Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Nos dias 15 e 16 de agosto, estarei participando do curso Como ver um filme, administrado pela critica de cinema Ana Maria Bahiana, no Cinebancários. Enquanto os dois dias não vêm, deixo a cada dia, um pouco sobre cada filme que será abordado durante o curso. Confiram:
O PODEROSO CHEFÃO
Sinopse: Em 1945, Don Corleone (Marlon Brando) é o chefe de uma mafiosa família italiana de Nova York. Ele costuma apadrinhar várias pessoas, realizando importantes favores para elas, em troca de favores futuros. Com a chegada das drogas, as famílias começam uma disputa pelo promissor mercado. Quando Corleone se recusa a facilitar a entrada dos narcóticos na cidade, não oferecendo ajuda política e policial, sua família começa a sofrer atentados para que mudem de posição. É nessa complicada época que Michael (Al Pacino), um herói de guerra nunca envolvido nos negócios da família, vê a necessidade de proteger o seu pai e tudo o que ele construiu ao longo dos anos.
Baseado no romance de Mario Puzo, adaptado por ele e pelo diretor Coppola, é um espetáculo grandioso e belíssimo, que empresta um tom épico e inédito nos filmes de gângster. Pontuado por diversas cenas clássicas, tem um elenco impecável, uma fotografia primorosa (cortesia de Gordon Willis de Manhattan) e trilha sonora inesquecível de Nino Rota, conduzida pelo maestro Marmine Coppola, pai de Francis. O próprio cineasta dirigiu duas seqüências que deram continuidade a saga (74 e 90) e uma montagem dos dois primeiros filmes para ser apresentado para a TV. Vencedor de 3 Oscar.
Curiosidade: Francis Ford Coppola e Mario Puzo, autores do roteiro do filme, evitaram a todo custo utilizar a palavra "máfia" nos diálogos dos personagens.
E ai amigos cinéfilos. Chegamos a um final de semana ensolarado, mas com previsão de chuva para domingo, mas como existem cinéfilos de carteirinha que eu sei muito bem, não será tempo ruim que irão impedir de ver um ótimo filme no cinema e opções é que não faltam. Arvore da Vida, a obra máxima do diretor Terrence Malick que ganhou o prêmio Maximo no ultimo festival de Cannes e pode muito bem se tornar favorito no próximo Oscar. Super 8, nova empreitada de J.j Abrams (LOST) no cinema e com uma mansinha de um certo padrinho Steven Spielberg. Aguardem para breve minha critica sobre esses ótimos filmes.
Lembrando, eu estarei no curso Como se ver um filme, administrado pela critica de cinema Ana Maria Bahiana , que esta de passagem em nosso estado devido ao festival de Gramado. Com isso, acompanhem meus especiais sobre os filmes que serão citados e analisados durante os dois dias de curso (dias 15 e 16) no Cinebancários. Confiram as estréias:
A árvore da vida
Sinopse: O filme fala sobre a relação entre pai e filho e as conseqüências dela na vida de um homem.
Super 8
Sinopse: Super 8 se passa 1979 e acompanha um grupo de seis jovens que estão usando uma câmera Super 8 para fazer seu próprio filme de zumbis. Numa fatídica noite o projeto os leva para um solitário trecho de trilhos rurais onde um caminhão colide com uma locomotiva em sentido contrário e um descarrilamento enche a noite com uma chuva de fogo. Então alguma coisa emerge dos escombros algo decididamente desumano.
Dylan Dog e as Criaturas da Noite
Sinopse: O enredo é baseado nas histórias em quadrinhos Dylan Dog. No filme o detetive Dylan Dog convive com criaturas do mundo sobrenatural. Quando o pai de uma moça é assassinado por um lobisomem ele entra em ação para desvendar o mistério. Ao lado de seu fiel assistente Marcus Dylan vai enfrentar as mais terríveis criaturas: zumbis lobisomens e até um assustador guardião do inferno.
