Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
Me acompanhem no meu:
Twitter: @cinemaanosluz
Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com
Sinopse: Thomas, um
jovem dramaturgo que se desespera para encontrar uma atriz principal para sua
nova peça. Uma jovem atriz chamada Vanda atende o chamado no último momento e
logo os dois se envolvem em uma relação de dominação e submissão.
A Pele de Vênus é uma
adaptação da peça escrita por David Ives (co roteirista com Polanski), que por
sua vez é inspirada no livro de Leopold Von Sacher-Masoch. Começa com uma
câmera em primeira pessoa adentrando um velho teatro de Paris, ou seja,
colocando o espectador literalmente dentro daquele ambiente. Em seguida vemos
Vanda (a ótima Emmanuelle Seigner, esposa de Polanski) chegar atrasada para uma
audição de uma peça homônima ao título do filme e encontrar Thomas (Mathieu
Amalric), o diretor estreante da mesma. Ele já está de saída e num primeiro
momento recusa-se a assistir ao teste da moça, porém após muita insistência ela
acaba conseguindo sua atenção, e com isso os dois acabam entrando em um tipo de
jogo masoquista, onde realidade e interpretação confundem-se.
É basicamente isso,
sendo somente dois personagens e uma locação ao longo de 96 incríveis minutos, algo
que é muito bem parecido visto em O Deus da Carnificina que também pertence ao diretor.
Polanski é habilidoso mostrando todo seu domínio sobre a mise-en-scène,
definição que engloba o posicionamento do que se encontra em cena, coisa
fundamental em qualquer filme, mais ainda quando ele se passa em um teatro.
Repleto de humor negro, o roteiro deixa um final aberto a inúmeras interpretações,
o que torna a experiência das mais imprevisíveis. Ao extrair as interpretações
e dirigir os atores, o diretor contradiz a idade que tem e algo sublime e
original. Obviamente os atores têm os seus méritos, mas a mão de Polanski é diz
tudo e cria sua própria magia cinematográfica. Ele os guia de maneira perfeita,
mostrando sempre como devem se portar e indicando quais sentimentos os
personagens trazem consigo em determinados momentos.
A Pele de Vênus não é um
filme para qualquer um, mas é de uma maestria enorme em sua realização. Um
diretor que transcende sua idade na temática do filme, que sabe como lidar com
situações adversas, fazendo tudo isso com extrema elegância, merece ser chamado
de um dos gênios do cinema.
“Se meus cálculos estiverem corretos, agora é, precisamente, 21 de outubro de 2015.
O futuro finalmente chegou! E sim, e é diferente do que achamos que ele seria. Mas não se preocupe! Isso quer dizer que o seu futuro não foi escrito ainda… O de nenhum foi. O seu futuro é qualquer coisa que você faça. Então faça um futuro bom.”
Nos dias 24 e 25 de outubro eu estarei no Cine
Capítulo, participando do curso John Carpenter: Ele Vive, criado pelo Cine Um e
ministrado pelo escritor, cineasta e especialista em Cinema Fernando Mantelli. Enquanto os dias da
atividade não chegam, por aqui eu irei destrinchar sobre os principais filmes
desse cineasta que está entre os mais cultuados da história do cinema.
Os Aventureiros do
Bairro Proibido (1986)
Sinopse: Jack Burton
(Kurt Russell) é um caminhoneiro que vai parar em Chinatown depois que a noiva
de seu melhor amigo é raptada por um mago de 2.000 anos de idade. Cabe a ele
recuperar a moça, embarcando no mundo macabro do mago e conhecendo novos
amigos.
Os Aventureiros do
Bairro Proibido (Big Trouble no original) merece ser visto e
revisto. Ainda bem que não ganhou o mesmo titulo que teve em Portugal que saiu
com o nome As Aventuras de Jack Burton nas Garras do Mandarin. John Carpenter
pode nunca saber, mas com certeza ele foi um dos reis da sessão da tarde que
passava na Rede Globo, seu filme ficou marcado no imaginário popular e entrou
para a história do cinema, o filme foi um fracasso comercial e de crítica,
custou US$ 25 milhões e arrecadou US$ 11,1 milhões nos Estado Unidos. Carpenter
ficou na época desiludido com Hollywood e se tornou um cineasta independente.
Ele disse em uma entrevista: "A experiência (Big Trouble) foi a razão que
eu parei de fazer filmes para os estúdios de Hollywood. Eu acho (Big Trouble)
um filme maravilhoso, e estou muito orgulhoso dele."
O filme ao longo dos anos
criou uma legião de seguidores e virou cult. Na época seu concorrente era o
filme de Eddie Murphy e O Rapto do Menino Dourado, mas (Big Trouble) saiu em
Julho de 1986, cinco meses antes.
Príncipe as Sombras (1987)
Sinopse: O professor Howard
Birack é chamado pelo padre Loomis para investigar um estranho líquido verde,
encontrado em uma igreja abandonada.
