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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 22 de maio de 2017

Cine Dica: Em Cartaz: CORRA!

Sinopse: Chris é um jovem negro que namora uma branca. Ele vai conhecer os pais dela e está nervoso com a situação, pois acredita que eles não vão gostar dele justamente pelo fato de ser negro. Ao chegar lá, tudo corre tranquilamente até Chris perceber que nem tudo é o que parece.


Quando se é bem feito, o gênero de horror é um território fértil de boas histórias, onde se tem a possibilidade de se criar uma trama da qual se torne um reflexo sobre a nossa realidade contemporânea. Em tempos incertos, onde um conversador como Trump está no posto mais poderoso do mundo, o cinema se encarrega de lançar obras das quais nos fazem debater sobre os poderosos que nos governam e sobre o papel daqueles que são perseguidos pelo preconceito sem sentido. Mais do que uma obra de terror sobre o racismo em pleno século 21, Corra! é uma metáfora crítica sobre a nosso mundo alienado e cada vez mais absorvido por uma realidade plástica do qual os meios de comunicação tentam nos vender no dia a dia.
Dirigido pelo estreante Jordan Peele, o filme acompanha a ida do casal Cris (Daniel Kaluuya) e Rose (Allison Williams) à casa dos pais dessa última e para que eles então possam conhecer Cris. Aos estarem na residência, os pais de Rose se comportam de uma forma meio peculiar com o Cris pelo fato dele ser negro. A situação fica cada vez mais mórbida no momento que Cris se dá conta que os empregados do casal agem de uma forma peculiar e sarcástica, como se não vivessem exatamente na realidade dos quais eles se encontram.
Falar mais seria igual a estragar as inúmeras surpresas que o filme nos reserva, principalmente pelo fato de ser uma obra da qual ela é mais bem compreendida após uma segunda sessão e o que torna a experiência cinematográfica cada vez mais interessante. Bebendo da fonte dos mestres do suspense como Alfred Hitchcock, por exemplo, o cineasta Jordan Peele fez bem a sua lição de casa, ao criar uma trama da qual nos identificamos, mesmo quando sua obra foge de uma verossimilhança da qual havia injetado em sua primeira meia hora de projeção. Curiosamente, o filme parece um grande episódio da já cultuada série Black Mirror e essas sensações aumentam ainda mais principalmente pela presença do ator Daniel Kaluuya (visto no segundo episódio da série) que aqui se apresenta como a verdadeira força matriz do filme.
Na trama, o seu personagem Cris é alguém desconfiado perante o mundo em sua volta, como se a perfeição fosse apenas uma cortina da qual esconde uma realidade crua e que vive tentando escapar dela. Essa sensação somente piora no momento em que ele se encontra naquele local misterioso, onde a normalidade e a perfeição se tornam estranhas e até mesmo amedrontadoras. Quando então conhecemos um pouco sobre o seu passado, percebemos que Cris é vitima desde o princípio, não pela possibilidade de ter sofrido o preconceito racial, mas por ter sido absorvido por um determinado meio de comunicação que o deixou adormecido em um momento crucial de sua vida e que o marcou para sempre.
Ponto para o cineasta Jordan Peele, ao conseguir criar um momento simbólico, onde uma simples figura familiar de nosso dia a dia se torna então uma figura maléfica e opressora. Os simbolismos apresentados então no filme se casam com perfeição com a ambigüidade vinda dos personagens daquele local, onde não deixam de escancarar um desejo de curiosidade por Cris, como se ele estivesse numa jaula sendo estudado e para logo depois ser colocado numa prova de choque. Esse cenário é todo moldado pelos pais de Rose (Catherine Keener e Bradley Whitford, ótimos em cena), cujo comportamento de ambos só não é mais estranho graças à presença de outros personagens negros do local, dos quais se comportam como se estivessem deslocados dessa realidade, absorvidos em um tempo retrógrado e já muito esquecidos.
Uma vez que aquela realidade já não faz nenhum sentido, é então que Cris toma uma providência e o que acaba descobrindo o que realmente se passa no local. É então que o filme, surpreendentemente, se encaminha por um território familiar para os fanáticos pelos filmes de terror de antigamente, mas que poderia soar ridículo e sem nenhum sentido nos dias d hoje. Felizmente, a proposta principal do filme fica intacta, mesmo quando o roteiro ameaça se enveredar para o absurdo ou para soluções fáceis e fechando a obra de uma forma que a gente saia da sessão com o desejo de debatermos sobre o que assistimos.
Com a proeza de ter até mesmo algumas boas pitadas de humor, CORRA! nos surpreende pela sua originalidade, mas ao mesmo tempo, sabendo usar velhas fórmulas de sucesso para se criar um belo filme de terror contemporâneo.     


