Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Na próxima terça às 19h, nossa sessão será dedicada a um dos nomes mais icônicos da animação brasileira: Otto Guerra. Com uma carreira marcada por irreverência e traço inconfundível, Otto nos presenteou com Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock’n’Roll (2006), uma adaptação livre e alucinada dos quadrinhos de Angeli.
A exibição integra nosso Ciclo de Cinema de Animação, que reúne obras de diferentes continentes produzidas nos últimos 30 anos — e nada mais justo do que reservar espaço para esse legítimo exemplar da animação gaúcha, feito em Porto Alegre, com sotaque, psicodelia e muito rock'n'roll.
Confira os detalhes da sessão:
SESSÃO DE TERÇA NO CLUBE DE CINEMA
📅 Data: Terça-feira, 10/06/2025, às 19h
📍 Local: Sala Redenção
(R. Eng. Luiz Englert, 333 - Farroupilha)
Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock’n’Roll
(Brasil, 2006, 80 minutos, 16 anos)
Direção: Otto Guerra
Vozes de: Rita Lee, Tom Zé, Zé Victor Castiel, Janaína Kremer, entre outros
Sinopse: Na virada para 1972, um grupo de jovens vive o auge do flower power. Trinta anos depois, carecas e barrigudos, eles tentam sobreviver num mundo consumista e careta que parece não ter mais lugar para seus ideais libertários. A solução? Ressuscitar a velha banda de rock’n’roll — e o espírito de Raul.
Esperamos te ver por lá para celebrar o talento de Otto Guerra e mergulhar nessa psicodelia bem-humorada.
Sinopse: Um policial que vive em um mundo idílico e hedonista, onde cidadãos são mortos aos 30 anos de idade, conhece uma mulher e decide fugir com ela.
A distopia é um conceito usado em tramas fictícias, onde retrata uma sociedade diferente da nossa, mas que possui elementos do nosso presente e dos quais serviram de influência para a construção dessa realidade. Clássicos literários como "1984" e "Fahrenheit 451" são exemplos dignos de nota, pois retratam um futuro, por vezes, ditatorial, onde a população convive com um sistema cheio de regras e não conhecendo uma realidade livre como deveria ser. Em ambos os casos a tecnologia se encontra em abundância, mas servindo mais como controle ao invés de ajudar a humanidade.
É curioso observar como esses contos revistos hoje se encontram cada vez mais atuais do que nunca, pois querendo ou não vivemos em uma realidade em que a tecnologia está cada vez mais avançando, mudando cada vez mais os hábitos das pessoas, mas trazendo certos questionamentos sobre até que ponto isso se tornaria um benefício. Em tempos de IA esse pensamento se torna cada vez mais assustador, pois até mesmo os pensamentos de algumas pessoas são facilmente persuadidos pela facilidade da comunicação, mas ao mesmo tempo sendo inundada pela onda das fake news. "Fuga do Século 23" (1976) é uma ficção digna de nota, onde uma população sendo distraída pelos prazeres que a tecnologia trás mal sabendo onde podem parar.
Dirigido por Michael Anderson, do clássico "A Volta ao Mundo em 80 Dias" (1956), o filme é baseado na obra de William F. Nolan e George Clayton Johnson. Na trama, a vida não poderia ser mais perfeita no século 23. Todos têm direito ao bom e ao melhor. Porém, não podem ultrapassar a idade de 30 anos. Logan (Michael York) é a pessoa responsável por repreender os que não cumprem a regra. Até o dia em que ele atinge a idade permitida, decide fugir.
Por eu ter conhecido tarde esse filme eu acabei conhecendo antes longas e livros com temática similar. "O Preço do Amanhã" (2011), por exemplo, possui talvez a trama mais semelhante, onde as pessoas tinham um prazo de vida, mas ao menos tinham uma chance de renová-la através da troca de valores e assim podendo obter mais vida. Não é o que acontece aqui, já que a pessoa chega aos trinta e é condenada a morte, mas tendo a população persuadida com a ideia de que elas são renovadas para uma nova vida.
