Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Humor negro sobre
agência de suicídio dos anos 20 na telona do CINE COSMOS na famosa Avenida
Corrientes com a "Madame francesa" (Cris Lopes) e o
"Monsieur" (Euler Santi) e grande elenco
A atriz brasileira
Cris Lopes (que vive a madame francesa protagonista de "AGS")e seus amigos atores argentinos: Daniel
Quaranta e Nahuel Yotich (protagonistas do longa argentino "Ahi
Viene") e o músico, bailarino, ator Chipote Fontan marcaram presença na
estréia do filme brasileiro "Agence Générale du Suicide" no Cine
Cosmos em Buenos Aires juntamente com os Diretores do Festival de Cine Inusual:
Silvia Romero e Fabian Sancho e o Diretor de AGS: Rodney Borges.
atriz brasileira Cris
Lopes, atores argentinos Daniel Quaranta e Nahuel Yotich, e músico, bailarino,
ator Chipote Fontan
A comédia de humor negro agradou o público
argentino que compararam ao humor negro inglês com elogios a arte e fotografia
do filme. AGS já ganhou 5 prêmios incluindo "Direção de Arte" da
atriz Cris Lopes (Curta Canedo 2017 Goiás) com indicação na categoria
"Melhor Atriz"; "Direção de Fotografia" de Rodney Borges,
Diretor de AGS e premiado como "Melhor Roteiro" para o ator
protagonista de AGS e roteirista Euler Santi. O roteiro de AGS foi inspirado na
obra de mesmo nome "AGS" do poeta francês Jacques Rigaut do movimento
dadaísta anos 20 na França e já foi exibido em 15 festivais incluindo Uruguai e
Espanha.
diretor AGS: Rodney Borges, diretores Fabian Sancho
e Silva Romero (Festival INUSUAL) e atriz Cris Lopes
Curtir no Fan Pages no Facebook :@crislopesoficial@filmeags@festival-de-cine-inusual
Sinopse: Os históricos
manifestos de arte podem ser aplicados à sociedade contemporânea? É isso o que
Cate Blanchett tenta responder ao explorar os componentes performáticos e o
significado político de declarações artísticas e inovadoras do século XX, que
vão dos futuristas e dadaístas ao Pop Art, passando por Fluxus, Lars von Trier
e Jim Jarmusch.
Manifesto é um filme
que se propõe a discutir o real papel da arte de ontem e hoje. Existe uma exposição de pensamentos dos quais a obra explora, sendo que, em alguns
momentos, entrando até mesmo em confronto entre si e sintetizando a proposta principal do filme como um todo.
Talvez a proposta da qual o artista plástico e agora diretor estreante Julian
Rosefeldt queira nos passar é essa: onde se encontra a originalidade?
Talvez a arte de hoje
pudesse ser criada a partir da essência do seu artista, sendo uma representação
do mundo do qual convive e o rodeia. Ao invés disso, talvez estejamos apenas
testemunhando manifestações com teor plástico, da qual nos cause uma sensação
de Déjà vu, em vez de presenciarmos algo no mínimo original e ao mesmo tempo
crítico.
Num primeiro momento,
talvez pensássemos que estivéssemos sendo formados desde sempre a ter uma visão autoral
e livre para moldarmos o que bem entendermos com relação a arte. Porém, num
manifesto visto e dito no próprio filme, uma professora põe regras e limites
para os seus alunos com relação ao que devem fazer com relação aos seus
trabalhos artísticos. Isso vai contra a essência primordial da verdadeira arte,
da qual não se deve haver amarras, mas sim tendo uma espada, na qual consegue cortá-las
e criando-se então métodos para se fazer pensar e revolucionar.
Por meio de discursos
profundos e reflexivos, Manifesto soa como uma verdadeira poesia filmada. A
ironia é que, para compor sua obra, Rosefeldt também usa referências, da mesma
maneira como uma espécie de critica no filme. Porém, o seu primeiro longa
metragem vai muito além dessa proposta.
Ouso dizer que Manifesto corre sério
risco de se tornar um dos filmes mais originais nesse ano que está passando. Criado
para ser exposto numa exposição na Austrália em 2015, Rosefeldt reuniu essas manifestações
artísticas para então criar a sua obra, que vai desde a música, passando pela
dança e, logicamente, o cinema. O desejo era para que essa nova geração tivesse
um conhecimento sobre essas ideologias e fizessem com que pensassem sobre elas.
Mas então eis que
veio a ideia de transformar isso num filme e ser levado para os cinemas. É
claro que num primeiro momento ficamos em dúvida com relação a um artista de
primeira viagem no mundo da sétima arte, principalmente pelo fato de que não é fácil
passar textos dos quais poderiam soar até mesmo abstratos demais em cena.
Porém, Rosefeldt surpreende ao criar um filme visualmente complexo em alguns momentos e que,
embora lembre obras como Brazil: O filme (de Terry Gilliam) nos passe certa originalidade
e obtendo então a nossa total atenção.
