Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
Me acompanhem no meu:
Twitter: @cinemaanosluz
Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com
De 20 a 24 de outubro, a Sala Redenção recebe o Panorama Estadual da VIII Mostra SESC de Cinema. A programação reúne 12 obras – entre curtas e longas-metragens – produzidas em seis cidades gaúchas: Porto Alegre, Canoas, Capão de Leão, Pelotas, Rio Grande e Três Passos. Todas as sessões têm entrada franca e são abertas à comunidade em geral.
A Mostra SESC de Cinema objetiva contribuir para a difusão do cinema brasileiro independente, possibilitando reconhecimento, visibilidade e janelas de exibição às produções audiovisuais do país. A seleção de filmes, feita por meio de edital nacional, considera tanto aspectos técnicos e narrativos quanto elementos sociais, de diversidade de linguagens e representatividade de gênero, raça, cor e territórios.
A Sala Redenção exibe os longa-metragens “Mães Atípicas: quem cuida de quem cuida?” (2024), “Memórias de um Esclerosado” (2024) e “Cine Globo: uma vida de cinema” (2024); e os curtas “Ana Cecília” (2025), “A Sinaleira Amarela” (2025), “Cardo” (2025), “Cassino” (2024), “Desvio de Cena” (2024), “Jeguata Xirê” (2024), “Não tem mar nessa cidade” (2024), “O Casaco” (2025) e “O Jogo” (2025).
Confira a programação completa no site oficial da sala clicandoaqui.
O filme integra o ciclo de outubro sobre a Palestina na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, sempre com entrada franca. O filme, criado a partir das recordações familiares da diretora, de origem palestina, é ambientado em 1948, ano em que se deu a formação do Estado de Israel. Os sonhos da protagonista, uma jovem palestina, são repentinamente destruídos pela violência e abusos perpetuados no processo da fundação de Israel na região da Palestina.
Esse período histórico marca o que para os palestinos chamam de Nakba, termo árabe para catástrofe, época de mortes e deportações forçadas, quando mais de 750mil palestinos tiveram que deixar as próprias casas e terras. O filme circulou em vários festivais e foi indicado pela Jordânia para o Oscar, mas acabou não sendo selecionado.
O nome da protagonista e do filme, "Farha", que em árabe é “alegria” é fortemente simbólico: “Farha significa alegria. E Palestina foi a alegria que foi roubada dos palestinos.” (Darin Sallam, diretora do filme).O Cineclube Torres, associação sem fins lucrativos devidamente formalizada e regularizada, não só é cineclube inscrito na Agência Nacional do Cinema e no Conselho Nacional de Cineclubes, mas é Ponto de Cultura certificado pela Lei Cultura Viva federal e estadual, Ponto de Memória pelo Instituto Brasileiro de Museus, Equipamento de Animação Turística certificado pelo Ministério do Turismo (Cadastur) e também Biblioteca Comunitária.
Serviço:
O que: Exibição do filme "Farha", de Darin Sallam (2021 - Jordânia) - 1h32m
Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, junto à escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres
Quando: Segunda-feira, 20/10, às 20h
Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).
Cineclube Torres
Associação sem fins lucrativos
Ponto de Cultura – Lei Federal e Estadual Cultura Viva
Ponto de Memória – Instituto Brasileiro de Museus
Sala de Espetáculos e Equipamento de Animação Turística - Cadastur
Os filmes de Woody Allen são sobre sua pessoa, sobre suas neuroses e suas críticas acidas com relação a realidade em sua volta. É fácil, portanto, acusá-lo de ser repetitivo, já que a maioria dos seus personagens são uma representação sobre si e sobre determinada fase de sua vida particular. Portanto, "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (1977) é apontado por muitos como um dos melhores filmes de sua carreira unicamente por saber ser um ótimo ponto de partida para aqueles que forem conhecer a sua filmografia.
O filme é composto de uma estrutura narrativa fragmentada e fora da ordem cronológica; além de possuir vários experimentalismos: animações, contando a historia da paixão platônica do personagem do diretor pela bruxa de A Branca de Neve; legendas, que revelam os verdadeiros pensamentos dos personagens; tela dividida, na qual os personagens “conversam” durante sessões de terapia; e a “quebra” da quarta parede: quando Allen se dirige diretamente a platéia ou quando pára diversos pedestres na rua e faz perguntas sobre o amor. Ele explica o porquê: “eu sentia que muitas das pessoas na audiência tinham os mesmo sentimentos e problemas. Eu queria conversar diretamente com elas, confrontá-las”.
