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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 27 de outubro de 2015

Cine Dica: Era uma Vez a RKO na Sala P. F. Gastal

ERA UMA VEZ A RKO

 
A partir de terça-feira, 27 de outubro, a Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) apresenta a mostra Era uma Vez a RKO, com clássicos e raridades da lendária produtora e distribuidora de filmes norte-americana, incluindo obras de cineastas como Howard Hawks, Allan Dwan, John Ford, Jacques Tourneur, Nicholas Ray, Ida Lupino, Leo McCarey, George Cukor, Otto Preminger, Orson Welles e Fritz Lang, entre outros. Com exibição digital, a mostra tem apoio da distribuidora MPLC, da locadora E o Vídeo Levou e da Versátil Home Vídeo.
Um dos destaques da mostra é a Maratona Val Lewton, no dia 1º de novembro, o domingo entre o dia das bruxas e a data dos mortos, com cinco filmes do ciclo de horror produzido por Lewton para a RKO: Sangue de Pantera, O Homem-Leopardo e A Morta-Viva, de Jacques Tourneur, A Sétima Vítima, de Mark Robson, e A Maldição do Sangue da Pantera, de Gunther von Fritsch e Robert Wise.
ERA UMA VEZ A RKO
A RKO Radio Pictures surgiu no final da década de 1920 da fusão entre a Radio Corporation of America e a rede de salas de cinema Keith-Albee-Orpheum. Em 1931, dois grandes eventos marcaram a história da produtora: a compra da Pathé norte-americana e a contratação de David O. Selznick como responsável da produção do estúdio. O primeiro marco cinematográfico da produtora aconteceu no ano, com o faroeste Cimarron, de Wesley Ruggles, vencedor do Oscar de Melhor Filme. As ideias grandiosas de Selznick, no entanto, levam a RKO a enormes prejuízos em seu período inicial. É nesse momento que Merian C. Cooper toma conta da produção, privilegiando produções baratas e inventivas. O resultado é um dos marcos do cinema hollywoodiano: King Kong, de 1933, dirigido por Ernest B. Schoedsack e pelo próprio Cooper.  Já década de 1930, não havia em Hollywood uma produtora com uma variedade tão grande de gêneros quanto a RKO. Entre musicais, fantasias, faroestes, policiais, comédia, a produtora ficava marcada como um espaço em que os cineastas tinham mais liberdade para criar suas histórias.  Dos primeiros anos da produtora, a mostra apresenta enormes sucessos, como os musicais O Picolino, de Mark Sandrich, e Cativa e Cativante, de George Stevens, e fracassos maravilhosos, como Vivendo em Dúvida, de George Cukor, sexualmente transgressor para a época, e Levada da Breca, de Howard Hawks, um marco da “screwball comedy”, ambos com a explosiva dupla Katharine Hepburn e Cary Grant.  
No início dos anos 1940, a RKO deu ao mundo uma das maiores obras-primas do cinema: Cidadão Kane, estreia de Orson Welles – outro filme que deu prejuízo à produtora. O diretor teve o seu segundo filme, Soberba, mutilado pelos produtores e iniciou assim sua trajetória maldita dentro do cinema norte-americano. No mesmo ano de Kane, uma pequena joia de William Dieterle, inspirada em Fausto, que também não foi bem de público, O Homem que Vendeu a Alma. Precisando de dinheiro, a RKO dedicou-se nos anos seguintes aos filmes de baixíssimo orçamento. É dessa época o revolucionário ciclo de filmes de horror e suspense produzidos por Val Lewton, incluindo Sangue de Pantera, A Morta-Viva e O Homem-Leopardo, de Jacques Tourneur, A Sétima Vítima, de Mark Robson, e A Maldição do Sangue da Pantera, de Gunther von Fritsch e Robert Wise, que ganhava ali sua primeira chance na direção.    
No final dos anos 1940, quando a RKO investia bastante na distribuição – lançou clássicos de outros estúdios como A Felicidade Não se Compra e Os Melhores Anos de Nossas Vidas, um período turbulento inicia quando o milionário Howard Hughes compra parte majoritária da produtora. A caça às bruxas macarthista toma conta do país e da produtora. Um dos mais polêmicos filmes noir, Rancor foi o último realizado nos Estados Unidos por Edward Dmytryk até a década de 1960, incluído na lista negra pelo Comitê de Atividades Antiamericanas. Outros filmes produzidos pela RKO que dialogam diretamente com o período de paranoia anticomunista são a ficção-científica O Monstro do Ártico, de Christian Nyby e Howard Hawks, e o faroeste Homens Indomáveis, do lendário Allan Dwan. Nos anos 1950, a produção da RKO diminuía consideravelmente enquanto as dívidas aumentavam. Mesmo assim, grandes obras foram realizadas em diversos gêneros, como Caravana de Bravos, de John Ford, O Diabo Feito Mulher, de Fritz Lang, O Mundo Odeia-Me, de Ida Lupino e Estradas do Inferno, de Josef Von Sterneberg, lançado em 1957, o ano em que a RKO interrompeu a produção de filmes.  
 
