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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Cine Dica: 1º FESTIVAL DE CURTAS DA HORA DO CINEMA COMEÇA HOJE.

Cansado de ver longas dispensáveis?  Então venha desfrutar  desse evento no Santander Cultural a partir de hoje na capital, pois as melhores historias podem estar nos menores frascos!  


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Cine Dica: AVANTI POPOLO E O ATO DE MATAR NA SESSÃO PLATAFORMA


Na próxima semana, a Sessão Plataforma levará à tela da Sala P.F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) uma dose dupla especial sobre a memória. Na terça-feira, dia 10 de dezembro, às 20h30, será exibido Avanti Popolo, premiado longa de estréia de Michael Wahrmann, sobre um homem que tenta reviver a memória de seu pai através de imagens em Super-8. O filme tem a presença marcante do cineasta Carlos Reichenbach, na última atuação antes de seu falecimento, em 2012. Após a sessão, haverá um debate com o diretor. Na quinta-feira, dia 12 de dezembro, às 20h30, é a vez do cultuado documentário O Ato de Matar, de Joshua Oppenheimer, com produção executiva de Werner Herzog, sobre o assassinato de mais de um milhão de comunistas após o golpe militar na Indonésia em 1965.
  
AVANTI POPOLO
10 de dezembro
20h30

Direção : Michael Wahrmann - 72min, BRA, 2012.
SINOPSE:

Através do resgate de imagens Super-8mm captadas pelo seu irmão nos anos 70, André tenta reavivar a memória do seu Pai que há 30 anos espera seufilho desaparecido.

FESTIVAIS E PRÊMIOS:
- Festival de Cinema de Brasília 2013 - Melhor direção, prêmio da crítica, melhor ator coadjuvante e prêmio Saruê.
- Rome International Film Festival 2012 - CineMAXXI - Melhor Filme
- Rotterdam International Film Festival 2013.
- FIDMarseille 2013.
- FICUNAM – Melhor diretor

Após a sessão, debate com o diretor Michael Wahrmann e a distribuidora do filme Silvia Cruz da Vitrine
Filmes. Chopp Rasen após o debate.


O ATO DE MATAR
 (The Act of Killing)
 12 de dezembro
20h30

direção: Joshua Oppenheimer – documentário, 166min, Dinamarca/Noruega/Reino Unido, 2012.
SINOPSE:
Na Indonésia, o golpe militar de 1965 levou um exército paramilitar a ser promovido a um autêntico esquadrão da morte. Em menos de um ano, mais de um milhão de pessoas foram executadas. Décadas depois, alguns membros desses esquadrões vivem como heróis e desejam contar orgulhosamente sua própria versão da história. Eles concordam não apenas em narrar seus assassinatos brutais, mas em reencená-los diante das câmeras, inspirados pelos filmes americanos que tanto adoram. Com produção executiva de Werner Herzog e Errol Morris, o filme levou dez anos para ser concluído.

FESTIVAIS E PRÊMIOS:
- Berlin International Film Festival 2013 - Panorama - Prêmio do Público e Ecumenical Jury Prize.
- New York New Directors 2013
- Toronto International Film Festival 2013.

- CPH:DOX 2012 - DOX award.



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Cine Dica: DOCE AMIANTO estreia no CineBancários


Encerrando a programação de 2013 o CineBancários exibe, com exclusividade, de 10 a 29de dezembro, o cultuado filme Doce Amianto, de Guto Parente e Uirá dos Reis e produzido pela nada convencional produtora cearense Alumbramento.
 "Ai... Sinto tanta pena de mim quando penso sobre como nunca fui amada nem amamentada, Freud, tanta pena que fico de quatro e com a porta aberta, abanando o rabo, esperando os cães..."
Amianto vive isolada num mundo de fantasia habitado por seus delírios de incontida esperança, onde sua ingenuidade e sua melancolia convivem de mãos dadas. Após sentir-se abandonada por seu amor (O Rapaz), Amianto encontra abrigo na presença de sua amiga morta, Blanche, que a protegerá contra suas dores ? ao menos até onde possa. Seu universo interior choca-se com a realidade de um mundo que não a aceita, um mundo ao qual ela não pertence e invariavelmente ela torna a debruçar-se sobre seus delírios jocosos, misturando realidade e fantasia. Com a ajuda de sua Fada Madrinha, Amianto recolhe forças para continuar existindo na esperança de ser feliz algum dia.

