Quem sou eu

Minha foto
Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

Pesquisar este blog

Mostrando postagens com marcador Um Lindo Dia Na Vizinhança. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Um Lindo Dia Na Vizinhança. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 19 de maio de 2020

Cine Dica: Durante a Quarentena Assista: 'Um Lindo Dia Na Vizinhança'

Sinopse: Fred Rogers foi o criador de Mister Rogers' Neighborhood, um programa infantil de TV muito popular na década de 1960 nos EUA. Em 1998, Tom Junod, até então um cínico jornalista, aceitou escrever o perfil de Rogers para a revista Esquire. 
 
Quando olho para trás para observar o cinema americano de antigamente percebo uma realidade distante do mundo real e que não tinha muito haver com o que acontecia realmente. Os anos 50 e 60, principalmente, os estúdios possuíam uma obsessão de vender o tão sonhado sonho americano, onde tudo era perfeito em seu solo e que o restante do mundo não chegava aos pés daquela realidade cheia de promessas que, ao final de contas, não se cumpriam. Isso acabou caindo por terra aos poucos, principalmente quando os americanos perderam a sua inocência a partir do assassinato do Kennedy, ou até mesmo do insano assassinato da atriz Charon Tate.
Nestes últimos tempos, por exemplo, se tornou comum o próprio cinema americano resgatar esses tempos inocentes que soavam plasticamente falsos. Se por um lado o filme "Foi Apenas um Sonho" (2008) mostrava a real família norte americana dos anos 50 em frangalhos, do outro, "Suburbicon: Bem-vindos ao Paraíso" escancara o lado hipócrita e grotesco da vizinhança norte americana. Eis então que chegamos ao "Um Lindo Dia Na Vizinhança", filme que passa uma mensagem positiva, mas que não esconde o lado plástico e falso da tão sonhada utopia norte americana.
Dirigido por Marielle Heller, do filme "Poderia Me Perdoar?" (2019), o filme conta a história de Fred Rogers (Tom Hanks), um criador do Mister Rogers' Neighborhood, um programa infantil de TV muito popular na década de 1960, nos Estados Unidos. Em 1998, Tom Junod (Matthew Rhys), até então um cínico jornalista investigativo, aceitou escrever o perfil de Rogers para a revista Esquire. Durante as entrevistas para a matéria, Junod mudou não só sua visão em relação ao seu entrevistado como também sua visão de mundo, iniciando uma inspiradora amizade com o apresentador.
Eu acredito friamente que Marielle Heller criou propositalmente o início do filme como uma forma que sintetizasse tempos mais inocentes dos EUA, mas que não escondesse um certo teor absurdamente falso naquilo tudo. Fred Rogers é uma figura conhecida dos anos 60, mas como a trama se passa nos anos 90, esse mesmo artificialismo acaba sendo injetado para essa época. O que não deixa de ser irônico, já que as maquetes que representam uma Nova York ainda com as Torres Gêmeas simbolizam tempos em que o norte americano ainda sonhava com o mundo perfeito.
Com esse meu pensamento, não me surpreende a escolha de Tom Hanks em ser Fred Rogers em cena, já que o ator possui essa imagem de bom moço que todo norte americano adora e do qual Hanks tira de letra. O casamento entre o ator e a proposta principal do filme acaba se tornando tão perfeita que torcemos a boca quando nos primeiros minutos de projeção vemos um Hanks se apresentando como uma caricatura dele mesmo de bom moço perfeito, mas que também não esconde certas cicatrizes em seu íntimo vindas do passado. Toda essa autoestima é sempre bem-vinda, porém, ela jamais se casa com a realidade dos dias atuais e dos quais são, por vezes tão loucos e absurdos do que história de ficção científica.
Se por um lado essa figura unidimensional de Hanks nos chama atenção, o mesmo não pode dizer muito de Tom Junod (Matthew Rhys) e cuja a sua linha dramática com relação ao conflito emocional com o seu pai (Chris Cooper) não nos envolve por completo como deveria ser. Ao  menos esse último nos brinda com um personagem genuinamente humano, falho, mas que não desiste da busca de sua própria redenção perante a conquista do seu filho. Logicamente, o filme possui aqueles ingredientes de comédias dramáticas que nos faz adivinhar o que acontecerá no ato final e fazendo, novamente, nos remeter aos tempos em que hollywood nos manipulava até mesmo facilmente.
"Um Lindo Dia Na Vizinhança" é um retrato plástico sobre a utopia norte americana que o cidadão do bem de lá tenta sempre encontrar, mas cuja a realidade nua e crua de hoje torna esse sonho ultrapassado e sem nenhum poder de convencimento.

Onde assistir: Em DVD e lançamento no Now 

Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook,  twitter, Linkedlin e Instagram.