FILMES

Cimarron, de Wesley Ruggles
(1931, 131 minutos)
Quarenta anos da história norte-americana, em um período compreendido entre 1889 e 1929, são vistos através dos olhos de Yancey Cravat, um editor de jornal e o homem da lei de Oklahoma. Ele deixa suas terras em Wichita, chegando em Osage com sua família, mas logo sente-se ocioso novamente, com a rotina, e decide ir para Cherokee Strip, deixando sua família para trás. Sua mulher, Sabra, precisa então aprender a viver por conta própria. Vencedor do Oscar de Melhor Filme, foi o primeiro do gênero faroeste a conseguir tal proeza (fato que só se repetiu mais duas vezes, com Dança com Lobos e Os Imperdoáveis, bem mais recentes). Faturou ainda as estatuetas de Melhor Direção de Arte e Melhor Roteiro Adaptado. Exibição em DVD.

King Kong, de Ernest B. Schoedsack e Merian C. Cooper
(1933, 100 minutos)
Um cinegrafista fracassado, em sua tentativa desesperada de fazer um best-seller, contrata uma atriz desempregada chamada Ann Darrow, e embarca em um navio fretado para a Ilha da Caveira. Lá, eles encontram uma tribo de nativos que veneram um gorila gigante, de nome Kong. Exibição em blu-ray.
O Picolino, de Mark Sandrich
(Top Hat, 1935, 100 minutos)
Em Londres, Jerry Travers (Fred Astaire), um dançarino americano, está ensaiando um número de sapateado em seu quarto de hotel, pois foi contratado por Horace Hardwick (Edward Everett Horton), um empresário, para fazer um show. Entretanto, ele acaba incomodando a bela Dale Tremont (Ginger Rogers), a vizinha do quarto embaixo, que aparece para reclamar. Exibição em DVD.
Vivendo em Dúvida, de George Cukor
(Sylvia Scarlett, 1935, 95 minutos)
Um pai é obrigado a fugir da França, após ter cometido um crime, e força sua filha (Hepburn) a disfarçar-se de rapaz para enganar as autoridades. Em Londres, cruzam com um malandro interpretado por Cary Grant. Scarlett envolve-se com Michael Fane, e vê-se obrigada a recuperar sua feminilidade para não perder Grant, que anda envolvido com uma jovem russa. Exibição em DVD.

Cativa e Cativante, de George Stevens
(A Damsel in Distress, 1937, 100 minutos)
Lady Alyce (Joan Fontaine) deve se casar em breve, e os funcionários do Tottney Castel fazem apostas sobre quem ela vai escolher. Ela vai a Londres para escolher seu pretendente e acaba conhecendo um dançarino americano (Fred Astaire) em férias. Exibição em DVD.

Levada da Breca, de Howard Hawks
(Bringing Up Baby, 1938, 100 minutos)
David Huxley (Cary Grant), um paleontólogo com casamento marcado, vai jogar golfe com o objetivo de agradar seu oponente e facilitar a doação de 1 milhão de dólares para o museu onde trabalha. Até que conhece Susan Vance (Katharine Hepburn), uma rica herdeira acostumada a ter tudo o que quer, mas completamente inconsequente. Exibição em blu-ray.

