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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Cine Dica: Streaming: "Sete Anos em Maio"

Sinopse: Em uma noite em maio, sete anos atrás, Rafael estava chegando do trabalho. Ao abrir o portão, alguém chamou seu nome. Ele olhou pra trás e viu pessoas que não conhecia. 

Affonso Uchoa chamou atenção da crítica e do público ao dirigir em 2016 o filme A "Vizinhança do Tigre" (2016). Na obra, o cineasta usa moradores de uma periferia para interpretarem eles mesmo e assim criando um retrato dessas pessoas em comunidades que convivem com a pobreza e a violência. Com "Sete Anos em Maio" (2020), o cineasta usa o mesmo artificio, ao fazer uma dura crítica sobre uma parcela de uma sociedade massacrada pelo preconceito e pela violência da guerra do tráfico.  

O filme conta a história de Rafael, que chegou em casa depois do trabalho e descobriu que pessoas que ele não conhecia o procuravam. O rapaz imediatamente fugiu, sem olhar para trás. A partir daquele momento, sua vida mudou, como se aquela noite nunca tivesse terminado. Um dia, ao redor de um incêndio improvisado perto de uma fábrica, ele decide confidenciar sua jornada a um estranho que teve uma experiência semelhante, também marcada por violência, vícios e miséria. O relato íntimo de Rafael encontra o testemunho coletivo de uma nação inteira oprimida pela pobreza, repressão policial e corrupção institucional. 

No início do filme,  Affonso Uchoa filma um grupo de amigos de uma periferia em meio a chamas de um morro. Lá, eles começam a se vestir de policiais e os mesmos fazem uma encenação abordando violentamente um morador local. O que se vê ali é a visão que eles enxergam todos os dias, da polícia violenta contra os moradores, assim como a milicia disposta a matar ou controlar as pessoas que passam por necessidades.  

Embora seja um “média metragem”, o cineasta cria em poucos minutos uma obra poderosa, principalmente pelo fato dela vim em momento em que o Brasil transborda de preconceito e acumulando um número de mortes unicamente pela diferença de raça ou credo. Assistir a obra me veio rapidamente a história de João Alberto, morto recentemente por seguranças racistas e incompetentes do supermercado Carrefour de Porto Alegre e, portanto, o filme vem em um momento em que esse debate não pode ser silenciado, mas sim prolongado e para assim um dia obter um ponto final nisso. A história que o personagem Rafael conta na frente da fogueira é uma representação de muitas histórias e das quais elas precisam ser ouvidas mesmo quando a luta seja cada vez mais árdua.  

Os minutos finais se tornam simbólicos ao representar uma autoridade fazendo um jogo conhecido com algumas pessoas da periferia. A cena é simples, mas que sintetiza o desejo de escolha da autoridade em decidir quem vive e quem morre nesta guerra ininterrupta e que cada vez mais divide a nossa sociedade ao invés de uni-la. Infelizmente o jogo visto ali acontece todos os dias e cabe nós darmos um basta.  

"Sete Anos em Maio" é a síntese de um Brasil de 2020 dividido, preconceituoso e que passa pano para autoridade branca sem escrúpulos.  


Onde Assistir: Site Embaúba Filmes. 


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