Em cartaz de 10 a 29 de dezembro
sessões às 15h, 17h e 19h, de terça a domingo

Ingressos:
Inteiras: R$ 6,00
Meias: bancários e jornalistas sindicalizados, idosos, estudantes e clientes do banrisul
 
Ficha técnica:
Direção: Guto Parente e Uirá dos Reis
70min . 2013 . CE . Digital
Companhia Produtora: Alumbramento Produção Executiva: Ticiana Augusto Lima Produção: Guto Parente e Ticiana Augusto Lima Roteiro e Montagem: Guto Parente e Uirá dos Reis Fotografia: Guto Parente Som: Pedro Diógenes Direção de Arte e Figurino: Lia Damasceno Edição de Som: Érico Sapão Trilha Musical: Uirá dos Reis Com: Deynne Augusto, Uirá dos Reis, Dario Oliveira, Rodrigo Fernandes, Rafaela Diógenes, Reginaldo Dias, Bruno Rafael, Danilo Maia, Valentina Damasceno

Guto Parente (Fortaleza, 1983), cineasta e membro da produtora Alumbramento, realizou quatro longas ? Estrada para Ythaca (2010), Os Monstros (2011), No Lugar Errado (2011) e Doce Amianto (2013) - e sete curtas - entre eles Espuma e Osso (2007), Flash Happy Society (2009) e Dizem que os Cães Veem Coisas (2012). Seus três primeiros longas foram realizados em parceria com Pedro Diogenes, Luiz e Ricardo Pretti, no quarteto Irmãos Pretti & Primos Parente, e o último em parceria com Uirá dos Reis. Seus filmes já foram exibidos em importantes festivais internacionais - como Locarno, Rotterdam, Bafici, Viennale, FID Marseille, Indie Lisboa - e nacionais, ganhando o prêmio de Melhor Filme em festivais como Tiradentes, Ja nela e Panorama. Guto também trabalha como montador.
 Uirá dos Reis, poeta, compositor e cineasta esporádico, reside em Fortaleza. Tem diversos discos lançados, livretos em xerox, um livro publicado, dois inéditos, trilhas em diversos filmes, gosta de um doce chamado 'espécie' e chora com 'Nuca fui beijada' até hoje. Ama a diretora Ana Carolina, João Gilberto, Yoko Ono e o século XX. É de capricórnio com capricórnio, o que significa dizer que não interessa a ninguém sua verdadeira idade.


Mais informações vocês conferem na pagina da sala clicando aqui. 


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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Cine Dica: Em Cartaz: AZUL É A COR MAIS QUENTE


Sinopse: Adele (Adle Exarchopoulos) é uma garota de 15 anos que descobre na cor azul dos cabelos de Emma (Léa Seydoux) sua primeira paixão por outra mulher. Sem poder revelar a ninguém seus desejos ela se entrega por completo a este amor secreto enquanto trava uma guerra com sua família e com a moral vigente.