Sr. & Sra. Smith - Um Casal do Barulho, de Alfred Hitchcock
(Sr. & Sra. Smith, 1941, 95 minutos)
Casal descobre que não está legalmente casado. Ann pensa que David irá pedi-la em casamento novamente, mas, quando isso não acontece, ela o expulsa de casa. David diz querer se casar com Ann, entretanto, ela já não o quer. David começa a tentar reconquistá-la de qualquer forma. Exibição em DVD.

O Homem que Vendeu a Alma, de William Dieterle
(The Devil And Daniel Webster, 1941, 106 minutos)
Baseado no conto "Fausto" de Goethe, conta a história do pobre fazendeiro Jabez Stone (James Craig), que após diversos infortúnios vende a alma ao Diabo (Walter Huston) em troca de sete anos de boa sorte e dinheiro. Exibição em DVD com legendas em espanhol.

Soberba, de Orson Welles
(The Magnificent Ambersons, 1942, 80 minutos)
Indianápolis, final do século XIX. A família Amberson se revela relutante em acompanhar as transformações que a rodeiam. Exibição em blu-ray.

Os Sinos de Santa Maria, de Leo McCarey
(The Bells of St. Mary's, 1945, 126 minutos)
Bing Crosby recria o papel do Padre O'Malley, de O Bom Pastor, que é enviado para recuperar a falida escola paroquial. O bem-humorado padre logo se desentende com Irmã Benedict (Ingrid Bergman) sobre a educação das crianças, o que gera entre eles enormes e engraçadas discussões. Além disso há o ganancioso empresário Horace P. Bogardus (Henry Travers), que quer demolir o Santa Maria. Exibição em DVD.

Rancor, de Edward Dmytryk
(Crossfire, 1947, 85 minutos)
O detetive Finlay encontra evidências de que um ou mais soldados de um grupo de 4 amigos podem estar envolvidos no assassinato do judeu Joseph Samuels. Flashbacks revelam os acontecimentos da noite fatídica através de diferentes pontos de vista. O Sargento Keeley investiga por conta própria e tenta livrar o amigo Mitchell, que tem as evidências apontadas para si. Porém, ambos os detetives começam a perceber o verdadeiro e horroroso motivo para o crime. Exibição em DVD.

Caravana de Bravos, de John Ford
(Wagon Master, 1950, 86 minutos)
Um grupo de mórmons vai fundar uma nova colônia no Rio San Juan Rio e contrata os astutos Travis e Sandy como guias. Logo se junta a eles a trupe de Doc Hall e os Clegg Boys, bandidos em fuga que consideram uma caravana mórmon o disfarce ideal. Exibição em DVD.

Cinzas que Queimam, de Ida Lupino e Nicholas Ray
(On Dangerous Ground, 1951, 82 minutos)
Amargurado pelos anos de contato direto com a escória da sociedade, um detetive de polícia durão é designado para investigar a morte de uma jovem fora da cidade. Logo conhece o pai da vítima e fica tomado pelo desejo de vingança. Mas a irmã do assassino lhe pede uma chance para que ele se regenere. Terá de tomar uma difícil decisão sobre o caso. Exibição em DVD.

O Monstro do Ártico, de Christian Nyby e Howard Hawks
(The Thing from Another World, 1951, 87 minutos)
Clássico da “Era McCarthy”, foi dirigido por Christian Nyby e Howard Hawks, a partir de um texto clássico do renomado editor e escritor de ficção científica John W. Campbell Jr, chamado “Who Goes There!”. O monstro é uma criatura alienígena cuja nave se chocou no círculo polar ártico e é descoberta por exploradores americanos. Exibição em DVD.

Alma em Pânico, de Otto Preminger
(Angel Face, 1952, 91 minutos)
Quando a Sra. Tremayne é misteriosamente envenenada por gás, o motorista de ambulância Frank Jessup acaba conhecendo sua enteada, Diane. Apesar de seduzido pelo seu charme, Frank ainda desconfia de seu envolvimento no acidente. Exibição em DVD.