Além disso é um futuro em que ninguém trabalha, onde as pessoas são entretidas com todos os recursos tecnológicos e ao mesmo tempo tendo a liberdade de fazerem sexo sem restrição alguma. Com essa liberdade ao menos, parece haver uma tremenda alienação, onde a maioria não se importa nem sequer com o que há fora daquela cidade que se encontra dentro de uma grande redoma. Ou seja, há uma referência clara à filosofia de Platão e da qual a mesma serviu de inspiração para diversos livros e longas que viriam posteriormente como "Matrix" (1999).
Visualmente o filme remete o lado colorido e psicodélico que estava incrustado nos anos sessenta e setenta. Ao mesmo tempo, a sua fotografia e edição de arte são tão bem alinhados que faz uma referência ambígua a droga LSD, uma substância sintética pertencente ao grupo dos alucinógenos e que estava na moda naqueles tempos entre os jovens. Se há alguma dúvida com relação a isso, aguarde a cena em que o casal central entra em um local em que as pessoas se entregam aos prazeres em meio a muita substância e cores em abundância.
Em termos de efeitos visuais até que o filme não envelheceu mal, já que a cidade principal da trama é toda moldada por uma grande maquete convincente, sendo que ela me fez relembrar do clássico alemão "Metropolis" (1927). Vale destacar a sequência do carrossel, onde as pessoas ficam flutuando em círculos para logo depois explodirem. Embora perceptível os fios em alguns momentos não me surpreenderiam se a cena serviu de inspiração para a criação da tecnologia de voo da época para o clássico "Superman" (1978).
Tanto Michael York como Jenny Agutter se saem bem nos papéis centrais, mesmo quando me passa a sensação deles estarem presos por demais em termos de fidelidade com relação ao livro. Já Peter Ustinov se sai muito bem como a pessoa idosa que os protagonistas descobrem fora da redoma e se tornando peça principal para a grande virada da história. Curiosamente, Farrah Fawcett, uma das grandes musas dos anos setenta, faz uma pequena participação na trama.
Uma coisa que me surpreendeu e muito foi o cenário Washington descoberto pelo casal central, tendo se tornado uma cidade abandonada e sendo quase toda coberta por plantas que nasceram ao longo dos séculos. A descoberta da estátua de Abraham Lincoln, por exemplo, se torna uma espécie de símbolo de curiosidade para os personagens, pois eles testemunham um retrato de uma pessoa mais velha e da qual nunca haviam conhecido. Uma vez que eles conhecem o idoso que mora sozinho por lá é então que eles descobrem uma realidade em que a vida se estende muito além do sistema imposto contra eles.
Ao final, constatamos que o conto serve como alerta para que a sociedade não caia facilmente nas possibilidades infinitas da tecnologia, pois ela pode facilmente persuadi-la. Em tempos em que vivemos com uma geração z cada vez mais dependente de suas redes sociais, não me admira que o longa esteja mais atual do que nunca, mesmo quando a sua estética pode ter ficado datada em alguns momentos. Acima de tudo, é um filme para ser visto de mente aberta, para que então possamos refletir sobre até que ponto a tecnológica pode se tornar peculiar e nos prender em um sistema cheio de regras e para nos persuadir.
"Fuga do Século 23" foi uma grata surpresa para mim, sendo um longa até mesmo a frente do seu tempo e servindo de alerta até mesmo com relação ao nosso próprio futuro.
Neste sábado, nosso encontro será às 10h15 da manhã, na Sala Paulo Amorim, para a exibição de "Uma Família Normal" (2023), novo drama sul-coreano dirigido por Jin-ho Hur. O filme é a quarta adaptação do romance O Jantar, do autor holandês Herman Koch, que já inspirou cineastas na Itália, nos Estados Unidos e na Holanda.
