compreendê-la.

"Hair" ainda faz parte de um cinema norte-americano contestador e que merece ser mais bem lembrado quando se estuda o período sobre a "Nova Hollywood”. 



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Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (24/11/23)

 NAPOLEÃO

Sinopse: Napoleão (Joaquin Phoenix) poderia ter sido um soldado desconhecido, mas provou sua capacidade e rapidamente subiu de posto nas fileiras militares, chegando a general aos 24 anos. Impetuoso e implacável, na liderança do exército francês, ganhou fama como grande conquistador de batalhas e de corações, como o de Josephine (Vanessa Kirby), com quem casou e viveu um conturbado relacionamento. E como o sucesso tem seu preço, ao ser incentivado a reinar na França, tornou-se também um imperador tirano que precisava ser destruído pelos inimigos.



NÃO TEM VOLTA

Sinopse: Henrique não consegue superar a separação de Gabriela e, mesmo um ano depois, está tão devastado que é incapaz de se animar com mais nada, nem ninguém. Para acabar com o sofrimento, ele decide tirar a própria vida, mas como não tem coragem, contrata uma empresa de assassinos de aluguel que tem apenas uma única regra: Após a assinatura e o pagamento, a decisão não tem volta. 


Ó PAÍ, Ó 2

Sinopse: Sequência de Ó Pai, Ó (2007), o longa dirigido por Viviane Ferreira marca o retorno de Lázaro Ramos como "Roque", ao lado de uma nova geração de personagens, filhos dos moradores do velho cortiço no Pelourinho, que entram na luta pela causa negra de forma bem humorada e regada a música e poesia. 



TENHO FÉ

Sinopse: A jornada de artistas que celebram os orixás e a ancestralidade em suas obras. Histórias que se cruzam, permeadas por música, teatro, artes visuais, moda e dança, e trazem reflexões sobre representatividade negra, diversidade e arte, sob análises de artistas, acadêmicos e religiosos.


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quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS DE 23 A 29 DE NOVEMBRO

 ESTREIAS:

INCOMPATÍVEL COM A VIDA

Brasil/Documentário/2023/92min.

Direção: Eliza Capai

Sinopse: A partir do registro de sua gravidez frustrada, a diretora Eliza Capai conversa com outras mulheres que tiveram vivências parecidas à sua, criando um potente e tocante coral de vozes que refletem sobre temas universais: vida, morte, luto e políticas públicas que nos afetam.

Dia 29, quarta-feira, ás 19h, haverá sessão especial do filme INCOMPATÍVELCOM A VIDA, com entrada gratuita e debate com a deputada Luciana Genro e Rubia Abs da Cruz (Fórum Aborto Legal)  mediado por Raphael Caporal(Themis).

DURVAL DISCOS

RELANÇAMENTO CÓPIA RESTAURADA – SESSÃO VITRINE

Brasil/202/Drama/96min.

Direção Anna Muylaert

Sinopse:Para ajudar sua mãe, o solteirão Durval contrata uma candidata que faz quitutes extraordinários. Mas, depois de dois dias, ela desaparece,deixando sua filha, a pequena Kiki, que mudará a v
ida da pequena família.

Elenco: Ary França, Etty Fraser, Isabela Guasco, Marisa Orth, Letícia Sabatella


EM CARTAZ:

TIA VIRGÍNIA

Brasil/Drama/2022/98min

Direção: Fábio Meira

Sinopse: Tia Virginia conta a história de uma mulher (interpretada por Vera Holtz) de 70 anos que não tem nenhum filho e nunca se casou, e acaba sendo convencida pelas irmãs, Vanda e Valquíria, a se mudar para outra cidade a fim de cuidar dos pais. Se passando em apenas um dia, o filme acompanha a preparação de Virginia para receber as irmãs que estão vindo até sua casa para celebrar o Natal.

Elenco: Vera Holtz. Arlete Salles. Louise Cardoso. Vera Valdez - Antonio Pitanga - Daniela Fontan - Iuri Saraiva - Amanda Lyra


HORÁRIOS DE 23 A 29 DE NOVEMBRO (não há sessões nas segundas):


15h: TIA VIRGÍNIA

17h: DURVAL DISCOS

19H: INCOMPATÍVEL COM A VIDA

Dia 29, quarta-feira, ás 19h, haverá sessão especial do filme INCOMPATÍVELCOM A VIDA, com entrada gratuita e debate com a deputada Luciana Genro e Rubia Abs da Cruz (Fórum Aborto Legal)  mediado por Raphael Caporal(Themis).


Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria do cinema . Idosos, estudantes, bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados, portadores de ID Jovem, trabalhadores associados em sindicatos filiados a CUT-RS e pessoas com deficiência pagam R$ 6,00.Aceitamos Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.

ATENÇÃO: NAS QUINTAS-FEIRAS TODOS PAGAM MEIA ENTRADA EM TODAS AS SESSÕES!

CINEBANCÁRIOS :Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre -Fone: 30309405 Email:cinebancarios@sindbancarios


C i n e B a n c á r i o s 

Rua General Câmara, 424, Centro 

Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 

Fone: 51- 30309405