O Diabo Feito Mulher, de Fritz Lang
(Rancho Notorious, 1953, 89 minutos)
Altar Keane (Marlene Dietrich) parou de trabalhar em um saloon e agora administra um esconderijo de foras-da-lei. É então que lá chega Vern Haskell (Arthur Kennedy), um homem determinado, que quer vingar a morte de sua esposa. Exibição em DVD.

O Mundo Odeia-Me, de Ida Lupino
(The Hitch-Hiker, 1953, 70 minutos)
Roy Collins (Edmond O'Brien) e Gilbert Bowen (Frank Lovejoy) saem para pescar nas montanhas da Califórnia, mas acabam mudando de planos e decidem ir ao México. No caminho, oferecem carona para um estranho, sem imaginar tratar-se de Emmett Myers (William Talman), um perigoso facínora procurado nos EUA e conhecido como "o caronista assassino". Exibição em blu-ray.

Homens Indomáveis, de Allan Dwan
(Silver Lode, 1954, 80 minutos)
Quatro de julho. Dan Ballard (John Payne), um respeitado morador de Silver Lode, é surpreendido em seu casamento pela chegada de quatro estranhos. O líder do grupo, Ned McCarty (Dan Duryea), acusa o noivo de assassinato e roubo. Enquanto tenta provar sua inocência, o antes insuspeito Ballard passa a ser visto com desconfiança pelos moradores da cidade, que logo desejam também vê-lo atrás das grades. Exibição em DVD.

Estradas do Inferno, de Josef von Sternberg
(Jet Pilot, 1957, 112 minutos)
Jim Shannon (John Wayne) é um coronel da aeronáutica que está sediado em uma base no Alasca localizada muito perto da União Soviética (apenas 40 milhas). A base entra em alvoroço quando, repentinamente, um jato soviético pede permissão para pousar. A surpresa cresce ainda mais ao descobrirem que quem pilotava o jato era uma mulher, Anna Marladovna (Janet Leigh), que diz querer desertar, mas não entregar segredos militares, pois não é uma traidora. Exibição em DVD.

MARATONA VAL LEWTON

Sangue de Pantera, de Jacques Tourneur
(Cat People, 1942, 73 minutos)
Irena Dubrovna (Simone Simon) é uma bela e misteriosa jovem sérvia que vai trabalhar em Nova York como designer de modas. Lá, casa-se com Oliver Reed (Ken Smith). Irene vive obcecada pela ideia de ser vítima de uma maldição: descenderia de uma raça de mulheres-felinas que, emocionalmente excitadas, se transformam em panteras assassinas. Exibição em DVD.

O Homem-Leopardo, de Jacques Tourneur
(The Leopard-Man, 1943, 66 minutos)
Performer de um nightclub no Novo México, Kiki Taylor inclui na sua atuação um leopardo como estratégia publicitária. Mas o animal foge devido ao barulho e às luzes do clube. Depois de alguns dias, surgem cadáveres mutilados na vila. Tudo indica que se trata de ataques do leopardo, mas Kiki não se convence disso. Exibição em DVD.

A Sétima Vítima, de Mark Robson
(The Seventh Victim, 1943, 70 minutos)
Quando sua irmã mais velha desaparece, Mary Gibson é forçada a deixar a escola particular e viajar para Nova York para encontrá-la. O que a jovem não percebe é que sua irmã pode ter se envolvido com adoradores do diabo. Exibição em DVD com legendas em espanhol.

A Morta-Viva, de Jacques Tourneur
(I Walked with a Zombie, 1943, 69 minutos)
Uma enfermeira contratada para cuidar da esposa de um grande fazendeiro nas Índias Ocidentais. Lá se envolve com os dramas da família e passa a suspeitar que sua paciente possa ser um zumbi, uma “morta-viva”. Exibição em DVD.

A Maldição do Sangue de Pantera, de Gunther von Fritsch e Robert Wise (The Curse of Cat People, 1944, 70 minutos)
A filha de Oliver Reed começa a exibir tendências psicopatas semelhantes às de Irena, sua falecida esposa. Exibição em DVD.


