Sinopse: Nolan (Mamodou Athie) é um homem que sofreu um acidente grave e perdeu boa parte de sua memória. Entretanto, um tratamento experimental faz com que o jovem tenha suas memórias de volta, mas no percurso algo de estranho acontece.
Enquanto alguns gêneros cinematográficos atualmente sofrem pela falta de originalidade em suas histórias, o gênero de horror e suspense, por sua vez, cada vez mais vem nos surpreendendo em originalidade e cuja as tramas atuais cada uma tem muito a dizer. Em alguns casos como, por exemplo, "Corra" (2017), há um uso de ficção científica, mas emoldurado com questões sociais e com bom uso de tensão psicológica. "Caixa Preta" (2020) lembra em alguns momentos o filme de Jordan Peele, mas ganhando personalidade na medida do possível.
Dirigido por Emmanoel Osei-Kuffour, do curta "Born With Ir" (2015), o filme conta a história de Nolan (Mamodou Athie) é um homem que sofreu um acidente grave e perdeu boa parte de sua memória. Entretanto, um tratamento experimental faz com que o jovem tenha suas memórias de volta. Porém, na medida em que ele avança em busca de suas memorias, algo de aterrador vem a descobrir sobre o que há realmente escondido dentro de sua mente.
O filme nasceu da recente união entre Amazon Prime com o estúdio Blumhouse, do qual é responsável por grandes sucessos do horror do cinema recente, como no já citado "Corra", "Halloween" (2018) e a nova versão de O Homem Invisível (2020). Se formos analisarmos mais a fundo com relação a esse primeiro projeto, podemos constatar também que é um dos primeiros filmes "pós Jordan Peele", pois embora o diretor tenha feito somente dois grandes filmes de horror, vide "Corra" e "Nós" (2019), foi o suficiente para marcar a nossa época. Por outro lado, "Caixa Preta" também é consequência da série "Black Mirror", cuja as tramas transitam entre ficção, horror, mas com um alto grau de realismo e que fala até mesmo sobre o nosso mundo real em que vivemos.
O grande acerto de "Caixa Preta" é de jamais se apressar com relação ao que está acontecendo. Nolan, por exemplo, nos é apresentado como alguém analisando a sua realidade em volta, tentando se conectar com algo familiar, mas tendo sempre a sensação de que tudo isso nunca fez parte de sua vida. Emmanoel Osei-Kuffour dirige de forma segura, onde suas cenas possuem símbolos e charadas para serem decifradas, mas que podem elas serem muito melhor apreciadas em uma segunda revisão da obra.
Já o papel da ficção e terror eles são fundamentais para a trama, mesmo quando temos uma ligeira sensação de Déjà vu ao longo da história. Se por um lado há elementos da história já vistos em outros filmes, por outro, tudo é encaminhado em uma revelação que nos é apresentado e nos pega desprevenidos no final do seu segundo ato. Vale destacar a ótima atuação de Mamodou Athie como Nolan, do qual consegue construir um personagem sempre confuso a todo momento e tentando descobrir o que acontece consigo mesmo.
O filme somente derrapa em seus minutos finais, como se fosse uma obrigação que todas as pontas soltas fossem bem amarradas para nos agradar. Não que isso prejudique a obra como um todo, mas nos dá a sensação de que faltou algo, pois pelo do caminho em que a trama estava se enveredando, ela poderia ir muito mais além do que foi apresentado. De qualquer forma, é um filme que nos prende do começo ao fim e que nos faz pensar sobre os mistérios da mente de cada um de nós.
"Caixa Preta" é mais um bom exemplo dessa nova leva de bons filmes de horror que transitam entre o fantástico, mas que consegue fazer a gente pensar com relação ao seu conteúdo como um todo.