Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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De 09 a 14 de dezembro a Sala P.F.Gastal volta a hospedar A Vingança dos Filmes B, que neste ano chega a sua quarta edição com requintes de crueldade, ação, demência, niilismo e muito humor negro. "Concebida em 2011 para servir de vitrine para produções que flertam com o cinema de gênero, a mostra se consolidou como um território destinado a divulgação e ao resgate de filmes independentes, produções de baixo orçamento e outros delírios fílmicos, buscando incentivar o público a dialogar com obras que dificilmente encontram espaço nas telas dos cinemas comerciais. Filmes repletos de horror, ação, anarquia, humor e demência, ocupando um mesmo espaço sem restrições quanto ao seu orçamento ou suporte de realização".
Mais informações sobre a programação vocês conferem clicandoaqui.
Sinopse: Acompanhamos a vida de Mason da infância até o fim da adolescência vivendo no Texas com sua irmã e os pais divorciados. O pai parece mais infantil que o próprio menino enquanto a mãe luta para terminar seus estudos e vive se apaixonando pelos homens errados. Entre 2002 e 2013 o diretor Richard Linklater (Antes do amanhecer e Antes da meia-noite) filmou a evolução da história acompanhando assim o crescimento do jovem ator Ellar Coltrane. Essa experiência inédita resultou num panorama íntimo dos desejos e ansiedades do amadurecimento humano. Melhor direção no Festival de Berlim 2014.
Eu ouvi muito falar a
respeito sobre o mais novo filme do diretor Richard Linklater (Antes do Amanhecer)
e, portanto fazia questão de ir assisti-lo. Não me resta dúvida nenhuma que Boyhood:
Da Infância à Juventude, não é somente um ótimo filme, como também um feito notável
e raro do cinema recente. Acompanhando doze anos da vida do pequeno Mason
(Ellar Coltrane) e a trama é basicamente isso, mas que nos enlaça de tal forma
que não vemos o tempo passar durante a projeção.
Embora o projeto seja
corajoso (rodado durante quatro dias por ano, num total de doze)basicamente é uma trama simples, onde assistimos
o seu protagonista envelhecendo (dos seis aos dezoito anos), acompanhando os
seus dramas do dia a dia com os seus familiares, seus conflitos internos da adolescência
e seus relacionamentos amorosos, que vão da curtição a frustração. Nesse sentido, Boyhood é uma entrada ou um retrato do
nosso mundo real, em vez de uma mera trama mirabolante juvenil. As conversas soam
familiares, a maneira de se vestir e a forma de como ele age com os seus familiares.
Tudo pelo que nós mesmos já passamos, talvez até com as mesmas reações de
Mason.
Embora comece de uma
forma devagar, o filme nos prende e nos cativa rapidamente. Talvez por
transmitir um olhar real do jovem interprete, sendo que o próprio já havia
afirmado em uma entrevista que ele mesmo não conseguia às vezes separar o seu
mundo real com a trama fictícia que participava. Isso se deve muito pelo fato
do filme não apresentar nenhum personagem fora do comum, mas isso torna mais um
ponto a favor para produção, já que o cinema contemporâneo de hoje vive escasso
com personagens que deveriam ser algumas vezes gente como a gente.
Em outra entrevista,
Ellar disse que ao assistir as imagens do filme pela primeira vez se maravilhou.
As lembranças em sua mente se misturavam e, após se dedicar doze anos participando
das filmagens, ele não se lembrava mais que tinha participado de determinadas
cenas. O jovem protagonista Mason realmente se confunde com seu interprete.
Existe muito do ator no personagem fictício,
sendo que ambos não comem carne e amam de paixão o mundo da fotografia. O ator
falou que quando tomava uma decisão de fazer algo com relação ao corpo, logo em
seguida ligava para o cineasta, para ver se dava para colocar um brinco ou
pintar o cabelo. Linklater por sua vez dava liberdade total para que Coltrane
fosse natural, para que o jovem de ontem e hoje se identificasse facilmente com
ele.
Alguns dos diálogos filosóficos
que Mason dispara na tela foram na realidade algumas sugestões do próprio ator.