GRADE DE HORÁRIOS
PRIMEIRA SEMANA
27 de outubro a de novembro


27 de outubro (terça)

15:00 – Sessão Fechada
17:20 – Sr. & Sra. Smith - Um Casal do Barulho, de Alfred Hitchcock
19:00 – O Diabo Feito Mulher, de Fritz Lang
20:30 – Sessão Plataforma

28 de outubro (quarta)

15:00 – Vivendo em Dúvida, George Cukor
17:00 – Cativa e Cativante, de George Stevens
19:00 – Os Sinos de Santa Maria, de Leo McCarey

29 de outubro (quinta)

15:00 – Caravana de Bravos, de John Ford
17:00 – Estradas do Inferno, de Josef von Sternberg
19:00 – O Picolino, de Mark Sandrich

30 de outubro (sexta)


15:00 – Rancor, de Edward Dmytryk
17:00 – Homens Indomáveis, de Allan Dwan
19:00 – O Monstro do Ártico, de Christian Nyby e Howard Hawks

31 de outubro (sábado)

15:00 – O Mundo Odeia-Me, de Ida Lupino
17:00 – Soberba, de Orson Welles
19:00 – Sessão Plataforma

01 de novembro (domingo) MARATONA VAL LEWTON

15:00 – Sangue de Pantera, de Jacques Tourneur
16:20 – O Homem-Leopardo, de Jacques Tourneur
17:30 – A Sétima Vítima, de Mark Robson
18:45 – A Maldição do Sangue de Pantera, de Gunther von Fritsch e Robert Wise (1944)
20:00 –A Morta-Viva, de Jacques Tourneur
  
Sala P. F. Gastal


Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia


Av. Pres. João Goulart, 551 - 3º andar - Usina do Gasômetro

Fone 3289 8133

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Cine Dica: Em Cartaz: PONTE DOS ESPIÕES



Sinopse: Em plena Guerra Fria, o advogado especializado em seguros James Donovan (Tom Hanks) aceita uma tarefa muito diferente do seu trabalho habitual: defender Rudolf Abel (Mark Rylance), um espião soviético capturado pelos americanos. Mesmo sem ter experiência nesta área legal, Donovan torna-se uma peça central das negociações entre os Estados Unidos e a União Soviética ao ser enviado a Berlim para negociar a troca de Abel por um prisioneiro americano, capturado pelos inimigos.

 