John Carpenter trilha
o filme para um curioso caminho; a ciência em pró da religião e vice-versa.
Coisa rara, tratando-se de uma película de terror, com pitada de ficção
científica.
Príncipe as Sombras talvez não tenha agradado tanto o
público devido a empolgação científica no roteiro de Carpenter. Somos
bombardeados com diálogos sobre física quântica, que nem Stephen Hawking
compreenderia bem. Contudo, o filme é um marco sim na rica filmografia
"Carpenteriana", pois mescla conteúdo com belas doses de efeitos
especiais.
Apesar da interessante trama, as atuações não são o ponto forte da
película. Nem o veterano Donald Pleasence, que interpreta o padre que herdou o
poder da "Sociedade do Sono", se salva nesse quésito. O baixinho
Victor Wong, talvez seja o "dono" do personagem mais carismático de Príncipe das Sombras.
Eles Vivem (1988)
Sinopse: Nada é um
trabalhador braçal que chega a Los Angeles e encontra trabalho numa fábrica.
Durante uma inusitada operação repressiva, a polícia destrói um quarteirão
inteiro do bairro miserável em que vive. Na confusão, Nada encontra óculos
escuros aparentemente comuns, porém ao usá-los consegue enxergar horrendas
criaturas alienígenas disfarçadas de seres humanos, bem como as mensagens
subliminares que elas transmitem através da mídia em geral.
Esse filme fui
somente conhecer numa sessão especial na sala P.F Gastal de Porto Alegre a uns dois
anos e foi inesquecível. O filme em si, eu poderia dizer muita coisa devido as
suas incríveis qualidades, mas falarei de uma em especial: os óculos que faz
com que as pessoas que o usem enxerguem os alienígenas que aqui estão. Quem o
usa, além de fazer você ver os seres de outro planeta, também deixa você como
se estivesse drogado, assim quando Nada entra para a resistência a fim de
exterminar os invasores, as pessoas que não estão sabendo o que está acontecendo
só o vêem como um viciado assassino que está matando gente inocente. Depois a
resistência aperfeiçoou o produto e fez eles como lentes de contato.
O filme tem um ritmo
lento, deixando as cenas com mais ação para o fim do filme, inclusive a cena da
luta entre John Nada e seu amigo Frank (Keith David) para fazer com que esse
segundo coloque os óculos e perceba o que está acontecendo é uma das mais
longas da história do cinema e uma das mais bacanas também. Isso sem falar que
o filme é uma crítica ferrenha a sociedade de consumo, com cartazes, outdoors e
revistas com dizeres como compre, consuma, gaste e outros. Nas notas de dólares
está escrito Esse é seu deus. Genial!
Então para finalizar
eu digo que aqui está mais um filme para assistirem em uma roda de amigos, e
depois ficarem pensando porque não temos uns óculos legais como aqueles.
Memórias de um homem
invisível (1992)
Sinopse: Acidente nulear num
laboratório deixa Nick Halloway, um especialista da bolsa de valores,
invisível. Ele passa a ser perseguido por um agente do governo traiçoeiro.
Enquanto foge e tenta se adaptar a sua nova realidade conhece uma linda mulher
que o ajuda.
O filme em si não é nenhuma
obra prima e até é um filme menor da carreira cheio de grandes filmes de John
Carpenter, mas o talento do cara continua afiadíssimo e sua direção tem muita
força e ritmo que ganha mais nos pequenos detalhes do que na pretensão.
Conseguir travestir ficção científica amarga de comédia despretensiosa de
pequeno estúdio não é pra qualquer um, definitivamente. O espírito libertário e
bagunceiro de Carpenter, autêntico cineasta dos anos setenta que continua
incansável em suas temáticas há mais de trina anos, é o que move para a frente
– e com muita força – esse filme. E também serve pra descobrir que só mesmo
sendo invisível que alguém feio feito o Chevy Chase conseguiria algo com a
Daryl Hannah.
Trilogia do Terror 1993
Sinopse: Três curtas de
terror dirigidos por mestres no gênero. Em The Gas Station”, um serial killer
ataca na madrugada uma balconista. No segundo episódio, intitulado de “Hair”,
um homem com problemas de calvície aplica uma fórmula fatal para crescer o
cabelo; essas duas são dirigidas por John Carpenter. E em “Eye”, na direção de
Tobe Hooper, um jogador de baseball faz um transplante em um dos olhos que
perdeu num acidente, só que o tal olho pertencia na verdade a um assassino, e
ele começa a ter terríveis visões.
Esse filme é muito bom e tem
uma coisa bem particular dele, o roteiro das histórias foram tão bem escritas
que mesmo só havendo duas mortes o filme ficou ótimo. Foi uma coisa bem
natural, não apelou para as mortes bem violentas, o filme são três contos
contados pelo próprio John Carpenter que atuou como um morto do necrotério. O
filme foi dirigido por John Carpenter e por Tobe Hooper e teve participação
especial deles e do Sam Raimi diretor dos filmes A Morte do Demônio ou Evil
Dead e o premiado Homem Aranha, contando ainda com a participação do Wes Craven da franquia Pânico.