Foi pensado inicialmente para ser um suspense, com a trama centrada num assassinato que deveria ocorrer logo nos primeiros 15 minutos de exibição. Porém, percebendo que as melhores cenas estavam no romance, Woody decidiu excluir esta primeira trama – diminuindo o filme de 140 para 93 minutos –, passando a narrar apenas os altos e baixos da relação entre o comediante Alvy Singer (Woody Allen) e a cantora Annie Hall (Diane Keaton), intercalando com histórias anteriores das vidas de cada um deles. Através desse romance, são abordadas a maioria das dificuldades que encontramos em relacionamentos amorosos: obsessões morais, fidelidade, sexo, imaturidade emocional, etc. – assuntos recorrentes a quase todos os filmes de Allen.
Apesar de o diretor negar, Noivo neurótico, noiva nervosa é considerado por muitos um filme quase autobiográfico, devido às inúmeras semelhanças entre personagens e atores, por exemplo: Woody Allen e Diane Keaton mantinham um relacionamento na época da filmagem; quando jovem ela era conhecida como Annie Hall (título original do filme) e as roupas da personagem são da própria atriz; e Alvy Singer “é” Woody Allen, ambos são comediantes, judeus, foram expulsos da NYU, adoram a vida da metrópole (em especial, Nova Iorque) e Fellini – são coincidências demais! O diretor acredita que a comédia “exige a realidade”, talvez seja por isso que os dois protagonistas sejam tão bem construídos, complexos, humanos e, principalmente, reais.
O filme também é marcado por ser o início de uma grande parceria entre o cineasta e a atriz Diane Keaton, que vinha do sucesso "O Poderoso Chefão" (1972), mas obtendo chance maior através desse filme. Vale destacar que nunca Diane Keaton esteve tão à vontade em um personagem que se casou com perfeição com a sua pessoa, pois keaton não era um símbolo da beleza ou da maneira de se vestir, mas sendo ela mesma em seus respectivos papéis. A cena em que ela surge com o seu chapéu e gravata simboliza uma pessoa descontraída, mas não escondendo os mesmos questionamentos de sua cara metade da época.
Ambos em cena possuem uma ótima química em abundância, ao ponto que alguns momentos parecem que nada é improvisado e dando a entender que eles simplesmente estavam atuando como eles mesmos e seguindo apenas a premissa do roteiro. Pode-se dizer que o filme quebra a regra básica de uma comédia romântica como um todo, já que não há exatamente um final feliz para o casório, mas sim um exemplo que devemos obter relacionamentos para continuarmos vivos e seguirmos em frente, pois cada um é um aprendizado a ser guardado para si e com carinho. Ou seja, é um filme a frente do seu tempo e talvez até mesmo a frente da filmografia do realizador, pois se assistirmos aos demais filmes antes deste nos dá a sensação de que é um filme que fala sobre a sua carreira, de como foi a sua pessoa e da qual a mesma não conseguiu encobrir as suas principais falhas genuinamente humanas.
O filme foi aclamado pelo público e pela crítica na época do seu lançamento, as roupas de Annie Hall viraram moda, as falas do filme passaram a ser ouvidas em conversas cotidianas. "Noivo neurótico, noiva nervosa" foi nomeado a cinco Oscar, dos quais ganhou quatro (melhor roteiro, diretor, atriz e filme). Criativo, divertido e envolvente, o filme é, sem dúvida alguma, uma das obras primas de Woody Allen!
NOTA: Em memória da nossa sorridente Diane Keaton
Filmografia:
2023 Do Jeito Que Elas Querem - O Próximo Capítulo
2022 Green Eggs and Ham - Temporada 2
2020 Amor, Casamentos e Outros Desastres
2020 O Poderoso Chefão de Mario Puzo - Desfecho - A Morte de Michael Corleone
Temos sessão dupla neste final de semana! No sábado, o horror e a poesia de Werner Herzog tomam conta do Goethe-Institut com o clássico Nosferatu, o Vampiro da Noite. Já no domingo, a Cinemateca Paulo Amorim recebe Sonhar com Leões, longa-metragem brasileiro protagonizado por Denise Fraga que foi destaque no Festival de Gramado.