Se nos anos 80, o cinema americano retratava o seu poderio através dos heróis que nunca levavam um tiro (enquanto os outros países eram retratados como vilões estereotipados), foi a partir do final dos anos 90 em que essa formula demonstrava sinais de que estava cada vez mais cansada e que estava mais do que na hora em dar espaço para heróis mais humanos, ou para produções em que retratavam passagens da história, em que os diálogos entre as nações prevaleciam como um todo. Filmes como 13 Dias que abalaram o mundo são bons exemplos de obras cinematográficas, das quais não se exigia tiros ou efeitos especiais, mas sim um retrato de um jogo político e uma abertura para a razão do que para ação. Sendo assim, Ponte dos Espiões é um retrato de uma época em que, as duas maiores potências do mundo (EUA e União Soviética) se digladiavam através de paranoia, propaganda enganosa e espionagem, mas nem por isso deixou de haver casos em que a razão prevaleceu.
Dirigido pelo mestre Steven Spielberg, acompanhamos a captura do espião russo Rudolf Abel (Mark Rylance, ótimo) em pleno território americano. Num primeiro momento acreditamos que ele se encontra perdido em meio à situação, mas o governo então decide lhe oferecer uma defesa através do advogado James Donovan (Tom Hanks). Ao mesmo tempo, um soldado americano é capturado pelos russos, assim como também um jovem americano é capturado em pleno momento em que o muro de Berlim esta sendo construído.
Sabendo no vespeiro em que estava se metendo, Spielberg não foi bobo em não querer retratar heróis ou vilões no decorrer da trama, mas sim pessoas comuns em meio a um período em que todos eram desconfiados um dos outros e que não podiam frear as mudanças rápidas que estavam acontecendo. As pessoas que usavam a razão se tornavam ineficazes perante o medo em que o próprio governo americano vendia, até mesmo nas escolas, a propaganda sobre o perigo da bomba atômica (através do curta Burt, a tartaruga). Sendo assim, o advogado Donovan se torna uma espécie de anomalia perante a sociedade americana quando aceita defender Abel, mesmo seguindo as leis de seu país de forma correta.
No momento que acontece o encontro entre cliente e advogado, Spielberg foi engenhoso em retratar Rudolf Abel, como uma espécie de imagem pálida e cansada de uma época pessoal sua já esquecida e o eficaz desempenho do seu interprete Mark Rylance sintetiza bem isso. Quando entra em cena James Donovan (Hanks), há nele uma espécie de luz da razão em torno dele, do qual torna a situação de Abel menos desesperadora. Não é à toa, portanto que o cineasta usa a sua já conhecida fotografia iluminada no momento do encontro do advogado e cliente numa sala fechada, mesmo num lugar que é inverossímil haver aquela iluminação toda.
A partir deste ponto, acompanhamos a jornada James Donovan, um homem comum perante as duas potências, aonde o seu raciocínio e dialogo se tornam as suas melhores armas em meio ao jogo da política. Sendo assim, Tom Hanks cai então como uma luva para o personagem, pois os homens comuns em meio a situações desesperadoras  fazem parte da filmografia do veterano ator. Spielberg, por sua vez, estabelece de uma vez por todas a sua fase mais madura de sua carreira e provando que histórias do nosso mundo real se tornam até mesmo muito mais fantásticas do que as próprias que ele havia criado nos seus primeiros anos de carreira.
Embora já tenhamos uma noção de como a trama acaba (principalmente para quem acompanhou as notícias da época sobre a troca de espiões) Spielberg é mestre em criar situações para incrementar o recheio, mas não de uma forma gratuita, mas sim que elas fazem algum sentido na trama. Pequenas passagens da jornada de Donovan que, nem precisaria existir dentro da trama principal, mas que elas estão ali para simbolizar o período e os lugares em que ele se encontra: a cena em que ele tenta barganhar com uns rapazes para pegar uma rua em Berlim, ou quando ele vê o destino trágico de pessoas que tentam pular o famigerado muro daquela época (que irá se casar com uma cena simbólica no final do filme), são momentos curtos, porém, poderosos e simbólicos para dentro da trama.
Com uma reconstituição perfeita da época e com um final redondinho, para que os cinéfilos saiam da sala e se sintam reconfortados, Ponte dos Espiões é um filme para ser visto por todos, aonde mostra que, o dialogo e a tolerância, é muito mais eficaz do que fecharmos os olhos e darmos o primeiro tiro.

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Cine Dica: Exibição de A Morte não Marca Tempo no Dia Mundial da Preservação Audiovisual

EXIBIÇÃO DE A MORTE NÃO MARCA TEMPO NA CINEMATECA CAPITÓLIO
 
Na terça-feira, 27 de outubro, às 20h, a Cinemateca Capitólio realiza uma exibição gratuita do filme gaúcho A Morte não Marca Tempo (1973), dirigido por Pereira Dias, o último protagonizado José Mendes, em comemoração ao Dia Mundial da Preservação Audiovisual. A cópia em 35mm da obra faz parte do acervo do espaço.
Os filmes Trabalhar Cansa, de Juliana Rojas e Marco Dutra, Minha Irmã, de Ursula Meier, O Futuro, de Miranda July, e Tudo Perdoado, de Mia Hansen-Løve, seguem em exibição até o dia 1º de novembro. 
O projeto de restauração e de ocupação da Cinemateca Capitólio foi patrocinado pela Petrobras, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES e Ministério da Cultura. O projeto também contou com recursos da Prefeitura de Porto Alegre, proprietária do prédio, e realização da Fundação Cinema RS – FUNDACINE.