Ex isto
Sinopse: E se Rene Descartes tivesse vindo ao Brasil com Mauricio de Massau? O filosofo enveredasse pelos trópicos, selvagem e contemporâneo, sob o efeito de ervas alucinógenas, investigando questões da geometria e da ótica diante de um mundo absolutamente estranho. Livremente inspirado na obra de “Catatau”, de Paulo Leminski.
Solidão e Fé
sinopse: Viajando com sua câmera pelo universo do rodeio, uma mulher se depara com cavaleiros andantes, heróis, gladiadores, sertanejos, boiadeiros...o homem comum. Tentando decifrar o masculino, encontra doçura e violência. Tem aspectos num homem que uma mulher não entende, só contempla.
TUDO FICARÁ BEM
Sinopse: Conhecido pela obsessão pelas próprias histórias, o diretor e roteirista Jacob Falk (Jens Albinus) encontra fotografias de prisioneiros de guerra sofrendo sob tortura de soldados dinamarqueses. Supondo uma conspiração política, Falk entra num ritmo frenético para tentar revelar o mistério por trás das imagens.
Nos dias 15 e 16 de agosto, estarei participando do curso Como ver um filme, administrado pela critica de cinema Ana Maria Bahiana, no Cinebancários. Enquanto os dois dias não vêm, deixo a cada dia, um pouco sobre cada filme que será abordado durante o curso. Confiram:
Sinopse: Um país africano é devastado por constantes rebeliões. Maria Vial (Isabelle Huppert) vive com seu marido André (Christopher Lambert) e o filho Manuel (Nicolas Duvauchelle) em uma fazenda, localizada na província onde nasceu um dos principais líderes do conflito. Apesar do perigo constante que os cerca, ela se recusa a deixar as plantações de café, que estão em sua família há três gerações. Até que André, sem que ela saiba, começa a arquitetar um meio para que deixem o local.
A diretora francesa Claire Denis se tornou conhecida dentre os gaúchos neste ano, após ela estar presente em uma sessão especial dos seus principais filmes na sala P.F Gastal (Usina Do Gasômetro). Dentre os seus filmes, o mais conhecido foi o seu mais recente, Minha Terra, África onde mostra um verdadeiro inferno na terra de um país africano em conflito. No final das contas, a situação dessa terra, se torna mera desculpa para apresentar a historia da protagonista (Isabelle Huppert ótima) que não mede esforços em se manter no local e continuar fazendo funcionar sua fazenda que produz café. O filme pode ser definido de vários ângulos, como o fato daquela terra cheia de miséria e horror, pode muito bem modificar o comportamento da pessoa. Neste caso, isso é muito bem representado pelo filho da protagonista, ou então, uma simples analise da diversificação do comportamento da pessoa perante aquele lugar. O destaque vai pela forma como a diretora filma os seus protagonistas sem nenhuma vergonha em mostrar o lado mais natural possível do dia a dia delas numa verdadeira corda bamba.
Leia mais: Saiba mais sobre Claire Nenis clicando aqui (fonte P.F Gastal).
Curiosidade: Depois de muito tempo, Christopher Lambert reaparece no cinema interpretando o marido da protagonista
A Última Estação
Sinopse: 1910. Yasnaya Polyana é propriedade de Leon Tolstoi (Christopher Plummer), no entanto ele rejeita a propriedade privada e defende a resistência passiva. Por isto, apesar de ser um dos maiores escritores do mundo, alguns o vêem como algo maior, um santo vivo. Já bem idoso vive lá com Sofya Andreyevna (Helen Mirren), sua esposa. Tolstoi centra a atenção em espalhar sua doutrina com o seu melhor amigo, Vladimir Chertkov (Paul Giamatti), que funda o movimento mundial tolstoiano, cujo quartel general fica em Moscou. Lá Chertkov entrevista Valentin Bulgakov (James McAvoy), que, apesar de ter 23 anos, ambiciona ser o secretário particular de Tolstoi e consegue o cargo. Como Chertkov está impedido de ver Tolstoi, cabe a Bulgakov ir até Yasnaya Polyana e servir de ponte entre Leon e Chertkov. No caminho Bulgakov para em Telyatinki, uma comuna tolstoiana criada por Vladimir Grigorevich como centro do movimento. Lá todos são iguais, seguindo os ensinamentos de Tolstoi. No dia seguinte, Bulgakov chega em Yasnaya Polyana e sente logo que Leon e Sofya divergem bastante. Apesar dela não exigir ser chamada de condessa e Tolstoi, obviamente, não querer ser tratado como conde, há um ar aristocrático em Sofya, que há anos não aceita os objetivos do marido, desde que seu trabalho como novelista se tornou secundário. Após algum tempo, Chertkov vai até Yasnaya Polyana e fica claro que ele e Sofia se suportam (na melhor das hipóteses), pois ela acredita que existe um novo testamento, no qual seu marido cederia seus bens (inclusive os direitos autorais de seus livros) para o movimento mundial tolstoiano.
