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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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domingo, 25 de abril de 2021

Cine Especial: Oscar 2021: 'Nomadland' e 'Bela Vingança'

Enfim, estamos na reta final para o Oscar 2021 e deixo aqui a minha última postagem especial sobre os favoritos "Nomadland" e "Bela Vingança". 

'Nomadland' 

Sinopse: Após o colapso econômico de uma cidade na zona rural de Nevada, nos Estados Unidos, Fern, uma mulher de 60 anos, entra em sua van e parte para a estrada, vivendo uma vida fora da sociedade convencional como uma nômade moderna. 

Nos próximos anos especialistas farão uma análise mais profunda sobre os tempos de hoje em que vivemos e dos quais o cinema nos revelou como um todo.  Se por um lado "Parasita" (2019) fala sobre os problemas que o mundo capitalista faz com que tudo transborde, do outro, "Coringa" (2019) fala sobre o indício comum abandonado por esse mesmo sistema e que não excita mais em estourar a bolha. "Nomadland" vem para complementar ainda mais esse quadro, do qual retrata um lado dos EUA sem nenhuma glória e que se sustenta somente com a força de vontade que lhe resta.

Dirigido pelo cineasta Chloé Zhao, o filme se passa logo após o colapso econômico de uma cidade na zona rural de Nevada, nos Estados Unidos.  Fern (Frances McDormand), uma mulher de 60 anos, entra em sua van e parte para a estrada, vivendo uma vida fora da sociedade convencional como uma nômade moderna. Durante o percurso, trabalha em diversos empregos, além de conhecer pessoas comuns e com o mesmo destino.

A crise econômica de 2008 serviu como pano de fundo para a realização de diversos filmes que revelaram um olhar mais sujo e sofrido do povo americano, pois basta pegar o filme "Inverno da Alma" (2010) como um bom exemplo. Porém, "Nomadland" se encaixa mais com os dois filmes citados acima, ao retratar uma protagonista presa as regras capitalistas, mas obtendo a chance de sair dessa bolha e dando de encontro com uma realidade até então desconhecida. Com a sua Van, Fern dá de encontro com pessoas iguais a ela e das quais cada história são maiores do que a vida.

Ao procurar nos passar maior realismo possível, a cineasta Chloé Zhao procurou pessoas reais para que as mesmas atuassem e revelassem as suas vidas reais de Nômades na frente da tela. O resultado é uma bela transição entre ficção e realidade, onde Frances McDormand para por uns instantes de atuar para então ouvir as palavras dessas pessoas sofridas, mas que não se abalam nem mesmo quando o estado lhe dá as costas. Pessoas que foram engolidas pelas consequências do capitalismo desenfreado, mas que se viram livres ao sair dessa realidade cheia de regras e que sempre cobram um alto preço.

Como não poderia deixar de ser, Frances McDormand dá novamente um show de interpretação, ao colocar para fora as suas raízes humildes de sua vida pessoal e revelando uma faceta de sua pessoa até então inédita nas telas. Sua personagem nunca se dá por vencida, ao escolher continuar trabalhando em empregos sem nenhum futuro, mas cujo os mesmos a fazem esquecer um pouco do seu passado dolorido. Passado, aliás que se encontra nos mais pequenos detalhes dentro de sua Van, desde a pratos raros, como também fotos preciosas e que valem muito para ela.

Na reta final, a protagonista tem a chance de se encaixar novamente no mundo em que ela havia deixado para atrás. Porém, as cicatrizes vindas do passado falam mais alto e constatamos que, mesmo com um sistema cada vez mais no controlando, há ainda lugares intocáveis e dos quais vale a pena testemunharmos e senti-los. Talvez seja a hora de começarmos a enxergarmos o que há além dos muros desse sistema doentio.

"Nomadland" é um filme universal sobre o nosso tempo atual, onde a sociedade não tem mais para onde se esconder desse sistema capitalista, a não ser estourar a bolha e colocar o pé na estrada. 


Nota: Em Cartaz nos cinemas. 

'Bela Vignça’  

Sinopse: Cassie (Carey Mulligan) é uma jovem que sempre sonhou em ser médica. No entanto, um acontecimento traumático fez ela largar a faculdade e voltar para a casa dos pais. Agora perto dos 30 anos, ela decide se vingar dos predadores sexuais que se aproveitam das mulheres bêbadas. 