Contudo, o que torna
Manifesto um filme indispensável é a presença magnética de Cate Blanchett, que aqui interpreta
13 personagens distintos durante o filme. Se por um lado, o cinéfilo acha um
tanto estranho um filme ser protagonizado praticamente por uma única atriz
interpretando vários personagens, por outro, o que se prezar ir até o fim dessa
cruzada irá se sentir mais do que compensado. Cate Blanchett definitivamente
some de cena e dando lugar aos seus enigmáticos personagens e com seus mundos
distintos e particulares.
Além do filme se inspirar
em vários artistas dos quais merecem destaque na tela, Manifesto acaba mirando
em outros alvos dos quais merecem uma total atenção para termos um momento de reflexão.
Eis que o filme mira então no capitalismo (sendo um sistema ultrapassado que em
longo prazo acarretou vários problemas na sociedade dito no filme), a postura e manipulação
da mídia, e até dos próprios críticos, que usam sua linguagem subliminar para
dizer como compreendem a arte mais do que os outros poderiam entender. Mas
embora tenha nascido à ideia a partir de 2015, há uma surpreendente coincidência
de o filme chegar justamente no Brasil de agora, sendo num momento em que conservadores,
como no caso do movimento MBL, querer nos dizer a todo custo o que é arte, quando na
verdade criam somente uma cortina de fumaça para ocultar os verdadeiros males
que afligem o nosso país atualmente. Manifesto definitivamente não é um filme do qual
será compreendido por todos, mas é graças a sua originalidade, além da contribuição e o esforço surpreendente vindo de Cate Blanchett, é o que torna o filme
uma experiência incomum e que foge por completo do convencional.
“Há
um buraco na minha cortina”, canta uma aspirante a estrela do rock num
dos primeiros filmes de Miloš Forman, Concurso. O refrão parece
tripudiar do cenário que favoreceu não apenas a existência de um jovem
cinema no país, mas toda a onda de novos cinemas em terras que viviam
estreitamente vigiadas entre os anos 1950 e 60. Certamente não estava no
roteiro dos burocratas que grandes nomes do leste como Jerzy
Skolimowski, Věra Chytilová , Miklós Jancsó e Dušan Makavejev, entre
outros, construíssem, ainda que de forma breve, uma filmografia radical e
sólida em seus próprios territórios, a ponto de serem rapidamente
alçados ao pódio das referências cinematográficas modernas dos anos
1960.
Nesse
período, rupturas jovens surgiram em países como a Polônia, onde duas
gerações importantes se formaram, a dos anos 1950, capitaneada por nomes
como Andrzej Wajda, Andrzej Munk e Jerzy Kawalerowicz, e a dos anos
1960, tendo Roman Polanski e Jerzy Skolimowski na linha de frente; e a
Hungria, que paradoxalmente afrouxou algumas correntes após a invasão
soviética, em 1956, e revelou nomes importantes na década de 1960 como
István Szabó, Miklós Jancsó e Márta Mészáros. Na Tchecoslováquia, a nova
geração foi tão revolucionária que ganhou a alcunha de “o milagre do
filme tcheco”. Tornou-se respeitada entre a crítica na Europa e premiada
no tapete vermelho de Hollywood. Embora a Iugoslávia de Josif Tito não
fizesse parte da fronteira desenhada pelo Pacto de Varsóvia, a
existência de um jovem cinema no país, a black wave de Dušan Makavejev e
Aleksandar "Saša" Petrović, teve uma história similar à das outras
repúblicas socialistas do leste europeu, com uma série de obras
radicais, nos sentidos político e estético, num curto espaço de tempo.
Objetivos
O Curso O Cinema Moderno no Leste Europeu,
ministrado por Leonardo Bomfim, aborda as principais características
das rupturas realizadas em quatro países (Polônia, Tchecoslováquia,
Hungria e Iugoslávia), como a tendência ao absurdo e ao surrealismo, as
transgressões das noções clássicas do cinema, a autocrítica política e
comportamental, a relação com a tradição e com o realismo socialista.
O
curso oferece um panorama dos novos cinemas do países a partir da obra
de quatro cineastas essenciais: Jerzy Skolimowski, Věra Chytilová,
Miklós Jancsó e Dušan Makavejev, autores de marcos da vanguarda dos anos
1960 como As Pequenas Margaridas, O Fruto do Paraíso, W.R. - Mistérios do Organismo, Barreira e Vermelhos e Brancos.
Conteúdo programático
Aula 1
- Panorama sobre o cinema do Leste Europeu
- Jerzy Skolimowski e a Escola de Lodz na Polônia
- Věra Chytilová e a Nova Vlnà da Tchecoslováquia
Aula 2
- A onda eslovaca da Nova Vlnà
- A Hungria de Miklós Jancsó
- Dušan Makavejev e a Black Wave Iugoslava
Ministrante: Leonardo Bomfim
Jornalista
e Mestre em Comunicação Social (PUCRS). Membro da Associação de
Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (ACCIRS). Curador das mostras
"Cinema Marginal" e "Cinema Black", realizadas na sala de cinema P. F.
Gastal. Diretor do documentário em longa-metragem Nas Paredes da Pedra Encantada (2011).