Num determinado momento da primeira hora de Azul é a cor mais quente, Adele (Adle Exarchopoulos) esta tendo um sonho erótico com relação à garota que ela havia cruzado na rua, Emma (Adele Exarchopoulos). No principio, o travesseiro que ela usava era todo branco, mas bastou ela começar a ter o sonho, que ele começou a ficar manchado de azul, ao ponto dele ficar diferente da primeira cena em que ele surgiu. Essa seqüência representa muito bem inúmeros momentos do filme, em que objetos de cena, assim como o fundo do cenário, possuem a cor azul, mas que talvez não estejam exatamente desta cor, mas estão assim devido aos pensamentos de Adele que transbordam na tela, principalmente com relação à pessoa que ela busca para amar.
Dirigido por Abdellatif Kechiche (O Segredo do Grão), e baseado na HQ escrita por Julie Maroh, Azul é a cor mais quente me fez sentir a mesma sensação de quando eu havia assistido O Segredo de Brokeback Mountain de Ang Lee: não é sobre a relação de duas pessoas do mesmo sexo, mas sim sobre uma historia de amor como qualquer outra, de altos e baixos e que para o bem ou para o mal, lhe trazem sofrimento, mas amadurecimento com relação a certos obstáculos da vida. Com isso, não tem como a pessoa não se identificar com os personagens, seja ela  hetero ou não.  
Mais do que sobre uma historia de amor, o filme também desvenda como por vezes é difícil a vida, com relação ao saber o que realmente a pessoa quer pra ela, principalmente na fase da adolescência. Nessa época, algumas vezes nós mesmos nos pegávamos de uma maneira deprimida, mas não sabíamos por que, sendo que parece que falta algo para a gente ser feliz ou que a gente não descobriu outro lado de nos. Adele é mais ou menos assim: vivendo o dia a dia, indo e voltando para escola, mas com pensamentos e dores internas nas quais ela mesma não pode explicar nem para ela mesma.   
Tudo isso é mostrado gradualmente pela câmera de Kechiche, onde ele consegue extrair cada gesto, detalhes e pensamentos vindos dos olhos da protagonista, criando um verdadeiro mosaico, tanto de imagens sugestivas, como também fazer com que a gente consiga saber o que ela pensa através dos seus olhos. Isso muito se deve também a estupenda interpretação de Adele Exarchopoulos, que carrega todo o filme nas costas, mas de uma maneira surpreendente, segura e se transformando uma das grandes revelações do ano.  
Embora com suas três horas de duração o filme desperta nossa curiosidade com relação ao destino da personagem e fazendo com que nos tornemos parceiros ao lado dela nessa jornada. Bom exemplo é a primeira hora do filme, que embora Adele tenha cruzado e trocado olhares com Emma na primeira meia hora de filme, leva um bom tempo até elas se reencontrarem. Até lá, vivenciamos as descobertas que a protagonista experimenta, desde ao fato de fazer sexo pela primeira vez com um rapaz, como também ter o seu primeiro beijo com outra garota.
Chega ao ponto, que sabemos o que Adele quer: achar Emma e liberar o que ela quer soltar a todo custo, mesmo demonstrando um comportamento um tanto que contido. O reencontro finalmente acontece num bar, onde conhecemos Emma e descobrimos que ela não é somente uma bela imagem Angelical que despertou os desejos da protagonista, como também uma garota entendida e resolvida na vida como uma artista. Embora Léa Seydoux não possua o mesmo tempo de cena de Adele Exarchopoulos, ela simplesmente domina em cena quando ela surge, passando segurança de sua personagem, protagonizando momentos fortes e que não deve nada para a sua colega de cena.
Com o reencontro e o inicio de uma forte relação amorosa, surge a tão badalada e polemica cena de amor entre as duas. Embora tenha causado furor no festival de Cannes devido a essa cena, o que vemos não é nada gratuito, mas sim justificado, pois durante mais de uma hora de filme, vimos à protagonista em uma cruzada para liberar os seus desejos internos e o que vemos é o resultado mais do que justo. Graças Abdellatif Kechiche e sua câmera, vemos uma cena de sexo de uma maneira bela, onde presenciamos cada centímetro dos corpos das duas e passando para nos a sensação de fusão de pele entre ambas as protagonistas, criando assim uma visão incomum, em sete minutos que sintetiza muito bem o que ambas sentem uma pela outra naquele momento forte e singelo.  
Após isso, presenciamos a construção dessa relação, onde elas conhecem aos poucos o mundo de cada uma delas, desde os seus atrativos, como também suas imperfeições. Como em toda relação que se preze, o que começa como uma bela historia de amor, acaba não sendo exatamente o que se esperava. Não que ambas não se amem uma pela outra, mas são suas personalidades distintas que coloca a relação delas em cheque.
Enquanto Emma sabe o que realmente quer na vida, Adele ainda se encontra num redemoinho de incertezas, que há faz descascar outras camadas de sua confusão de pensamentos e sentimentos. A conseqüência disso faz com que elas se coloquem num desafio de saber sobreviver numa realidade em que o amor, por mais que o desejamos, machuca e nos faz nos levar num caminho sem retorno. Provocamos os nossos atos, mas as conseqüências sempre será outra historia ser enfrentada.
Em seu ato final, vemos as protagonistas sobrevivendo às conseqüências de suas escolhas, mas jamais mudando o que ambas sentem uma pela outra. Não há um final feliz, mas também não é nenhuma tragédia, e sim recomeço, no qual desejamos segui-lo e saber qual seria o próximo passo delas.
Embora com suas três horas de duração, Azul é a cor mais quente é um filme a ser degustado, saboreado vagarosamente e ser visto com a mente aberta. Os que não entendem o que eu quero dizer, que fiquem do lado de fora do cinema. 


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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Cine Especial: Palma de Ouro em Cannes: Parte 1

Com a chegada do aguardado filme Azul é a cor mais quente nos cinemas brasileiros, vamos nos relembrar um pouco dos principais grandes vencedores de anos anteriores no Festival de Cinema de Cannes e que levaram a cobiçada Palma de Ouro.     