Antes de começar as filmagens de cada ano, Linklater fazia uma rodada de conversas
descontraídas com o elenco principal, de onde se tirava inúmeras ideias para
serem aproveitadas durante as filmagens. Embora cineasta afirmasse que
realmente havia um roteiro escrito, as conversas dessas rodadas serviam unicamente
para que equipe e elenco se atualizassem e que pudessem passar durante as
filmagens uma forma de naturalismo ao máximo possível. Quem acompanha a obra do
diretor sabe que ele já usava esse artifício, principalmente na sua trilogia que
se iniciou em Antes do Amanhecer.
Embora a trama seja
toda concentrada em Mason, o filme não seria nada sem a presença de sua mãe.
Interpretada por Patrícia Arquette (Amor a Queima Roupa) ela passa uma imagem
real de uma mãe de ontem e hoje: tentando batalhar para realizar os sonhos dos
seus filhos e os seus, mas que infelizmente acaba se perdendo algumas vezes no
trajeto, alternando em escolhas erradas
(com relação a escolhas de maridos ) como também em certas, ao se dedicar a carreira
que queria. A irmã mais velha de Mason e o pai, interpretado por Ethan Hawke
(parceiro habitual do cineasta), são também personagens essências na vida do
jovem protagonista, mesmo eles não influenciando muito as suas escolhas.
Mason nunca tenta ser
uma imagem espelhada dos seus pais, mas isso não significa que ele não aceite
da maneira como eles são. Unicamente ele vive como um adolescente como os
outros, sem ser revoltado, mas também não muito conformado com a realidade em
que vive e com isso vive se perguntando para si mesmo inúmeras coisas, que por
vezes não obtém uma resposta. Embora nunca aja um letreiro nos dizendo quando
acontece um pulo no tempo, nós sabemos quando isso acontece: as mudanças do
rosto e o físico dos personagens, assim como a cultura, desde musicas, objetos,
cortes de cabelo e de um momento divertido com relação ao Harry Potter.
E é assim durante as
quase 3horas de projeção, acompanhamos o crescimento do protagonista, que desde
sua primeira cena, como um sonhador deitado na grama, para uma jornada de doze
anos aonde acompanhamos de tudo um pouco de sua vida. Vemos sua mudança física e
mental, suas desavenças na escola, sua chegada em uma faculdade, seu primeiro serviço
e as diversas mudanças com a mãe que vive também em busca de um lugar nesse
mundo. Infelizmente o filme termina de uma forma abrupta e fazendo com que nós quiséssemos
continuar ao lado do personagem e vê-lo até aonde ele vai durante o seu
percurso na vida. O protagonista se vai, para continuar a sua jornada, nos deixando
sem a sua presença, mas fazendo a gente pensar em suas atitudes e escolhas.
Boyhood: Da Infância a
Juventude pode não ser uma grande obra prima
como muitos dizem, mas está muito longe
de ser um mero filme como os outros que existe aos montes por ai. Acima de tudo,
é uma realização incomum sobre a vida comum e um feito de realização dos mais fascinantes
e que ficará sendo lembrado por todo cinéfilo que se preze.
Desde os 5 anos vc me
deu muitas alegrias e mesmo quando eu estava triste vc criava um sorriso que
não havia mais em meu rosto. Através de vc também conheci as imagens icônicas
do cinema como de Charles Chaplin e eu sempre lhe agradecerei muito por isso.
Descanse em paz grande gênio.
Sinopse: A história
de amor entre dois vampiros eruditos, Eve (Tilda Swinton) e Adam (Tom
Hiddleston), cansados da sociedade atual e profundamente incomodados com a
evolução da humanidade. Há séculos eles vivem uma relação de cumplicidade e
muito amor, que será abalada pela aproximação da irresponsável irmã caçula da
vampira, Ava (Mia Wasikowska).
Amantes Eternos, para
mim, é um dos melhores filmes de vampiros desde Deixe ela Entrar. Aqui não há
espaço para romance sem sal estilo Crepúsculo (que fiz questão de botar fora
finalmente os DVDs) e também temos poucas cenas rotineiras de terror e suspense.