A MORTE NÃO MARCA TEMPO
(Brasil, 1973, 92 minutos)
Direção: Pereira Dias

SINOPSE: O filho de um importante fazendeiro, recém formado e recém chegado da capital, é encontrado morto a tiros, junto a um penhasco. A morte é atribuída a um famigerado bandido que vive foragido na região e a quem a própria polícia teme capturar. A tranqüilidade do lugar é abalada quando corre a notícia de que o bandido se aproxima da vila. Todos tratam de fugir, com exceção do vigário que, após parlamentar com o bandido, deixa-se convencer de que pelos menos com relação àquele crime, ele é inocente. Tendo em mão a prova da inocência do bandido, o padre esclarece tudo e, para evitar um linchamento dá-lhe refúgio na própria igreja. Suspeitando do irmão de criação do morto, também apaixonado pela noiva do rapaz, o padre acaba descobrindo que, além de autor do crime, o irmão de criação é também filho do bandido refugiado na igreja. Enquanto procura meios de resolver o problema à luz da justiça, o bandido, determinado a salvar o filho, resolve enfrentar a polícia e assumir a autoria do crime. 


GRADE DE HORÁRIOS
27 de outubro a 1º de novembro de 2015

27 de outubro (terça)

16:00 – Minha Irmã
18:00 – Trabalhar Cansa
20:00 – Sessão Especial de A Morte não Marca Tempo

28 de outubro (quarta)

16:00 – Minha Irmã
18:00 – Trabalhar Cansa
20:00 – O Futuro

29 de outubro (quinta)

16:00 – Minha Irmã
18:00 – Trabalhar Cansa
20:00 – Tudo Perdoado


30 de outubro (sexta)

16:00 – Minha Irmã
18:00 – Trabalhar Cansa
20:00 – O Futuro

31 de outubro (sábado)

16:00 – Minha Irmã
18:00 – Trabalhar Cansa
20:00 – Tudo Perdoado

1º de novembro (domingo)

16:00 – Minha Irmã
18:00 – Trabalhar Cansa
20:00 – O Futuro 

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Cine Especial: JOHN CARPENTER: ELE VIVE: FINAL



NOTA: Infelizmente não ocorrerá mais nesse final de semana o curso sobre  John Carpenter que eu iria participar. Porém, não é pelo fato de não haver mais atividade que deixarei de concluir esse especial que, aliás, foi muito bom revisitar a obra desse diretor e conhecer alguns títulos que eu ainda não havia assistido.



 A Beira da Loucura (1994)



Sinopse: O investigador John Trent (Sam Neill) é contratado para achar Sutter Cane (Jürgen Prochnow), um escritor de histórias de terror que, após terminar seu último livro, misteriosamente desapareceu. Mesmo desconfiando que isso não passa de uma jogada publicitária, aceita o trabalho. Passa a ler seus livros, procurando pistas da cidade onde Cane possa estar escondido, mas estes livros são macabros e, após sua leitura, as pessoas agem de um modo bem estranho.


Eu adoro A Beira da Loucura, um filme menor e até pouco conhecido do diretor John Carpenter. Aqui Carpenter faz a sua homenagem mais rasgada a Lovecraft e ao universo de deuses negros e entidades cósmicas. Embora em momento algum o filme fale do Mythos de Cthulhu, é óbvio que ele trata do tema em numa série de elementos a começar pelo vilão que venera "terríveis criaturas de além do tempo e espaço". A Beira da Loucura é um excelente filme lovecraftiano que bebe da fonte do horror cósmico até se embriagar. Altamente recomendado!
  
A Cidade dos Amaldiçoados (1995)



Sinopse: Na cidade americana de Midwich o médico Alan Chaffee (Christopher Reeve) acorda cedo, pois ouviu sons que pareciam sussurros. Sua mulher, Barbara (Karen Kahn), diz que nada ouviu e Alan deixa de dar importância. Naquela manhã Alan sai da cidade, assim como Frank McGowan (Michael Paré), e às 10 horas ocorre um desmaio coletivo, que só atinge as pessoas e animais que estavam nos limites da cidade. Ao voltar Frank desmaia, seu carro perde a direção e ele morre. Quando Alan retorna o governo já tem consciência do caso e enviou uma equipe, chefiada pela epidemiologista Susan Verner (Kirstie Alley). Após seis horas desmaiados, os animais e pessoas começam a despertar. Depois de enterrarem as vítimas daquele fato inexplicável, se constata que naquele dia várias mulheres ficaram grávidas. Quando nascem os bebês têm características especiais, mas seus "pais" sentem que as crianças não são humanas e que representam um sério perigo.