A DOCE VIDA(1960) 

Sinopse: Roma, início dos anos 60. O jornalista Marcello (Marcello Mastroianni em desempenho memorável) vive entre as celebridades, ricos e fotógrafos que lotam a badalada Via Veneto. Neste mundo marcado pelas aparências e por um vazio existencial, freqüenta festas, conhece os tipos mais extravagantes e descobre um novo sentido para a vida

O filme “La Dolce Vita”, do famoso Federico Fellini é um clássico na história do cinema: além de ter se tornado quase um sinônimo da Itália, um neologismo que nos remete a uma época na rua Veneto em Roma, entre mesas dos cafés e os paparazzi a procura da estrela da vez para ser fotografada.
Mas no começo o filme não foi um sucesso, aliás: na estréia o diretor e os atores foram vaiados e insultados pelo público, para o Marcello Mastroianni, por exemplo, um espectador gritou “Vilão, vagabundo, comunista!”, outro até cuspiu no Federico Fellini. Era o dia 5 de fevereiro de 1960, no cinema Capitol, em Milão.
Um filme que naquela época era visionário, inimaginável, sem moralismo, só podia escandalizar as hierarquias vaticanas e moralistas. Na Itália o ‘Osservatore Romano’, o jornal da Santa Sé se posicionou contra o filme e o diretor, na Holanda, por exemplo, foi censurado, apesar das bilheterias estarem arrecadando uma quantia recorde em toda a Europa.
Na verdade, A Doce Vida, não tinha mais nada de estranho: eram apenas sonhos em celulóides.


VIRIDIANA(1961) 

Sinopse: Pouco antes de ser ordenada freira, Viridiana faz uma visita ao seu solitário tio, que está à beira da morte. O homem, pervertido e obcecado pela sua beleza, tenta seduzi-la de todas as formas, antes de morrer repentinamente. Com a sua morte, acaba desistindo de ser freira, passando a morar na casa deixada pelo tio. Decide transformá-la em um albergue, movida pelo seu sentimento cristão de piedade e solidariedade, mas os mendigos que lá abriga, acabam lhe mostrando as verdadeiras facetas dos seres humanos.

Sempre dizendo que era ateu “graças a Deus" Buñuel não poupou em nada em escandalizar com esse filme na época. No governo Franco na Espanha, o filme foi proibido por vários anos, sendo somente exibido em 1977, dois anos após a morte de Franco. No geral, é um filme sobre a quebra de valores perante as tentativas frustradas na ajuda ao próximo, que aqui na visão do diretor, não rende exatamente frutos, principalmente se for seguindo as leis de Deus.
Apesar de tudo, a polêmica não foi o suficiente para o filme deixar de ser um grande sucesso de critica na época e ganhar a Palma de Ouro em Cannes naquele período. Destaco a ótimo desempenho de Silvia Pinal como Viridiana.

O Leopardo(1963) 

Sinopse: Sicília, durante o período do "Risorgimento", o conturbado processo de unificação italiana. O príncipe Don Fabrizio Salina (Burt Lancaster) testemunha a decadência da nobreza e a ascensão da burguesia, lutando para manter seus valores em meio a fortes contradições políticas.