Quando os escândalos de abuso sexual cometidos por Harvey Weinstein explodiram e caíram no colo da grande imprensa, vários outros escândalos foram noticiados, pois as vítimas perceberam que, enfim, poderiam sair do armário e sem medo. A cultura do estupro é algo que, infelizmente, se encontra ainda muito incrustado na nossa sociedade, pois a maioria dos homens que cometem jamais irão admitir tais atos, ao ponto de usar todos os meios para persuadir a justiça a qualquer custo. Neste caso, "Bela Vingança" (2020) vem para nos dizer que a situação transbordou, não há mais volta e que as mulheres não podem mais recuar perante tais violências físicas e psicológicas.
Dirigido por Emerald Fennell, o filme conta a história de Cassie (Carey Mulligan), uma mulher com muitos traumas do passado que frequenta bares todas as noites e finge estar bêbada. Quando homens mal intencionados se aproximam dela com a desculpa de que vão ajudá-la, Cassie entra em ação e se vinga dos predadores que tiveram o azar de conhecê-la e o mau caráter de tentar abusá-la. Aos poucos é revelado os motivos de suas ações ao longo do percurso.
Diferente do que se imagina, principalmente se levar muito em consideração o título, o filme não se enverada para os típicos filmes de vingança, onde há muita violência e sangue, mas sim tudo de uma forma mais sugestiva e deixando a nossa imaginação trabalhar após cada importante cena apresentada. Embalado com uma sedutora trilha sonora, da qual é moldada com vários sucessos, Emerald Fennerll procura ser bastante perfeccionista, pois se percebe que cada cena filmada foi criada de uma forma muito bem pensada e para assim ficarmos prestando atenção em cada ação de sua protagonista, desde aos gestos com as mãos, como também pelo seu olhar que tem muito a dizer. O prólogo, por exemplo, é um belo exemplo do que veremos no decorrer do filme e fazendo da obra algo bem diferente do que estamos acostumados em assistir dentro do gênero.
Mais do que uma obra com um teor de humor sombrio, o filme também é uma crítica ácida contra uma sociedade machista, onde filhinhos de papai ricos acham que podem fazer o que bem entenderem, quando na verdade não passam de homens fracos perante ao momento que terão que sofrer as consequências dos seus atos monstruosos. Além disso, o filme destrincha como certas bases importantes da sociedade tentam acobertar esses atos, sendo que acabam se tornando tão culpados quanto os que praticam o ato e provocando assim uma bola de neve que vai aumentando conforme o tempo vai passando. As justificativas são quase sempre as mesmas e fazendo a gente ter menos pena das partes que se acharam um dia intocáveis.
Carey Mulligan, vista em filmes como "As Sufragistas" (2015) obtém aqui o melhor papel de sua carreira, onde interpreta uma Cassie marcada pelos horrores do passado e não conseguindo seguir em frente na vida como um todo. Reparem que a fotografia, assim como determinadas cores de certos objetos vistos na tela, sintetizam elementos inocentes que ela ainda mantém em seu dia a dia, mesmo tendo consciência da real realidade nua e crua em sua volta. E quando se achava que ela se encaminhava para a chance de obter  a sua redenção, eis que situações a fazem se dar conta que o único jeito de obter justiça é do seu jeito, pois o estado acaba se tornando ineficaz para praticar tal ato.
Chegando neste ponto, adentramos em um ato final muito bem dirigido, onde Emerald Fennell não tem medo de nos colocar frente a frente a uma situação inusitada e criando um plano sequência que faz a gente se afundar na cadeira. Os minutos finais a gente pode até adivinhar o que acontece, mas não prejudica o resultado final, mas sim somente fortifica a ideia de que algo precisa ser feito em nosso mundo real. O abuso e a violência precisam acabar, ou então terá várias Cassies que irão aparecer por aí.
"Bela Vingança" e uma síntese de nossa época atual, onde as mulheres não podem somente esperar por justiça, mas sim agir contra os lobos fantasiados de cordeiros.  

Nota: O filme tem previsão de estrear nos cinemas brasileiros em Maio. 

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