Na primeira semana de outubro (do dia 04 a dia 08) participarei do curso do CENA UM, “Filmes B que Amamos” (Museu da Comunicação: Rua dos Andradas, 959, Porto Alegre) onde o tema principal serão sobre filmes baratos (baixo orçamento e de vários gêneros) feitos pelo cinema americano que acabou conquistando inúmeros fãs. Por aqui, irei postar sobre o que eu sei desse universo de baixo custo, mas com enorme imaginação.
COMEÇANDO POR BAIXO, MAS EM GRANDE ESTILO
A regra é simples, basta ter uma boa idéia na cabeça (que não importa o orçamento apertado) que irá gerar coisa boa. Parece meio impossível, mas no passado, diretores que hoje são super conhecidos, começaram com pouco no bolso, mas muito a dizer e mostrar nas telas. Abaixo, deixo um pouco sobre três grandes filmes do cinema B que consagraram jovens diretores que hoje são pioneiros no gênero, tanto de terror como aventura e fantasia.
A Noite dos Mortos Vivos
Sinopse: Um satélite com radiação extra-terrestre acaba provocando a volta à vida das pessoas recém-mortas na Terra. Um grupo de pessoas, então, acaba se abrigando em uma casa isolada para escapar dos comedores de gente, enquanto esperam o resgate, em uma noite infernal.
Cansado de filmar somente comerciais, o jovem George Romero, junto com o pequeno estúdio Image Tem, levantou um orçamento de pouco mais de R$ 114 mil dólares para criar aquele filme que viria mudar o cinema de horror para sempre. Filmado no interior, o filme se tornou um verdadeiro clássico do cinema de horror, com uma produção modesta, mas inovadora, extremamente bem resolvida ao criar um clima opressivo e atemorizante. Muito imitado, gerou dezenas de filmes de zumbi que se estendeu durante os anos 70, se proliferou nos anos 80, amenizou nos anos 90 e se revitalizou no século 21 de uma maneira jamais vista, desde cinema a serie de TV. O primeiro filme gerou uma trilogia que se seguiu com Zombie: Despertar dos Mortos (78) e Dia dos Mortos (85).
Romero retornaria numa refilmagem do primeiro sucesso em 1990. Desta vez em cores e muito fiel ao filme original, mas diferente do clássico, esse possui um orçamento mais generoso e com isso, possui cenas muito mais elaboradas e efeitos especiais e de maquiagem de primeira. Mas diferente do passado, Romero retornou aqui como produtor e roteirista, sendo que o cargo de direção ficou para Tom Savini que na época era um dos mais requisitados maquiadores de filmes de terror e atualmente muitos se lembram dele atuando como coadjuvante em filmes do Robert Rodrigues como Um Drink no Inferno.
Uma Noite Alucinante - A Morte do Demônio
Sinopse: Cinco estudantes da Universidade de Michigan decidem passar um final de semana em uma casa isolada. Lá eles encontram o livro dos mortos, um documento que data da época da Babilônia e que está relacionado ao livro dos mortos egípcio. Enquanto vasculham a casa os amigos gravam em fita alguns encantamentos demoníacos, escritos no livro. A partir de então eles são possuídos por espiritos, um a um. O primeiro alvo é Cheryl (Ellen Sandweiss), brutalmente estuprada pelas forças do mal. Ash (Bruce Campbell), seu irmão, resolve levá-la a uma cidade próxima, mas descobre que a única ponte que leva ao local está destruída. Logo a transformação de Cheryl em demônio é concluída, resultando em seu ataque aos amigos.
Com pouco mais de US$ 350 mil no bolso,
e com amigos da faculdade (dentre eles Bruce Campbell), Sam Raimi inaugurou, o
que acabou se tornando conhecido como filmes de terror “terrir”, onde o filme (mesmo
sendo terror) possuía pitadas de humor negro ao estremo que, na maioria das
vezes, o publico soltava gargalhadas. Muito embora, esse primeiro filme da
trilogia é um pouco mais serio e bem mais perturbador, com cenas de violência ao
extremo e muito sangue jorrando. Mesmo com um orçamento apertado, Raimi
surpreendeu a todos com o uso da câmera, aonde ela ia para todos os lugares,
desde o giro de 360º graus e cenas em que ela esta correndo atrás de alguém por exemplo. Tudo de uma
maneira vertiginosa, contagiante e que viria a se tornar sua marca registrada
na maioria dos seus filmes.
Com cenas fortes, o filme ficou proibido em alguns
países, sendo que na Alemanha, foi lançado nos cinemas e em vídeo no mesmo dia,
devido a problemas com a censura local. O filme foi posteriormente proibido de
ser exibido nos cinemas, mas permaneceu no top 10 local durante algumas
semanas. Com o sucesso alcançado, o filme gerou mais duas sequências, e deu
enorme prestigio ao diretor, que um dia viria a dirigir a trilogia bilionária
do Homem Aranha.
FOME ANIMAL
Sinopse: A mãe de um rapaz muito tímido é mordida por um macaco-rato de Sumatra, fica doente e morre, mas retorna como um zumbi matando e comendo animais e pessoas. O filho tenta esconder o fato, principalmente da moça por quem está apaixonado, mas a peste se alastra rapidamente e ele vê sua casa ser invadida por uma legião de mortos-vivos.
Uma dos mais divertidos e sangrentos filmes terrir da historia do cinema. Carregado com o mais puro humor negro e a escatologia ao estremo de uma maneira jamais vista. Vencedor do grande premio da critica no festival de avoriaz (França) de 92, o filme exige um estomago forte e resistente, pois ele extrapola todos os limites do bom gosto. Mesmo assim, é uma diversão de tamanha grandeza, que não tem como deixar de rever inúmeras vezes. O ato final é de uma extrapolação só, onde o herói e a mocinha ficam em meio a inúmeros mortos vivos e o sangue jorra solto de tal forma, que da vontade de colocar um balde em baixo da TV, para parar o sangue que está derramando. Com inúmeras cenas bizarras, de um bebê zumbi a um intestino grosso animado, Fome Animal foi o filme que deu sinal verde a Peter Jackson embarcar no cinema americano, e o resto são historia.