Em 1963, data do filme, estamos num ano em que se pode finalmente discutir o cinema italiano como dos mais importantes no mundo inteiro. Após a revitalização do cinema que foi o neo-realismo, surgiram ao longo da década de 50, e nos primeiros anos da seguinte, várias fitas e realizadores-autores que se impuseram como verdadeiros vanguardistas do cinema ou excelentes contadores de histórias, colados à tradição italiana. Aqui encontramos nomes como Michelangelo Antonioni e a sua fantástica trilogia L'Avventura (1960), La Notte (1961) e L'Eclisse (1962), Federico Fellini com I Vitelloni (1953), La Strada (1954), e sobretudo La Dolce Vita (1960) e Otto e Mezzo (1963), Roberto Rossellini e Vittorio de Sica, mestres do neo-realismo, já a servirem de inspiração, e finalmente Luchino Visconti, com obras como Senso (1954), Le Notte Bianche (1957) e Rocco e i suoi Fratelli (1960).
A obra seguinte de Visconti é exatamente Gattopardo, um épico de três horas sobre o momento mais marcante da história da Itália - naturalmente, a sua libertação e unificação. Ao longo do filme seguimos este evento visto pela família, e sobretudo, pelos olhos do príncipe Don Fabrizio Salina, numa interpretação fantástica de Burt Lancaster. Podemos ver como, apesar de tantas lutas, tantos gritos, tanta vontade, o essencial fica na mesma. Os nomes continuam, a essencial rotina da nobreza, como explica o genial padre Pirrone, não muda, as classes não vão acabar, as ideias são ideias, mas o povo italiano, os seus modos e tiques, e acima de tudo, o siciliano, esse, não quer mudança, ou melhor, quer mudar tudo para ficar tudo na mesma - escondidos no seu cantinho, lamentando-se diariamente pela tarefa inevitável do viver pesado.
E pela história de um país, das suas personagens e cenas típicas genialmente interpretadas, vemos cenários fabulosos, dignos da arte mais impressionista ou da arte mais ricamente realista. Desde o forrado da sala, aos vestidos das senhoras, aos pratos servidos, à disposição de cada um pelo ecrã scope, cada plano aparece-nos como um quadro eterno, uma imagem digna de um sonho, vindo da maior sensibilidade do belo de todas - a de Visconti.
Mesmo os choques encaixam-se na fluidez da filmagem, as aparições geniais como a de Don Calogero Sedara, novo burguês tosco pinto-calçudo, que se diverte ao calcular tanta riqueza antiga que o rodeia por equivalências em hectares e propriedades, a entrada da fabulosa Angelica, Claudia Cardinale no seu papel mais carnal e fatal, ou as barulhentas tropas e o seu general de botas por dentro de um último baile da mais alta e exclusiva classe. A mesma atriz é protagonista, com Alain Delon, de uma das cenas mais eróticas da história do cinema, ao se "passear", com o seu noivo, pela casa abandonada, já demasiadamente vazia para poder controlar tanto desejo.
E no fim, o que temos, é a morte do Leopardo, genialmente filmada por Visconti através, desta vez, de um verdadeiro quadro, e de uma valsa, a pontuar o auge da decadência mais bela do cinema. É ele que segue sozinho por entre os tiros de uma guerra inacabada, que ele próprio aceitou naturalmente, uma guerra que já não travará totalmente, nem precisará. Segue o seu sobrinho (Alain Delon), financeiramente equivalente a uma suposta classe média, que protege a sua noiva burguesa, bela, e rica (Claudia Cardiale) dos brutos sons vindos do exterior do seu coche.


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Cine Dicas: Estreias do final de semana (06/12/13)

Azul é a cor mais quente

Sinopse: Adle (Adle Exarchopoulos) é uma garota de 15 anos que descobre na cor azul dos cabelos de Emma (Léa Seydoux) sua primeira paixão por outra mulher. Sem poder revelar a ninguém seus desejos ela se entrega por completo a este amor secreto enquanto trava uma guerra com sua família e com a moral vigente.


Simone 

Sinopse: Depois de anos se relacionando somente com mulheres, Simone decide se envolver com um homem. 

Carrie a estranha 

Sinopse: Uma releitura do clássico conto de terror sobre Carrie White uma garota tímida rejeitada por seus colegas e super-protegida por sua mãe profundamente religiosa que traz o terror telecinético para sua pequena cidade após sofrer uma brincadeira de mal gosto durante o baile de formatura.

À Procura do Amor 

Sinopse: Eva uma mãe divorciada e solteira passa seus dias trabalhando como massagista e temendo a iminente partida de sua filha para a faculdade. Um dia ela conhece Albert um homem gentil engraçado e parecido com ela. Ao mesmo tempo em que eles começam um romance Eva se torna amiga de Marianne sua nova cliente. Marianne é uma bela escritora que parece quase perfeita exceto por uma característica importante: ela reclama demais do ex-marido. De repente Eva começa a duvidar de sua própria relação com Albert quando descobre a verdade sobre o ex de Marianne. 


Anita e Garibaldi

Sinopse: Anita e Garibaldi é uma história de paixão aventura e afirmação da liberdade humana. Giuseppe Garibaldi 32 anos italiano marinheiro comandante dos rebeldes republicanos que invadem Laguna SC durante a Guerra dos Farrapos (1835 - 1845) encontra sua alma gêmea em Anita 18 anos lagunense casada com o sapateiro local. Entre a paixão e as batalhas eles definirão o rumo de suas vidas e influenciarão o curso da revolução. A história se baseia na vida de Giuseppe e Anita mas é uma obra de ficção com as licenças poéticas e dramáticas necessárias para torná-la um filme cativante. Tão cativante quanto foi a vida dos protagonistas.