Fazia tempo que não via um filme de Michael Hoffman, acho que desde Um dia Muito Especial, com George Clooney e Michelle Pfeiffer. Uma pena que ele não fez mais filme em seguida, pois tinha certo domínio naquele filme em retratar relações de um casal de uma forma muito bem humorada e romântica. Aqui não e diferente, mesmo que o filme seja baseado em fatos verídicos ao retratar os últimos dias do escritor Leon Tolstoi (Christopher Plummer ótimo). Mais os fatos históricos são mera desculpa para retratar um casal a beira do ataque de nervos por possuir opiniões diferentes, e se há conflito, tudo começa graças a imprevisível esposa do escritor, interpretada de forma magistral por Helen Mirren (A Rainha). Por outro lado, a trama se concentra em Valentin Bulgakov (James McAvoy) bom rapaz mas com a ambição de crescer na vida e ficar ao lado do escritor, mas ao mesmo tempo se apaixona por uma bela garota local ( Anne-Marie Duff).
A apresentação do jovem casal pode ser vista como um segundo retrato da vida do casal central já idoso, sendo duas gerações diferentes, mas que possui muito em comum, por viverem em conflito com a relação ao amor. Reconstituição de época caprichada e que vale muito ser assistido pelo ótimo desempenho de todo o elenco.
Nos dias 15 e 16 de agosto, estarei participando do curso Como ver um filme, administrado pela critica de cinema Ana Maria Bahiana, no Cinebancários. Enquanto os dois dias não vêm, deixo a cada dia, um pouco sobre cada filme que será abordado durante o curso. Confiram:
NOVO FILME DE LARS VON TRIER CONSEGUE PASSAR O QUE NENHUM OUTRO FILME CATASTROFE COVENCIONAL CONSEGUIU
Sinopse: Um planeta chamado Melancolia está prestes a colidir com a Terra, o que resultaria em sua destruição por completo. Neste contexto Justine (Kirsten Dunst) está prestes a se casar com Michael (Alexander Skarsgard). Ela recebe a ajuda de sua irmã, Claire (Charlotte Gainsbourg), que juntamente com seu marido John (Kiefer Sutherland) realiza uma festa suntuosa para a comemoração.
Simplificando, os filmes de Lars von Trier são incômodos e geniais. Dito isso, é difícil imaginar um filme que passe essa sensação de se sentir incomodado, mas ter a certeza de que assistiu algo de diferente se comparado com os filmes convencionais. Os seus filmes nada mais são do que uma representação do seu estado de espírito enquanto estava criando suas obras. Se em O Anticristo, ele estava em um estado de depressão total, o que ele estava passando então, quando criou esse filme que passa o temível desconforto de encarar o inevitável? A certeza de que todos nos teremos um fim?
Assim como em seus filmes anteriores, a trama começa com um prólogo (belíssimo) onde vemos um resumo de um ponto de vista diferente de toda historia que virá a seguir. Embalado com a bela opera de Tristão e Isolda, de Richard Wagner, as cenas são todas em câmera lenta onde elas mostram tudo e ao mesmo tempo explicam pouca coisa e as respostas somente viram no decorrer do filme dividido em duas partes, entretanto, já temos uma idéia do derradeiro final. No primeiro capitulo, vemos a festa de casamento de Justine (Kirsten Dunst, no melhor momento de sua carreira) com seu noivo Michael (Alexander Skargard, da serie True Blood) cuja cerimônia foi paga pelo marido (Kiefer Sutherland) da sua irmã Claire (novamente Charlotte Gainsbourg deAnticristo).