Publicou artigos em revistas como Teorema; Norte; Noize e em sites como
Senhor F; Fronteiras do Pensamento e Rock Press. Editou o site Freakium, sobre cultura pop, música e cinema, de 2005 a 2007. Já ministrou os cursos Novos Cinemas dos Anos 60; Brian De Palma: O Poder da Imagem; Lumiére, Méliès & Outros Pioneiros, Cinema Marginal Brasileiro e A Gênese da Nova Hollywood pela Cine UM.
Sinopse: Paris 1967.
Jean-Luc Godard, o mais influente cineasta de sua geração, está filmando ‘A
Chinesa' com a mulher que ama, Anne Wiazemsky, 20 anos mais jovem. Eles são
felizes, atraentes, apaixonados e se casam. Mas a recepção do filme desencadeia
uma profunda reflexão em Godard. Os eventos de maio de 68 vão amplificar esse
processo, e a crise que abala o cineasta irá transformá-lo profundamente, de um
cineasta superstar à um artista Maoísta inteiramente fora do sistema e incompreendido.
Mais do que um cineasta
autoral, com um grande teor político, Jean Luc Godard (Acossado) é alguém que possui
um olhar sempre a frente do seu próprio tempo. Quando ele lançou o seu filme político
A Chinesa (1967), por exemplo, foi na realidade um pouco antes dos eventos de
Maio de 1968 e se casando com a realidade da qual a própria França estava convivendo.
O Formidável é hábil em transitar nesse período histórico, mas ao mesmo tempo,
desperdiçando a chance do que poderia ser uma grande adaptação sobre esses dias
turbulentos dos quais o cineasta havia testemunhado.
Baseado no livro autobiográfico da atriz
Anne
Wiazemsky (O Demônio das Onze Horas), o filme é dirigido pelo cineasta Michel
Hazanavicius (O Artista) e que tinha sempre um grande interesse em criar um
longa sobre o cineasta. O filme foca nos dias após o termino de filmagens do
clássico A Chinesa e que, ao mesmo tempo, Godard (interpretado por Louis Garrel
de Além da ilusão) começa a testemunhar os protestos nas ruas e que desencadeou
o famoso Maio de 68. Ao mesmo tempo, o seu relacionamento com atriz Anne
Wiazemsky (Stacy Martin de Ninfomaníaca) começa a ruir a partir do momento em
que o cineasta começa a enfrentar ele mesmo.
O primeiro e o início do
segundo ato do filme são um verdadeiro primor de reconstituição de época. Michel
Hazanavicius cria nos seus primeiros minutos de projeção situações que remetem
ao clássico A Chinesa de Godard, para que assim as transições dos primeiros
momentos de protestos que ocorreram em solo francês soem como algo profético e inevitável.
Ao mesmo tempo o cineasta foi engenhoso ao inserir momentos de humor, onde
Godard em alguns momentos nos lembra Woody Allen, cujas situações de perder
sempre os óculos durante os protestos acabam sendo hilárias. Ao mesmo tempo é prazeroso
ver um período do qual ressoe mais forte do que nunca nos dias de hoje e
provando que os problemas políticos (como no Brasil pós-golpe de 1964 e 2016) é
algo que jamais morre, mas sim somente adormece.
Infelizmente essa qualidade
da qual move o filme vai desaparecendo no decorrer do tempo. O grande problema,
no meu entendimento, foi o fato do cineasta não ter sido mais corajoso em ter
ido mais á fundo no conflituoso casamento entre Godard e Anne. Com o intuito de
preservar a imagem de ambos, o filme acaba nos passando uma sensação de que há
algo freando o enredo, como se houvesse medo de revelar a verdadeira faceta de
ambos.
Louis Garrel se sai muito
bem como Jean Luc Godard, ao conseguir nos passar os conflitos internos dos
quais o cineasta vai passando no decorrer do tempo. Isso se cria até mesmo
momentos de tensão, já que Garrel nos passa um Godard imprevisível e inconsequente
com relação aos seus próprios sentimentos, como se houvesse uma entidade pronta
para explodir no mais fundo do seu interior. É claro que, do pouco que eu conheço
do verdadeiro Godard, duvido muito que ele venha a gostar da sua imagem vista
na tela, principalmente numa fase atual da qual ele ainda se mantém na ativa,
mas numa posição mais reservada.
Em contrapartida, o
desempenho de Stacy Martin como Anne Wiazemsky acaba sendo desperdiçado em
cena. Ao querer passar um ar de ambiguidade da qual a famosa atriz francesa
tinha, Anne mais parece estar no piloto automático em alguns momentos, como uma
espécie de observadora e apenas aguardando a explosão do protagonista. Somente
na reta final é que testemunhamos o que poderia ter sido verdadeira Anne
Wiazemsky perante o eu marido, mas acaba não sendo o suficiente para satisfazer
aqueles que estão assistindo.
Com um final do qual remete um
desejo intimo do cineasta, O Formidável é um filme com potencial, mas do qual
lhe faltou asas para obter o seu grande voo final.