Como Não Perder Essa Mulher 

Sinopse: Jon é campeão absoluto na categoria levar para a cama as mulheres mais lindas da noite. Ainda assim o conquistador não abre mão de sua verdadeira paixão: passar horas em frente ao laptop se masturbando enquanto assiste a filmes eróticos. Jon estava conformado com sua condição até conhecer a desafiadora Barbara que em apenas uma noite traz à sua vida ares inéditos de normalidade.


Linha de Frente 

Sinopse: Jason Statham é um ex-agente do departamento de narcotráficos Phil Broker um homem de família que sai de cena com sua filha para tentar fugir de seu passado conturbado. No entanto o entorno de Broker se revela nada tranquilo quando ele descobre que o submundo das drogas e a violência assombram a pequena cidade. Logo um chefão sociopata do tráfico de metanfetamina Gator Bodine (James Franco) coloca Broker e sua filha em perigo forçando o ex-agente a voltar à ativa para salvar sua família e a cidade. 

A última viagem a Vegas 


Sinopse: Quatro amigos acabaram de se aposentar e quando o último de seus colegas que ainda estava na ativa decide se juntar ao grupo todos eles vão se aventurar em Las Vegas.



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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Cine Dica: Festival Close: A Volta da Pauliceia Desvairada


Sinopse: Este documentário, financiado pelo Governo do Estados de São Paulo, traça um panorama da diversidade sexual na noite paulistana, incluindo entrevistas da drag queen Silvetty Montilla e do DJ André Pomba.
  
Com uma câmera na mão, Lufe Steffen mergulha na noite de São Paulo, entrando em cada casa noturna de festas gays e batendo um papo com cada pessoa com que ele cruza durante uma semana toda de noitadas deste universo de paz e amor. O documentário responde as perguntas do porque essas pessoas madrugam nesses lugares, usam roupas extravagantes, falam gírias próprias, os rios de dinheiro que gastam numa noite, o que esperam do amor do mesmo sexo e dão sua opinião sobre a política e a religião conservadora. A câmera de Steffen é como se fosse um cientista geral, em que tenta compreender esse universo, que cada vez está mais misturado, onde não se distingue mais qual o sexo.
O grande atrativo do documentário se encontra na maneira que é feita as entrevistas: nada é preparado, sendo tudo uma forma descontraída e em alguns momentos bem humorada. As conversas são feitas em inúmeros lugares, seja numa fila ou dentro da danceteria, onde em alguns momentos o cineasta entrevista pessoas caindo de bêbadas devido à festa da noite.
O resultado disso são declarações espontâneas, sinceras e que falam por si. Essas pessoas não estão preocupadas em impressionar no que vai dizer para câmera, tão pouco fingem, por muitas vezes erram, mas se corrigem nas palavras em seguida.
Sem descanso, Lufe Steffen vai entrevistando os mais variados tipos de gays durante a semana que perambulou nas ruas de São Paulo: jovens se descobrindo, adultos saindo do armário, pessoas mais velhas defendendo o que sente desde antigamente, homens, mulheres, travestis, transexuais e grag quees. A lista é imensa, sendo que todos são ouvidos e por muitas vezes algumas figuras vistas anteriormente retornam durante o documentário para dar uma nova opinião sobre outro assunto diferente do anterior.
Falando nos assuntos, o filme levanta certas questões como a indefinição atual de diversos pontos. Como no caso da indefinição da moda de se vestir que não existe, ou o que eles(as) procuram na noite. Seria somente sexo? Algum compromisso? Ou somente se divertir e beber?  Uma das entrevistadas responde o seguinte: “durante o dia a dia fico presa nos afazeres e a noite decido soltar os meus demônios para não explodir”, concluiu!
No final das contas o documentário não é sobre homenagens, tão pouco julgamentos, mas  sim criar um mosaico sobre pessoas que vão contra a maré, de uma sociedade atual politicamente correta e hipócrita. Essa consciência de livre arbítrio vale não somente para a comunidade gay, como também para todos aqueles que têm o desejo de ser o que realmente quiserem na vida e sem se preocupar ou dar satisfação para outras pessoas que acham que tem o direito de dizer o que é certo ou errado.  

Mais informações sobre o quarto festival Close que acontece no Cinibancários você confere clicando aqui.  

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