Na trama, dois irmãos — Jae-wan, advogado bem-sucedido e pragmático, e Jae-gyu, médico pediatra movido por princípios — se veem diante de um dilema ético quando seus filhos adolescentes se envolvem em um crime violento. Entre jantares desconfortáveis e silêncios pesados, o longa nos convida a refletir sobre os limites da moralidade, da responsabilidade e da lealdade familiar.
Confira os detalhes da sessão:
SESSÃO DE SÁBADO NO CLUBE DE CINEMA
📅 Data: Sábado, 07/06/2025, às 10h15 da manhã
📍 Local: Sala Paulo Amorim – Cinemateca Paulo Amorim
Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos Andradas, 736 – Centro Histórico, Porto Alegre)
Uma Família Normal
(Coreia do Sul, 2023, 115 minutos, 16 anos)
Direção: Jin-ho Hur
Elenco: Sul Kyung-gu, Jang Dong-gun, Kim Hee-ae
Sinopse: Jae-wan é um advogado acostumado a defender clientes poderosos e controversos. Seu irmão, Jae-gyu, é um pediatra idealista. A rotina familiar dos dois começa a ruir quando surge a suspeita de que seus filhos adolescentes estão envolvidos em um crime brutal. O filme examina, com tensão e sutileza, o conflito entre ética e afeto em um ambiente de privilégios e aparências.
Sinopse: Uma bailarina busca vingança caçando os assassinos de sua família.
Oh, Canadá
Sinopse: Em Oh, Canadá, o documentarista norte-americano Leonard Fife (Richard Gere) vive com uma doença que pode tirar sua vida a qualquer momento. Nessa espécie de leito de morte, ele sente a força do tempo e de sua condição, resolvendo, então, contar sua história de vida sem filtros antes que seja tarde demais.
A cinesemana de 5 a 11 de junho oferece quatro novos títulos em nossa programação. Uma das estreias é TELEFÉRICO DO AMOR, produção da Alemanha e da Geórgia que apresenta uma história de amor sem diálogos. Já DAAAAAALÍ! aborda, com bom humor, a vida e a obra do artista surrealista Salvador Dalí. Outro destaque é a premiada animação MEMÓRIAS DE UM CARACOL, sobre um casal de gêmeos separados ainda na infância. Produção da Tunísia, A MULHER QUE NUNCA EXISTIU gira em torno de Aya, uma mulher que decide reescrever o seu futuro depois de sobreviver a um acidente.
Quatro longas com protagonismo feminino seguem em cartaz nesta semana. MANAS é um filme-denúncia construído a partir de relatos sobre as violências sofridas por meninas na região amazônica; RITAS celebra a trajetória de Rita Lee, uma das maiores artistas brasileiras; VIRGÍNIA E ADELAIDE mostra o encontro das duas mulheres pioneiras da psicanálise no Brasil; e o longa francês ENTRE DOIS MUNDOS é baseado no universo das profissionais da limpeza.
Em última semana de exibições, SANEAMENTO BÁSICO, O FILME, do cineasta gaúcho Jorge Furtado, ganha sessão dupla com o premiado ILHA DAS FLORES, ambos restaurados em 4K. Também chegam ao fim as temporadas de A HISTÓRIA DE SOULEYMANE, sobre a questão dos imigrantes na França, e CRIATURAS DA MENTE, em que o diretor Marcelo Gomes investiga o universo dos sonhos.
Confira a programação completa no site oficial da sala clicando aqui.
Sinopse: O último longa documental da cantora Rita Lee, falecida em maio de 2023.
Assim como outros ícones da música brasileira eu conheci Rita Lee nos tempos em que eu era um menino e ouvia bastante rádio. Hoje adulto percebo o quanto de suas músicas, não só falavam sobre a sua pessoa, como também de muitos brasileiros que desejavam serem o que bem entendem. "Ritas" (2025) é um documentário pessoal sobre essa artista, onde a própria se coloca à frente da câmera e revela a sua real faceta e o melhor de sua carreira.
