Sinopse: Em uma pequena e isolada cidade, cercada por montanhas cobertas de árvores, vive um menino e sua mãe. ... Com poucas oportunidades de trabalho e sem dinheiro suficiente para se mudar para outro lugar, a mãe arruma um emprego cultivando maconha para os cartéis.
O filme "A Árvore da Vida" (2011) de Terrence Malick fazia uma ligação entre os seres humanos e os mistérios do universo através de uma família. A complexidade de imagens fez com que se levantasse diversos debates ao longo dos anos sobre o filme e servindo de base para alguns longas que ousassem fazer uma obra mais reflexível sobre a jornada do homem em terra firme. "Sanctorum" (2019) segue por um caminho parecido, ao retratar um conflito de dois lados da história e interliga-lo com os mistérios que vão além dessa vida.
Dirigido por Joshua Gil, a trama se passa em uma pequena e isolada cidade, cercada por montanhas cobertas de árvores, vive um menino e sua mãe. A vida tradicional foi extirpada desde que a cidade foi pega no fogo cruzado da guerra entre militares e os cartéis. Com poucas oportunidades de trabalho e sem dinheiro suficiente para se mudar para outro lugar, a mãe arruma um emprego cultivando maconha para os cartéis. Um dia, ela não volta do trabalho. Tomada pela tristeza, a avó diz ao menino que vá para a floresta e reze ao sol, ao vento e à água para que eles façam sua mãe retornar ilesa.
Não é de hoje que o cinema retrata os conflitos entre a justiça com os quarteis das drogas no México. "Sicario: Terra de Ninguém" (2015) do diretor Denis Villeneuve é um bom exemplo a ser citado, ao retratar que esse conflito vai muito mais além do que o mero embate de mocinho e bandido. Em "Sanctorum" a situação é similar, mas de uma forma mais sugestiva e menos explicita. Há, por exemplo, uma impressionante cena onde a câmera foca um evento que é visto de longe, mas não precisamos ver a situação mais de perto, pois mesmo na distância já temos uma ideia o que está acontecendo.
O horror criado pelo homem dá lugar para o local de fuga para aqueles que buscam um milagre, mais precisamente nas crenças e folclores que dão para essa gente ainda uma faísca de esperança. Isso tudo é moldado por belas cenas dos morros, onde o céu estrelado se casa com um grande lago e fazendo a gente não distinguir onde o céu e a terra terminam. Em meio a esse cenário misterioso os moradores da trama ficam levantando diversas teorias de um misterioso som que vem do céu enquanto os mesmos lutam para continuarem vivos em meio a guerra do tráfico.
O filme ganha ares apocalípticos, como se não houvesse amanhã para aquelas pessoas naquele cenário desolador, principalmente no ato final onde nos é mostrado o desespero de uma criança em busca de sua mãe desaparecida e desencadeando uma situação que foge de quaisquer regras vindas da lógica. O filme também pode ser classificado dentro do subgênero “pós terror”, já que o lado sobrenatural visto da trama não assusta, pois, a violência e morte vindos dos conflitos criados pelo homem se tornam ainda mais assustadores do que se imagina. Talvez caberá a própria natureza dar uma resposta para atual situação da raça humana, pois a própria está se matando e caberá algum evento fora de qualquer previsão para se darem conta que não são nada perante a esse grande universo.
"Sanctorum" é forte em seu visual, poderoso em sua mensagem e reflexivo sobre a linha em que separa nós com as nossas verdadeiras raízes.