Trata-se de uma experiência um tanto melancolicamente sombria, que explora os problemas
da vida eterna de maneira convincente.
Claro, não se pode
negar os benefícios de viver ao longo dos séculos: ler quantos livros puder,
ver o maior número possível de shows e viver um amor verdadeiro até o fim dos
tempos. Mas há algo de errado em uma existência que não seja finita.Por mais
que Adam(Tom Hiddleston) tenha vivido
intensamente na companhia de Eve(Tilda Swinton), ele tem dificuldades de
levantar de sua própria cama, parece sempre esgotado, com mal humor e começando
a pensar na possibilidade de suicídio.
O enredo foge de
qualquer tipo de formula conhecida e da maioria das vezes desgastada. É mais
uma experiência que deve ser aproveitada com total plenitude, tal qual os
vampiros fazem quando sorvem o saboroso sangue tipo O negativo.Falando em
vampiros, a verdadeira essência dos personagens é revelada gradualmente na
trama. O legal é assisti-lo sem saber que é um filme desse tipo de gênero,
portanto foi interessante acompanhar as pistas sobre a real identidade do casal
de protagonistas, como a preferência pela noite, as coisas antigas que usam no dia a dia e a compra de
sangue no hospital.
Outro ponto
interessante são as críticas feitas aos seres humanos em geral. Os vampiros nos
chamam de zumbis, acredito que pelo fato de que às vezes fazemos as coisas no
piloto automático, sem parar para desfrutar daquilo que temos bem a nossa
frente. Percebam como Eve e Adam sentem a beleza das coisas, tanto da natureza
como de um belo desempenho musical.
Há ainda espaço para
o humor negro, ainda que em poucos momentos. Nesse sentido, o destaque vai para
uma cena em que um vampiro lamenta o fato de que hoje em dia não se pode jogar
um cadáver no meio do rio qualquer, como era feito antigamente com os que
sofriam de tuberculose.
Amantes Eternosexige
um pouco de paciência. É um filme mais contemplativo, mas que, se você permitir,
te absorve e te hipnotiza com uma fotografia com cores frias que possibilitam
inúmeras sensações, inclusive medo, afinal vampiros de hoje, por mais que sejam
civilizados, não deixam de ser imprevisíveis em suas ações e seus instintos
naturais.
Nesta
sexta-feira, 28 de novembro, às 20h, o Projeto Raros da Sala P. F.
Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) exibe Nós Vamos Te Comer (1980),
de
Tsui Hark, um dos principais nomes do cinema de Hong Kong. Com projeção
em DVD e legendas em português, a sessão promove o lançamento da
programação da mostra A Vingança dos Filmes B, com estreia no dia 9 de
dezembro. A entrada é gratuita.
Em
Nós Vamos Te Comer, o agente secreto nº 999 investiga uma aldeia
habitada por pessoas insanas, sem desconfiar que a aparente violência da
vizinhança
esconde um organizado circo bizarro de atos canibalescos.
Tsui
Hark é o principal nome da geração que renovou o cinema de artes
marciais em Hong Kong no final dos anos 1970. Seu primeiro longa, Os
Crimes da
Borboleta, de 1979, promove o encontro entre o cinema policial, o wuxia
e a fantasia. Com a inusitada aproximação entre artes marciais e
canibalismo, Nós Vamos Te Comer, o segundo longa-metragem, intensifica a
presença da violência e do humor grotesco no cinema
de Tsui Hark. Na década de 1980, o diretor se associou à produtora
Cinema City, produzindo e dirigindo obras que estabeleceram os novos
paradigmas do blockbuster de Hong Kong, como Zu - Warriors from the
Magic Mountain (1983) e Alvo Duplo (1986), dirigido
por John Woo.
PROJETO RAROS
Nós Vamos Te Comer
(Di yu wu men)
1980
90 minutos
Direção: Tsui Hark
Elenco: Norman Chu, Chih Hung Ling, Choh Lam Tsang, David Wu, Eddy Ko.
Exibição em DVD com legendas em português.
Sala P. F. Gastal
Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia
Av. Pres. João Goulart, 551 - 3º andar - Usina do Gasômetro