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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Cine Dica: Em Cartaz - 'Aftersun'

Sinopse: Sophie reflete sobre a alegria e a melancolia das férias que ela tirou com seu pai 20 anos antes. Memórias reais e imaginárias preenchem as lacunas enquanto ela tenta reconciliar o pai que conheceu com o homem que desconhecia. 

É engraçado que quando a gente se lembra de uma determinada situação ela não era exatamente aquilo como a gente se lembrava. Pego, por exemplo, a minha sensação quando revejo alguns filmes clássicos e percebo que determinadas cenas não são de acordo com as minhas lembranças que eu havia guardado de determinados títulos. "Affersun" (2022) fala mais ou menos sobre isso, ao revisitarmos lembranças através das imagens e nos darmos conta que é sempre preciso reavaliarmos os nossos pensamentos e sentimentos sobre um determinado ponto de nossas vidas.  

Dirigido por Charlotte Wells, a trama se passa no final da década de 1990, onde Sophie (Frankie Corio), de onze anos, e seu pai Calum (Paul Mescal) passavam as férias em um clube na costa turca. Eles tomam banho, jogam bilhar e desfrutam da companhia amigável um do outro. Calum se torna a melhor versão de si mesmo quando está com Sophie. Sophie, enquanto isso, acha que tudo é possível com ele. Quando a jovem está sozinha, ela faz novos amigos e tem novas experiências. Enquanto saboreamos cada momento passado juntos, uma sensação de melancolia e mistério às vezes permeia o comportamento de Calum.  

Charlotte Wells faz um filme inspirado em sua vida pessoal e por conta disso temos a sensação de que ela esteja tentando se abrir conosco como uma forma de fazer as pazes com o seu pai e do qual, talvez, ela não tenha conhecido por completo. Mais do que fazer uma reconstituição do seu passado, a cineasta busca usar o lado técnico cinematográfico como uma forma para que o mesmo se torne uma ferramenta crucial para construção de suas lembranças e passar para nós uma forma para que tiremos as nossas próprias conclusões sobre o que nós vemos na tela. Curiosamente, assistimos as primeiras imagens digitais que estavam começando a serem usadas no final do século vinte e nos dando uma dimensão dos novos rumos e mudanças que aquela geração de Sophie estava passando naquele momento. 

Na verdade, o filme toca nas questões sobre mudanças, transformações e arrependimentos dos quais nós sentimos ao longo do percurso. Enquanto Sophie é uma observadora e curiosa sobre a vida adulta, o seu pai, por sua vez, parece em alguns momentos querendo resgatar um passado do qual não retorna, mas que vê em sua filha todos os seus talentos assim como também os seus defeitos. Há, portanto, uma espécie de pequena luta interna de ambas as partes em tentar conhecer um ao outro, mas que felizmente não se eleva para um caminho de atrito, mas sim de aprendizado.  

Ao focar somente nesta relação de pai e filha, Charlotte Wells procura filma-los das mais diversas formas e fazendo com que tenhamos inúmeras perspectivas sobre determinadas cenas. É curioso, por exemplo, a cena em que os dois estão sentados diante da tv, onde observamos os seus reflexos na tela, mas ao mesmo tempo temos outra visão de ambos de um espelho ao lado. É como se a diretora nos dissesse que é preciso observar tudo de diversos ângulos para que então não percamos nenhum detalhe e que não passe desapercebido.  

Verdade seja dita, o filme possui ares de quase um documentário, já que os dois interpretes se interagem de uma forma natural e como se eles estivessem agindo de forma verdadeira e quase nunca inventiva. Paul Mescal, por exemplo, vai se transformando diante de nossos olhos de uma forma bastante verossímil, como se ele estivesse realmente se abrindo sobre a sua pessoa e fazendo a gente ficar na dúvida quando é o interprete ou o personagem em cena. Já Frankie Corio é uma forte promessa para o cinema, já que mesma com pouca idade demonstra um grande talento e podendo nos surpreender ainda mais futuramente.  

A reta final nos reserva momentos até mesmo tensos, pois ficamos nos perguntando de que maneira irá terminar esse passeio familiar e que tem muito a revelar. Ao final, vemos uma Sophie mais velha, reflexiva, e tentando compreender os dilemas da vida adulta que o seu pai estava enfrentando naqueles tempos já longínquos. Ao final, constatamos que há um compreendimento de ambas as partes e deixando, enfim, os verdadeiros sentimentos se aflorarem. "Affersun" é uma das mais belas surpresas nesta reta final de ano, pois é um filme que nos identificamos e fazendo despertar em nós o desejo de nos lembrarmos do nosso passado por um outro angulo. 



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