Duas experiências cinematográficas intensas — do medo à emoção. Confira:
📽️ PROGRAMAÇÃO DO FINAL DE SEMANA NO CLUBE DE CINEMA
SÁBADO | 18/10
📍 Local: Auditório do Goethe-Institut Porto Alegre – Rua 24 de Outubro, 112 – Bairro Moinhos de Vento
⏰ 10h15 da manhã
Nosferatu, o Vampiro da Noite (Nosferatu: Phantom der Nacht)
Alemanha Ocidental, 1979, 107 min, 14 anos
Direção: Werner Herzog
Elenco: Klaus Kinski, Isabelle Adjani, Bruno Ganz
Sinopse: Nesta homenagem ao clássico expressionista de F.W. Murnau, Herzog recria o mito do vampiro. Estrelado por Klaus Kinski, o filme transforma a lenda de Drácula em uma meditação sobre a morte, a solidão e a decadência humana. Com fotografia deslumbrante e trilha sonora de Popol Vuh, é um dos grandes marcos do Novo Cinema Alemão.
📌 Sessão aberta ao público, em parceria com o Goethe-Institut Porto Alegre. Traga seus amigos!
DOMINGO | 19/10
📍 Local: Sala Eduardo Hirtz, Cinemateca Paulo Amorim (CCMQ) – Rua dos Andradas, 736 – Centro Histórico, Porto Alegre
⏰ 10h15 da manhã
Sonhar com Leões
Portugal/Brasil, 2025, 115 min, 12 anos
Direção e roteiro: Paolo Marinou-Blanco
Elenco: Denise Fraga, João Nunes Monteiro, Joana Ribeiro, Sandra Faleiro, Felipe Rocha, Roberto Bomtempo, Victoria Guerra
Sinopse: Gilda, uma imigrante brasileira em Lisboa, enfrenta o fim da vida com coragem e lucidez. Diagnosticada com uma doença terminal, ela deseja morrer enquanto ainda é dona de si mesma. Comovente tragicomédia luso-brasileira, o filme marca o retorno de Denise Fraga ao cinema e foi selecionado para a mostra competitiva do 53º Festival de Cinema de Gramado.
Sinopse: Há quatro anos, Finn, então com 13 anos, matou seu sequestrador e escapou, tornando-se o único sobrevivente de O Pegador. Mas o verdadeiro mal transcende a morte. e o telefone voltou a tocar.
Eu e Meu Avô Nihonjin
Sinopse: O filme Eu e Meu Avô Nihonjin acompanha de perto a história de Noboru, um menino de 10 anos que resolve investigar a vida de seus antepassados.
The Mastermind
Sinopse: The Mastermind centra sua história num audacioso assalto a uma obra de arte na Nova Inglaterra nos anos 1970, isto é, sob o pano de fundo da Guerra do Vietnã e do incipiente movimento feminista no país.
Depois da Caçada
Sinopse: Uma professora universitária se encontra em uma encruzilhada pessoal e profissional quando um aluno estrela faz uma acusação contra um de seus colegas, ameaçando expor um segredo sombrio de seu próprio passado.
Sinopse: Katia é uma documentarista brilhante de 35 anos que demonstra uma abordagem única para seus relacionamentos, todos mais ou menos caóticos. Sua participação em um novo documentário finalmente a leva a aceitar suas diferenças. Essa revelação abalará uma vida já complicada.
Elenco: Jehnny Beth, Thibaut Evrard, Mireille Perrier, Irina Muluile, Philippe le Gall
THIAGO E ISIS - E OS BIOMAS DO BRASIL
Brasil /90 min /Ficção - Classificação LIVRE
Direção: João Amorim
Sinopse: Em uma jornada repleta de descobertas e aventuras, os irmãos Thiago e Ísis percorrem três biomas brasileiros ao lado do pai, o cineasta João. A cada parada, precisam ajudar um animal em risco — e, com isso, revelam os segredos e a importância do Cerrado, do Pantanal e da Mata Atlântica.
EM CARTAZ:
MALÊS
Brasil/Drama/2024/ 113min.
Direção: Antonio Pitanga
Sinopse: O filme retrata uma jornada de resistência e coragem, ambientada na vibrante Salvador de 1835. Durante seu casamento, dois jovens muçulmanos são arrancados de sua terra natal na África e vendidos como escravos no Brasil. Separados pelo destino cruel, ambos lutam para sobreviver e se reencontrar, enquanto se veem envolvidos na maior insurreição de escravizados da história do Brasil: a Revolta dos Malês.
