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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 25 de março de 2022

Cine Dica: Em Cartaz: 'A Pior Pessoa do Mundo'

Sinopse: Sinopse: O filme narra quatro anos da vida de Julie (Renate Reinsve), uma jovem mulher norueguesa de 30 anos que está navegando pelas águas turbulentas de sua vida amorosa e profissional.

As comédias românticas foram tão revisitadas durante os anos oitenta e noventa que a fórmula chegou cansada ao novo século. Em tempos em que é preciso fazer uma reflexão sobre a realidade em que vivemos, ou os gêneros cinematográficos se reinventam ou caem no esquecimento. Para a surpresa de muitos, "A Pior Pessoa do Mundo" (2021) dá uma nova sobreviva a esse gênero, ao falar sobre relacionamentos atuais e de como nos comportamos em tempos cada vez mais complexos.

Dirigido por Joachim Trier, do filme "Thelma" (2017), a trama conta a história de Julie (Renate Reinsve), uma jovem, bonita, inteligente e não sabe exatamente o que deseja em uma carreira ou parceiro. Uma noite ela conhece Aksel (Anders Danielsen Lie), um conhecido romancista gráfico 15 anos mais velho que ela, e eles rapidamente se apaixonam. Todavia, ela também conhece um barista de café, Eivind (Herbert Nordrum), que também está em um relacionamento. Julie tem que decidir, não apenas entre dois homens, mas também quem ela é e quem ela quer ser.

Dividida em capítulos, além de um prólogo e epilogo, a trama vai logo nos apresentando sobre como é realmente Julie, sendo ela uma jovem ambiciosa, mas que não sabe ao certo o seu principal foco com relação ao seu próprio futuro. A gente compreende isso graças a uma edição caprichada, onde Joachim Trier procura sintetizar nas cenas toda essa aceleração atual em que convivemos atualmente e que quase não paramos para repensarmos sobre o que estamos realmente fazendo em nosso devido tempo. Julie é mais ou menos isso, ao não saber em que pé de profissão irá ficar, além de não saber ao certo sobre o que é realmente amar.

Renate Reinsve surpreende ao interpretar uma personagem que transita entre a ingenuidade e a consciência sobre o mundo em que vive, ao ponto de ela entrar facilmente nas principais brechas onde se encontram os que realmente movem as engrenagens da sociedade. Ao se relacionar com Aksel por um momento achamos que ela deu um passo em falso, pois o personagem deseja ter filhos e a protagonista nem quer pensar sobre isso. É neste ponto, por exemplo, que o roteiro explora os relacionamentos atuais cada vez mais duvidosos e cuja a ideia de ter filhos se torna hoje muito mais complexo do que nós imaginamos.

Além disso, a trama é engenhosa com relação ao sexo fora do casamento, sobre até que ponto é traição e até onde podemos ir além dos nossos próprios limites. Isso é bastante explorado quando a protagonista conhece Eivind e é aí que a edição de cenas brilha novamente. Como se isso não bastasse, a cena em que Julie decide abraçar os seus desejos é sem sombra de dúvida um dos momentos mais criativos do ano, onde o tempo simplesmente parou para ela, como se nos passasse a ideia de que só dessa forma conseguimos obter o que desejamos bem lá no fundo.

Do segundo ao terceiro ato final Julie precisa enfrentar as consequências dos seus atos, seja de maior ou menor grau. Se por um lado isso acontece após uma pequena festa que ela ingere Cogumelos ilícitos, logo em seguida ela enfrenta uma realidade totalmente desperta, sendo que o seu passado com Aksel novamente bate à sua porta. É preciso destacar neste ponto o incrível desempenho de Anders Danielsen Lie, ao saber construir para o seu personagem momentos em que muitos irão se identificar, principalmente em tempos atuais que muitos desejam que determinadas coisas que curtíamos no passado voltassem em nosso presente.

Ao final das contas, o filme fala sobre as incertezas do mundo atual e sobre o fato de não termos uma dimensão exata sobre o que acontecerá com relação ao nosso futuro, seja profissional ou em termos de relacionamento. Ao final, vemos uma protagonista segura por ter sobrevivido a duras penas, mesmo que alguns venha a questiona-la por não ter escolhido outras trilhas. Mas é exatamente por essa última questão que faz do filme especial, romântico, mas acima de tudo humano.

"A Pior Pessoa do Mundo" fala sobre os nossos desejos de pararmos no tempo, em resgatar o que funcionava para nós em nosso passado, mas tendo a consciência de prosseguirmos em frente para um futuro desconhecido. 


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