Dirigido por Oswaldo Santana e Karen Harley, o documentário retrata o inédito arquivo pessoal da trajetória vivida pela rainha do rock brasileiro, Rita Lee. Dando aos fãs a chance de mergulhar na intimidade dela, o longa além de mostrar as referências intelectuais usadas no processo criativo do vasto repertório musical apresentado por ela em sua carreira, também traz depoimentos recentes. Narrado pela própria Rita Lee através de relatos concedidos em entrevistas ao longo de sua carreira, a musa mostra aspectos da sua vida jamais mostrados ao público.
Falecida em 2023, Rita Lee deixou um legado dentro da cultura brasileira, onde não se intimidou com o preconceito e com a censura e seguiu firme com as suas palavras e letras musicais que escandalizaram os mais conservadores da época. O grande charme do longa é vermos a própria nos seus últimos anos de vida registrando o seu dia a dia em sua casa, onde convive com a sua cultura, escrita e alimentando os seus gatos de estimação. Ao mesmo tempo ela revela fotos das suas raízes, assim como a sua família e revelando o fato de que foi realmente a ovelha negra da família.
Não é à toa, portanto, que a sua música "Ovelha Negra" é o que melhor sintetiza a sua pessoa e sem sombra de dúvida uma das minhas favoritas. Em termos técnicos, os cineastas optaram em incrementar efeitos visuais que nos lembram os tempos coloridos dos anos sessenta e setenta em que a cantora obteve o estrelato e revelando assim um ar psicodélico. Ao mesmo tempo, o longa não esconde o quanto ela foi perseguida pela censura, assim como os demais cantores da época que faziam a diferença.
Falando neles, é sempre bom rever ilustres na tela como, por exemplo, Caetano Veloso e Elis Regina, dos quais Rita Lee os admirava e fazia questão de cantar ao lado deles sempre quando podia. Começando pelo grupo "Os Mutantes" e fazendo parte do período do movimento Tropicália, Rita Lee fez a sua parte na história musical brasileira, onde não se intimidou perante aos conservadores e que faziam questão de rotular da pior forma possível. No final ela fez o que achava o mais correto a fazer, ser ela mesma e que o resto que a menosprezava fossem varridos no seu devido tempo.
"Ritas" é uma carta de amor e de despedida para todos os fãs de Rita Lee e para aqueles que apreciam música de qualidade brasileira.
Na sexta-feira, 6 de junho, às 19h30, uma edição especial do Projeto Raros apresenta Vida em Sombras (1949), marco obscuro do cinema espanhol dirigido por Lorenzo Llobet Gracia, banido durante a Ditadura Franquista, em cópia recuperada pela Cinemateca da Catalunha. Com apoio do Instituto Cervantes de Porto Alegre, a sessão marca o encerramento da mostra O Cinema Vai ao Cinema. Entrada franca.
A Sessão Vagalume de junho contará com o apoio especial da Aliança Francesa Porto Alegre, que comemora 80 anos em 2025. Nesta edição, acompanhe uma jornada com o encontro entre culturas diferentes, explorando o medo do desconhecido e a busca por compreensão, com a exibição de A Viagem do Príncipe, dirigido por Jean-François Laguionie e Xavier Picard, nos dias 07 e 08 de junho, às 15h.
A Cinemateca Capitólio apresenta novas estreias na semana! A Procura de Martina, de Márcia Faria, será exibido a partir do dia 05 de junho, e Caiam as Rosas Brancas!, de Albertina Carri, será exibido a partir do dia 06. O valor do ingresso é R$ 16,00.
Na quarta-feira, 11 de junho, às 19h30, a diretora Ana Luiza Azevedo participa de uma sessão especial do curta-metragem 3 Minutos, na Cinemateca Capitólio, para rememorar os 25 anos de sua exibição no Festival de Cannes. Completam a sessão Meow!, de Marcos Magalhães, e um curta surpresa, obras também exibidas no festival francês. Entrada franca.