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Cine Especial: Fantaspoa XIII: Hoje à Noite ela Virá



Sinopse: Após uma garota desaparecer, duas de suas amigas e um misterioso grupo de desconhecidos são atraídos até uma cabana na mata na qual ela desapareceu. Eles irão se divertir, irão beber, irão se beijar e todos irão morrer !

Dirigido por Matt Stuertz, o filme é uma homenagem explicita aos filmes de horror dos anos 80. Para aqueles que cresceram vendo, por exemplo, Uma Noite Alucinante, Sexta-Feira 13 e O Massacre da Serra Elétrica irá encontrar no filme inúmeras passagens  que lembram e muito essas obras clássicas. Quanto à trama em si, está mais para uma brincadeira satírica, mesmo que explicita, pois as situações que, vão desde rituais satânicos, possessões e sexo são uma verdadeira piada á todo momento e que serve mais para curtir obra do que levar a sério.
Do elenco, destaque para Jenna McDonald que sobressai toda vez que surge em cena e leva a brincadeira a sério, ao ponto de ter ganhado o prêmio de melhor atriz na A Night Of Horror Internacional Film Festival 2016.

NOTA: O filme terá reprise na quarta (24/05) as 13h30 no Cine Santander Cultural.  



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sexta-feira, 19 de maio de 2017

Cine Especial: Horror Britânico - Uma Orgia de Sangue e Pavor: FINAL



O curso é amanhã e, portanto gostaria de encerrar essas postagens especiais destacando esse filme abaixo que, para mim, pode ser considerado como obra prima do gênero de horror britânico. Estejam todos comigo nessa atividade amanhã e boas sessões de cinema para todos.     

 O Homem de Palha (1973)



Sinopse:O policial Neil Howie (Edward Woodward) chega à ilha de Summerisle, na Escócia, para investigar o desaparecimento de uma jovem. Logo ele descobre que os habitantes não estão nem um pouco dispostos a colaborar. A tensão e o mistério aumentam ainda mais quando ele conhece o Lord Summerisle (Christopher Lee), um poderoso fazendeiro que lidera uma estranha seita pagã.

Este é um filme incomum, mas bastante interessante, um misto de policial e terror. Após um começo relativamente lento, O Homem de Palha fica cada vez mais intrincado e culmina num final que, hoje talvez soe previsível, mas corajoso para o seu tempo. O filme toca em pontos nem sempre fáceis de serem discutidos: religião, moralismo  como ponto principal o roteiro do dramaturgo Anthony Shaffer, que teve a idéia de escrever um longa diferente dos filmes de terror feitos na época pela produtora inglesa Hammer, que usava artifícios clássicos com sombras, portas fechando sozinhas e barulhos estranhos para assustar. 
Ao invés disso, acertou em cheio no roteiro, criando uma história bem diferente. Um documentário (The Wicker Man Enigma) realizado em 2001 fala da produção, e das dificuldades sofridas pela mesma. Christopher Lee celebra O Homem de Palha como o ponto alto de sua carreira, queixando-se da pouca divulgação - e subseqüente repercussão baixa - do longa-metragem. Este provocativo filme de Robin Hardy, porém, segue cultuada por uma legião de fãs e críticos que o consideram uma obra prima do moderno cinema de horror. Uma coisa é certa, é muito difícil ficar indiferente ao filme.
Falar mais sobre a obra seria estragar as inúmeras surpresas das quais elas contem e de seu final surpreendente.

Leia também: Partes 1, 2 e 3

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Cine Especial: Políticas + Corrupção + Notícias = Verdades?