 

O filme é eficiente quando mostra o desmaio coletivo no início do filme, e dá ao espectador uma noção de apocalipse que se aproxima silenciosamente. Trata-se de uma refilmagem de "A aldeia dos amaldiçoados", de 1960, da MGM, baseado no livro de John Wyndham - ambos de maior clareza e mais subjetividade - o original acontece em uma vila da Inglaterra e as crianças tem traços de super inteligência com forte sugestão de serem fruto de alienígenas. Esse fato fica logo evidente no filme de Carpenter, uma vez que a personagem Susan não tarda de revelar o segredo da coisa que uma das mulheres pariu.
O filme é lembrado também por ser o ultimo estrelado por Christopher Reeve (Superman) antes de ficar tetraplégico.

 

Vampiros de John Carpenter (1998)



Sinopse: Jack Crow é um caçador de vampiros que junto com sua equipe luta contra essas terríveis criaturas. A única pista para encontrar o líder Valek, o poderoso vampiro de 600 anos de idade, é a jovem prostituta Katrina, que foi mordida por ele.


Baseado no livro de John Steakley, o longa-metragem de 1998 é uma obra típica do “carpinteiro”: filmão de baixo orçamento, feito na raça e tem um roteiro incrível que desafia alguns costumes da igreja católica, mais o ponto forte de toda a história é que as criaturas da noite não atacam apenas para sobreviver e sim em busca de um único  objetivo que através de uma cruz que todos os vampiros possam também caminhar durante o dia. Os antigos filmes de faroeste são uma paixão declarada de John Carpenter, que realizou aqui um filme de terror em clima de bangue-bangue. As locações remetem aos cenários dos filmes de Sergio Leoni, numa clara homenagem a clássicos como Era Uma Vez no Oeste. 

Fantasmas de Marte (2001)



Sinopse: Em pleno ano de 2176, Marte já é colonizada pelos seres humanos, que exploram continuamente suas reservas naturais. Em meio às escavações é descoberta as ruínas de uma antiga civilização, que despertam seres etéreos que dominam os corpos dos humanos justamente para poder expulsá-los do planeta.

Esse não foi o melhor momento da carreira de Jonh Carpenter. Sabe aquele filme ruim e tosco que você simplesmente não consegue parar de ver? Fantasmas de Marte é um grande exemplo desses filmes. Atuações ruins, efeitos especiais horríveis, roteiro ingênuo, diálogos bobos, maquiagem criada em toque de caixa. Não tem como esperar boa coisa. Então você passa a ver pessoas perdendo a cabeça (literalmente), braços, pernas… e não rir é quase impossível.

 

Aterrorizada (2011)



Sinopse:Kristen, uma garota que se mostra perturbada mentalmente e que acaba por ser levada a um hospital psiquiátrico, lá ela conhece mais quatro garotas e dentro daquele hospital há um grande mistério, onde uma a uma, as garotas são mortas, acreditando ser o fantasma de uma interna a causadora dos assassinatos.

 

Após dez do desastroso Fantasma de Marte, John Carpenter retornou ao cinemas com esse filme que, ao assisti-lo, foi uma experiência diferente, para falar a verdade foi uma boa experiência. Com um final não muito original porém inesperado. O problema é que se eu comentar qualquer coisinha do filme além da sinopse, poderá estragar a expectativa de quem pretende assisti-lo. E não pretendo ser nenhum estraga prazer.
O cenário do filme se passa todo dentro dos corredores do hospital, geralmente esses tipos de cenários (corredores) são realmente assustadores  sejam eles de hospitais ou de hotéis, vale lembrar as cenas de arrepiar do filme O Iluminado de Stephen King, Aterrorizada  não fica atrás.  No meu ponto de vista é um bom filme de terror/suspense, a maquiagem do fantasma é muito boa. As cenas de terror já são meio manjadas, clássicas para falar a verdade, mas mesmo assim ainda dá para se dar uns pulos da poltrona.
 

Leia também: Partes 1, 2, 3 e 4.



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