Para o bem ou para o mau, o novo
trailer de Star Wars: O Despertar da Força é o assunto do momento para os cinéfilos.
Embora seja um bom trailer, se percebe que os criadores estão mostrando pouca
coisa e guardando, talvez, inúmeras surpresas que possam vir nessa nova
trilogia. Será que teremos um grau de surpresa tão grande quando o clássico “Luke,
eu sou o seu pai”? Só o tempo irá dizer!
Sinopse:Sinopse: O menino Chala (Armando Valdes Freire) tem
uma vida difícil em casa com a mãe viciada em drogas e tem de sustentá-los
treinando cães para rinha. Na escola não é diferente, ele vive brigando com
colegas, mas tem um respeito profundo pela professora Carmela (Alina
Rodríguez). Ela tem de se afastar da escola por problemas de saúde, causando a
tristeza de Chala, que corre o risco de ir para um internato por causa da nova
professora.
Cada vez mais nos
damos de encontro com o cinema cubano e Numa Escola de Havana é o mais novo
exemplar, do qual nas entrelinhas, questiona o seu próprio regime, através do
oficio do professor, cujo seu papel estar em ensinar e até mesmo colocar nos
trilhos a vida desagrada de certos alunos. O filme possui altas doses de
licenças poéticas, mas não esconde um alto grau de verossimilhança,
transformando a produção em algo cru, mas muito bem visto aos nossos olhos. Vemos
aqui a história da professora Carmela (interpretada pela ótima Alina Rodriguez), uma veterana em sua
profissão, muito respeitada por todos, sendo que, inclusive, ela ajudou na
formação de alguns de seus colegas de profissão mais jovens.
Porém, ela tem um
neto doente e vai visitá-lo no hospital, que fica num bairro distante de sua
casa e da escola onde ela trabalha. De volta para sua casa depois da visita,
ela é acometida de um enfarte e é substituída por uma professora mais nova,
para o desanimo do jovem aluno Chala (interpretado brilhantemente por Armando
Valdes Freire), um garoto problema e que somente respeita Carmela. Com a
veterana professora fora de cena, o menino se envolve em inúmeros problemas de
disciplina e vai para uma escola que é uma espécie de pequeno reformatório para
alunos como ele.
Quando Carmela volta
novamente em cena, ela não aceita a situação de Chala e o retira do tal
reformatório, trazendo-o de volta para a escola habitual e tomando conta do
menino. Obviamente, as instâncias educacionais superiores não vão se conformar
com essa atitude independente de Carmela, mas há o problema dela ser uma
excelente profissional com muitos anos de carreira e simplesmente mandar ela
embora não é das decisões mais fáceis.
É um filme tocante
sobre a professora militante e seu aluno “rebelde sem causa” que ela vai
recuperar com afeição e carinho, algo que raramente se vê no mundo real dos
professores de hoje, mas que nunca é tarde em acreditar que exista certas
Carmelas por ai. Licença poética a parte, o filme vai muito além da relação
professora e aluno. A situação sem solução de Chala também é analisada e ela se
enlaça muito bem com o que vemos no nosso mundo real.
Boa parte da
indisciplina dos alunos vem de uma mutilação familiar elevada, que é justamente
o caso de nosso pequeno protagonista, que tem uma mãe prostituta e drogada,
onde o filho mais a sustenta do que o contrário. O menino, inclusive tem um
ofício que desperta repulsa, mas que ao mesmo tempo desejamos que ele se livre
disso. Ele cuida de cachorros para rinhas.
Cabe então uma menina,
pela qual ele esta apaixonado, não queria nada com ele justamente por seu
ofício, o que faz Chala repensar novas formas de se ganhar dinheiro na vida. À
propósito, a menina que se chama Yeni (interpretada por Amaly Junco), é outra
personagem interessante, já que ela não podia ter uma matrícula regularizada,
pois seu pai era de outra região de Cuba e, pelas regras, ele vivia de forma
ilegal na região de Havana. Chala também tem um amigo, cujo pai estava na
cadeia por ser opositor do regime. Essas sub-tramas nos mostram as críticas que
os cineastas de lá parecem que agora podem fazer ao regime, assim como outros
filmes vindos de lá como Ruan dos Mortos.
Dessa forma, Numa Escola de
Havana é mais um filme que nos dá a chance de ter uma ideia sobre o dia a dia
de Cuba contemporânea e que tem mais liberdade de criticar os procedimentos do
governo para com a sociedade. Um filme comovente e com altas doses de reflexão,
pois embora com políticas diferentes da nossa, é uma trama que facilmente nos identificamos
com ela.
Em Cartaz na sala Cinebancários: Rua General da Câmara 424. Horários: 15h, 17h e 19horas