Quem sou eu

Minha foto
Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

Pesquisar este blog

Mostrando postagens com marcador #ostradutores. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador #ostradutores. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: 'Os tradutores'

Nota: Próxima Sessão Clube de Cinema: "Os Tradutores". sábado. Local: Sala Eduardo Hirtz, Casa de Cultura Mario Quintana. Data: 11/12/2021, sábado, às 10:15 da manhã. 

Sinopse: Nove tradutores, contratados para traduzir o último livro de uma famosa trilogia. Um trabalho de sonho torna-se num pesadelo.

O medo que os estúdios de cinema têm da possibilidade de vazar um de seus filmes antes de sua estreia é tamanha que temos então uma ideia do prejuízo que isso pode acarretar para os donos dos estúdios. Ao mesmo tempo isso é uma mostra de que todo material, seja ele filmado ou impresso, é pertencente a um sistema predestinado a somente engordar os cofres de poderosos enquanto a proposta dessas duas mídias de contar histórias fica, infelizmente, em segundo plano. "Os Tradutores" (2019) é uma crítica acida a esse sistema enquanto a arte do conhecimento se torna mera parte das engrenagens capitalistas.

Dirigido por Regis Roinsard, o filme conta a história de nove tradutores que são escolhidos por uma editora e trancados em um bunker luxuoso para traduzir um livro altamente esperado, de um famoso autor, em tempo recorde. Embora os tradutores estejam confinados visando evitar qualquer tipo de vazamento por conta dos grandes riscos financeiros, uma crise irrompe quando alguém publica na internet as primeiras dez páginas do romance, chantageando a editora a pagar 5 milhões de euros.

O minuto inicial do filme é simbólico, já que ele mostra milhares de livros sendo incinerados por chamas ardentes. Essa abertura, aliás, remete ao clássico literário "Fahrenheit 451" de Ray Braobury e que contava a realidade de uma sociedade que era proibida de ler e cujo os livros eram destruídos. Aqui acontece algo similar, porém, os livros são vendidos e sendo alcançados por diversas pessoas do mundo, mas eles não deixam de ser propriedade de editores que na maioria dos casos nunca leu uma linha desses trabalhos, mas sim só tendo o desejo de vende-los para obter lucro.

É nesse cenário formado por fortunas que se tem uma trama que se torna aos poucos um verdadeiro jogo das aparências, principalmente por parte dos tradutores que não escondem a sua paixão e o desejo de traduzir um possível sucesso literário. Porém, tudo cai por cascata quando editor, interpretado brilhantemente por Lambert Wilson, se mostra um obcecado na possibilidade de arrecadar milhões com o lançamento, ao ponto de isolar os tradutores e um espaço que gera até mesmo momentos claustrofóbicos durante a projeção. Aos poucos vamos conhecendo um pouco a vida de cada um, sendo que alguns não escodem as suas frustações ao não realizarem os seus sonhos dentro do universo literário, mas nunca desistindo dos seus objetivos.

O filme coloca em pauta, tanto sobre a profissão de um escritor atual, como também dos simbolismos da literatura e de quando ela deixa de ser arte do conhecimento para se tornar uma mera peça de entretenimento. No desenrolar da trama imediatamente me veio alguns escritores atuais que se tornaram famosos com as suas trilogias ou quadrilogias literárias, que foram vendidas como água, ganhando as suas adaptações para o cinema e enchendo o bolso de poderosos por detrás das cortinas. Se o cinema que é considerado uma arte se tornou também um meio de entretenimento para levantar enormes lucros com relação aos livros isso não é diferente e se acentuando nestes últimos vinte anos.

Do segundo ao terceiro ato da trama o filme ganha ares frenéticos de quase um filme de ação, com direito a doses de suspense e que fizeram me lembrar do sucesso "Truque de Mestre" (2013). Tudo se torna uma verdadeira cebola, cujas as inúmeras cascas revelam peças surpreendentes dentro da trama e nos revelando o fato que as respostas estavam bem diante dos nossos olhos. Um filme que mostra os diversos tipos de obsessão, desde daquele que lucra com a venda dos livros, como também dos escritores que não desejam que as suas obras se tornem uma mera forma de obter dinheiro.

"Os Tradutores" é um retrato sobre o duelo entre o conhecimento e o sistema capitalista que deseja controla-lo. 


Faça parte do Clube de Cinema de Porto Alegre.  
Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  
Instagram: @ccpa1948 

Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin e Instagram.