 Todos os Homens do Presidente

Nos últimos dias o povo brasileiro está sendo bombardeado por notícias das quais estremecem os alicerces de nossa política e afetando então a tão fina e frágil camada de confiança que ainda tínhamos por ela. Em meio a denúncias, com ou sem provas, além das delações premiadas, a mídia, para o bem ou para o mau, vem tendo um papel fundamental para que as pessoas se mantenham informadas com relação aqueles que nos governam. Mas até onde tudo isso é verídico?
Nem vou me estender com o fato de que há meios de comunicação atuais, por exemplo, que decidiram usar os seus recursos para formar um verdadeiro circo, independente de haver ou não provas concretas contra determinados políticos, desde que isso molde a mente das pessoas e nasça então um lucro para a fonte graças a audiência. Felizmente já se foi o tempo em que os nossos recursos para se informar eram limitados, pois temos a internet, por exemplo, para então pesquisarmos em fontes confiáveis e formarmos uma opinião própria com relação ao que está acontecendo. Mas o jornalismo, seja parcial ou imparcial, não é novidade no nosso mundo atual, pois o cinema já fez questão de mostrar que esse cabo de guerra já dura há muito tempo.
Abaixo, segue cinco filmes essenciais e que refletem o que os brasileiros passam atualmente em meio a esse furacão de acontecimentos imprevisíveis.  

 

 A Montanha dos Sete Abutres (1951)



Sinopse: Repórter inescrupuloso (Kirk Douglas) explora o drama de um homem preso em uma mina (Richard Benedict). Ao perceber que esta reportagem pode ser a chance profissional de sua vida, transforma a operação de resgate em um assunto nacional, atraindo milhares de curiosos, cinegrafistas de noticiários e comentaristas de rádio, fazendo uso dos piores expedientes éticos.


Denuncia atroz da chamada imprensa marrom, aquela que vive do sensacionalismo. E não para nisso: a história, co-escrita e produzida pelo próprio Billy Wider, acaba afirmando que esta situação dá ao público o que ele quer. Se a venalidade é suavizada por certos personagens e comportamentos dramáticos, a narrativa sufoca o espectador do começo ao fim. Controlado pelo diretor, Douglas tem uma excelente interpretação até o último segundo de projeção. 


Todos os homens do presidente (1976)



Sinopse: Carl Bernstein (Dustin Hoffman) e Bob Woodward (Robert Redford), jornalistas do Washington Post, investigam a invasão da sede do Partido Democrata, ocorrida durante a campanha presidencial dos EUA, em 1972. O trabalho acabou sendo um dos principais motivos da renúncia do presidente Richard Nixon, do Partido Republicano, em 1974. Foi o famoso escândalo de Watergate.


Belo e ágil drama político, que muitos consideram como um dos melhores filmes sobre o tão falado escândalo de Watergate que, curiosamente, foi feito pouco tempo depois após á polêmica que abalou os EUA. A forma como o filme é construído em que recria a investigação dos repórteres passo a passo, com certeza ao longo do tempo, serviu de base para a criação de outros filmes sobre investigação, como no caso de Zodíaco de David Fincher. Infelizmente, o diretor Alan J. Pakula só voltaria a fazer um filme tão significativo como esse em A escolha de Sofia, mas depois disso, os outros títulos podem ser considerados dispensáveis.
Outra coisa que ajudou e muito no filme é a química quase contagiante, da parceria de Dustin Hoffman e Robert Redford em cena, onde ambos os personagens que eles interpretam se completam, ao investigar a fundo o importante caso da trama. Muito embora, Jason Robards (Era uma vez no Oeste), roube a cena a cada momento que surge e não é a toa que recebeu um merecido Oscar de ator coadjuvante.

 

Rede de Intrigas (1976)



Sinopse: Apresentador de noticiário (Peter Finch) recebe a notícia de que está demitido em razão dos seus baixos índices de audiência. Um dia, com o programa no ar, comunica a sua saída da emissora e avisa que se matará na próxima semana, quando o programa estiver no ar. É imediatamente afastado, mas o público pede a sua volta e como a rede estava com problemas de audiência resolve lançá-lo. A partir de então ele passa a encarnar o profeta louco, mas mesmo tendo um comportamento insano a recepção do público é altamente positiva. No entanto, as pessoas responsáveis pela sua ascensão agora querem detê-lo.