DIA 22, ÀS 19H30, HAVERÁ SESSÃO COMEMORATIVA AOS 40 ANOS DA OCUPAÇÃO DA FAZENDA ANNONI COM ENTRADA FRANCA. FILME: TERRA PARA ROSE, DE TETE MORAES.
TERRA PARA ROSE
Documentário, 1987, 84 min.
Direção: Tete Moraes
Documentário. Retrata a trajetória de Rose, agricultora sem-terra que, com 1.500 famílias, participou da ocupação de uma terra improdutiva, a fazenda Annoni, no Rio Grande do Sul, realizada pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Rose deu à luz à primeira criança nascida no acampamento. O filme aborda a sensível questão da reforma agrária no Brasil, no período de transição do regime militar para a democracia.
HORÁRIOS DE 16 A 21 DE OUTUBRO
Não há sessões nas segunda
15h: THIAGO E ISIS – E OS BIOMAS DO BRASIL
17h: MALÊS
19h: UMA MULHER DIFERENTE
HORÁRIOS 22 DE OUTUBRO
15h: THIAGO E ISIS – E OS BIOMAS DO BRASIL
17h: MALÊS
19h30: TERRA PARA ROSE
Ingressos
Os ingressos podem ser adquiridos a R$ 14 na bilheteria do CineBancários. Idosos (as), estudantes, bancários (as), jornalistas sindicalizados (as), portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 7. São aceitos cartões nas bandeiras Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.
Na quinta-feira, a meia-entrada (R$ 7) é para todos e todas.
Sinopse: Uma missão de vigilância dá errado para um pelotão de Navy SEALs em território insurgente no Iraque.
Alex Garland é um dos cineastas mais enigmáticos que surgiram nos últimos tempos, já que ele consegue facilmente transitar entre diversos gêneros, mas sempre mantendo uma maneira incomum e peculiar de filmar como um todo. Durante a estreia de "Guerra Civil" (2024), o realizador havia dito que daria um tempo na direção, já que o filme lhe desgastou muito durante o processo de produção. Tomara que mude de ideia, pois "Tempo de Guerra" (2025) é um ótimo filme de guerra e cuja tensão somente aumenta na medida em que o tempo passa.
Codirigido também pelo indiano Ray Mendoza, o filme é baseado em fatos verídicos quando ele liderava um pelotão e que se encontravam no meio de um fogo cruzado com tropas guerrilheiras iraquianas. Escondidos numa casa bem no centro da província ocupada pelas forças da Al Qaeda, os militares americanos vigiam as ruas em busca de seus inimigos. Quando uma granada inesperada explode o esconderijo do grupo, o caos se instala.
Quando se é lançado um filme como esse muitos se perguntam o que ele quer dizer, principalmente se ele é a favor ou contra determinado conflito. A meu ver, os dois diretores nos passam a ideia que, independentemente de qual nação você irá servir, irá sofrer consequências de sua escolha e tudo o que lhe resta é sair vivo e procurar proteger a vida do seu colega ao lado. Se no prólogo vemos os protagonistas desocupados vendo garotas malhando na tv, logo esses mesmos irão encarar a realidade nua e crua e se darem conta que a guerra não é nada no que se via nos vídeos games que jogavam em suas vidas desocupadas anteriormente.
Curiosamente, não há trilha sonora em nenhum momento durante a projeção, já que o silêncio é o fator dominante para gerar maior tensão, principalmente quando ecoa o barulho da explosão, ou quando soa o barulho dos tiros a todo momento. É então que o cenário onde se encontram os personagens centrais se transforma em um local claustrofóbico, com o direito de a tensão aumentar a cada minuto e gerando até mesmo angústia sobre o que ocorrerá em seguida. Ponto para os dois cineastas que souberam conduzir essas cenas como ninguém e fazendo não dever nada em termos de comparação a outros filmes com relação a guerra.
Ao final não há mensagem conclusiva sobre o que nós assistimos, mas sim somente com relação ao fato que a união dos soldados é o que fez a diferença para terem saído vivos daquele inferno. Não é um filme que faz propaganda em favor ao Tio Sam, mas sim nos dizer que toda guerra que se preze irá ver perdas para ambos os lados e que quem acaba saindo ileso são os que se encontram em um grande salão oval que manda jovens inocentes para frente do front como gado. Infelizmente haverá outras histórias como essa a serem contatas um dia.
"Tempo de Guerra" é um retrato cru de uma parte de um grande conflito e do qual cada vez faz menos sentido conforme o tempo vai passando.