Já nesta primeira parte, vemos todas as características que o diretor usou nos seus filmes anteriores, como a sensação de câmera na mão e sempre focando bastante o rosto e olhar dos personagens, onde são mostradas gradualmente, as mudanças de personalidade de cada um. Bom exemplo disso é a própria protagonista Justine, que se no inicio demonstrava toda a felicidade do seu dia de casamento, aos poucos, mostrasse uma mulher com inúmeras camadas de personalidade, nas quais se distancia das suas primeiras cenas dela, antes de ir ao local da festividade. Ponto para Kirsten Dunst que entrega um dos seus melhores desempenhos desde As Virgens Suicidas e com certeza poderia ser lembrada no próximo Oscar. Outro fato interessantíssimo que ocorre durante a festa, é o fato de o diretor fazer um pequeno retrato da família perfeita “superficialmente”, mas que por dentro, já não agüenta mais tantas mascaras, nas quais esconde o que realmente sente com relação à família e casamento. Momento muito bem representado pela mãe das irmãs (interpretada de forma extraordinária pela atriz Charlotte Rampling) onde deixam todos os que estão presentes desconcertados. E se a mãe é assim, vemos um pai no maior desdém pela situação e pouco realmente se importando com os problemas internos de uma das filhas, num papel muito bem representado pelo veterano John Hurt (O Homem Elefante). Somando dois mais dois, essa primeira parte pode ser muito bem vista como um retrato da desarmonia familiar ou o estado de espírito das pessoas perante o que estará por vir. E se esse segundo ponto foi mais sugestivo na primeira parte, na segunda é totalmente escancarado.
Nesta (derradeira) parte, vemos Claire (Charlotte) tentando de todas as formas manter se firme e forte (assim como no capitulo anterior) para ajudar sua irmã Justine que se encontra (a principio) em depressão e cuidar de todas as formas do seu filho. Ao mesmo tempo fica se sentindo insegura sobre o fato da aproximação do planeta Melancolia, mesmo que seu marido (Sutherland) sempre tenta deixar claro que Melancolia irá passar pela terra sem criar maiores danos. O interessante nesta parte, é que as duas irmãs vão mudando novamente suas personalidades com a aproximação do fim de tudo. Enquanto vemos Claire começar a se desesperar e ter sua segurança de si se desfalecer, vemos Justine aceitando o derradeiro fim, dando ao mesmo tempo a entender que o fim de tudo seria uma forma de se desvencilhar de uma vida de dor, sofrimento e desprezo, se tornando então, uma mulher forte perante o fim.
Chegando aos momentos finais da trama, percebemos que ambas as personalidades das irmãs mudaram de uma forma como se tivessem trocado de papeis no decorrer do filme, ao ponto, que podemos interpretar como elas sendo um único ser de múltiplas personalidades ou unicamente elas representam dois lados da mesma moeda. Ou então, simplesmente são irmãs vitimas do desprezo paternal (principalmente da mãe) de uma forma implacável e a aproximação do planeta destruidor nada mais é do que uma metáfora dessa situação. Por fim, mesmo que o filme não tivesse nada disso, já valeria pelos minutos finais aterradores em que mostra, não somente o final das protagonistas (já anunciado no inicio do filme) como também passa em uma única cena a representação do inevitável e amargo fim que dificilmente se consegue escapar. O filme acaba e tentamos mentalmente continuar com historia em nossas mentes, mesmo que isso pareça um pouco que improvavel.
Lars Von Trier é isso. Um incomodo por nos proporcionar sensações das mais diversas, não importa que tipo de gênero ele faça, sempre estará lá seu estado de espírito em seus filmes, para nos fazermos sentir a cada momento. Quem procura um filme catástrofe convencional, passe longe desse. Esse, não é para os fracos.
Curiosidade: Por coincidência, Kirsten Dunst e Lars von Trier fazem aniversário no mesmo dia: 30 de abril;