Apesar de alguns clichês na trama e nos personagens, o filme é uma sarcástica e absorvente crônica sobre os bastidores da TV. A eterna luta pela audiência e a ligação umbilical que ela tem com a apelação e a falta de propósito. Lumet foi um dos primeiros a retratar com profundidade e nenhuma inocência o que pode acontecer nos corredores da notícia. O limite entre o ousado, o cinismo, a histeria e a falta de noção completa dentro de uma rede de televisão que quer tudo menos perder telespectadores.  Oscar de melhor ator para Peter Finch (que acabou morrendo dias antes da cerimônia), atriz e atriz coadjuvantes para as atrizes Faye Dunaway e Beatrice Straight e melhor roteiro para Paddy Chayefsky.     
 
 O Informante (1999)



Sinopse: Em 1994, ex-executivo da indústria do tabaco concedeu entrevista bombástica ao programa jornalístico 60 Minutos, da rede americana CBS. Dizia que os manda-chuvas da empresa em que trabalhou não apenas sabiam da capacidade viciadora da nicotina como também aplicavam aditivos químicos ao cigarro, para acentuar esta característica. Na hora H, porém, a CBS recuou e não transmitiu a entrevista, alegando que as consequências jurídicas poderiam ser fatais. Baseando-se nesta história real, O Informante narra a trajetória do ex-vice-presidente da Brown & Williamson Jeffrey Wigand (Russell Crowe) e do produtor Lowell Bergman (Al Pacino), que o convenceu a falar em público.

Há dois conflitos fortes nesta produção finalista em sete categorias do Oscar: uma é o que atormenta o executivo Jeffrey (Crowe) em função do seu antigo emprego, o outro aparece nas ameaças da emissora que emprega o produtor Lowell (Pacino). Nesta parte, o filme ganha vigor, apesar dos clichês de suspense, algumas vezes desnecessários e que parecem trapaça narrativa. Há um grande desempenho de Christopher Plummer como o apresentador Mike.

ZODÍACO  (2007)



Sinopse: 1º de agosto de 1969. Três cartas diferentes chegam aos jornais San Francisco Chronicle, San Francisco Examiner e Vallejo Times-Herald, enviadas pelo mesmo remetente. A carta enviada ao Chronicle trazia a confissão de um assassino, dando detalhes da morte de 3 pessoas e da tentativa de homicídio de outra, com informações que apenas a polícia e o assassino poderiam saber. As três cartas formavam um código que supostamente revelaria sua identidade ao ser decifrado. O assassino exigia que as cartas fossem publicadas, caso contrário mais pessoas morreriam. Um casal de Salinas consegue decodificar a mensagem, mas é Robert Graysmith (Jake Gyllenhaal), um tímido cartunista editorial, que descobre sua intenção oculta: uma referência ao filme "Zaroff, o Caçador de Vidas" (1932). Os assassinatos e as cartas se sucedem, provocando pânico na população de San Francisco. A situação faz com que os detetives David Toschi (Mark Ruffalo) e William Armstrong (Anthony Edwards) e o repórter Paul Avery (Robert Downey Jr.), que trabalham no caso, tornem-se celebridades instantâneas. Graysmith, que trabalha no mesmo jornal de Avery, apenas ajuda quando lhe é permitido. Mas o Zodíaco, como o assassino era chamado, estava sempre um passo a frente.

Baseado em fatos reais sobre os assassinatos em massa que aconteceu devido ao assassino que auto se dominava zodíaco. Até hoje não fica muito claro quem foi ele realmente e o que o filme de David Fincher tenta fazer é trazer uma luz de verdade dessa estranha história. Por alguns momentos, o filme lembra as investigações retratadas em filmes como Todos os Homens do Presidente e JFK, mas o filme fala por si graças a agilidade do diretor em contar a longa história sem cansar.
Destaque para Robert Downey Jr que na época estava se recuperando em sua carreira e se estabelecendo em Homem De Ferro.



Curiosidades: O roteirista Shane Salerno teve a preferência de compra do livro de Robert Graysmith quando tinha apenas 19 anos. Durante anos ele e Graysmith desenvolveram o roteiro do filme, até que os direitos de adaptação foram negociados com a Touchstone Pictures. Mesmo após a venda Salerno escreveu várias versões do roteiro, encomendadas por diversas administrações da Touchstone.




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